Minha mãe chegou a meu quarto já abrindo as janelas, aquele clarão do dia me desanimava, muito.

—Bom dia. – ela disse. –Seu café está pronto em cima da mesa do notebook. – ela repetia essa mesma frase há anos.

—Obrigada. – assenti. –Pode me deixar... Sozinha? – perguntei, olhando fixo nos olhos dela.

—Eu realmente queria poder te entender. Poder ser sua amiga, mas esse seu jeito grosseiro de ser me irrita. Sinto muito. – ela disse saindo do meu quarto batendo os pés.

Ótimo. – bufei.

Hoje era dia 05/01/2013. Faltavam apenas 6 dias para que Patrick chegasse. Nesses dois dias, fiquei imaginando como seria o nosso encontro. Ele estava sem internet por dois meses, pois havia se mudado. Eu fiquei imaginando a cena: nós dois nos abraçando e depois um beijo terno. Não, isso é tolice Alex. Isso só acontece em filmes. – pensei.

Levantei da cama, peguei o leite (já estava morno) e comi umas dez bolachas. Peguei meu notebook e fui ver se havia alguma mensagem de algum de meus amigos. Não havia nenhuma. Será que eles havia se esquecido de mim? Eu havia me tornado assim tão cruel a esse ponto?

Limpei os lábios com as costas da mão e fui até a cozinha. Minha cachorra estava dormindo debaixo da mesinha e minha avó estava vendo TV, como de costume. Eu estava de férias, então acordara tarde. Já eram 10h da manhã. Larguei o prato em cima da mesa e tomei um copo d’água. Peguei meu Tablet e fui para meu quarto, fiquei ouvindo música por umas duas horas e meia, até que aquele barulho de mensagem no notebook apita.

Caio diz: Alex, está aí?

Alexia diz: Estou Caco. O que foi?

Caio diz: Preciso confessar uma coisa... Er, eu... te... amo.

Alexia:  >.< Estou sem palavras. S2

Caio desligou-se.

Acho que isso foi tenso, de verdade. Caco é gay, segundo ele mesmo. Caco sempre disse que não haveria nada entre nós. Justo agora, quando Patrick está para vir? Isso não está acontecendo.

Caio está on.

Caio diz: Desculpa-me não ter falado antes...

Alexia diz: É muito tarde, Caco. Um dia você vai entender. Adeus.

Eu fechei a tela sem nem olhar duas vezes se havia resposta. Eu não poderia machuca-lo, nem mesmo iludi-lo. Caco também se tornara um ótimo amigo, porém é Patrick quem eu amo.

O dia já estava no fim. Eu estava cansada, perturbada, então resolvi dormir, talvez um pouco. No mínimo uma hora, ou duas. Mas acabei dormindo umas seis horas.

—É uma vagabunda mesmo. – meu pai chegou dizendo. –Levanta daí, sua promiscua. – então eu ouvi meu pai dizer tais palavras que nunca ouvi saindo da boca dele.

Eu comecei a chorar.

—Sai daqui! – gritei. –Vai embora!

Eu não sei o que aconteceu e nem pretendo saber, só sei que foi profundo e machucou de verdade. Resolvi me cortar, pela primeira vez. Eu sabia que ia doer, mas não tanto quanto as palavras ditas pelo homem da casa. Eu sorri, outra vez, porém era um sorriso falso. O mais falso que já fiz.

—Me desculpa... – ele veio me dizendo.

Curvei os ombros e me desviei dele. Segui para o lado de fora da casa. Sentei-me na mureta que havia depois do portão... talvez se alguém passasse e me achasse bonitinha e me pegasse para me mandar para a Índia por tráfego, seria sorte demais.

Mas eu estava feliz por saber que daqui há 5 dias ele estaria aqui... Comigo.