I.

Toda vez que ela passava agora na porta daquele escritório ela abaixava a cabeça, fingia estar fazendo outra coisa, mas acabava olhando de canto de olho.

Podia vê-lo brincando com a bengala, ou simplesmente de olhar perdido como quem está longe tentando solucionar um dos seus quebra-cabeças.

Mas agora ele não estava lá, estava em outro lugar lutando dentro de si...

Era só um escritório vazio.

II.

- Não, no meu escritório não! Quantas vezes eu tenho que te dizer isso? – falou, segurando a mão de House que a apertava.

- Não sei porquê, já tentamos o armário da limpeza e o consultório 2... – Cuddy foi empurrando-o para fora da sala.

- Não vamos conversar sobre isso ok? Ninguém pode saber de nós e você está fazendo isso um tanto difícil. – falou entre os dentes.

- Que absurdo! Não sei de onde você tirou essa idéia.

Tinha uma jogada no chão e um bilhete no balcão da enfermaria na letra de House, dizendo que voltavam mais tarde.

III.

- House, você devia estar no meu escritório há vinte minutos.

- Sério? Estranho, eu não pretendia estar no seu escritório vinte minutos atrás.

Começam a discutir sobre o trabalho do House, entram no elevador.

- São 5 horas, eu vou pra casa.

- Para o quê?

Então vem toda aquela discussão, ele cita Jagger. Por um momento, se você ver isso uma vez a esmo, chega a pensar que são ex-namorados que ainda se querem.

E não é que são mesmo?

IV.

Quando Lisa Cuddy entrou no escritório de James Wilson naquele dia ela já sabia das possibilidades, conhecia o tal médico, sabia que era oncologista especializado em tumores cerebrais.

Caminhou diretamente para a janela, chovia. Perguntou, confirmou suas suspeitas e então olhou para ele, com os olhos marejados. Temia por House.

E se o perdesse?

Conversaram e saiu como entrou. Não, ela não iria perdê-lo, não de novo.

V.

Todos na sala de reuniões anexada ao escritório de House estavam quietos, como se o ar estivesse pressionando o peito, como se fosse impossível falar. Como se tudo doesse demais para as palavras se formarem.

Ninguém era culpado, ele foi, ele se matou, ele... Ninguém tinha idéia, ele não deixou vestígios, não... Demonstrou que aquilo estava para acontecer.

Lawrence Kutner se foi e deixou para trás assim, quatro médicos para completar vazios no dia-a-dia.