Rachel e Santana descem do carro e encontram Finn no estacionamento. Rachel está uma pilha de nervos por ter que voltar pra escola depois do que aconteceu. Ele pega a mão dela e tenta a acalmar.

– Hey, hey. Olha pra mim. – Ele pega o rosto de Rachel com carinho e levanta pra ela encará-lo. – Você é forte e não deve ficar com vergonha de ninguém nessa escola, tá me ouvindo? – Ela assente. – Você vai entrar por aquela porta de cabeça erguida, e vai ficar assim até a hora que você entrar nesse carro de novo pra voltar pra casa. Você me promete? – Ele a encara. Ela sorri e diz.

– Prometo. – Ele a beija.

– Argh, eu queria entrar lá com você, pra não deixar ninguém te fazer mal.- Finn desabafa, nervoso. – Mas não me arrependo de ter dado uns belos socos na cara daquele idiota do Karovski. E pelo menos ele também não vai estar lá dentro, já que o diretor suspendeu nós dois.

– Tudo bem, Finn. Eu vou conseguir. – Ela tenta o acalmar dessa vez.

– Pode ficar tranquilo Giant, eu vou cuidar da nossa anã. – Santana dá um tapinha nas costas de Finn e começa a citar as várias maneiras de tortura que ela tem em mente pras pessoas que fizerem alguma coisa com Rachel.

– Você é a pessoa mais forte que eu conheço e eu tenho muito orgulho de você. – Finn disse, segurando a mão de Rachel. – Eu te amo, minha pequena.

POV Rachel

Finn já havia me dito isso antes, mas ouvir essas três palavras saindo de sua boca ainda acabava comigo. O beijei com todo o amor que consegui reunir e ele retribuiu.

– Ah, vocês dois poderiam me fazer o favor de se despregarem? Já fiquei de vela demais. – Santana disse, com seu jeito delicado de ser.

Me despedi de Finn e Santana pegou no meu braço, me acompanhando. Entramos na escola e os olhares foram inevitáveis. Pouco tempo depois Kurt aparece e pega no meu outro braço, e nós três formamos um tipo de corrente. Meu Deus, como eu sou grata por ter essas pessoas na minha vida. Não sei o que faria sem Santana, Kurt e Finn. Santie encarava a todos com uma cara de “o que foi? Perdeu alguma coisa?” e eu tinha que me segurar pra não rir. Levantei minha cabeça como Finn pediu e tentei ao máximo ignorar os olhares. Eu estava indo muito bem até a sirene tocar e eu ter que me separar de Kurt e Santana. E pra piorar, não tínhamos nenhuma aula em comum hoje.

– A gente se encontra no armário do Kurt na hora do intervalo, ok? – Santana me disse. Eu estava tentando passar calma, mesmo estando apavorada.

– Ok. – Olhei em volta e percebi os olhares de praticamente todos que estavam por perto. Respirei fundo. – Vai ficar tudo bem. – Forcei um sorriso. Eles sorriram de volta. Kurt afagou o meu braço e os dois correram pras suas respectivas salas. Respirei fundo novamente e entrei na sala do Mr. Walsh, professor de química. Tentei ignorar os olhares, que vinham até mesmo do próprio professor. Sentei em meu lugar e fui estudar quieta no meu canto. E assim fiz em todas as aulas, tentando andar de cabeça erguida nos intervalos entre elas.

O intervalo do lanche finalmente chegou e já estava indo pro armário do Kurt quando senti algo gelado me atingindo e logo depois descendo pelas minhas costas.

– Aberração!

Ouvi alguém gritar, já de longe, mas não reconheci a voz. Fiquei paralisada por alguns segundos, logo depois me virei pra ver quem era, mas atrás de mim só vi um pequeno bolo de pessoas ao longe se movimentando rapidamente no meio do resto dos alunos . Legal, ótimo. Era tudo que eu precisava. Levantei a minha cabeça como Finn me ensinou e de longe vi Kurt e Santana, já vindo em minha direção.

– O que fizeram com você? – Kurt tentava tirar um pouco de raspadinha do meu cabelo. Santana se virou e correu pra onde quem quer que tenha feito isso comigo foi.

– Santana, não! – Tentei pará-la, mas ela já estava longe, gritando todos os tipos de xingamentos em espanhol.

– Vamos te limpar, ok? – Kurt me levou para o banheiro das meninas, sem se importar com os olhares. Santana chegou logo depois, com uma blusa minha que estava no meu armário.

– Como diabos você conseguiu pegar isso no meu armário?

– Melhor você não saber. – Ela me entregou a blusa e foi ajudar Kurt a lavar meu cabelo na pia do banheiro.

– Conseguiu encontrar quem foi o idiota que fez isso? – Ouvi Kurt perguntar.

– Não, mas não vou desistir. – Ok, isso era um problema. Quando a Santana botava uma coisa na cabeça era difícil tirar.

– Esquece isso Santie. Não vale a pena gastar o seu tempo e a sua energia pra isso.

– Você tá brincando? Eu faço questão de quebrar a cara do desgraçado que fez isso com você.

E foi aí que percebi que nada que eu falasse ia adiantar. Santana era a pessoa mais cabeça dura que eu conheço.

Os dois conseguiram tirar toda a raspadinha do meu cabelo e eu o prendi em um rabo de cavalo alto pra ele não ficar pingando muito. Troquei de blusa e nos apressamos pra voltar pras salas quando a sirene tocou novamente. O resto das aulas demoraram mais que o normal pra passar. Enfim, a última aula acabou e todos já iam embora. Resolvi esperar um pouco até que os corredores se esvaziassem um pouco pra sair, só por precaução. Pouco tempo depois, Kurt apareceu na porta da sala.

– Hey, tava te procurando. Vamos! – Ele acenou com o braço, me chamando.

– Pra onde? Cadê a Santana? – Me levantei, indo até ele.

– Você esqueceu que hoje tem glee club? – Ele me abraçou e fomos pelo corredor que agora já estava praticamente vazio.

– Esqueci completamente. – Soltei um suspiro. – Só quero sair daqui logo.

– Eu sei, eu sei. – Ele me abraçou mais forte. – Se você quiser a gente pode ir embora. – Kurt propôs.

– Olha, por mais que eu queira eu não posso, Kurt. Já faltei muito naquela época que estive no hospital e as Regionals tão chegando e a gente precisa ensaiar.

– Ok então. – Ele tentou me confortar.

Encontramos com Santana e Brittany conversando perto da porta da sala do coral. Santana estava sorridente e se eu não me engano, até um pouco corada. Fiz uma nota mental de pressionar minha melhor amiga mais tarde pra saber o que exatamente tinha acontecido.

– Rachel! – Brittany veio pra cima de mim e me deu um abraço. Fiquei sem entender nada, mas a abracei de volta. Olhei pra Santana que levantou as duas mãos, como se estivesse me dizendo que não tem nada a ver com isso.

– Oi Brittany. – Respondi. Ela me soltou do abraço.

– Queria te dizer que eu não sei o que é AIDS mas nem ligo porque você é legal. – Ela me disse, sorrindo. Sorri de volta.

– Brigada Brittany! – Ok, o que estava acontecendo?

– Pode me chamar de Britt. Agora vamos porque a gente tem uma surpresa pra você. – Ela saiu me puxando até a sala do coral, onde todo mundo virou pra me encarar. Que ótimo, todos olhem pra aberração! Santana tinha pegado minha outra mão, e eu acho que estava massacrando coitada da mão da garota, porque meu nervosismo já estava em um outro nível. Senti a mão de Kurt em minhas costas.

De repente, todos sorriram pra mim. Espera aí. Será que isso é algum tipo de pegadinha? Por que eles estão sorrindo? Acho que meu pânico ficou ainda maior quando vi que todos vinham em minha direção. Meu deus, o que eles vão fazer comigo? Apertei ainda mais a mão de Santie e a da Britt. Fechei os olhos, quando senti meu corpo sendo todo amassado. Mas não do jeito ruim. Abri os olhos e percebi que todos do glee club estavam me abraçando. Como assim? O que tá acontecendo? Não consegui segurar o sorriso que veio no meu rosto.

Aos poucos eles foram me soltando, passando a mão em meu braço e sorrindo pra mim.

– Rachel, todos nós queremos te dizer uma coisa. – Mr. Shue apareceu do meu lado. – Não estamos aqui pra te julgar. Somos uma família aqui e te aceitamos do jeito que você é. Sentimos muito por o que tem acontecido com você, mas queremos que você saiba que estamos aqui, sempre que você precisar.

Não consigo acreditar. Isso tá acontecendo mesmo? Olhei pro rosto de cada um, que sorriam de volta pra mim. Senti uma lágrima escapando do meu rosto.

– Obrigada gente. Vocês não tem a mínima ideia do quanto isso significa pra mim. – Foi tudo o que eu consegui dizer.