- Raito, meus doces acabaram.

Raito Yagami, que estava sentado no sofá, de pernas cruzadas com seu notebook no colo, olhou para o ser pálido e com olheiras ao seu lado, aquele que, supostamente, era seu maior inimigo, mas Raito sabia que nunca poderia odiá-lo, mesmo que quisesse. Ryuuzaki, ou L, era simplesmente muito amável para qualquer um sequer pensar em odiá-lo.

- Hm. – resmungou Raito, voltando a atenção para seu trabalho. – Pegue mais na geladeira.

- Todos os doces acabaram. – insistiu ele, lambendo os dedos das mãos, tentando absorver um último resquício de açúcar.

- Tenho certeza de que Watari pode comprar mais para você. – murmurou Raito, sem tirar os olhos da tela luminosa do notebook.

- Vai demorar demais. – lamentou-se L. – Eu preciso de doces.

Raito não respondeu. Estava concentrado demais em seu trabalho. Isso deu chance para que Ryuuzaki engatinhasse até o outro, a corrente batendo contra o chão finalmente chamando a atenção de Raito.

- Ryuuzaki! – gritou ele, vendo o quanto o detetive estava próximo. Ryuuku, que permaneceu o tempo todo sentado atrás do rapaz, riu divertidamente ao ver a proximidade dos dois.

- Vai rolar coisa! – disse o Shinigami, sorrindo. – Finalmente! Já estava ficando entediado!

L. sorriu e passou um braço pelas costas de Raito, trazendo-o ainda mais para perto. O detetive aproximou seu rosto do amigo/inimigo e sorriu, o que era uma coisa incomum.

- Eu preciso de doce. – sussurrou ele, sorrindo de um jeito travesso. Ryuuzaki esticou a língua e lambeu a bochecha de Raito e fazendo uma cara engraçada, como se provasse o gosto do outro – Você tem gosto doce. – comentou ele.

Raito fez cara de nojo e limpou a bochecha com a manga da blusa, revirando os olhos enquanto Ryuuku praticamente rolava no chão de tanto rir.

- Hm. – resmungou ele, voltando a atenção para seu notebook de novo. L. aproximou o rosto novamente e mordeu de leve a bochecha de Raito, rindo logo em seguida. – Para, Ryuuzaki!

- Mas você é a única coisa doce que tem por aqui, Raito-kun. – contrapôs o detetive, desta vez mantendo sua expressão neutra de sempre. O outro apenas manteve-se calado por um longo tempo até que, de repente, pôs o notebook de lado, engatinhou até Ryuuzaki e beijou-lhe os lábios. L. ficou surpreso, mas correspondeu, aprofundando ainda mais o beijo. Raito entrelaçou os dedos nos cabelos negros de L. e puxou-o mais para perto, mas o detetive apenas riu entre o beijo e afastou-se.

- C-como assim v-você... – gaguejou ele, incapaz de continuar sua frase, tamanha era sua indignação ao ver Ryuuzaki se afastar como se nada tivesse acontecido.

-Não importa o que nós façamos, Raito-kun. Nós vamos continuar sendo inimigos, e eu continuo achando que você é o Kira. – o detetive sorriu levemente

Raito ficou boquiaberto ao ver o quanto L. podia ser irritante quando queria.

- Mas Ryuuzaki! – insistiu ele. – Eu não sou o Kira! Se eu fosse, já poderia ter matado você!

- Desculpa, Raito. Não posso descartar essa possibilidade, ainda mais com todas as provas que apontam contra você. – L. suspirou profundamente e deu de ombros antes de voltar sua atenção para alguma outra coisa.

Raito fechou a boca rapidamente e lançou Ryuuku uma olhadela significativa.

- Ryuuzaki, saiba que, se eu tivesse o caderno, eu me livraria dele por você.

- E você tem o caderno. – comentou ele distraidamente. – Então você se livra dele?

- Sim, eu me livro dele.

Ryuuku arqueou as sobrancelhas. Raito apenas assentiu discretamente em direção ao Shinigami e voltou sua atenção para L. Ryuuku tomou o diário, e Raito sentiu todas as lembranças sobre o objeto desaparecerem lentamente. O Shinigami sussurrou um adeus ao ex-Kira, que piscou e virou o olhar para o detetive que tanto amava e sorriu. L. encarou Raito longamente, até que sorriu e se aproximou do homem, beijando-lhe a face levemente antes de se recolher novamente. O detetive sorriu e se levantou, correndo os dedos pelas bochechas de Raito levemente e se encaminhando para seu próprio quarto. Antes de fechar a porta, porém, Ryuuzaki lançou um olhar divertido em direção a Raito.

- Eu ainda acho que você é o Kira. – declarou ele, sorrindo divertidamente – Mas o que seria o amor sem o ódio? – completou Ryuuzaki, sorrindo um pouco mais antes de fechar a porta, deixando para trás um Raito completamente confuso.

- Ele ainda me mata. – sussurrou Raito, balançando a cabeça e voltando a atenção ao seu computador.