O Primeiro Dia escrita por yume


Capítulo 1
Meu Primeiro Dia no Acampamento Meio-Sangue


Notas iniciais do capítulo

História sob o ponto de vista de um personagem original. Avisando porque eu, particularmente, odeio personagens originais e estenderei a cortesia do anúncio a quem se sente da mesma forma.



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Meu primeiro dia no Acampamento Meio Sangue

Olha só, eu estou me sentindo muito ridícula escrevendo isso. Francamente, esse negócio de “meu primeiro dia”, “minhas férias”, etc, é tão sexta série. Sério. Remete aos meus tempos no colégio interno, quando a Irmã Fitzgerald obrigava todas nós a escrevermos uma redação dessas no começo de cada semestre; considerando que todos os semi-deuses são DISLÉXICOS, imagina como essa era uma experiência produtiva e gratificante para mim.

É, Senhor D. Isso foi sarcasmo. Já que o senhor disse que a minha punição por ter feito um poema sobre as suas bochechas era redigir esse negócio, espero que engula cada gota de ironia que eu puser aqui. Foi escrito com muita dedicação, já que eu preciso me certificar de estar usando as palavras certas porque, como eu já disse ali em cima, EU SOU DISLÉXICA e, infelizmente, ainda não aprendi a escrever em grego. Aliás, isso foi uma grande falha de vocês deuses, viu. A gente poder ler em grego, mas não saber escrever. Muito obrigada pela falta de consideração.

Certo. Estou saindo do tema da redação. Isso provavelmente vai render outra tarefa tão agradável como essa para mim, mas estou pouco me lixando. Quer saber como foi o meu primeiro dia nesse acampamento? Beleza, vou contar.

Meu primeiro dia no Acampamento Meio-Sangue foi um INFERNO. E não da forma divertida, como, “olá, garotinha, você é filha de Hades! Agora pode sair por aí invocando espíritos e zumbis”. Não, foi o inferno metafórico que deixa a gente com vontade de se matar. Ou de matar alguém. No meu caso, as duas coisas.

Para começar, estávamos eu e o meu irmão gêmeo acampando com nossa mãe… Certo, a gente tava mais pra “escalando as Montanhas Rochosas” do que acampando nelas, né, mas vai dizer isso para a mamãe.

Enfim, estávamos nós nas Montanhas Rochosas, munidos de mochilas, comida enlatada, fósforos e da viola da mamãe - porque ela pode estar fora de turnê, mas não pode passar um dia sem tocar, senão ela morre - quando vejo uma mulher-pássaro de aparência realmente horrenda vindo na nossa direção. Horrenda mesmo, sabe. Tipo Orcs do Senhor dos Anéis.

Nós três estávamos descendo um caminho bem estreito da montanha, e eu gritei “OH, MEU DEUS, O QUE É AQUILO?”. E o Cameron fala que aquela era a águia mais feia que ele já tinha visto. Mamãe teve a reação lógica, que foi de fazer a gente correr dali para a caverna mais próxima; só que aí a mulher-pássaro já tinha a companhia de outras dez iguais a ela, o que significa que a revoada delas conseguiu arrancar umas lascas da gente antes.

Resumindo a história, mamãe disse que elas eram harpias. E eu, “Harpias, tipo, aquelas da mitologia grega?”, e ela “Exatamente essas”. E o Cameron ficou perguntando do que a gente estava falando, porque o máximo que ele sabe de mitologia grega é aquilo que conseguiu absorver jogando God of War.

Mamãe fez a gentileza de explicar para a gente que sabia que chegaria o dia em que nós não estaríamos seguros com ela, que ela vivia levando a gente com ela para as turnês na esperança de despistar os monstros, etc, etc, e é claro que nós não estávamos entendendo bulhufas. No fim das contas, as harpias estavam quase entrando na nossa caverna quando ela comentou que já havia se preparado para aquele tipo de situação. O que fez menos sentido ainda, porque ela só fez pegar a viola e para tocar e cantar uma música.

Não vou transcrever a letra aqui. É muito embaraçosa. Só vou dizer que a música era mais melosa do que todos os singles românticos da lista de country do Billboard, inclusive aqueles que a minha mãe emplacou lá.

De qualquer forma, ela tocou a música, e na última nota, quando as harpias já estavam literalmente bafejando em mim, pof! Em um clarão dourado surgem umas dezenas de meninas vestidas de armadura.

Só depois soube que elas eram as Caçadoras de Ártemis. Na hora eu só sabia que elas estavam botando as harpias para correr ao mesmo tempo em que empurravam a mim e ao meu irmão para cima de uma carruagem prateada.

Quando eu dei por mim, tchanran! Já havíamos atravessado metade do país voando pelo céu, e estávamos aterrissando num campo de plantação de morangos. Ou algo assim. Claro que ninguém se dignou a responder nenhuma das minhas dúvidas durante todo o trajeto, e o Cam só conseguia ficar dizendo “Que maneeeeeiro” o tempo todo.

Não era nem meio-dia quando as Caçadoras chutaram a gente da carruagem na frente da árvore gigantesca lá da fronteira do acampamento, dizendo que já haviam “pago a dívida com o pai das crianças”, e que agora iam embora. Mamãe agradeceu, toda felizinha, como se aquilo fosse uma coisa NORMAL, e nem titubeou quando a caçadora morena mal-encarada da lança apontou para o Cam e disse que “Ele deveria ir para o outro acampamento” antes de virar as costas e sumir.

(Deviam ter explicado essa parte melhor, aliás. Ia me poupar muita dor de cabeça.)

E aí apareceu um HOMEM-BODE, do NADA, pegando a gente pelas mãos e puxando sabe-se lá para onde, enquanto a mamãe dava tchauzinho lá do lado da arvore, dizendo para a gente se comportar e mandar notícias. E logo depois, nós chegamos aqui.

Vou usar este momento para dizer que isso de enfiar os recém-chegados ainda não batizados lá na casa de Hermes é uma péssima idéia, Senhor D. Péssima idéia. Eles só não furtaram a minha alma porque não é da alçada deles esse negócio de mexer com o espírito dos outros.

Mas, prosseguindo. Para continuar a tradição das aparições que me davam cabelos brancos, surge um centauro para nos explicar a conversinha padrão de “vocês são semi-deuses, precisam passar uns tempos aqui para aprenderem a sobreviver, aguardem um instantinho ali na casa de Hermes enquanto os seus pais não mandam um alô”. Nessa hora eu já estava suja de sangue, toda rasgada, meu irmão tinha uma mancha rocha do tamanho de uma bola de futebol nas costelas. Estava a ponto de explodir no momento em que aqueles malucos da casa de Hermes começaram a ser invadidos por uma horda de filhos rábicos de Ares.

Quando menos espero, estou tendo que lutar pela minha vida, novamente, sendo que a única arma que tinha disponível era uma lata de salsicha em conserva que não havia caído/sido afanada da minha mochila durante o episódio das harpias/Hermes.

Acho que o senhor lembra o desfecho desse evento, Senhor D. Lembro muito bem que o senhor ficou assistindo a coisa toda sem mover um dedo (nem quando aquele retardado do Lionel Medina enfiou o tridente idiota dele no meu ombro). Obrigada.

Felizmente, meu irmão, que se importa com o meu bem estar, conseguiu atirar uma flecha na mão do Medina e salvar o que restava da minha clavícula antes dos monitores das casas pararem a confusão toda.

É óbvio que, depois do show de pontaria do meu irmão (e depois de eu ter pulado no Medina e enchido ele de porrada, né, mas vamos ignorar essa parte), nosso pai resolveu se manifestar com todo o seu estilo. Os raios se sol focaram na gente por um instante, como um holofote, e quando eu consegui ver novamente, estava completamente curada dos meus (inúmeros) ferimentos, e segurando uma lira dourada.

Cam saiu da luz igualmente curado e segurando um arco dourado. Sabe, tipo Caverna do Dragão. Só puxar a cordinha que ele carrega e atira. Enquanto isso, eu não sei tocar lira.

SE ISSO NÃO É FAVORITISMO PATERNAL, EU NÃO SEI O QUE É.

Mas, enfim, ficou claro que nós éramos filhos de Apolo, e tal, então Quíron nos encaminhou para nossa casa correta, onde fomos recebidos com muitos abraços e músicas em nossa homenagem. E na hora do jantar, continuamos sendo o assunto do dia, e as pessoas começaram a pedir para eu tocar a maldita harpa como entretenimento, já que ninguém acreditava quando eu dizia que não sabia tocar.

Depois a gente foi para a casa, com um monte de meninas de Afrodite pulando em cima de Cam até eu empurrá-lo pela porta. Para completar minha onda de sorte, não havia duas camas extras, e eu tive que dividir uma com ele.

Eu não preguei o olho a noite toda, especialmente depois que falei que era muitíssimo injusto papai dar uma arma para ele e um instrumento inútil para mim. Além de machista. Cam só riu e disse que as coisas aconteceram assim porque “eu sempre vou te proteger, Charlie”.

Argh.

E assim foi o meu primeiro dia no Acampamento Meio-Sangue, Senhor D. Espero que a leitura tenha sido bastante enaltecedora.

Charlotte Walker

Casa de Apolo, segundo ano


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Notas finais do capítulo

O concurso foi esse aqui, ó: http://www.olympianspi.com/2012/01/promocao-voo-do-pegasus-resultado-final.html



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