A Dama da Morte escrita por namisa


Capítulo 15
XV


Notas iniciais do capítulo

"Espalhando incriminações como se não fosse nada
Roubar tranquilamente o futuro dos outros
Esses vermes olhando com desprezo
Aplaudem a resposta lançada."
—- Royz, SIGN



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Na primeira semana que Hannah estava em sua nova vida, ela passou a maior parte do seu tempo tentando lembrar-se do que havia acontecido um ano atrás. Ela sentava na janela para ver a movimentação e sentir o cálido vento que batia em seu rosto, aquilo varria algumas memórias que teve, mas que não eram boas, como a morte do irmão e do pai. Lia alguns livros, desde que acordou de sua coma, quatro meses atrás ela só lia mesmo tendo dificuldade para ler e escrever.

Sua recuperação em andar estava não tão boa como antigamente, mas o que ela mais gostava mesmo era andar nos telhados e ver as luzes iluminando o centro da cidade. Para falar ela era um desastre, ficar um ano e meio em coma sem falar afetou na hora em que acordou, apertando a mão da mãe.

Sabela olhava a filha sentada na janela e se enchia de dor e sofrimento ao lembrar-se do seu passado. Desceu as escadas e disse ao novo marido:

– Will você sabe que Hannah é uma menina que passou por várias dificuldades, então não faça nenhuma pergunta que se relacione ao nosso passado doloroso, não quero que ela lembre. Desde que ela entrou em coma e acordou, ela teve uma série de dificuldades para se lembrar de quem sou eu e as pessoas que vinham visitá-la. Por isso que me aproveito da situação para não falar de nada em relação ao pai ou do meu filho que morreu há quatro anos. Por favor... – ela terminou com um beijo em William, um chefe de cozinha e dono de um restaurante em algumas quadras depois – Ah, avise o Tiago também, já que é a primeira vez vendo a nova irmã. Ele deve ter algumas perguntas para ela.

William disse que sim e subiu diretamente as escadas para avisar o único filho que teve, ele iria ter uma filha, mas sua esposa havia morrido dois dias depois de descobrir que estava grávida. Carla morreu esfaqueada na rua onde morava.

Dias depois, Hannah estava indo para a escola nova, lembrava-se de algumas coisas que aprendera enquanto se recuperava da coma então ficaria na mesma série que Tiago. Quando desceu do carro, uma menina de cabelos vermelhos estava lá, a esperando na porta da escola. Sabia que ela estudaria lá, e sabia que ficaria na mesma série que ela.

Hannah viu os cabelos vermelhos e teve uma estranha sensação de já ter visto aquela cor avermelhada antes.

“Alice, não pode ser...” pensou Hannah ao se lembrar de tudo o que aquela menina fez, a responsável pelo seu acidente, pela sua coma e pelo seu esquecimento do passado.

A garota ficou séria, queria ir ao encontro de sua inimiga. Foi caminhando em linha reta até seu destino, mas foi barrada por um grupo de meninas interessadas pelo dinheiro que Alice havia prometido a elas. Para Scott, a menina de cabelos vermelhos havia oferecido uma quantia maior e bem valiosa. De repente alguém a segurou pelos braços e a afastou do grupo.

– Fiquem longe dela! – gritou Tiago.

Hannah ficou assustada e impressionada com tamanha valentia de seu irmão. Uma roda de estranhas sensações a fez sentir que agora era dever dela protegê-lo, não o deixaria morrer mesmo se era ela quem deveria matá-lo.

Ficar na mesma sala que Alice era desconfortante, a menina de cabelos vermelhos ficava encarando a pobre menina que estava acabando de se recuperar de uma coma. Alice teve uma vida dura, por isso que ela era assim, abandonada pelos pais na porta de um orfanato e felizmente adotada por pais riquíssimos, mas que acabaram morrendo pela própria filha adotiva. Ela morava em um apartamento no subúrbio junto com sua tia que afinal, era garota de programa.

– O Scott já tem um plano? - perguntou Alice para sua amiguinha Catherine.

A menina loira da farmácia parou de passar o rímel e disse:

– Ai, meu namorado tem sim... Você acha que ele é tosco ou o que¿

– Menina, só perguntei se ele tem ou não tem um plano. Porque você sabe, eu sei que ele vai morrer em algumas horas ou dias por alguém como eu, mas bem que poderia ser eu se ele não me obedecesse. – disse Alice cutucando as unhas e dando um leve sorriso sarcástico.

– Espera – parou Catherine – Quer dizer que você só o botou no seu plano pelo preço da vida dele? Que menina má você é! Ainda bem que só fiquei com as joias da sua mãe, por que né... Ninguém merece perder a vida.

Alice revirou os olhos e perdeu a paciência. Tirou o canivete do bolso e o encostou no pescoço da loira que se afastou suando frio.

– Olha aqui garota. Você prefere perder a vida pelo seu namoradinho que eu sei que já pegou todas as garotas dessa escola¿ Ele mais que merece morrer! Conta logo o plano, ou você paga o preço dele... – falou sussurrando no ouvido de Catherine.

– Ok, ok eu falo... – disse Catherine – Agora dá pra tirar isso daí do meu pescoço?

A menina de cabelos avermelhados abaixou o canivete do pescoço como pediu Catherine que esta respirou fundo e começou a dizer detalhe por detalhe o plano que Scott havia dito. Os olhos de Alice brilhavam a cada instante que Catherine dizia as piores partes e que fazia cara de nojo ou de loucura, a cada segundo ela virava para ver sua vítima e imaginar o sofrimento, só de imaginar ela delirava e se enchia cada vez mais de ódio.

– É Hanninha, parece que seu pior momento está chegando. – disse Alice desenhando uma menina com sangue escorrendo pela cabeça.

O recreio havia chegado e Hannah foi a primeira a sair, na tentativa de despistar Alice por alguns minutos e tentar ler um pouco. O livro era o seu passatempo desde o dia em que se recuperava da coma.

Hannah sentou em um banco de concreto onde havia uma árvore que produzia uma grande e deliciosa sombra, um lugar perfeito para sentir o vento gelado e ler algumas páginas. Enquanto lia, Alice a observava em um canto da escola e também esperava Catherine e Scott para combinarem o plano.

Ela olhava o tempo todo no relógio, tinha que ser perfeito. Uns dez minutos antes de terminar o recreio, Alice deveria levar Tiago para “conhecer” um pouco mais sua irmã e passar uma impressão de boa amiga. Depois, quando estiverem para entrar na sala de aula ela e Catherine deveria arranjar um jeito de arrumar uma discussão envolvendo Hannah, que pela multidão as cercando Scott puxaria a menina até algum lugar longe da briga para fazer uma coisa que marcaria a vida inteira dela.

Alice viu por trás de uma árvore um menino de cabelos pretos com pontas indo para vários lugares se aproximando de Hannah que estava sentada em um banquinho embaixo de uma árvore. A garota de cabelo vermelho sorriu maliciosamente e começou a andar em direção deles.

– Hannah não é? - perguntou Alice com certa maldade por trás daquela simpatia toda.

Hannah levantou o olhar e observou aquela estranha menina que sabia que a conhecia de algum lugar, mas não se lembrava de exatamente onde. Apenas afirmou e perguntou o nome de Alice para ver se era quem realmente pensava que era.

– Qual é?! Você não se lembra de mim? - disse Alice dando uma volta depois de sua vítima ficar a olhando com cara de interrogativa.

Depois daquela voltinha mostrando seus longos e lisos avermelhados Hannah lembrou-se de quem era. Arregalou os olhos e as más lembranças vieram, mesmo que ela não quisesse aqueles cabelos vermelhos a fez lembrar, aquele tom de vermelho voando da janela enquanto ela caia. Era ela mesma, a própria.

– Alice? - espantou-se ela quebrando o silêncio de alguns segundos que pareceram longos minutos.

– Isso! – exclamou Alice aliviada por ela se lembrar, só para causar mais sofrimento – Cara, quanto tempo!

– É... – disse Hannah quase sussurrando de tão baixo que ela disse.

– Desde que seu irmão...

Depois dessa frase incompleta de Alice, Hannah lembrou-se ainda mais de seu doloroso passado. Então ela tinha um irmão... um irmão, Nathan que morreu em péssimas condições para não abrirem o caixão no dia do enterro. A garota balançou a cabeça de um lado para o outro, tentando montar aquele quebra cabeça.

Queria refrescar a memória e tentar pensar que aquilo era só uma brincadeira de mau gosto daquela menina chamada Alice. Levantou-se e andou com passos rápidos até o pátio interno a procura de um banheiro para lavar o rosto.

No caminho do corredor, algumas imagens distorcidas se formavam em sua mente. Um menininho de cabelos loiros como ouro, olhos azuis, aparência angelical. Seu irmão. A raiva tomou conta dela novamente, queria destruir todos que fizeram a vida dela um inferno, e começaria a partir dela, Alice.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Deixe comentários! Ne-ces-si-to!
Um kissu!
SaYuh ~♥



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