Arcos, Flechas E Mantícoras escrita por Kauan Pirani


Capítulo 1
Capítulo Único




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Lá estava eu, deitado no sofá do meu chalé enquanto meu protetor, Monk, e meu meio-irmão, kássio, tentavem me tirar de lá de dentro para ir aproveitar o calor do sol lá fora.

- Já falei que nnão vou sair desse sofá hoje!-  Eu disse virando a cara pro outro lado.

-Anda logo Patolino!- Kássio retrucou.

Já era quase hora do café-da-manhã e só estavámos nós três. Kásssio já estava pronto, eu, por outro lado, ainda estava só de samba-canção rolando pelo sofá.

-Affu Tsu! Vai lá comer e logo eu vou!- disse fingindo que queria dormir um pouco mais.

-Ok, mas é bom ir mesmo, viu? -Disse enquanto caminhava pra saída do chalé para ir comer.

Monk se jogou no sofá ao lado e ficou fitando o teto dourado do chalé até que exclamou como se a resposta pra todas as perguntas do universo tivessem entrado e sua cabeça de uma vez:

- Já sei o motivo dessa preguiça toda!

Me virei com um pulo e o encarei, quase lançando laser pelos olhos. Ele riu sarcasticamente.

-Então vai simplesmente fugir das atividades com flechas?- ele disse.

-Vou! Algum problema?- retruquei rapidamente sem desviar o olhar.

-Olha… Para um filho do grande deus do Sol, isso é sim um problema!- ele começou a rir.

Pulei pra cima dele e prendi suas patas com o peso do meu corpo, começei a dar vários socos nele, os quais ele desviava e fazia o favor de rir de cada um… Até que um acertou.

Ele ficou ali de boca aberta por milésimos de segundo, chocado, sua expressão facial ficou séria de repente. Com um movimento rapido libertou uma das suas pernas de bode e me deu um chute no peitoral que me fez atravessar a sla, batendo na parede do outro lado

Me levantei e chequei onde ele acertado, ali havia um perfeito casco de bode marcado em roxo. Bufei e sai andando para fora do chalé. Ele tentou em chamar mas eu simplesmente o ignorei.

Fui marchando entre os chalés que felizmente estavam vazios, já que eu só me dei conta de que estava apenas de samba-canção quando já estava no meio da floresta, cercado por driádes me encarando.

-Vocês não tem anda melhor pra fazer?- Gritei para elas na falha tentativa de não parecer morrendo de vergonha, algumas recuaram e sumiram em meio as árvores, outras continuaram me seguindo. Decidi que no lago seria mais fácil ficar sozinho. Virei a direita  e caminhei até estar à beira do lago.

Encostei minha cabeça no carvalho mais próximo e fiquei encarando a madeira por alguns instantes e ficar vigiando o sol, provavelmente sendo carregado por meu pai em sua carruagem. Como um filho de Apollopoderia não saber como usar um arco-e-flecha? Essa pergunta ecoava em minha mente sem parar, a cada interrogação eu dava um murro na árvore, minhas mãos doíam, mas eu continuava, era um frenesi forte e repetitivo. O Frenesi foi forte o suficiente para não ouvir o barulho de um nadador se aproximando.

- Kau?! - Ele perguntou ao se sacolejar como um cachorro enquanto saia da água.

Parei bruscamente. Encarei o chão enquanto ele se aproximava, sequei as lágrimas de raiva com as costas da mão e por fim, respondi:

- Wag? O que está fazendo aqui?- Virei-me com um péssimo sorisso falso no rosto.

Ele ficou chocado com a visão por um milésimo de segundo, mas fingiu estar tudo bem logo em seguida:

-Ah, eu estava nadando at´que pensei ter ouvido algo - Ele lançou um rápido olhar  de onde meus murros haviam acertado a árvore pras minhas mãos ensanguentadas sujas de lascas de árvore.

Encarei o sol enquanto tentava me recompor, nunca havia deixando ninguém me ver naquele estado e isso não ia mudar agora.

- Ah… Aquilo, não foi nada, hm…- Disse evitando olhar para ele  e focando no sol no horizonte. Ele teimou:

-Cara, o que aconteceu? Você pode me falar…

-Nada, Caralho!- Interrompi-o abruptamente, agora olhando no fundo de seus olhos. Logo em seguida eu me sentei no chão, ele se sentou em silêncio ao meu lado. Ficamos num profundo silêncio pelo que pareceram horas. Então ouvimos barulhos de passos vindos da floresta se aproximando cada vez mais, rápidos, provavelmente correndo, diretamente para nós. Eu me pus de pé e gritei para o escuro de dentro da floresta:

-Não dá pra ter um pouco de privacidade nessa bosta de acampamento?!

De repente Monk saiu das sombras trotando com uma garotas nas costas, Ingrid, a filha de Athena que eu mais conversava.

-Não, não dá. Me desculpe - Monk disse sarcasticamente - A próposito, trouxe a Di para te ajudar com seu - ele fez aspas com os dedos - Problema.

O filho de Poseidon ficou apenas nos observando conversar, a curiosidade brilhava em suas retinas. 

Di desceu das costas de Monk e veio um pouco mais próxima de nós com um sorriso malvado em seus lábios.

- Então o filho de Apollo não sabe como usarum arco-e-flecha? - Ela disse com sua risadinha característica no final.

-Não… Quem te falou uma besteira dessas?- respondi enquanto os lasers que eu lançava pelos olhos corroíam Monk.

-Ah, que pena! Pensei que pudesse te ajudar, mas parece que você já tem uma ótima mira- ela disse com um sorriso que quase não cabia em seu rosto, maldita…

- Espere! - quase gritei quando ela faz menção de ir embora - Talvez você possa… - disse já esperandoa próxima parte da chantagem.

-Talvez eu possa o quê?- Ela retrucou

-Talvez você possa me ajudar!- Disse  bufando.

-Ajudar com…?- Ela continuou, seus olhos brilhavam com a possibilidade de me ouvir dizendo que ela era melhor que eu em algo.

-Me ajudar com a habilidade de usar um arco e uma flecha! - Disse em um tom rude enquanto revirava os olhos .

Ela riu alto, eu grunhi como um lobo. Logo em seguida os outros dois também riram como se tovessem ouvido a melhor piada de todos os tempos. O que deveria ser mesmo, imagino como deve ser ver um fliho de Apollo abrindo mão de seu orgulho.

Ela parou de rir e finalmente disse:

-Excelente cria de Apollo! Me encontre na colina Meio-Sangue, nas fronteiras do acampamento em meia-hora - Ela olhou para baixo - E tente ir vestido…- Corei no mesmo instante ao me lembrar que estava apenas de samba-canção.

Ok, até logo!- Acenei me virando para Wag enquanto ela corria de volta pro acamapamento. Wag sorriu e de repente perguntou:

- Um filho de Apollo que não sabe atirar, né?

Dei um soco na barriga dele, que o fez se curvar e uivar de dor.

-Mas que é ótimo para esmurrar alguém! Agora volte pra água peixinho dourado. -disse seriamente.

Eu e Monk voltamos para o acampamento devagar, quando estavámos longe o suficiente de qualquer ouvido ambicioso ele me perguntou:

-Você vai usar “aquelas flechas”?

-Não, claro que não. Apesar de ter certeza de que a Di é de confiança, quanto menos pessoas souberem menos terei problemas com arcos.

Ele se referia às “Flechas de Hélio”, presente do meu pai Apollo de quando acidentalmente matei três górgonas antes de chegar ao acampamento, quando fui reconhecido como filho dele, Monk me entregou as flechas, que nunca foram usadas. Estas flechas feitas pelo próprio Hélio, qualquer coisa que elas acertem pega fogo instantaneamente e não cessa até que o alvo não passem de cinzas. O mesmo acontecia com quem tentasse roubá-las, na verdade, eu as escondia para evitar demonstrações, as única pesssoas que sabiam desse presente eram Monk e o Sr. D. 

Continuamos o caminho pela floresta, quando estávamos perto dos chalés Monk me deu sua camiseta do acampamento para tentar disfarçar a minha falta de roupas. O que não adiantou nada, a maior parte dos campistas apontavam e riam enquanto eu passei correndo sozinho pela praça que junatava os chalés. Entrei no chalé de Apollo e já subi correndo as escadas, as minhas roupas estavam sujas então peguei a calça suja e o uniforme de um outro campista. Peguei meu arco (pouco usado) e minha alforja de flechas, me certifiquei que eram as flechas normais. Olhei para as flechas de Hélio,  tão sedutoras pedindo para serem usadas… 

Decidi colocar uma delas na alforja só para descobrir o quão eficiente elas eram, Monk entrou logo em seguida. 

Ele me acompanhou até metade do caminho, ficou na Casa-grande pois tinha “coisas de sátiro” para fazer, provavelmente fugiria pra floresta para se divertir com as dríades. Ele não gostava de falar sobre isso, mas a promiscuidade estava em seu sangue. 

Continuei a caminhar até encontrar Di no topo da colina, ela tinha arranjado dois alvos para que treinassemos, pelas cores desbotadas eram muito antigos. 

Ela me cumprimentou com o olhar, pegou seu arco na grama e tirou uma das flechas de sua alforja,  eu fiz o mesmo, ela preparou a flecha para ser atirada, mais uma vez repeti os movimentos.

- Observe seu alvo e foque nele, não é tão difícil assim… - Ela soltou a flecha, que saiu cortando o ar em direção ao alvo que estava a mais ou menos 20 metros de distância, estava praticamente fora do acampamento.  A flecha acertou quase no centro do alvo.

Respirei fundo. Soltei a flecha. A minha passou longe do alvo e acertou uma das árvores fora do acampamento. 

- Considere o vento, claro- Ela disse e riu baixinho. 

Bufei em resposta. Peguei outra flecha e coloquei no arco, as árvores atrás dos alvos serviram de referência para ter noção do vento. O vento ia para a direita. Soltei a flecha de novo. Ainda assim errei.

-Você precisa é treinar bastante, não vai ser tão difícil, isso está em seu sangue! - Ela disse tentando me motivar. 

Continuei atirando flecha após flecha, Di estava certa, a cada flecha eu conseguia um tiro mais perto do alvo, com exceção de umas ou outras, mas essas não vem ao caso.

Quando o sol estava quase se pondo completamente Di recolheu suas coisas e pegou um dos alvos dizendo:

- Vamos voltar, logo menos é hora da janta e quero tomar banho cedo para ficar com um pouco de água quente!

- Só mais uma flecha.- Eu disse, ela abriu a boca para reclamar mas não disse nada assim que viu que a flecha que eu havia tirado da alforja era diferente, feita de ouro com uma ponta e rêmiges alaranjadas. Como uma filha de Athena eu já esperava que ela soubesse o quão especial eram aquelas flechas.

- O-onde você conseguiu isso?- Ela gaguejou ao dizer.

Eu sorri vitoriosamente. 

-Presente do meu pai!

Ao dizer isso coloquei a última flecha da alforja no arco e a atirei. Ao contrário do esperado a flecha não acertou o alvo por milímetros, acertando uma árvore à vários metros de distância da fronteira do acampamento.

-DROGA!- Exclamamos juntos. 

A árvore acertada explodiu em uma bola de fogo que sumiu em questão de segundos deixando apenas a flecha dourada em meio às cinzas sobre a grama.

Eu desci a colina correndo em direção a flecha para recuperá-la, Di veio logo atrás pra tentar me impedir de sair, mas foi tarde demais.

Quando ambos passamos pela barreira que protegia os meio-sangues, mesmo que só por alguns metros fomos atacados por uma mantícora. Uma criatura com corpo de leão e rosto de homem, sua cauda com vários espinhos contendo um poderoso veneno paralisante.

A mantícora pulou pra cima de Di, que se jogou no chão e rolou colina abaixo, ela rolou até perto de mim que já estava ao lado das cinzas da árvore, peguei a Flecha de Hélio e joguei para ela, a mantícora bradou xingamentos em grego antigo e rugiu. 

Di preparou a flecha, seu olhar brilhava focado no monstro, milésimos de segundo antes dela atirar a mantícora balançou sua cauda atirando todos os seus espinhos venenosos na direção dela, ela tentou escapar mas foi acertada por meia dúzia dos espinhos e caiu no mesmo instante paralisada.

Eu corri até o corpo da Di, seu olhar suplicava para que eu a ajudasse. Entrei em desespero, peguei a flecha da mão dela e coloquei-a no arco.

A mantícora rugiu vitoriosamente e em seguida bradou novamente em grego antigo:

-Acha mesmo que consegue me matar com apenas uma flecha, filho de Apollo inútil - ao som daquelas palavras senti uma raiva que nunca havia sentido antes - Eu estava vos vigiando  desde o começo, só esperando por um deslize!

Respirei fundo, os espinhos da cauda da mantícora voltavam a crescer aos poucos enquanto ela caminhava em nossa direção com seu sorriso zombeteiro. Aquela era minha última chance, a mantícora estava cada vez mais próxima, cerca de 4 metros, tinah que agir rápido pois logo ela poderia me pegar apenas com um pulo.

Atirei…

E errei, a flecha passou raspando por sua cabeça, ela virou sua cabeça pra ver a flecha voltar em direção ao acampamento, riu alto, vitoriosamente, e logo se virou de volta.

Mas já era tarde demais, durante seus segundos de distração havia aberto meu relógio de bolso que se transformou em minha espada e coberto a distância a ponto de quando ela se virou seu rosto ficou a centímetros do meu. Com um corte rápido e preciso degolei-a. Ela explodiu em poeira  e sumiu, deixando apenas um capacete prateado com pelos de sua juba vermelha no topo. 

Corri de volta para Di, que aos poucos voltou a se mexer, coloquei ela em minhas costas e a carreguei de volta pra dentro das fronteiras, recolhi todas as coisas, deixando apenas os alvos e corri de volta pros chalés em busca de um filho de Poseidon para ajudar a Dih, a maioria dos semi-deuses do acampamento estava sentanda na varanda de seus chalés, menos os de Poseidon…

Sai correndo até os baheiros, entrei nele correndo com Dih nas costas, os caras que ali estavas se assustaram, a maioria corou por ter uma garota ali.

-Wag!?- Chamei  procurando o maldito entre os outros homens dali.

Logo ele saiu do último box do banheiro enrolado numa toalha, também ficou assustado ao ver Ingrid ali dentro.

-Preciso de sua ajuda!- Ele arqueou a sobrandelha  meio que em dúvida- Agora!- completei.

Ele foi até o banco onde estavam suas coisas e colocou seu óculos quadrado, se aproximou e indagou:

-O que aconteceu com ela?

-Mantícora…- respondi, ele pareceu ainda mais assustado.

-C-como?

-Longa história! Anda! - retruquei.

Nos aproximamos das torneiras do banheiro, ele abriu uma delas deixando a água correr,  segurei a mão dela junto a dele. Logo a água começou a subir pelo corpo dela se concentrando em voltas de onde os espinhos estavam cravados. Aos poucos o vermelho em volta dos espinhos sumiram e a pele os expeliu, ela desceu das minhas costas um pouco tonta. Ficou totalmente assustada ao ver que estava no vestiário masculino, saiu correndo de lá assim que caiu em si.

-Obrigado cara!- abraçei ele.

-De nada…- ele respondeu meio envergonhado

-Até mais!- Saí correndo vestiário a fora, só percebi que as minhas mãos também haviam se curado quando fui abrir a porta do chalé de Apollo. Kássio estava sentado no degrau das escadas que levava ao dormitório. Ao me ver levantou e veio gritando:

-Aonde foi que você se meteu, Patolino?- Eu gargalhei com a expressão dele.

-Digamos que estava só sendo um semi-deus…


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Notas finais do capítulo

Você leitor que se perdeu por aqui, deixe ao menos um review, obrigado



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