Oh, onde, onde estará o meu amor?

O senhor tirou-a de mim

Ela foi pro céu então, eu tenho que ser bonzinho

Assim, verei meu amor, quando deixar este mundo

Era inverno. Estava frio e chovia fracamente. Estávamos no carro do meu pai, e a pista estava levemente molhada. Não estavamos indo muito rápido, e nem sei o porque de isto ter acontecido. Se havia um acidente ou não. Se havia sido um descuido meu, ou apenas o destino teve que ser assim.

Sei que a perdi, e isso doia. As lembraças de dois anos atrás ainda eram feridas recentes abertas em meu peito e em minha mente. Ainda doiam, e sangravam sem parar. Não iriam cicatrizar tão fácil. Ninguém poderia substitui-la.

Nós saímos para namorar no carro do meu pai

Não fomos muito longe

Lá na estrada, bem no meio

Um carro estava parado, com o motor fundido

Eu não pude parar, então desviei para a direita

Eu nunca esqueçerei o som daquela noite

Pneus cantando, os vidros estourando

O grito de dor que eu ouvi, por último

         Estávamos na estrada, andando devagar. Estava chovendo e a pista estava um pouco molhada e escorregadia. Não estávamos muito longe de casa, e conversavamos tranquilamente. 

         Por um momento olhei para seu rosto. Os olhos castanhos escuros fixos em mim, um sorriso no rosto. Ela enrolava uma mecha do cabelo ruivo nos dedos e ás vezes ria um pouco mais alto. A cena perfeita. Ela era perfeita. 

         Quando voltei meus olhos para pista, vi um farol aceso. Não estava perto, mas também a distancia não era tão longa assim. Não consegui parar. Portanto tive que desviar para direita. 

         Havia um caminhão vindo em nossa direção.  Nunca esqueçerei dos sons daquela noite. Vi um farol, brequei o carro, que deslisou com a pista molhada, os pneus cantando. Os vidros estourando. E por ultimo, a pior coisa que eu podia ter ouvido. Um grito de dor de minha amada.

Quando acordei, a chuva caía

Havia muita gente em volta

Algo quente escorreu pelos meus olhos

Mas, de alguma forma, eu encontrei meu amor naquela noite

Eu levantei sua cabeça, ela me olhou e disse:

"Me abrace, querido, só por um pouco"

Eu a abracei forte e a beijei - nosso último beijo

Eu encontrei o amor que eu sabia que havia perdido

         Não sei por quanto tempo fiquei desacordado. Mas a chuva havia apertado. Tinha uma mulditão em volta de nós, carros parados para ver oque acontecera. Todos falavam baixo e comentavam o ocorrido. 

         Toquei o meu rosto, assim que senti as lágrimas quentes escorrerem de meus olhos, olhei para mão, havia sangue msiturado a chuva. Passei os olhos em volta do local, a fim de encontra-la. 

         Achei o pequeno corpo feminino no chão, a poucos metros de onde eu estava. Me rastejei até o local, sentindo todo o corpo doer. Ela estava deitada, muito machucada, e sangrava bastante. Seus olhos estavam quase sem brilho, e as lágrimas caiam de seus olhos, ficando presas nos cílios toda vez que ela piscava.

               - Me abraçe, Querido.. Só por enquanto.. - ela disse. 

         Peguei-a. Envolvendo-a em meus braços. Um abraço forte, urgente. Como se com ele eu pudesse evitar oque estaria por vir. Olhei em seus olhos castanhos, e ela sorriu. Beijei-a. De maneira urgente, apaixonada, amedrontada. Estava com medo de perde-la, sabendo que já havia a perdido de toda forma. 

         Eu encontrei-a. Mas sabia que iria perde-la.

Bem, agora ela se foi, mesmo eu tendo abraçado-a com força

Eu perdi meu amor, minha vida, naquela noite

         Abri os olhos. Sentindo as lágrimas correrem por meu rosto. Estava em casa, no sofá, chorando com as lembranças dela. Da minha pequena. 

         Ela havia ido. Mesmo eu tendo a abraçado com força, tentando impedi-la. Doia, a ausência dela, a falta dela. Eu ainda a amava. 

Eu perdi o meu amor. Minha vida. Minha garota, naquela maldita noite...