Capítulo XVII

“Tentando lidar com a perda ...”

POV Jude

– Você perdeu o bebê. – ela falou soluçando.

Com essas palavras meu mundo inteiro desabou.

–Você não ta falando sério. – disse chorando. –Blair ...

–Sinto muito. – ela disse saindo.

–Meu bebê .... – acariciei minha barriga e comecei a chorar. –Nico . – solucei e ele me abraçou chorando. – E-eu quero meu filho. – disse abraçando ele mais forte.

–Eu também. – ele acariciava meus cabelos.

–Eu não quero mais viver. – disse chorando mais ainda.

–Nunca mais diga isso.

Nico disse sério, com os olhos vermelhos, devido ao choro. O abracei com toda a força que eu tinha.

–Eu quero ir para meu chalé. – disse para Ethan e Nico.

–Irmã, sinto muito. – Clarisse disse.

Ela chegou de surpresa com uma mala de caveiras. Clarisse deixou a mala em cima da poltrona e me abraçou com toda a delicadeza que podia. Separei-me de seu abraço e vi todas as minhas amigas.

Cada uma delas me abraçou por no mínimo uns dois minutos. Estava um pouco cansada de ouvi-las dizer que tudo iria ficar bem.

Tipo, elas não conseguem ver que não vai ficar tudo bem?! Eu perdi um ser do meu sangue, um bebê. Eu precisava ficar sozinha e colocar os pensamentos no lugar. Aquilo ainda era um choque para mim.

–Preciso ficar sozinha. – disse e todos me olharam. – Vão embora, por favor. – pedi secando minhas lágrimas.

Eles começaram a sair rapidamente. Nico deu-me um beijo em minha bochecha direita e saiu de cabeça baixa. Fiquei encarando o teto branco da enfermaria. As lágrimas continuavam saindo dos meus olhos.

Respirei fundo e levantei-me da maca onde me encontrava. Fui até a poltrona e abri a mala retirando uma das mudas de roupa. Vesti-me rapidamente e sequei minhas lágrimas.

(Look Jude: http://www.polyvore.com/look_jude_cap%C3%ADtulo_27/collection?id=2257094 )

Peguei a mala e caminhei até a entrada da enfermaria. Ethan, Nico e Clarisse estavam dormindo um em cima do outro. Deixei um bilhete mandando eles me deixarem sozinha.

Andei até o chalé de Ares – onde todos estavam dormindo – e joguei minha mala em cima da cama. Sai do chalé logo em seguida caminhando até ao estábulo. Chegando lá coloquei a sela em Joe. Montei em meu pegáso.

–Vamos o mais alto possível e devagar. – disse a Joe que pareceu entender.

Fechei meus olhos azuis sentindo o vento bater em meu rosto. Lágrimas saiam devagar levando, ou ao menos tentando, minha dor. Minha mente me levou para lembranças.

–Acho que dessa vez eu ganhei. – ele disse ofegante

–Não se acostume com isso. – disse

Encarei-o com os olhos, ele largou sua faca no chão e colocou a mão no meu rosto. Colocou sua outra mão em minha cintura me puxando para ele. Sentia a sua respiração cruzar com a minha. Ele roçou seus lábios nos meus.

Meu coração estava quase saindo pela boca. Fechei os olhos e ele selou nossos lábios suavemente. Logo pediu acesso à boca com a língua e cedi, começando um beijo que envolvia desejo, paixão e amor. Sorri assim que nos separamos.

–Eu sabia que você não me odiava. –ele disse roçando seu nariz no meu.

–Eu ...

–Eu te amo Judeth. – ele disse para mim.

Abri os olhos e vi que estávamos sobrevoando o acampamento.

–Sobe só mais um pouco. – disse para o meu pegáso, em seguida, fechei meus olhos novamente.

–Eu te amo, Nico.

–Eu amo mais, Anjo. Você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida.

Lágrimas saiam dos meus olhos, eu estava percorrendo uma rua de memórias.

–Anytime you feel the pain, Hey,Jude, refrain. –Ares cantarolou no meu ouvido e eu sorri.

– Σ ‘αγαπώ για πάντα.- disse para o deus e ele sorri.

– Σ ‘αγαπώ για πάντα, Jude.

Vi que estávamos sobrevoando uma das ruas de Manhattan. Concentrei-me e usei a névoa para ninguém nos ver. Até que uma cena me fez voar baixinho perto da janela de uma casa. Uma linda garotinha de olhos azuis e loira estava brincando com sua mãe. O pai da menina entrou no quarto e se juntou as duas.

–Mamãe te ama e vai te criar com ou sem seu pai. –disse baixinho acariciando minha barriga.

–Vamos embora, Joe. – disse soluçando ao meu pegáso.

Joe voou o mais rápido que podia para o acampamento meio-sangue. O céu estava escuro e as estrelas não brilhavam, assim como eu. Quando notei Joe já tinha pousado no estábulo. Tirei sua sela e o coloquei devidamente em sua casinha.

Pelos deuses, não havia nenhuma harpia de vigia.

Caminhei até a praia onde me sentei na areia e olhei o céu escuro. Percebi alguém do meu lado. Olhei e vi que era Nico. Ele me abraçou antes que eu pudesse falar alguma coisa. Ficamos assim por alguns poucos minutos.

–Eu disse que queria ficar sozinha.

–Jude, eu sei o que você esta sentindo. Eu também perdi um filho.

–ELE MORREU POR MINHA CULPA! EU DEVIA TER FICADO NO CHALÉ EM REPOUSO. É MINHA CULPA. – disse soluçando.

–Não é sua culpa.

–Vai embora, por favor. – ele continuou do meu lado. –Nicolas, eu só quero absorver isso.

–Você que sabe. – ele disse se levantando e indo embora.

Fiquei em silêncio por um tempo até que as lágrimas voltaram a cair. Senti as lágrimas passarem como navalha pelo meu rosto. Era tanta coisa na minha cabeça, eu queria está morta nesses momentos.

–Eu quero minha família. – sussurrei chorando.

Provavelmente Ares estaria muito ocupado para da atenção a uma das suas filhas. Minha mãe nem quis ficar no acampamento comigo e deveria esta em algum showzinho por ai. Clarisse deveria esta no chalé. Só restava eu ficar lá sentada e deixar que as lágrimas amenizassem minha dor.

Ouvi uma luz surgir em torno de mim. Levantei meu olhar para cima e vi as pessoas que eu mais desejava nesse momento. Louise, Ares e minha meia-irmã. Clarisse me levantou e me abraçou o mais forte que pode.

Olhei para meus pais e os abracei. Ares estalou os dedos e estávamos no jardim do Olimpo. Separei-me de minha mãe e tentei me separar do abraço do deus da guerra selvagem, mas ele não permitiu.

–And anytime you feel the pain, Hey, Jude, refrain. – Ele sussurrou em meu ouvido direito.

–Eu não consigo. – disse separando do seu abraço.

–Nós conseguimos juntos. – ouvi uma voz atrás de mim.

Virei-me e encarei Nico Di Ângelo. Ele estava com o rosto um pouco vermelho devido às lágrimas.

–Será? – perguntei me aproximando dele.

–Juntos nós conseguimos tudo. – ele acariciou minha bochecha e eu assenti com a cabeça. –Eu to aqui. – ele me abraçou.

Coloquei minha cabeça em seu ombro e senti conforto. Era tudo o que eu precisava.

XXXXXX

Acordei lentamente na manhã seguinte, estava no chalé de Ares deitada em minha cama. Levantei-me e me olhei no espelho. Meu rosto estava pálido, em baixo dos meus olhos tinham olheiras devido à má noite de sono e meus cabelos estavam bagunçados.

Caminhei até ao banheiro. Joguei uma água em meu rosto, penteei meus fios loiros e coloquei corretivo de baixo dos olhos. Olhei-me para o espelho e senti a dor voltar. Vi uma gilete em cima da pia de mármore branco. 

Judeth Muller, você não vai fazer isso.

Mas quando eu vi o sangue já escorria pelo meu braço. Minha vista embaçou e eu cai no chão branco sujo de sangue. 

POV Nico

Acordei de manhã com um pressentimento ruim. Coloquei uma blusa e calcei meu chinelo. Foda-se minha aparência. Corri até o chalé de Ares. Bati na porta e Clarisse veio atender toda descabelada.

–Cadê a Jude? – perguntei.

–No banheiro.

–Saí da frente. – disse a empurrando e entrando no chalé.

–O QUE PENSA QUE ESTA FAZENDO? - ela gritou.

–Ela esta há quanto tempo ai dentro?- perguntei preocupado.

–Muito. – ela sussurrou e arregalou os olhos.

Bati na porta três vezes e ela não respondeu. Arrombei a porta e vi meu Anjo desmaiado no chão. O piso do banheiro tinha sangue. Controlei as lágrimas que escorriam pelo meu rosto. Eu não sabia o que pensar. Milhares de coisas giravam em torno da minha mente.

Minha pequena tinha tentado se matar.

Peguei Judeth no colo e a levei em velocidade máxima até a enfermaria. Graças aos deuses, o próprio Apolo estava lá e cuidou dos ferimentos da minha namorada.

Estava sentado na poltrona de camurça preta segurando sua mão. Judeth tinha vários curativos e pontos em seu braço. Senti-a apertar minha mão e a vi acordando.

–O que aconteceu?! – ela perguntou assustada.

–Você tentou se matar. – disse com a voz falha.

–Nico ...

–Você não tem ideia do que se passou pela minha cabeça no instante que eu te vi desmaiada no chão. – disse sério. – Judeth você é a pessoa mais importante da minha vida. Eu não suportaria ter perdido você.

–Nosso filho também era importante e ele morreu por minha culpa.

–Para com isso. PARA COM ISSO AGORA! – ela me encarou. – Eu não aguento mais você falando isso. NÃO FOI SUA CULPA! Isso acontecesse. -gritei.

–Anjo... - ela sussurrou assustada.

Eu nunca gritei assim com ela.

–Promete que nunca mais vai fazer isso.-disse calma.

–Prometo.

–Anjo, pelo estinge e pelo nosso amor, promete?

–Prometo pelo estinge e pelo nosso amor. – ela disse e eu a abracei. –Nico ...

–Hm?

–Promete não me deixar cair?

–Se você cair, eu vou estar sempre lá para te segurar. – ela sorriu.

–Eu também. – Ethan surgiu na enfermaria.