Meu retorna de volta a realidade começa um pouco fora do normal. Se bem que um coelho de fraque não é uma coisa que se veja todo dia... Enfim, sete cabeças proprietárias de olhos esbugalhados e narizes grandes me encaram enquanto acordo. Eles ajudam a me levantar, então reparo que todos eles são muito baixinhos, então um de cara amarrada vem e fala:

– O que você quer aqui?

– Zangado! Modos! – Diz um bem mais simpático.

– Me desculpem! Será que vocês poderiam-me dizer onde estou? – Arrisco perguntar.

– Se você lavar, passar e fazer uma torta de maçã para nós! – diz o que está ao lado do de cara amarrado.

– O quê? Não! – Eu quase grito.

– Bolas! A Branca de neve fazia isso para nós.

Branca de neve? Já ouvi esse nome antes! Acho que em um conto. O mais simpático vai e fala:

– Nos desculpe senhorita! E bem-vindo a Fairy Tales, um lugar onde todos os seus desejos se realizam!

– O quê?

Eu abro a porta e encontro uma pequena cidade, seguida de um grande castelo. Saio correndo pela porta e agradeço aos anões. Quando caminho pelas ruas esbarro em uma menininha com um capuz vermelho e uma cesta, ela não fala nada e sai correndo em seguida.

Devo ter passado por uns três príncipes lutando com dragões, quando chego a uma casa. Bato na porta, mas ninguém atende e ela se abre sozinha. A casa parece estar vazia, mas há três tigelas de um líquido branco e pastoso sobre a mesa. Como estou sem nada para fazer, pego uma colher e fico remexendo o que parece ser mingau. Espera aí! Mingau! Então isso quer dizer que logo aqui vai estar a...

– Quem é você? – Uma menina com cachos longos e dourados pergunta.

– Nem eu sei direito.

– Se eu fosse você sairia daqui logo!

–Por quê?

Três ursos chegam e gritam:

– O que essas duas estão fazendo?

Eu saio correndo e deixo a Cachinhos Dourados para trás. Ela já deve estar acostumada com isso.

Depois de uns dez minutos, eu paro de correr e começo a caminhar lentamente. Deus, por que eu fui fazer isso? Por que eu fui sair correndo? Como eu fui parar aqui? Meus pensamentos são interrompidos por uma moça linda esbarrando em mim. Mas eu conheço essa moça...

– Branca de neve?

– Sim, sou eu! Será que você poderia me esconder por um instante?

– Por quê?

– Porque a Rainha Vermelha está atrás de mim!

– Rainha Vermelha? Mas cadê a Alice?

– Ela está em São Francisco. A Rainha Vermelha tomou o meu reino, e agora está mandando todos os guardas atrás de mim!

– Entendi! Vem comigo!

Eu e ela nos enfiamos atrás de uns sacos de farinha e esperamos os guardas passarem direto por nós. Então, na calada da noite, saímos e nos acomodamos em uma caverna. De manhã, bem cedo, eu me ofereço para ir buscar madeira para a fogueira do café da manhã, ela concorda, pois ela deve estar exausta. Quando eu começo a colher galhos secos, guardas aparecem e me prendem por ajudar uma fugitiva. Eles me seguram e colocam correntes geladas nos meus braços. Arrastam-me para a cidade, E pelo visto é normal alguém ser arrastado pelas ruas nesta cidade, e me jogam em uma cela, fazendo-me cair e bater a cabeça na parede.

Esta coisa de eu ficar inconsciente já está ficando chata!