Destinos Traçados escrita por Maria Clara Vieira, carol m


Capítulo 16
O passado me condena


Notas iniciais do capítulo

Oiii pessoal... Meu Deus, quanto tempo eu não posto aqui! Senti muitas saudades dos comentários e de vocês meus amorecos!
Galera, eu passei quase oito meses sem aparecer por aqui devido o vestibular e o 3° ano do ensino médio. Mas valeu a pena, eu estou na universidade agora e estou super animada por isso!
O planejado para esse capítulo era ter sido postado ainda nas minha férias, porém, a minha beta viajou e não teve tanto tempo para corrigir.

Enfim, estou muiito feliz por voltar a escrever, principalmente, a postar.
Esse capitulo foi um pouco difícil de escrever, por que tinha várias ideias, mas não sabia como colocá-las no papel, foi uma luta ardua, mas que agora vendo-o prontinho aqui, acho que eu e minha beta fizemos um bom trabalho!
Obrigado.



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POV- Bruna:

Quando cheguei em casa, respirei fundo me jogando no sofá e fechando os olhos. Fiquei ali por algum tempo, mas antes que o cansaço me dominasse, me levantei e tomei um banho frio para espantar o cansaço.

Tudo o que aconteceu hoje tinham mais haver com Clara e Luanna, porém, acabou me afetando um pouco também, não gosto de ver as minhas amigas magoadas ou tristes. Contudo, eu estava de mãos atadas, não sei o que devo dizer ou fazer além de apoia-las em suas futuras decisões. Apenas espero que Clara e Luanna tomem a melhor decisão para todos!

Estava trocando de roupa quando escutei passos no corredor, terminei de me vesti e fui ver se eram as minhas amigas, era Luanna, ela estava saindo de casa, ela deveria estar querendo ficar sozinha, quem sabe pensar.

Voltei para o meu quarto sem ter o que fazer aparentemente, por que assim que olhei em volta percebi que havia uma pilha de livros e apostilas da universidade na poltrona. Droga! Porém, já que todos queriam ficar em seus quartos, essa seria a hora perfeita para estudar e colocar algumas matérias em dia.

Joguei-me na cama arrodeada de livros, com um saco de M&M’s do lado e, assim, passei quase o resto da tarde. Consegui fazer algumas boas anotações e pesquisas, até que escutei alguém bater na porta e eu mandar entrar. Lá se foi os meus estudos!

Será que podemos conversar um pouco.–escutei a voz de Luanna e eu levantei a cabeça para olhá-la.

–Vem aqui... – indaguei largando a caneta e afastando os livros para lhe dar espaço sobre a cama. – É sobre o Will, não é? – perguntei receosa e ela respirou pesadamente me encarando em silêncio por alguns minutos .

– Você sabe que eu não conseguirei ser boazinha com ele. Eu me importo com Clara e o que ele fez não tem desculpa! – ela deu de ombros.

–Lu, eu sei que para você pode até não ter desculpa, mas William e Frederico é a única família biológica dela. E nós não podemos ignorar isso, porque sabemos mais do que ninguém o quanto ela sofreu quando eles partiram. – tentei explicar o meu ponto de vista.

–Eu não quero vê-la sofrer e também não me quero ver sofrendo como antigamente... – Luanna pegou o saco de M&M e colocou uma boa quantidade deles na boca. Olhei-a de boca aberta. – Para de me olhar com essa cara! Você sabe que quando eu estou carente eu como dessa forma. – ela disse chorosa e eu balancei a cabeça negativamente.

– Você é maluca! – ri.

– Bru... Por que ele tinha que voltar, hein? – Luanna choramingou novamente mudando de assunto.

Eu sabia que aquela marra de “não me importo com você William” era tudo fingimento! – pensei a encarando. Quando mais novos Luanna e William namoraram e tinha tudo para ser um relacionamento duradouro, mas não foi. Eles eram perfeitos juntos, o jeito que conversavam e olhavam parecia amor verdadeiro daqueles de filmes. Pena que em alguma parte desse lindo romance, eles se desentenderam, levando William a ir embora e Luanna sofrer por um longo tempo.

A decepção amorosa a fez mudar em tudo, o jeito de agir com todos ao redor, mas principalmente com os rapazes. O que de certa forma a fez ser melhor, mas independente e confiante de si mesma. – risos.

– Luanna, pensa positivo! – sorri e ela fez uma careta. – Vocês finalmente poderão conversar sobre o relacionamento que tiveram.

– Conversar? – ela gargalhou e pegou mais M&M’s. – Ele foi o meu primeiro namorado e o qual eu amei de verdade. Eu passei meses chorando por ele. E o que ele me deu em troca? – ela afastou os outros livros e se deitou no meu colo. – Ele foi embora! – minha amiga indagou chateada.

Luanna e Clara carente são piores do que qualquer coisa. Pelo de Deus! Luanna é o tipo de garota que quando leva um pé na bunda jura que nunca mais vai pensar no cara e o odiará para sempre, mas se dermos uma pressionada nela a máscara de durona cai e ela começa a chorar, só parando quando dorme. Já Clara, é daquelas que se entrega a fossa: chora de soluçar, vesti pijama, come chocolate, mas não dura muito. Logo ela levanta a cabeça, coloca uma roupa bonita e nos puxa para uma boate. Eu vivo com duas bipolares e só agora percebi! –risos.

Ficamos conversando por longas horas, até que Luana mexeu no saco de guloseima e estava vazio. Como é que ela come dessa forma e não engorda?

– Eu não acredito que você comeu o saco todo! – exclamei tomando o saco da mão dela.

– Eu estou mal, será que dá para me deixar comer pelo menos em paz!– ela exclamou se levantando e indo em direção à porta. Fui atrás dela. Ela estava abaixada em frente a dispensa, quando eu me aproximei e chamei sua atenção.

– Vai chamar a Clara e Taylor, eu já vi que vou ter que fazer milk-shake, enquanto conversamos ou apenas assistimos algum filme chato na TV. – indaguei vendo minha amiga se levantar em um pulo. Ela foi para a soleira da porta, mas voltou e me abraçou.

– É por isso que eu te amo! – ela sorriu desaparecendo da cozinha. Nesse meio tempo, eu peguei os ingredientes, as taças e o liquidificador. Faria os milk-shakes para as duas choronas quando elas chegassem. Porém, será que Taylor sairia do quarto ainda hoje depois da discussão que ele e Clara tiveram?

– Eu não quero milk-shake! – escutei a voz de Clara na soleira da cozinha e meneei a cabeça a encarando nos olhos. Ela estava com o rosto inchado, os olhos vermelhos e o cabelo um pouco bagunçado.

– Nem se for os milk-shakes especiais para esse tipo de situação. – indaguei me abaixando até o armário e tirando dele uma garrafa de tequila. – Eu aposto que ficará uma delicia a mistura. – sorri sugestiva e vi a loira se aproximar mais com uma cara de chorosa.

– Tá legal! – ela disse se sentando no banco próximo ao balcão e apoiando o queixo sobre as mãos. – Mas eu quero um duplo. – Clara sorriu fraco.

– Eu faço um triplo se você levantar a cabeça e parar de chorar. – indaguei vendo-a derramar lágrimas. – Claire, você é uma das pessoas mais fortes que eu conheço, eu posso imaginar como toda essa situação é péssima para você, mas Claire você vai superar, eu sei disso! – disse confiante e abraçando-a.

– Obrigada, eu sei que independente do que aconteça eu sempre terei as minhas amigas e irmãs de coração. –Clara sorriu e eu a abracei mais uma vez e logo depois vi Luanna se aproximar e nos abraçar também.

– Que lindo! – Lu disse. – Mas clara larga a Bruna que ela tem que fazer o meu milk-shake! –Luanna indagou se sentando próximo ao balcão me fazendo gargalhar.

– Taylor não vem? – perguntei colocando os ingredientes no liquidificador e encarando a minha amiga esfomeada.

– Não, ele estava no quarto todo concentrado lendo alguma coisa, que não deu para saber o que era, por que ele me expulsou. – Luanna indagou chateada colocando a mão sobre o queixo e apoiando nos cotovelos.

– Então teremos uma tarde de amigas e eu aposto que quando terminarmos todas nós estaremos bem melhores. – garanti fazendo minhas amigas me olharem duvidosas. – Qual é gente, um pouco de animação ai! - pedi sorrindo.

Nós passamos a tarde todinha nos empanturrando de guloseimas e tentando conversar sobre assuntos que não fossem relacionados aos irmãos de Clara e as confusões que eles nos meteram. E até que nos divertimos um pouco!

POV-Taylor:

Assim que voltamos do hospital, fui para o meu quarto pensando em tudo que aconteceu nessa manhã, principalmente em como seria o meu relacionamento com Selena. É evidente que ela não é mais a mesma garota indefesa que anos atrás e por mais que tenha sido difícil não saber onde e como ela estava todos esses anos, eu estava feliz em reencontrá-la.

Fui até a gaveta do criado mudo e peguei uma caixa que sempre carregava comigo, mas nunca a abria. Sabia que dentro dela havia fotos antigas de Selena e algo mais devido ao peso, porém nunca cheguei a descobrir o que é. Contudo, acho que esse é o momento de abri-la! Peguei a chave a destranquei e realmente havia fotos da minha irmã, e um diário.

(...)

Estudávamos numa das escolas particulares mais caras do estado. Sunset High Schoolera uma conceituada escola conhecida por ensinar a filhos de atores, grandes empresários e políticos. O ensino era extremamente rígido, para entrar era preciso ser aprovado no exame de admissão e não poderia tirar uma media menor que 7.

Além de conhecida pelo ensino, também chamava atenção nos esportes. A escola oferecia um leque de opções e ótimas instalações para os alunos escolherem o que quisessem praticar. Eu praticava vôlei e natação, sendo o capitão do time de vôlei.

Fora do colégio, nossa mãe se empenhava em nos manter ocupados com coisas que ela julgava necessário. Fazíamos aula de música e dança, etiqueta e aulas de outros idiomas. Também fazia questão de nos levar aos eventos sociais para me apresentar como o futuro herdeiro de um grande hospital e de um das maiores criações de gado do país, e minha irmã como uma futura dama da sociedade. Porém, nem eu e Selena dávamos a mínima para tanta ostentação, apenas queríamos ser adolescentes que se divertiam nos fins de semana como qualquer outro.

Fora do cerco da minha mãe, eu vivia em festas regadas a bebidas e drogas. Nos fins de semana, era normal eu chegar em casa de madrugada e bêbado. Minha mãe me olhava com reprovação e ficava horas dando sermão. Também era comum eu sair no meio da discussão e deixá-la falando sozinha e ir beber mais.

O controle da nossa mãe era absurdo, fazia de tudo para ignorar e agir como se aquilo não interferisse na minha vida e na da Selena. Sempre que podia eu a levava a lugares que ela gostava. Íamos à sorveteria, ao shopping, praças ou simplesmente ficávamos andando e conversando. Selena era minha irmã mais nova e eu sentia que era meu dever protegê-la.

Continuei folheando o diário quando senti a sensação de estar sendo observado e levantei a cabeça. Luanna estava parada na porta e olhava com curiosidade para as fotos espalhadas pela cama.

– Aconteceu alguma coisa?- perguntei.

– N-Não - assustou-se ao ser pega no flagra e desviou os olhos das fotos - Bruna está fazendo Milk-shake, você quer?

– Não, obrigada- conseguia ouvir a voz de Clara e ainda não queria encontrá-la. Também queria ler o resto do diário.

– OK- respondeu e saiu do quarto fechando a porta.

Voltei minha atenção para o diário. Agora as folhas estavam sempre preenchidas com corações e com um nome. Brian. Esse nome me despertava uma raiva sem tamanho. Ele era um ex-namorado de Selena, ela não parava de falar dele e se mostrava completamente apaixonada. Nessa época ela tinha 15 anos, eu estava com 17 e Brian com 19.

Brian era um garoto alto, branco e musculoso pela prática de esportes. Tinha olhos verdes e cabelo loiro curto. Era filho de advogados renomados, fato que contribuiu muito para a aprovação de namoro pela parte da minha mãe, além de se mostrar um garoto educado e simpático.

Apesar de frequentar a Universidade Metodista Meridional, cursando Direito, quase sempre passava a tarde com Selena. Conversavam, passeavam e ele a ajudava quando ela tinha dificuldade em alguma matéria. Eu não acompanhava o namoro dela, pois passava a semanana Sunset High School, e só voltava para casa nos finais de semana. Eu ficava sabendo do que ocorria pelos telefonemas de Selena e quando nos encontrávamos em casa.

Eu não convivia de perto para analisar Brian. Nos momentos que nos víamos, era sempre em casa. Ele, apesar de mais velho, não demonstrava problemas para conversar e se relacionar com Selena.

(...)

Minha irmã desde pequena sempre foi gentil, sorridente, curiosa e, por isso, ela sempre sabia um pouco de tudo, noticias, esportes e outros assuntos. O que a fazia se destacar entre as garotas e mais tarde chamar a atenção dos garotos. Para nossa mãe, Selena deveria ser um modelo de garota a ser seguido, porém, o jeito atrapalhado e um pouco divertido que ela de vestia, às vezes, atrapalhava bastante. Fato que deixava a nossa mãe com enfurecida e vergonha, mas eu até gostava de Selena daquele jeito, por que pelo menos até os 13 anos ela passou despercebida pelas investidas dos garotos. Contudo, nossa mãe mal esperou que a garota completasse 15 anos e a transformou a força na dama que a sociedade esperava que ela fosse. Novo estilo de roupas, unhas e cabelos sempre bem produzidos só fizeram a beleza de Selena sobressair ainda mais e os garotos começarem a vê-la com outros olhos! Fato que me causava grande ciúme.

(...)

Brian costumava dizer que “se apaixonou” pela minha irmã, não por causa do seu novo estilo, mas por sua personalidade. E eu, por saber que a maioria das pessoas se encantavam com minha irmã por isso, também achei que esse seria motivo de Brian ter se aproximado dela. Com o passar do tempo, eu deixei os cuidados com Selena de lado e acabei simpatizando com o meu cunhado. Porém, essa mesma simpatia foi embora em uma noite. Noite que mudaria muita coisa na minha família.

Era uma noite de sábado e a família estava reunida na mesa de jantar. O silêncio tomava conta do lugar, apenas o som dos talheres batendo nos pratos era ouvido. Brian não estava porque teve que estudar para uma prova. Notei que Selena não estava tocando na comida, coisa que já vinha notando há alguns dias.

– Algum problema com a comida, Selena?- quem perguntou foi minha mãe. Pelo jeito, eu não fui o único a notar.

– Não. É que eu comi à tarde e não estou com fome- Selena respondeu sem olhar para ninguém. Coisa que só fazia quando estava mentindo. - Eu vou para o quarto. Licença. - mal terminou de falar e já estava subindo para o quarto.

Minha mãe ainda chamou Selena de volta, mas ela fez que não ouviu. O restante do jantar foi um monólogo por parte de Mandy sobre como o comportamento de minha irmã estava sendo inadequado nos últimos tempos. Não sei como meu pai continuava casado com ela. Ele só podia amá-la mesmo.

Terminei meu jantar, ignorei os gritos de minha mãe e subi para conversar com Selena. Pensava que o comportamento era por causa da ausência do namorado, que estava muito ocupado estudando para as provas da faculdade. Do corredor, ouvi sons de choro e entrei sem me importar em bater. Encontrei-a toda encolhida na cama e em prantos.

– O que foi Sel? Aquele moleque te fez alguma coisa?- perguntei já pensando em várias coisas que ele poderia ter feito.

–N-Não... S-saia d-daqui - Selena soluçava tanto que mal dava para entender o que ela falava.

– Me diga o houve para eu poder ajudar. - pedi, mas isso apenas fez com que minha irmã chorasse com mais força.

Vários minutos se passaram até ela se acalmar. Fiquei o tempo todo afagando seus cabelos numa tentativa de acalmá-la.

– Taylor... - ela murmurou, aproximei mais a cabeça para escutá-la continuar –... Estou grávida.

Na hora eu congelei. Não era possível aquilo que eu tinha ouvido, minha irmã não poderia estar grávida, ela só tinha 15 anos. Olhava-a com os olhos arregalados sem acreditar e isso só serviu para que Selena recomeçasse a chorar.

– Calma Selena. – a pedi voltando a afagar seus cabelos. – Daremos um jeito, talvez se pedirmos ajuda a... – tentei pensar numa saída, mas Selena me olhou assustada.

– Você não pode falar para Mandy nem em sonhos! – ela indagou desesperada. – Esqueceu o que é capaz fazer para manter a perfeita aparência dos Holt.

– E o Brian já sabe? – perguntei receoso a olhando, então, quando a vi desviar o olhar e em seguida baixar cabeça eu soube o que aqueles jeitos significavam. O educadíssimo Brian, filho de advogados era na verdade um covarde, filho da mãe. Levantei-me da cama de Selena indo a porta já a ponto de explodi de tanta raiva.

– Taylor... – Selena deu um pulo da cama se colocando em pé em segundos e me impedindo para sair. – Por favor, não faz nada! – ela pediu me abraçando forte e eu retribui a apertando contra o meu peito. Depois de muito ela pedir para que eu não dissesse ou fizesse nada, eu aceitei e prometi protege-la em tudo.

Folheie mais algumas páginas e parei no dia em que Selena relatava sobre como tudo foi pelos ares. Estávamos num jantar organizado pelas famílias mais poderosas da cidade, a nossa era uma delas. Selena estava com dois meses de gravidez e sua barriga já começava a ficar um pouco visível, mesmo assim ela estava conseguindo esconder.

– Selena come alguma coisa! – minha mãe disse percebendo que Selena não havia comido nada desde que chegara ao evento.

– Eu não estou com fome. – Selena indagou se afastando de nós.

– Ela vai acabar ficando doente! E quando estiver com algum problema não digam que eu não avisei. – Mandy reclamou se afastando também e indo conversar com suas amigas.

– Taylor, eu sei que está acontecendo alguma coisa com sua irmã e eu estou ficando preocupado! – meu pai indagou preocupado.

– Eu vou procura-la, não se preocupe pai! – disse apertando seu ombro, num gesto de que poderia confiar em mim. Saí a procura da minha irmã, quando sem querer me esparro em alguém.

– Ai garoto! – escuto uma voz feminina reclamar e eu abaixei a cabeça me deparando com Demitria Santiago, a melhor amiga de Selena, elas tinham a mesma idade e sempre andavam juntas e quando mais novas me infernizavam também. Bons tempos aqueles não havia pressão para sermos perfeitos. – Taylor está me escutando? – ela perguntou estalando os dedos em frente ao meu rosto e eu a olhei confuso.

– Desculpa-me, mas você sabe onde minha irmã está? – perguntei.

– Não, eu também estou procurando-a... – Demi disse me puxando escada a cima. – Se ela não está lá embaixo, provavelmente deve estar em um dos quartos ou no banheiro. – indagou me apontando a direção do banheiro que ficava no final do corredor. – Eu procurarei nos quartos.

Estava andando para o banheiro, quando de repente eu escuto um gemido vindo de um dos quartos. Então, eu me aproximei da porta, antes que eu pudesse abri-la, a pessoa que estava dentro do quarto à fez me dando a visão de quem tanto procurava. Selena. Contudo, sua maquiagem estava borrada, ela estava curvada como se sentisse dor e estava se apoiando na porta.

– Taylor... – ela sussurrou antes de desmaiar nos meus braços. Eu a segurei nos braços e tentei manter a calma.

– Demi! –exclamei indo para as escadas. Demitria logo apareceu e quando me viu com Selena desfalecida, a garota se apressou.

– O que aconteceu? – Demi perguntou preocupada. – O que é isso no vestido dela? – Demi perguntou topando no local e quando ela me mostrou sua mão suja de... Sangue. O bebê, só poderia!

– Ela está sangrando, ela não pode está perdendo o bebê, não pode? – Demi me perguntou me deixando apavorado. Demitria sabia sobre toda a vida da minha irmã e não seria surpresa que a morena também soubesse da gravidez. – Temos que levá-la ao hospital, antes... – Demi foi interrompida por uma voz masculina e quando olhamos para o lado, meu pai nos encarava com o semblante preocupado.

– O que está acontecendo aqui? – meu pai perguntou se aproximando da gente. Foi naquela hora, soube que o segredo de Selena teria que ser revelado para o seu próprio bem. – Taylor?– meu pai me chamou, mas eu não o respondi.

– Vem comigo Demi! – exclamei chamando a morena ao meu lado. Desci as escadas de forma rápida, chamando consequentemente a atenção de todos, inclusive a da minha mãe, que até aquele instante parecia entretida com as amigas.

– O que significa... – minha mãe tentou se aproximar, mas desviei dela e corri para o carro que estava estacionado no jardim. Demitria entrou no banco traseiro e eu deitei Selena com a cabeça sobre o colo da amiga. Fechei a porta e dei a volta indo para o assento do motorista, porém, quando já estava prestes dá a partida no carro. Meus pais se colocaram na frente do mesmo, me impedindo de sair.

– Que diabos está acontecendo aqui Taylor Holt? – minha mãe se aproximou da janela aos gritos.

–Amanda agora não, por favor! – indaguei chamando minha mãe pelo nome e não pelo apelido que todos a conheciam.

– Amanda os deixe ir! – meu pai exclamou afastando minha mãe da janela e se me dando passagem. –Leva a Selena para o hospital o mais rápido, eu estarei logo atrás. – ele avisou antes deu poder finalmente arrastar com o carro. Todo o percurso até o hospital foi torturante, apesar de eu estar pegando vários atalhos para chegar o mais rápido lá, os minutos pareciam se prolongar.

Olhava sempre ao retrovisor, tanto para ver como estava Selena quanto para saber se os meus pais estavam realmente atrás de nós. Eles estavam seguido os meus atalhos e na mesma velocidade em que eu ia, a quase 100 km/h dentro a cidade. Velocidade essa não era permitida.

Quando, finalmente cheguei ao estacionamento do hospital, eu estacionei o carro na entrada do mesmo e meu pai fez o mesmo logo atrás, e assim que nos viram, os enfermeiros correram com uma maca fazendo-me tirar e colocar Selena sobre a maca, em seguida, levando-a as pressas para dentro.

(...)

Ficamos na recepção por volta de dez minutos, antes que minha mãe começasse a pedir explicações sobre o que estava acontecendo. Ela fala e fala, andando de um lado para ao outro, nervosa. Já meu pai estava quieto no canto, provavelmente já havia descoberto o que minha irmã tinha, já que ele é médico. Demi estava ao meu lado, em choque, coitada não é para menos, toda essa adrenalina em questão de segundo e ainda ter minha mãe reclamando no pé do ouvido, não teria como não ficar em choque. Então, num gesto de solidariedade para ambos, eu a puxei para mais perto de mim e no mesmo instante ela me abraçou de lado.

– Eu disse que ela estava doente! – Amanda exclamou se aproximando do meu pai. – Ela deve está anêmica, ou com algo mais grave... – ela tentou se convencer que era disso que Selena estava sofrendo.

– Não Amanda! – meu pai se pronunciou pela primeira vez desde que chegamos ali. – Nossa filha não está anêmica... – ele começou se levantando da cadeira. – Ela provavelmente está grávida! – minha mãe o encarou totalmente surpresa pela revelação e depois se voltou a mim e a Demitria com a mesma expressão. Ela ia se pronunciar, porém, a chegada de Oliver Keys, médico que estava atendendo Selena, a interrompeu de um futuro chilique.

– Derek e Amanda... – ele chamou os meus pais. – Selena já está acordada, mas terá que permanecer no hospital em observação, já que... – Oliver tentou explicar o estado de Selena, mas minha mãe o interrompeu.

– O que ela tem? - Amanda perguntou quase tendo um ataque de nervosos.

– Ela está grávida! – informou. – Senão tivessem vindo logo, Selena sofreria um aborto espontâneo. – ele se foi nos deixando a sós na recepção. E essa foi simplesmente a resposta que fez nossa família ir pelos ares.

Fechei o maldito diário que me traziam essas recordações. Eu deveria parar de ler, porém, a curiosidade sobre o que Selena havia escrito me dominou. Abri novamente o pequeno caderno, e percebi que haviam páginas preenchidas, porém com partes delas borradas, como se quando minha irmã estava escrevendo, ela chorava também.

– Eu não acredito que você esperou dois meses para nos contar que está grávida Selena! – Mandy gritava andando de um lado para o outro. Fazia uma semana que Selena já estava em casa desde aquela festa. Desde então, minha mãe não conversava com ninguém diretamente, mas sempre a reclamava sobre algo, mais do que o normal. Os assuntos principais eram relacionados a nossa traição, irresponsabilidade e decepção.

Agradecia a meu pai por finalmente estarmos tendo uma reunião em família. O planejado era tentarmos achar uma solução para que isso fosse contornado da melhor forma, mas até agora, só ouvimos os sermões da nossa mãe.

– Os meus dois únicos filhos que eu criei com tanto amor, zelo e dedicação para que se tornassem pessoas do bem... – ela disse ressentida. – Se tornaram isso! – Amanda exclamou apontando para mim e Selena. – Um filho galinha, bêbado e drogado, enquanto a outra uma desvirtuada com um filho na barriga e sem o apoio do namorado. – ela nos ofendeu sem medir as palavras, fazendo meu pai olhá-la surpreso ao mesmo tempo chateado.

– Amanda, nós daremos um jeito em relação à gravidez de Selena, podemos leva-la para a casa dos seus tios no México, ela pode estudar por lá, até a criança nascer e depois voltar para Dallas. –Derek sugeriu fazendo Mandy se calar por alguns minutos e refletir.

Graças a Deus, ela fechou a boca e parou de nos ofender. Ela nem tem tanta moral conosco como achar ter. Na verdade, amor e zelo essa mulher que chamava de mãe, nunca nos deu, quando éramos mais novos, sempre estávamos rodeados de babás ou aos cuidados de nossa avó materna, que até mesmo reprovava o jeito que a filha tratava os próprios filhos. Como objetos a serem exibidos em eventos. ‘A família perfeita’, os jornais costumavam dizer sobre os Holts.

– Eu quero ficar com o meu filho! – Selena indagou abraçando a própria barriga num ato protetor. – Eu posso cuidar dele, ser uma boa mãe... – ela olhou para os nossos pais tentando achar e em seus olhos, algum sinal que concordariam com sua escolha.

– Você só pode está enlouquecendo! – Amanda exclamou sorrindo. – Já pensou o que dirão sobre você e sobre a nossa família se por acaso você aparecer com essa criança nos braços?

– Não serão palavras piores do que a sua mamãe! – Selena indagou enfatizando a ultima palavra e visivelmente desafiando - E de repente o que antes era uma discussãozinha se tornou uma briga revelando quem éramos de verdade. Amanda tentou bater em Selena e eu me coloquei entre as duas segurando a mão da nossa mãe.

– Se você tenta alguma coisa contra a Selena ou o bebê... – comecei apertando a mão dela. – Eu juro que te farei se arrepender e se culpar por ser tão egoísta a ponto de pensar mais na imagem da família do que na sua própria filha. – indaguei me aproximando da mulher sem coração que até aquele momento chamei de mãe.

– Taylor para com isso! – ela me pediu puxando seu braço. Quando a soltei vi que havia a machucado e que meu pai estava me observando em choque.

Aquela foi à primeira de muitas às vezes em que encarava minha mãe daquele jeito. Desde aquele dia, ela havia mostrado sua verdadeira face e eu um lado ainda mais protetor em relação à Selena.

Selena passou a estudar em casa, quase nunca podia sair de casa ou para ser sincero do seu quarto. Demitria nesse tempo pouco a visitava devido às ordens que minha mãe dera de Selena não receber visitas. Porém, sempre que meu pai estava em casa, ele dava um basta nas ordens da esposa e tentava fazer Selena se sentir melhor com toda a situação. Às vezes, os via conversando, e a fazendo rir por alguns minutos. Contudo, minha irmã estava tão aterrorizada com o que poderia acontecer ao bebê, que muitas vezes ela ficava desconfiada por Derek estar agindo tão diferente de Amanda e por isso às vezes, não deixava nosso pai se aproximar como antigamente.

(...)

Voltando a folhear o diário vi uma pagina marcada com uma foto minha, a nossa última foto antes de eu ir para o exercito. Estávamos na sorveteria favorita de Selena, nosso pai mandou que saíssemos de casa para que ele pudesse ter uma conversa com Mandy, por que no jantar da noite anterior, ela havia passado de todos os limites.

– Selena, eu estava pensando... – Amanda começou. – E se você pudesse refazer a sua vida, esquecer todo esse drama, você optaria por isso? – ela perguntou deixando Selena um pouco tensa.

– Do que exatamente está falando? – perguntei me intrometendo e recebendo um olhar de reprovação da mesma.

– E se você fosse morar em outro país, como Londres, você terminaria seus estudos por lá, poderia ter um carro, um apartamento, cursaria uma das excedentes universidades londrinas, se encheria de culturas, e se quisesse depois poderia voltar para Dallas. – Mandy sorriu olhando para filha de forma ansiosa.

– Pode ser, mas eu não poderia morar sozinha... – Selena tentou argumentar, mas Mandy a interrompeu esboçando um sorriso vitorioso.

– Você moraria no alojamento da escola, criando novas amizades e retomando a vida da onde nunca deveria ter parado!

– Não e-eu... – Selena gaguejou, percebendo ao mesmo tempo que todos a mesa, as verdadeiras intensões de Amanda ao fantasiar toda aquela nova vida para a filha. Ela queria que Selena abortasse o filho!

– Amanda, pare de tentar arrumar soluções para isso, sendo que já existe uma! – meu pai esbravejou se levantando da mesa, irritado. –Aceite que sua filha está grávida e que ela quer ter o filho, antes que eu tenha que tomar iniciativas mais drásticas em relação ao seu recente surto de loucura.

– Quer saber... Já basta para mim! – disse também me levantando da mesa e sendo seguido por Selena. – Sel arruma suas coisas, nós iremos para casa da vovó. – disse subindo as escadas e vendo Selena correr para o quarto. Fui para o meu quarto, pronto para fazer as malas, quando vejo um envelope sobre a mesa de cabeceira. Pegou-o, olho em volta percebendo que estava endereçado de Washington. Só poderia ser armação de Amanda, por que eu não tinha mandado nenhuma correspondência para... Eu não estou acreditando que ela fez isso! Corri para o notebook, digitando o endereço da correspondência e quando a pesquisa me deu o resultado do local... Eu simplesmente atirei o aparelho na parede, vendo-o se partir em dois. Escola Militar, Washington D.C.

Amanda não estava conseguindo manipular Selena comigo a protegendo, então, a única saída era me mandar para longe. Poderia ser colégio interno, morar com tios, mas ela queria me manter longe, bem ocupado e ainda daria que dessem um jeito no meu comportamento irresponsável.

Sai do quarto com aquele envelope em mãos, indo à sala onde os meus pais discutiam.

– Você realmente é genial! – gritei irônico jogando os papéis no colo dela. – Tentar se livrar de mim para chegar a Selena, super genial! – disse nervoso.

– Do que está falando Taylor? – meu pai perguntou me olhando confuso e eu lhe entreguei os papeis da minha admissão na Escola Militar. – Eu não acredito que fez isso! – exclamou olhando para a esposa com repulsa. – Porque diabo está destruindo a nossa família Amanda! – ele a puxou pelo braço dando lhe um supetão.

– Selena foi a nossa desgraça! – ela disse entredentes e meu pai a largou, fazendo a cair no chão.

– Nunca mais ouse dizer que nossos filhos destruíram a nossa família, por que foi o seu egoísmo que a fez. – ele indagou irritado, saindo em seguida.

Depois daquele dia, se a nossa família se desfez totalmente. Eu fui morar em Washington, terminei o ensino médio e já estava começando a faculdade, quando mandaram uma equipe de treinamentos de combate para minha cidade, eu fui recrutado juntamente com William, os Dragões Vermelhos e outros. Mal havia completado uma semana de treinamento quando me deram a noticia de que minha irmã estava desaparecida. Foi angustiante e desesperador, não saber o seu paradeiro.

Dois meses já haviam se passado, quando a minha família vendo que a policia local não poderia fazer mais nada, pediu que aquela equipe de treinamento do exercito tentasse ajudar. O general concordou. Uma semana depois, o alivio se instaurou em toda a cidade e principalmente para aqueles que conheciam Selena Holt. Ela foi encontrada em uma casa no interior de Dallas. Quando soubemos da notícia todos fomos para o local achando que ela estaria bem, contudo, o pior aconteceu. Ela, na verdade, havia sido sequestrada e durante todo esse tempo vinha sendo violentada sexualmente.

O seu resgate foi uma bagunça, a equipe que era liderada, pela primeira vez, por Frederico entrou na casa, nós ouvíamos alguns tiros e depois o silêncio se espalhou por todo o local. Lembro-me de ver Frederico Mikaelson, que até aquele dia mal sabia quem era, sair com a minha irmã em seus braços. Lembro-me, também, de ver os meus pais chorando, porém tinha as minhas dúvidas em relação às lágrimas de Amanda.

(...)

Quando Selena já estava estável no hospital, eu voltei para Washington, cursei alguns meses Medicina na Universidade Militar de Medicina. Até que a minha mãe me ligou em uma noite e pediu que eu fosse visitar Selena. Eu fui e quando cheguei a Dallas, Selena havia fugido!

Pela primeira vez em tempos, eu vi minha mãe me olhar arrependida e pedir desculpas aos prantos. Ela realmente estava arrependida por ter dificultado as nossas vidas, mas eu custei a acreditar de inicio. Até que um dia, meu paime chamou para conversar sobre como Amanda e Selena estavam agindo nos últimos tempos, e eu percebi que minha mãe estava realmente mudada. Mandy tentou se reaproximar de minha irmã antes de sua fuga, ela estava tentando ajudar Selena a superar a perda do filho, mas Selena por outro lado, se mostrava instável, oras amável com nossa mãe oras revoltada e culpando-a pelo ocorrido.

Foi naquele momento que me dei contar de que o melhor seria deixar que Selena seguir o seu caminho sozinha por um tempo, era percebível que minha irmã estava se sentindo sufocada bem antes do acidente, porém, o estopim para que ela decidisse se desvincular da família para descobrir quem realmente era, foi justamente as consequências do acidente.

Minha mãe tentou de tudo para encontrar Selena, e conseguiu uma vez. Demitria meses depois nos disse o paradeiro de Selena, e dessa forma, nós fomos atrás da garota. Contudo, quando chegamos lá, ela já tinha ido embora. E a nossa única pista, México, não servia mais de nada. Tentamos falar novamente com Demitria, mas ela se fez de desentendida. Eu desde o começo soube que aquelas duas ainda manteriam contato, mas também não insistir a ponto de descobri se sim ou se não.

Se Selena achou melhor dessa forma, o máximo que eu poderia fazer era apoiá-la, mesmo sendo da forma errada! Porém, só consegui entende-la, quando descobri alguns vídeos que ela e Demi fizeram quando durante todos os anos. Ela contava sobre seu dia a dia, seus sentimentos e, em alguns, apenas falava bobagens com Demi para passar o tempo.

(...)

Durante esse tempo eu também tinha fiz novos amigos, e um deles foi William Mikaelson que apesar de conhecê-lo da escola, nós só nos tornamos amigos após sermos mandados para o treinamento na minha cidade, e depois, quando tivemos que dividir o mesmo alojamento na universidade. E depois, eu também me tornei amigo de Frederico, seu irmão, que só vim a conhecer pessoalmente, quando o mesmo foi encaminhado para o hospital com um tiro no peito. Os médicos selecionaram uma equipe de calouros para verem a cirurgia. Frederico sobreviveu, mas ainda assim teve de ficar algum tempo no hospital, o que fez com que eu e alguns calouros nos aproximássemos dele.

Lembro-me do tratamento que os médicos e enfermeiras o davam, em como ele agia quando alguém de sua equipe ia o visitar. Era diferente de todos os outros, eles sempre estavam no pé de Frederico, sempre querendo se certificar de que ele realmente estava bem. Era estranho, mas eu sabia o motivo disso, o Mikaelson era o líder dos Dragões Vermelhos e o exercito dependia que ele estivesse 100% bem para as missões.

– Por acaso você sabe quem eu sou? – ele perguntou chateado para uma das calouras que o impediu de saiu do quarto. Eu estava na recepção, quando escutei a discussão.

– Não importa quem seja. Você não pode sair daqui antes que os médicos digam de possa. – ela indagou o empurrando de volta.

– Sai da minha frente!– ele disse se esquivando da garota e tentando sair novamente do quarto. Então, eu interferi antes que aquela discussão chamasse mais atenção.

– Frederico você ainda não está em condições de sair do hospital. – disse me colocando em sua frente e não o deixando passar. –

– Quem é você para mandar em mim garoto? – ele perguntou arrogante.

– Sou um dos calouros que assistiu a sua cirurgia e que agora tem que se certificar de que você se recupere, além de ser amigo do seu irmão, William. – disse o encarando. Ele ficou um tempo também me encarando até que se convenceu de que não o deixaria sair.

– Quanto tempo eu terei que ficar aqui? – ele perguntou cruzando os braços, apertando as feridas do tiro sem querer e fazendo uma cara de dor em seguida.

– Relaxa Frederico. – disse apontando para a cama. Ele se sentou e quando eu peguei o soro para colocar novamente em seu braço, Federico me olhou de lado. – Você precisa disso, fará seu machucado não doer tanto.

Frederico aceitou permanecer no hospital até realmente ter alta, e sempre que eu estava por lá, ajudando em alguns serviços básicos, nós conversávamos algumas vezes. Tempos depois, nos tornamos mais próximos até que fomos convocados para a Bulgária. Eu não fui convocado para ser ajudante dos médicos que os soldados precisariam durante o combate, e como Frederico estava sempre na linha da frente na guerra, acabava que sempre nos encontrávamos no ambulatório.

– Você de novo! – ele reclamou ao me ver no ambulatório.

– Eu que digo... – ri pegando soro, gazes e os antissépticos. – O que foi dessa vez? – perguntei o encarando. Ele se curvou sobre o próprio corpo e puxou a boca da calça para cima dando visão ao ferimento na perna.

Até pouco tempo, nós só conversávamos nos ambulatórios e às vezes quando éramos dispensados e saímos a noite para curtir. Por mais que todos dissessem que ele era perigoso, eu sabia com quem estava me metendo e não tinha medo. Por mais que ele fosse perveso, cínico, manipulador, Frederico era um bom amigo, ele sabia se divertir nos momentos que lhe cabiam isso. Porém, a nossa amizade ficou meio conturbada, após a suposta morte de William e de eu ter conhecido Clara Mikaelson. Frederico não gostou nada da minha aproximação com sua irmã, e com isso, ele se afastou muito de mim nos últimos anos, eu sabia que não era devido a minha amizade com sua irmã, mas ele se tornou irreconhecível e muito mais perigoso que antes.

E a prova disso foi ele quase matar a minha irmã, mesmo sabendo que, foi ele quem a salvou anos atrás e que ela fez o mesmo dias atrás com ele.

(...)

O diário já não possuía folhas escritas, então, eu o fechei, peguei as fotos que sabia que Selena certamente não iria precisar na sua vida, coloquei numa sacola plástica e os joguei no lixo. Já basta de sofrer pelo passado!

Sai do quarto com a sacola passando pela sala e indo a porta do apartamento. As garotas estavam conversando, e por que eu soubesse que não deveria olhar para Clara, nossos olhamos se cruzaram por alguns segundos antes de eu bater a porta atrás de mim nos impedindo de ter esse contato visual. Joguei o lixo na lixeira atrás do prédio e voltei para o apartamento indo direto para o meu quarto e passando o resto do dia ali, oras pensando em como faria para me reaproximar de minha irmã oras pensando em Clara e se valeria a pena eu insistir naquele amor que sentia por ela e que sabia que era reciproco. Só faltava ela parar de ser tão cabeça dura e medrosa para admitir isso.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem e, por favor, comentem quero saber o que acharam desse capítulo!
Obrigado mais uma vez pessoal, e um obrigado especial a minha beta Luanna, que me ajudou muito nesse novo capítulo!!!



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