Destinos Traçados escrita por Maria Clara Vieira, carol m


Capítulo 22
O passado carbonizado e uma nova esperança...


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amorecos... Tudo bem?
Eu espero que gostem do novo capítulo...
Boa leitura, Maria Clara Vieira.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/312312/chapter/22

POV- Clara:

Saímos animados do prédio, quando de repente Selena ficou tensa e me puxou para o lado.

– O que foi? – perguntei assustada.

– Tem alguma coisa errada... - ela indagou tirando uma arma do seu casaco.

– Do que está falando? - perguntei assustada.

– Tinham dois seguranças na porta do prédio e o carro estava parado perto do portão individual. - ela explicou. – Fica aqui e não sai! - ela pediu saindo cuidadosamente.

Meu coração foi a mil enquanto ela não voltava, eu tentei várias vezes me virar e voltar para o apartamento a procura de ajuda, mas os meus pés estavam congelados.

– Me solta! - escutei a voz da minha amiga e saí correndo para fora do prédio a tempo de ver dois homens fortes a puxarem para dentro de um carro preto.

– Selena! – gritei sendo surpreendida por um terceiro que me sufocou com um lenço encharcado de álcool. Eu apaguei!

(...)

Meu corpo e minha cabeça estavam doloridos. Abri os olhos lentamente e gemi baixo ao tentar fazer qualquer movimento para levantar. Virei o meu pescoço para um lado e vi uma loira descabelada.

Onde eu estou?!

– Eu não vou falar nada, seu cretino! - escutei a voz nervosa de Selena.

– Olha para mim, vadia! - escutei uma voz um pouco familiar. Ryan. Que droga era que estava acontecendo. Abri mais os olhos e vi Selena amarrada numa cadeira. – Não importa quanto tempo demore, mas você falará! - ele segurou seu rosto com brutalidade.

– Vai se ferrar! - ela indagou cuspindo no rosto de Ryan. Ele saiu, fechando a porta com força e a minha amiga logo depois se levantou jogando as cordas que a prendiam no chão.

– Selena… - disse baixo me levantando com dificuldade. – O que está acontecendo? Por que o Ryan está aqui? – pergunte confusa.

–Ele é da máfia! – Selena exclamou levantando o meu rosto e eu gemi de dor. –Você não deveria ter ido atrás de mim. – ela indagou indo até a loira. Quando vi quem era, meus joelhos cederam e eu cai perto da garota. Luanna estava machucada, descabelada e desmaiada. Meu Deus!

Mas, como a encontraram? E por que pegariam ela, se o alvo deles é apenas o Frederico?

– Selena, por que pegaram a Lu, se o eles querem, na verdade é uma isca para pegar o Frederico? – perguntei em choque.

– Você não deveria está aqui... – Selena indagou ando tapinhas no rosto de minha outra amiga. – Isso é muito perigoso.

– Selena para de mudar de assunto, eu sei que podemos morrer, mas por que pegaram a Luanna se meu irmão não se importaria com ela! – exclamei.

– Tem certeza que ela não é importante? – Selena perguntou pegando os nossos braços e mostrando-me o machucado em forma de número.

– Isso é algum tipo de ritual satânico, que eles marcam a vitima e depois a mata? – perguntei encarando o machucado. Três.

– Clara raciocina, você é três, eu tenho um no pulso e Luanna está com dois nas costelas... – Selena começou fazendo-me encará-la confusa. – Não tem só haver com o Frederico, mas com toda a família, Frederico o primogênito dos Miller, eu estou com ele; Luanna já foi namorada de William, segundo Miller e você...

– Eu sou a terceira! – exclamei assustada. – Será que eles sabem sobre o passado da minha família? – perguntei e naquele instante Luanna acordou sobressaltada.

– Clara, eu sei que está difícil de você entender, mas tente... – minha mãe indagou segurando na minha mão.

– Isso é tão assustador! – exclamei. – Minha avó não minha avó, mas minha tia-avó, e minha avó morreram quando meu pai ainda era criança em um incêndio, onde o salvou! – repeti o que Katherine me contou há minutos. – E eu tinha avô e tio que trabalhavam com trabalhos ilegais e que fez muitos inimigos, e por isso que morreram em uma emboscada.

– Clara é assustador, confuso, eu sei! – minha mãe disse. – Mas eu

Preciso que você saiba se defender. Eu sei que os inimigos da família Miller, podem ter desaparecido após a morte do seu tio e do seu avô, mas não custa se prevenir.

Desde aquele dia em que soube sobre os inimigos da minha família, eu entrei na academia aprendi lutar Box. Não era muita coisa, mas já me ajudava se algo acontecesse. Minha mãe pediu que não contasse as minhas amigas, mas acabei abrindo o jogo para Selena, ela era a única que se eu contasse sobre essa assustadora história, compreenderia e não teria medo. Contudo, agora sei o porquê dela não ter medo. De alguma forma ela já deveria saber!

– O que está acontecendo? – ela perguntou se sentando. – Eu estava na entrevista de estágio e uns trogloditas me puxaram, amarraram e... – Luanna indagou confusa e eu abri a boca. – Um corpo está doendo, eu estou descabelada e sangrando. –ela continuou levantando a blusa e deixando a mostra o machucado em forma de número.

– Fica calma, eu já sei o que fazer... – Selena se sentou com Luanna ao seu lado olhando-me, logo depois sentei também.

– Qual o plano? – perguntei encarando a morena.

– Chamaremos a atenção deles e você vai pegar a chave reserva que tem no bolso do casaco do Ryan, depois disso com certeza ele nos separaram, uma de nós terá que sair daqui, correr o mais rápido que puder e chamar ajuda.

– Você sai! – disse de imediato. Selena era a mais indicada para sair, ela sabe mais coisas do que eu, e provavelmente é mais rápida também.

– Nem pensar, você vai! – ela exclamou. – Eu sou agente, você a vítima e sem dúvidas quando eles descobrirem que fugiu, vai querer tortura uma de nós, eu aguento, você não. Então você sai, chama ajuda e fica longe da mira do Ryan... – Selena argumentou, depois de muito pensar, eu concordei.

– E se ele me amarrar? - perguntei preocupada.

– Use isso, se ele te algemar, é fácil desbravar uma algema só se concentre no sistema. – a morena me deu um clips que estava escondido dentro de sua bota, e logo guardei na saia. – Se ele usar cordas corte-as com qualquer coisa afiada ou pontuda que encontrar. – ela me deu a dica sorrindo

(...)

Quando escutamos uma movimentação do outro lado da porta, eu e Selena começamos a brigar. Não eram apenas puxões de cabelo e tapinhas que dávamos uma na outra. Nós gritávamos, empurrávamos, socavamos uma a outra, tinha que parecer real, mas tiveram momentos na briga que eu quase que mandei ela parar.

Como diz o ditado: “Em briga de mulher não se mete a colher”, agora eu sabia o porquê, e ainda mais se elas forem boas em lutas marciais. De repente a porta se abriu Ryan juntamente com um segurança nos separaram e para a minha sorte foi Ryan quem me puxou, assim tive chance de pegar a tal chave extra dele.

– Que droga está acontecendo aqui? – ele me sacolejou grosseiramente.

– Ela que começou a dá chiliques. – Luanna disse se aproximou de nós e me empurrou com força fazendo-me cai próximo à porta. Nessa oportunidade, escondi a chave atrás da porta e me levantei empurrando Luanna também.

– Você é muito fresca! – gritei indo para cima dela e Ryan me puxou pelos cabelos, arrastando-me para fora da sala.

– Você vem comigo e guarda as garras senão eu acabo com você em dois tempos loirinha. – ele fechou a porta e me arrastou até a copa e me prendendo com uma algema no corrimão do armário de ferro. Em seguida ele saiu me deixando sozinha, esperei alguns minutos para ter certeza se viria alguém a minha procura, dai puxei uma das cadeiras com a mão livre e subi na mesma. Apesar de machucar o um pulso, eu conseguia alcançar a parte mais alto do armário, e além de ver por uma janelinha o lado de fora da casa.

Abri com cuidado, o armário e sorri ao ver facas bem ao um alcancei. Peguei duas, mas tinha uma coisa que ainda me impedia de sair. As algemas. Tirei com cuidado o clips e tentei me manter calma. Não sei quanto tempo levei, mas consegui.

Estava prestes a sair, quando um dos seguranças apareceu na copa. Eu baixei a cabeça e ele me empurrou contra a pia e colando seu corpo no meu.

– Você é linda, sabia! – ele sussurrou no um ouvido e eu gelei. O homem passou uma das mãos na minha saia subindo-a enquanto a outra ele a apoiou na pia me prendendo, foi quando apertei a faca escondida e com toda a coragem que tive naquele momento, eu o apunhalei na mão e girei a faca no ferimento. Ele foi rápido demais e quando me dei conta, ele estava em cima de mim sufocando-me pelo pescoço.

– Solta-me! – exclamei ficando sem ar, mas ele sorriu apertando mais as mãos sobre o meu pescoço.

– O que será que o seu irmãozinho faria se eu te matasse, hein? – o homem perguntou me encarando com um sorriso maligno. Eu já estava perdendo a consciência quando senti meu corpo ficar mais pesado por alguns segundos

– Eu aposto que ele faria você ter uma morte muito mais lenta e agonizante. - escutei a voz de Selena, e no instante seguinte, ela o matou. – Vamos sair daqui! – ela jogou o corpo de lado e me ajudou a levantar.

– Não tem como sairmos, estamos cercadas de seguranças! – disse respirando fundo.

– Peguem garota, agora! – escutamos o Ryan gritar e de repente estávamos cercadas de seguranças. A nossa “sorte” foi que estávamos próximas da porta, saímos correndo para fora da casa e vimos o porquê de Ryan ter mandado me pegar. O local estava cercado pelo FBI. Selena me puxou para alguns arbustos nos escondendo ali.

– Não saiam daqui por nada! – ela indagou correndo para longe.

Luanna e eu ficamos escondidas por alguns minutos até que sentimos alguém nos puxando para fora dos arbustos e tapando nossas bocas. EU comecei a me debater nos braços daquele que me puxou e de repente pude ver seu rosto. Era Frederico.

– O que... – o encarei surpresa. – O que está fazendo aqui? – perguntei confusa, mas ele não respondeu ao meu questionamento.

– Vão para onde os agentes estão fazendo estão fazendo o bloqueio. – ele apontou para uma luz e eu concordei puxando-o também, mas ele se deteve. – Eu tenho que encontrar a Selena... – ele se afastou de nós e Luanna me puxou em direção da luz.

Por mais que estivéssemos correndo o mais rápido que podíamos, meus passos pareciam estar em câmera lenta. O local parecia um campo minado, nós escutávamos tiros, gritos. Nos poucos minutos que se passaram até chegarmos ao bloquei minha mente pairava entre Frederico e Selena ainda naquela bagunça.

– Clara! – escutei a voz de Taylor e corri para abraça-lo. – Meu Deus, eu quase morri de preocupação... Cadê a Selena? – ele perguntou olhando ao redor e eu meneei a cabeça negando em resposta. William se aproximou segundos depois falando em um rádio.

– Não o deixe escapar, eu o quero não importa como! – meu irmão esbravejou. – Encontra a Selena e volta para o bloqueio, ok? – ele perguntou.

– Ok! – escutei a voz de Frederico no rádio. William encarou a mim e a Luanna.

– Como vocês estão? – ele nos perguntou, mas seu olhar estava parado sobre Luanna.

– Eu acho melhor leva-las a um hospital! – Taylor indagou observando o sangue em nossas roupas.

– Tudo bem... – ele respirou fundo e abriu caminho para as ambulâncias. Foi quando escutamos um estrondo que fez com que nos abaixássemos na tentativa de nos proteger. E tudo ficou novamente em câmera lenta, a fumaça preta que dominou o ambiente, o grito agonizante das pessoas em chamas. Se isso aconteceu por causa de um sequestro rápido, o que realmente aconteceria quando meus irmãos confrontassem a máfia em peso?

– Nãããããão! – gritei chorando desesperada enquanto me contorcia para sair dos braços de Taylor. – Eles... Solta-me! – empurrei Taylor com força e quando tentei sair do bloqueio William me abraçou com força.

– Fica calma! – ele sussurrou no meu ouvido e eu chorei alto.

– Eles estavam lá dentro... – indaguei soluçando, enquanto meu irmão me encarava nos olhos. – A casa explodiu. – solucei.

– Frederico? – William chamou nosso irmão pelo rádio. – Frederico? – escutamos uns chiados e vozes cortantes, mas nada dele responder.

– Espera... – ele respondeu. – Onde... Selena? – ele perguntou. – Olha para mim! – ele pediu e depois o rádio ficou em silêncio.

Taylor voltou a me abraçar e esperamos alguns minutos por mais alguma resposta de Frederico, quando de repente, escutamos entre a fumaça preta e a noite, passos lentos. Alguns agentes viraram suas armas para onde o barulho vinha e outros tentaram iluminar o local.

– Não atira! – escutamos a voz de Frederico e imediatamente William mandou que os agentes baixassem as armas. Meu irmão mais velho estava com o corpo de Selena desfalecido em seus braços e suas roupas estavam destruídas.

Os paramédicos correram até a garota suja e desfalecida, colocaram com facilidade em uma maca e a entubaram. Outros tentaram ver como Frederico estava, mas o mesmo os dispensou.

– Ryan morreu queimado! – Frederico informou olhando para William e o entregando o rádio.

– Vamos sair daqui logo! – William nos guiou para os carros e antes de entrar no mesmo eu abracei Frederico, que correspondeu.

– Eu fiquei com tanto medo quando vi a explosão... – admiti e ele beijou os meus cabelos.

– Está tudo bem agora! – ele sorriu fraco, quando Taylor me chamou já entrando no carro. – Encontramo-nos no hospital! – meu irmão mais velho indagou indo para a ambulância, onde Selena estava sendo atendida. Luanna foi à outra com William e eu fui de carro com Taylor, já que não tinha me ferido tanto.

(...)

Quando chegamos ao hospital, Selena e Luanna entraram pela ala da emergência e o médico de plantão me levou para um quarto e começou a me examinar. Para a minha sorte, só peguei alguns pontos no braço, ele limpou o meu rosto machucado, colocou remédio, me aplicou o soro e por fim me deixou algumas horas em observação. Assim que o médico saiu, Taylor entrou no quarto e se sentou em silêncio ao meu lado.

– Hey... – chamei-o apertando a sua mão, ele me encarou por uns segundos e me beijou.

– Você podia ter si machucado mais, se o William não tivesse lhe impedido... – ele encostou nossas testas e eu o beijei na bochecha de subir para a boca.

– Desculpa, eu fui impulsiva... – indaguei o olhando nos olhos e ele concordou. – Eu te amo! – sussurrei sorrindo fraco.

Depois de alguns minutos, ele saiu deixando que Frederico entrasse. Meu irmão... Assim que ele se sentou ao meu lado na cama, eu o abracei forte deixando as lágrimas de preocupação e alivio escorrerem pela minha bochecha.

– Tá tudo bem com você? – perguntei vendo-o fungar.

– Por bem pouco a Selena podia ter morrido. – ele indagou me encarando e eu o abracei.

– Mas não morreu, você a salvou e isso é o que importa! – disse escutando seu choro de repente. Frederico chorou por alguns minutos e ali estava o meu verdadeiro irmão. O meu frágil, sentimental e protetor irmão, aquele que eu sempre soube que um dia tomaria conta do homem amargurado, sem coração, que ele deixou que o tornassem. – Ela ficará bem!

POV-Selena:

As últimas lembranças que tenho antes de apagar, são as minhas lutando contra Ryan que tentava me sufocar, enquanto a casa pegava fogo, lembro-me de escutar passos próximo a mim e de ouvir a voz de Frederico. Mas eu acho que já estava em choque o suficiente para criar a ilusão de que Frederico salvaria a minha vida novamente.

Não, é?

– Argh!- gemi ao tentar me movimentar, foi quando percebi que estava no soro. Como eu odeio agulhas. Como eu vim parar aqui? Observei o quarto ao redor e de repente escutei a porta se abrir. Era Frederico, ele estava com o braço enfaixado e com curativo próximo a sobrancelha direita.

– Como você está? – ele perguntou se aproximando e sentando-se na poltrona.

– Meus pulmões parecem que pesam quilos e eu estou com dor por todo o meu corpo. – disse o olhando, mas ele não me olhou por um segundo, sempre de cabeça baixa. – Quanto tempo eu fiquei apagada, hein? – perguntei com dificuldade de me sentar.

– Algumas horas... – ele se levantou rápido e me ajudou. Então foi ali que eu percebi que algo estava diferente. Não sei se ruim ou bom, mas diferente. Ele me encarou por longos minutos, quando senti seus dedos alisarem de leve o meu rosto e antes que eu pudesse pensar, eu o puxei pela camisa e o abracei. E ele retribuiu com cautela.

Depois disso, Frederico saiu para chamar um médico. Dando-me um tempo para assimilar o que tinha acontecido e como poderia estar às garotas.

– Senhorita Holt é muito bom vê-la acordada e bem. – o médico entrou indagando e eu meneei a cabeça concordando. – Como se sente?

– Bem, eu acho... Quando eu poderei ir para casa? – perguntei sendo direta e ele riu.

– Agora mesmo! – o médico fez algumas anotações na minha ficha e me prescreveu alguns comprimidos para dor. – Se sentir alguma pontada na cabeça, tontura ou enjoou venha imediatamente para o hospital. - ele me entregou um cartãozinho e eu agradeci

– Obrigado. – disse sorrindo. Ele saiu me deixando a sós com Frederico. –Como estão as garotas? – perguntei saindo da cama e colocando os pés no chão. Foram apenas algumas horas deitadas, mas que me causaram tontura e pernas bambas ao tentar ficar em pé sozinha.

– Cuidado... – senti os braços de Frederico envolveram a minha cintura e me aparar antes que caísse. Para a minha sorte William levou algumas roupas para mim, fui ao banheiro, tirei aquela roupa de hospital e encarei o meu corpo, estava com uma mancha um pouco escura envolta do pescoço e com um curativo também na sobrancelha. Coloquei a nova roupa e sai do banheiro.

– Vamos!- Frederico me olhou e eu concordei saindo do quarto e indo para o corredor.

– Eu quero ver as garotas... – comentei vendo-o pegar a minha malinha e carrega-la no ombro. – Quero saber se elas estão bem, se si machucaram... – continuei.

– Clara está bem, fizeram um curativo no pulso e Taylor está tratando de ajuda-la na parte emocional; Luanna que chegou com o rosto machucado e desmaiou no caminho para aqui, foi atendida ao mesmo tempo em que você e já está em casa também. – ele me olhou. – William deixou alguns seguranças para a nossa proteção. – ele colocou a malinha no banco de trás e abriu a porta do passageiro na frente.

(...)

Assim que entramos em casa, eu senti os meus joelhos cederam e a única coisa que me lembro de ver foi o rosto de Frederico. Abri os olhos devagar sem saber o que tinha acontecido, olhei ao redor e reconheci o local. O meu quarto. Os meus olhos passaram da mesinha de cabeceira para a caixa aberta próxima a parede. Droga!

Levantei-me rápido, sai do quarto cambaleando pelo corredor, até a escada.

Lá estava Frederico, com todo o meu passado em mãos, meu coração ficou apertado e eu desci as escadas correndo.

– Você não tem o direito de mexer nas minhas coisas! – indaguei alto indo ao seu lado. Frederico me encarou e se levantou em silêncio e ficou me encarando. – Você não pode... – disse chorosa puxando de qualquer jeito os papéis de sua mão. – Não pode entrar no meu quarto, não pode mexer nas minhas coisas, não pode... – comecei a chorar. Agora ele já sabia, ele sabia... TUDO sobre mim! E se isso já me aterrorizava só de imaginar, agora era verdade.

– Eu não posso saber sobre o passado da garota que, supostamente, irei me casar? – ele perguntou parecendo confuso. – Eu deveria saber, ou esqueceu-se de quem te salvo? – ele perguntou se aproximando.

– Eu não acredito que a gente voltou a isso... – disse levantando os braços. Ele não podia tentar me manipular novamente, eu não deixaria. Peguei os papéis e girei os calcanhares para o lado contrario que o moreno estava.

– Espera ai... – ele indagou indo para a minha frente e me segurando pelos ombros. – Me desculpa, mas eu acho justo você me contar o que aconteceu, por que só assim eu poderei te ajudar eu acho... – ele me encarou e eu respirei fundo me desfazendo dos seus braços. Ajudar-me? Está de brincadeira?

– Justo? – perguntei chateada. – Desde aquele maldito acidente nada mais na minha vida foi justo... – o encarei deixando as lágrimas escorrerem pelas minhas bochechas. – Não foi justo eles terem feito o que fizeram comigo, me matando de dentro para fora, tirando à única razão que tinha para lutar por algo que eu realmente queria; não foi justo eu acordar, algumas semanas depois, e ver no que eles tinha me transformado; Eles me tiraram tudo, eu passei dias sem falar, comer ou me mover. Os meus pais fingiam entender pelo o que eu estava passando, mas não entendiam. – eu indaguei soluçando. – Ai depois apareceu um rapaz do exercito querendo me ver, não era a pessoa que havia me salvado, não era você... –sussurrei dando de ombros.

–E-eu... – ele me encarou com algumas lágrimas nos olhos. – Me desculpa, eu... – não deixei que ele continuasse.

– Você fez o seu trabalho e como recompensa ganhou a liderança de uma das mais temidas equipes do exercito, não tinha no que se preocupar. – indaguei limpando o rosto. – É isso que nos ensinam, salve pessoas, mas não se apegue.

– Para falar a verdade eu quase perdi o posto de líder da equipe... –ele admitiu segurando o meu rosto. – Não foi só você que passou dias sem falar, comer ou mover-se. Eu também! – ele me encarou nos olhos.

– Como assim? – perguntei confusa me sentando no sofá.

– Eu fui castigado, por ter voltado a casa depois que tiramos você de lá, por tentar acabar com o Gregori... – ele entrelaçou seus dedos nos meus. – Eu levei uma surra por desobedecer e o meu superior disse que se eu não mudasse, ele não só me tiraria à oportunidade de subir no meu posto, quanto me desativaria dos serviços. – Frederico admitiu me olhando nos olhos por alguns segundos e toda a minha revolta evaporou enquanto eu tentava assimilar o que ele estava tendo me dizer.

– Por que você deixou que isso acontecesse? – perguntei o olhando.

– Eu não queria voltar para a vida que eu tinha!- ele deu de ombros. –Apesar de gostar muito de basquete, eu não conseguia me encaixar e depois da morte do meu pai, eu não quis saber de mais nada. – ele respirou chateado. – Eu abandonei tudo achando que seria a melhor forma de nós vivermos, mas no final das contas, eu só causei mais sofrimento. – ele desviou o olhar respirando fundo, logo se sentando no sofá e apoiando os cotovelos nas pernas.

– Hey... – disse me ajoelhando na sua frente. – Mesmo que ficasse aqui e cuidasse dos seus irmãos, você só era um adolescente, acabaria se sobrecarregando e se sentindo frustrado antes dos 21 anos. – tentei confortá-lo.

– Você não entende, foi por minha causa que o William quase morreu e que eu me tornei isso... – ele me encarou e naquele momento eu vi os contornos escuros envolta dos seus olhos e como ele estava abatido. Ele não está conseguindo dormir e esse era um dos motivos de Frederico está tão irritado nos últimos dias.

Alisei a sua bochecha e subi minha mão para o seu cabelo mexendo no mesmo por alguns segundos.

É inacreditável como ele mudou em apenas dois dias, sua verdadeira essência estava bem à minha frente. Um frágil, confuso e sobrecarregado Frederico Mikaelson, um homem que se dizia insensível, sem coração. Agora está bem a minha frente totalmente mudado!

– Mas ele está vivo e desde que chegou aqui você vem mudando para melhor. – disse sorrindo. – E refletir sobre os erros e acertos do passado, só te torna mais humano e te dá à oportunidade de não cometer os mesmos erros. – ele sorriu grato e eu lhe beijei na bochecha. Levantei-me, peguei os papéis espalhados pela sala e voltei para o meu quarto.

Peguei a caixa do chão, coloquei-a em cima da cama e antes de voltar a organizá-la, eu tentei respirar fundo. Enquanto a abria e juntava os papeis, lembrei-me do que havia dito a Frederico minutos atrás.

(...) refletir sobre os erros e acertos do passado, só te torna mais humano e te dá à oportunidade de não cometer os mesmos erros.

Joguei as coisas dentro da maldita caixa e a fechei. Está mais do que na hora de esquecer o passado e construir um futuro sem medo de ser feliz. Peguei a caixa e um isqueiro, e desci as escadas, Frederico me encarou confuso e correu para o meu lado puxando a caixa das minhas mãos.

– Você não pode pegar peso. – ele me advertiu e eu sorri.

– Vem comigo. – o puxei pelo braço indo para a garagem, ele pegou a chave do carro e colocou a caixa no banco de trás e saímos rápido.

– Para onde iremos? – Frederico perguntou.

– Para o cemitério! – indaguei e ele dirigiu até o destino sem se opor. Ao chegarmos lá, andamos por entre as lápides até chegarmos a uma árvore no topo do cemitério. Frederico colocou a caixa no chão e com alguns galhos e folhas por cima da mesma que eu coloquei, peguei o isqueiro e coloquei fogo.

– Por que está fazendo isso? – Frederico perguntou me olhando de lado.

– Eu acabei de carbonizar os restos daquela garota de seis anos atrás. – comecei. – Eu tornei-me outra pessoa, bem melhor do que ela era, mas mesmo assim ainda tinha vestígios dela no meu novo eu... – disse vendo o fogo consumir o papelão. – Então eu me livrei de vez dela, vou seguir em frente e ver no que dá! – sorri e logo depois senti os dedos de Frederico se entrelaçar aos meus.

– E eu estarei ao seu lado, não importa o que aconteça. – Frederico indagou me abraçando. Ele não sabe o quanto aquele simples gesto já estava me fazendo feliz. Voltamos para casa a primeira coisa que fiz foi passar mensagem para Clara.

“Como você está? E Lu? Temos que marcar outro jantar para recompensar a catástrofe do último!” – enviei colocando o aparelho no bolso e indo para a cozinha fazer alguma coisa para comer. E mais uma vez no mesmo dia lá estava Frederico me surpreendendo.

– O que está fazendo? – perguntei sentando-me no banco próximo ao balcão.

– Macarrão com molho de tomate de salsicha! – ele sorriu.

– E você sabe cozinha por acaso? – perguntei brincando e ele me olhou de boca aberta.

– Claro que eu sei! – ele exclamou e eu fui para o seu lado.

– Me deixa provar! – disse pegando a colher da sua mão e pegando um pouco do macarrão. E não era que estava bom. – Tá legal! – sorri indo à geladeira.

Nós almoçamos pela primeira vez juntos, como antigamente, conversamos e algumas vezes rimos. Era como um sonho, não dava para acreditar. Depois que terminei, eu fui à geladeira e peguei a fatia de torta que a Linda, a empregada, tinha feito há alguns dias.

– E como sobremesa terá uma fatia de torta de limão! – disse indo pegar garfos de sobremesa voltando para a mesa.

– Dividiremos? – Frederico perguntou duvidoso.

– Eu não acredito que você quer a tudo. – indaguei brincando e ele puxou prato rápido dando uma garfada. – Ah não Frederico! – exclamei indo para cima dele, para consegui um pedaço da única fatia de torta.

– Nem vem, eu ainda não tinha comido dessa torta. – ele disse me afastando com o cotovelo.

– Mas eu estou doente! – disse batendo o pé. Não era justo eu ficar sem a deliciosa torta de limão da Linda. – Já imaginou se eu morro? – perguntei fazendo drama

– Okay! – ele disse me devolvendo à torta. Aproximei-me da mesa e quando estava prestes a pegar à torta ele afastou demais o prato, que por sua vez caiu melando o chão da cozinha e quebrando um prato.

– Idiota! – exclamei batendo em seu braço. – Olha o que você fez... – disse brava.

– Olha o que eu fiz? – Frederico exclamou se levantando. – Só uma desastrada como você pode derrubar um bolo que estava tão perto da sua boca. – ele comentou rindo enquanto pegava os cacos e colocava no lixo.

– A sobremesa era para os dois caramba... – reclamei indo a pia e começando a lavar os pratos.

– Se faz tanta questão, eu compro outra torta só para você! – ele exclamou lavando as mãos, quando de repente o meu celular começou a tocar, mas eu estava ocupada e o tempo que gastaria para desocupar as minhas mãos e atender a ligação, a pessoa já teria desistido.

– Pega aqui o meu celular e vê quem é... – pedi a Frederico.

“Selena é a Kate, eu preciso falar com você! É importante, ligue-me assim que puder. Manda um beijo pro Fred, ok? E-eu tenho que ir agora, tchau.”

Quando acabei de escutar a mensagem deixada por Katherine, meu coração acelerou muito e eu encarei cautelosamente a reação de Frederico. Ele estava em silencio, com o celular ainda na mão.

– Então, você conhece a Kate? – ele me observou sério.

– Eu posso explicar... – indaguei me aproximando dele, mas o mesmo saiu em antes deixando o celular em cima da mesa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Por favor, comentem!!
Bjos. :D



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Destinos Traçados" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.