Never Gonna Be Alone - HIATUS escrita por Nevaeh Eulb


Capítulo 7
Capítulo 7: Ódio, Raiva, Angustia E Rancor part.1.




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Sabe quando você esta prestes a morrer e um filme da sua vida toda passa pela sua cabeça? Foi exatamente isso que aconteceu.

Já fazia anos que ninguém fazia essa pergunta (ou uma parecida, no mesmo sentido). Todos que me conheciam sabem do meu "pequeno trauma" em relação ao ser que me gerou (Não, eu não vou falar aquele nome cujo Jay disse à pouco, porque essa pessoa não merece ser reconhecida assim.). Foi a maior falta de caráter dela ter feito isso comigo e com meu pai.

Tudo aconteceu quando eu tinha 4 anos e ainda me lembro como se fosse hoje...

Era uma manhã de domingo, estava frio por ser inverno.

Um dia antes, eu e minha mãe, tínhamos combinado de acordar cedo para brincar de boneca. E cedo ele estava lá no meu quarto me acordando.

– Filha, acorda - ela disse ainda de camisola, provavelmente tinha acabado de acordar. – Mamãe - levantei pulando no colo dela, eu já tinha acordado há muito tempo, acho que nem havia dormido.

Minha mãe trocou meu pijama por uma roupa de frio (calça, blusa de mangas comprida e botas). Depois foi trocar as delas enquanto eu via desenho na TV da sala. Quando voltou estava de calça jeans, uma blusa listrada, azul e branca, um casaco preto e salto alto vermelho. Minha mãe era assim, sempre usava salto, se pudesse iria até dormir os usando.

Fomos para cozinha tomar café da manhã. Eu bebi leite na mamadeira e comi maça que ela havia cortado em pequenos pedaços, já ela bebeu café e comeu biscoito com requeijão.

Terminamos de comer em uns 15 minutos e fomos para o jardim que ficava na frente da casa. Lá era rodeado por algumas árvores, tinha algumas flores plantadas principalmente na arte mais próxima a casa. Num canto havia uma mesa de madeira redonda com quatro cadeiras de madeira ao seu redor. Sentei em uma delas. Observei a minha mãe entrar em casa e voltar com uma caixa na mão. Sorri animada.

Ela se sentou na cadeira que estava a minha frente, colocou a caixa em cima da mesa e abriu. Dentro estava 2 bonecas barbie, xicaras, pratos, talheres, copos, pires, tudo de brinquedo.

Começamos a brincar, eu perdi a noção do tempo que passamos lá.

Meu pai apareceu na porta que dava ao jardim e que, por acaso, era em frente à mesa que estávamos. Ele estava vestindo calça e uma blusa de manga, ambas cinzas e de moletom, e um chinelo azul. Se encostou no portal da porta e sorriu.

– Filha, esta brincando com a sua mãe? - perguntou e só ai eu percebi que estava estava segurando uma caneca de café em ma das mãos.

– Sim pai, nos estamos comendo - respondi pegando uma colherzinha roxa de plástico - quer brincar com agente? -

– Isso é uma brincadeira para meninas Zízi, o papai não vai querer brincar - minha mãe falou olhando para ele, quando e voltou a olhar para mim - além de que já esta na hora de almoçarmos -

Ela sorriu para mim que fiz uma carinha triste por ter que parar a brincadeira.

– Hey, Zízi, não fica triste. Hoje vai ter uma sobremesa especial para você - meus olhos se iluminaram mais que pisca-pisca no natal, quando ela disse - adivinha o que é? -

– SORVETE! - gritei feliz da vida.

Meu pai veio na minha direção e se sentou na mesa também.

– Sabe, um passarinho me contou que tem uma menininha muito lindinha chamada Allizia adora sorvete de chocolate - ele falou se fazendo de desentendido.

– Sou eu! - falei sorrindo e pulei no colo dele que me segurou. Minha mãe sorria nos vendo. Aquele era um lindo momento em família e ninguém imaginava o que viria depois. Uma tragédia que mudou a minha vida e a vida do meu pai por completo. Um dia que eu nunca mais esqueci e que nunca vou esquecer.

– Josh, eu vou lá na sorveteria, fica com a Zia um pouco? -

Meu pai assentiu, ela se levantou e foi até a pequena sorveteria chamada "Ice Dream" que ficava no fim da rua.

Zia e Zízi, era como meus pais me chamavam na época, eu gostava daqueles apelidos, eram legais.

Fique observando minha mãe até meu pai me chamar.

– Zia, quer desenhar com o papai? -

Balancei a cabeça afirmando animadamente. Além de estar sorrindo. Ele foi até a sala e voltou com umas folhas e um pote de lápis.

– Que tal, nos desenharmos a mamãe -

– Ela vai gostar! - respondi e comecei a desenhar.

O tempo foi passando e eu já tinha feito 3 desenhos (a minha mãe, o meu pai e uma cachorro que parecia mais um gato) só que minha mãe não chegava. A preocupação já começava a tomar conta do meu pai, ele olhou a hora no relógio que estava no seu pulso e murmurou para si mesmo:

– Ela já devia ter voltado... -

Eu olhei na direção que minha mãe tinha ido e vi uma fumaça começar a se formar. O muro da casa era baixo, tinha apenas uns 90 centímetro, o que facilitou a minha visão. O tamanho do muro era devido a vizinhança calma e pacata, não havia ladrões com que se preocupar.

– Pai - cutuquei o seu braço, ele direcionou seu olhar (que antes estava voltado à mesa) para mim e eu apontei para a rua - fumaça, pai -

Ele arregalou os olhos e se levantou abruptamente. A fumaça estava cada vez mais escura e maior.

– Allizia, fica aqui eu já volto - e assim ele abriu correndo a porta que dava para a rua e saiu desesperadamente.

Eu não estava entendendo nada que acontecia naquela hora mas hoje eu sei, a sorveteria que minha mãe foi estava pegando fogo. Todos os meus vizinhos foram para a rua ver o acontecido. Carros pararam. Buzinas soavam em meus ouvidos. Uma ambulância passou quase em cima da calçada junto com um carro dos bombeiros.

Mais tarde, naquele mesmo dia minha família materna foi para minha casa. Meu pai me mandou ficar no meu quarto (que era no segundo andar) vendo desenho mas a curiosidade me tomou e fui ver o que acontecia, segurei meu bichinho de pelúcia preferido, um coelhinho branco e amarelo, e fui até a escada, que era feita de barras compridas de madeira. Observei por entre elas minha avó, Helena, gritando e gesticulando enfurecida com o meu pai coisas que eu não ouvia. Meu avô, Saulo, tentava a acalmar mas era impossível.Eu era pequena mas sabia que estava acontecendo algo com a minha mãe, mas não imaginava que era tão serio.

Anos se passaram e eu aprendi a conviver com essa perda, mas uma coisa aconteceu quando eu tinha 10 anos e estava no 6° ano do ensino fundamental.

Era hora da saída e eu esperava pelo meu pai, que sempre vinha me buscar, quando eu a vi. Sim eu vi a minha mãe. A mulher que supostamente morreu e me deixou abandonada, sem uma mãe para poder conversar e contar tudo que não dava para falar com meu pai. Por causa dela nos mudamos, tive que ir a vários psicólogos, não é fácil uma criança de apenas 4/5 anos ir a um deles, meu pai parou de me chamar de Zia e de Zízi. Ele também consultou um pediatra e ele avisou ao meu pai que com 1 ano, uma criança começa a ter memorias como nome de pessoas, comidas e etc e com 4 a ter memórias de fatos, infelizmente aquele dia foi a minha primeira lembrança.

Ele estava na esquina do outro lado da rua.

A buzina do carro do meu pai me chamou a atenção. ele havia chegado Sorri para ele e entrei no carro.

– Que foi, Allie? Parece que viu um fantasma - brincou comigo.

– Pode se dizer que sim - respondi e ele levou na brincadeira também, mal sabia que era verdade.

Ele deu partida no carro e quando estávamos virando a rua, que era um T (a rua comprida dele era a rua da minha escola, uma das ruazinhas do lado, a de cima, era aonde ela estava e a debaixo era por onde estamos seguindo) eu há vi falar algo sem som, para minha sorte (ou azar) eu sabia ler lábios.

Ele havia dito "desculpa" sem som.


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