Capitulo IV

“Scars open”

POV Nico

Saí atrás dela o mais rápido que pude. Vi um javali em cima de sua cabeça, ela havia sido proclamada. Era filha de ares. Jude também viu o javali brilhar na sua cabeça e depois desaparecer. Ela ainda não tinha me visto. Judeth correu e eu fui atrás, estava indo em direção a floresta.  Ela corria mais rápido até que seu short ficou preso num galho e ela caiu dentro de um buraco. Merda!

POV Jude

-Eu te odeio Di Ângelo. – gritei e sai correndo

Ele havia tocado na minha ferida mais profunda, na minha decepção mais dolorosa. Corri até que olho para cima e vejo um javali em cima da minha cabeça. Não! Não! Não!

Eu era filha de Ares, o deus da guerra selvagem. Eu era meia-irmã da Clarisse! Correi e entrei na floresta o mais rápido que pude.

Porém, meu short prendeu num galho e eu acabei caindo no mais fundo buraco. Galhos afiados fizeram cortes na minha perna e no meu braço. Fechei os olhos e só os abri quando cheguei ao fundo do buraco.  Ouvi uma voz conhecida.

-Judeth! – era o Nico

-QUE É?- gritei

-Como você esta?

-Toda ferida. Chama alguém pra me tirar daqui já que você não irá fazer isso! –disse

-Chega pro lado que eu vou até ai. – ele disse

Fiquei durante um minuto fitando aquele buraco negro até que me deparei com uma sombra na minha frente. Meus olhos se encontraram com os dele. O mesmo sorriu para mim até olhar meus braços e minhas pernas.  

-Você ta muito machucada. – ele disse.

-Você vai me tirar daqui? – perguntei a Nico.

-Vou. – ele disse me pegando no colo.

-O que você acha que esta fazendo?

-Segura em mim, nós vamos viajar pelas sombras.

-Eu posso ficar em pé, você não precisa me pegar no colo. – me debati

-Para! Nossa você ta com um corte gigante na testa. – ele colocou a mão na minha testa. Sua mão gelada me causou um arrepio. –Vamos logo!

Ele disse e logo aparecemos em frente à casa grande em segundos. Ele não me deixou sair do seu colo. Viajamos de novo até a enfermaria, onde ele me deitou numa maca.

-Cuida dela, Blutterson. – ele disse para uma garota que devia ser filha de Apolo.

-AI MEU DEUS! Nico o que aconteceu com ela? – Blair disse.

Li o seu nome no seu crachá.

-Ela caiu num buraco na floresta. – ele disse com a voz roca e me fitou.

-Bebe isso. – ela me deu um copo e eu bebi apressadamente. – Pode parando. Isso é ambrósia você não pode beber demais.  – ela tirou o copo da minha mão e Nico riu.

-Obrigada por me trazer até aqui. – disse para ele. – Agora você pode muito bem ir embora. Eu te odeio!

-Judeth eu sinto muito por aquilo.

-Isso não muda nada.

-Me desculpa, saiu sem querer.

-Como eu vou acreditar em você?

-Ai garota, o que eu faço pra você me desculpar? – ele gritou.

-Palavras não vão mudar nada. Atitudes quem sabe? – disse fria e senti minha perna doer.

-Esta doendo muito? – ele perguntou e eu assenti. – Blair faz alguma coisa!

Os cortes latejavam e doíam muito. Blair começou a limpar os ferimentos da perna, enquanto, outra irmã dela começou a limpar o machucado da minha cabeça. Meus olhos se encheram de lágrimas com a dor.

Enfaixou o ferimento e começou a cantarolar em grego. Sim, eu sabia grego. Minha mãe também era filha de Apolo, ela vivia cantando em grego pela casa.

-Seus cortes estão cicatrizando graças aos seus poderes como filha de Ares. – Blair disse e eu rolei os olhos. – Relaxe, eu também não gosto do meu pai.

-Apolo é meu avô.

-Enfim, depois de algumas horas de sono você vai ficar bem. 

Ela disse mudando de assunto e saiu para conversar com Nico.  Adormeci após dois minutos acordando com gritos do lado de fora da enfermaria.

-Ela é minha filha, eu tenho o direito de vê-la. – era só o que me faltava Ares aqui.

-Ela é minha neta, Quíron. – Apolo falou

-Acho bom você punir esse moleque. – acho que ele estava falando de Nico. –Você não tinha o direito de falar assim com a minha filha.

-Ares, ela não vai querer falar com você. – Nico disse

-Cala a boca garoto. – Ares disse e eu rolei os olhos.

Fitei o teto da enfermaria que estava vazia até que vi um motoqueiro entrar. Levei um susto, era ele. Ares. Eu já tinha o visto antes, mas não sabia que era ele.

-Olá Jude. – ele falou com a voz doce

-Meu nome é Judeth. – disse fria.

-Filha ...

-NÃO ME CHAMA ASSIM! EU NÃO SOU SUA FILHA. – gritei e Nico e Apolo apareceram.

-Judeth você é sim minha filha. – ele disse me encarando

-Você morreu para mim assim que foi embora e nos abandonou. – disse fria e a dor tomou conta de mim. – VOCÊ ME ABANDONOU! EU SÓ TINHA SEIS MESES!

-Eu não tive escolha.

-Nós sempre temos escolha! –as lágrimas estavam nos meus olhos, mas eu não iria deixá-las escaparem.

-Zeus não me deu opção.

-EU TO POUCO ME FUDENDO PARA O QUE ZEUS PENSA! VOCÊ NÃO TINHA O DIREITO DE ME DEIXAR DAQUELA FORMA! EU ERA SÓ UM BEBÊ, ARES! – gritei e o vi com lágrimas nos olhos. – Você tem noção do quanto eu precisei que você estivesse do meu lado? Todos os meus amigos tinham um pai no dias dos pais na escola. Eu era a única sozinha. Eu nunca tive um pai para me proteger. – ele estava chorando.

-Judeth eu sempre te observava e você sempre se defendeu sozinha.

-Claro eu não tinha ninguém para me defender. – disse friamente.

-Eu não queria que fosse assim. – ele disse com a voz falha.

-Mas foi e você não tem como apagar isso. Você nunca se importou comigo e não vai ser agora que você vai. – disse fria e ele chegou mais perto de mim. Levantei-me da cama e o encarei.

-Eu ainda sou seu pai.

-Eu já disse que eu não tenho pai!

-Você tem sim! – ele segurou minha mão. – Eu sempre me importei com você. Judeth, você e Clarisse são minhas filhas favoritas.

-Pode ficar com o favoritismo todo pra ela. Eu não quero nada vindo de você! – separei-me dele. – Eu queria ter tido um pai. Você quebrou o meu coração e me transformou no que eu sou. Fria! - chorei e Nico segurou minha mão, mas logo soltei. 

-Eu quero ser presente na sua vida.

-Como eu vou saber que você não vai me abandonar de novo?

-Me perdoa Jude. – ele se ajoelhou e chorou.

-Palavras não vão adiantar nada.

-Eu quero ser o melhor pai do mundo para você. – ele chorou mais.

-Acho que esta tarde demais para isso.

- Eu não vou desistir de você.

Ele beijou minha testa e saiu chorando.

-E você, o que quer? – perguntei a Apolo.

-Você me chamou de filho da puta. Hera não ficou feliz, mas eu sei que você não se importa. – rolei os olhos. – Trouxe um arco feito por mim para você. Era da sua mãe. – peguei no arco, era lindo.

-Obrigada avô! – ele sorriu

-Você devia perdoá-lo.

-Não vai ser da noite pro dia que isso vai acontecer.

-De a ele uma chance, Jude.

-Vou pensar.

-Ele não vai desistir de você.

-Eu sei.

-Bom, eu tenho que ir.

-Você devia se aproximar da Blair. – disse

-Eu vou fazer isso. – ele disse e desapareceu

Olhei para Nico que me fitava com os olhos negros. Qual o problema desse garoto? Eu já disse que o odeio! Que inferno! Peguei minhas coisas e fui caminhando sendo seguida por ele. Parei no seu chalé e virei-me para o mesmo.

-Da pra para de me seguir?

-Não.

-Eu te odeio garoto! Deixa-me em paz!

Ele entrou no chalé e eu fui para o chalé 5. Clarisse me aguardava com um sorriso no rosto.

-Bem vinda ao chalé cinco, irmã. – ela disse

-Obrigada, eu acho. – disse e entrei.

As paredes eram vermelhas num tom gritante. Na parede do fundo do chalé, tem o desenho de um escudo antigo com duas espadas de batalha formando um "X" no centro do escudo. No meio do chalé, pendurado, está um saco de pancada, cheio de areia, mas impossível de se rasgar. O que foi um presente de Ares para o chalé pelo que Clarisse me disse.

Ela colocou minhas coisas numa cama do lado da janela - que ficava ao lado da dela - e eu peguei uma muda de roupa.

Fui até ao banheiro e meu deus, eu estava um lixo. Havia sangue por toda a minha perna. Tomei banho relaxante, saí e vesti-me com um pijama de caveiras. Deitei-me na minha cama e abracei meu javali de pelúcia.

-Irmã ... – Clarisse me chamou

-Oi?

-Eu não quero dizer pra você sair amando ele, nem nada. – ela estava falando de Ares. – Mas de uma chance a ele.

-Vou pensar nisso. – disse calmamente

-Boa noite Judeth.

-Me chama de Jude, Clarisse. – disse olhando nos olhos dela. –Boa noite.

-Boa noite Jude.  –ela disse e caí num sono profundo.

POV Nico

Após tomar um banho, deitei-me na cama pensando nos seus olhos azuis acinzentados. Por que eu estava pensando nela? Nico, ela te odeia! Apaguei na cama e tive um sonho curioso.