.POV- Taylor:

Quando Clara dormiu fiquei ainda um tempo mexendo em seu cabelo e a olhando ao mesmo tempo em que me perguntava o porquê de eu tê-la beijado. Eu sei que estava com saudades dela, e que todos os dias pensava o que ela poderia estar fazendo, mas mesmo assim... Clara é irmã de Frederico e o mesmo já havia avisado que não nos queria juntos e para completar eu ainda estou nessa missão do FBI. Tudo bem, eu não sei nem da metade do que William e Selena irão fazer com Frederico, mas quando Clara descobrir, o que ela irá pensar? Que eu estava usando-a para conseguir pegar Frederico, que eu havia mentido sobre tudo desde que cheguei. Não posso deixar que isso aconteça, não quero que ela sofra mais uma vez.

Sai do quarto fechando a porta com cuidado e indo para a sala, minutos depois, Luanna apareceu sorrindo igual a criança quando faz coisa errada.

– O que foi? – perguntei a olhando desconfiado, ela se sentou no sofá ao meu lado.

– Eu vi o beijo de reencontro... – ela disse rindo e me olhando engraçado.

– Não foi nada demais! Só um beijo. – de repente ela ficou séria.

– Para você foi só um beijo, mas para ela com certeza foi mais que isso. – ela disse se levantando. – Eu vou comprar o jantar! – ela pegou as chaves do apartamento e saiu.

Fui para o meu quarto, peguei a mala com os equipamentos e comecei a coloca-los em cada cômodo. Antes mesmo que Luanna chegasse, eu já havia terminado, então fui tomar banho. Quando sai do banheiro troquei de roupa, coloquei novamente o ponto no ouvido e fui acordar Clara. Porém antes mesmo que eu entrasse no quarto dela o ponto começou a apitar e tive que voltar para o meu quarto. Selena começou a falar coisas que eu não estava entendendo. Acho que ela estava falando com William.

– ELE OS MATOU! – ela gritou e eu escutei Will. Tentando acalmá-la.

– Eu já esperava por isso! Saia daí o mais rápido que você puder! Leve-o para o Temple Community Hospital, na North Hoover Street, Los Angeles que eu já estou a caminho! – ele disse apresado. –E mantenha-o sedado. Pelo jeito, ele não é tão confiável quando esperávamos.

– O que está acontecendo? – eu perguntei, e Selena se desesperou.

– Eu ameacei o velho, fazendo a filha dele de escudo, e quando eu pensei que estava acabado, o idiota do Frederico descarregou a arma nos dois... – ela disse ofegante e deu para escutar o barulho de pneu cantando, e sua respiração ofegante.

– Como ele está? – eu perguntei, e ela ficou em silêncio.

– Ele está desmaiado. Quando o vi matar o velho e a criança, eu me desesperei e lhe dei uma coronhada, mas além disse acho que ele quebrou alguma coisa, a costela, por que ele levou uma surra antes de tudo acontecer.. – ela disse ofegante.

– O que vocês vão fazer agora? – perguntei preocupado, por que não queria mais estar envolvido nisso, não queria mentir para Clara.

– Nível dois da missão. Esse tipo de missão costuma ser complicada, Selena e Frederico sairão fácil demais. –William disse sério.

– Tenho que ir! - eu disse desligando a escuta. Quando me virei para sair do quarto vi Clara encostada na soleira da porta.

– Com quem estava falando? – ela disse entrando no quarto, e se aproximando.

– Com ninguém. – ela me olhou duvidosa e eu mudei de assunto rápido. – Já estava indo te acordar! – me levantei indo até ela.

– Eu estava tão cansada que acabei apagando não foi?

– Não tem problema... – disse me aproximando. Ela me abraçou pelo pescoço e sorriu.

– Sabia que eu estou muito feliz! – ela disse me olhando nos olhos. – Tirando o sono, o cansaço e o estresse consequência dos dois primeiros, eu estou feliz. – eu sorri e ela me puxou para fora do quarto. – Vamos fazer alguma coisa que meu estomago está roncando.

Assim que chegamos à sala Luanna apareceu com duas pizzas.

– É por isso que eu te amo! – Clara disse rindo e indo atrás de Luanna que havia entrado na cozinha depois que nos viu juntos.

– Comprei portuguesa, mista, e frango com catupiry! Está bom para você? – Luanna a perguntou enquanto que Clara pegava os pratos e copos.

– Tá ótimo! – nos sentamos à mesa e começamos a jogar conversa fora. Até que o ponto no meu ouvido começou a apitar.

– Eu volto rapidinho! – eu disse me levantando e fui para o quarto, me trancando lá.

– O que foi? – disse nervoso, sem saber quem ia me responder.

– Vocês foram longe demais! E agora a garota vai se machucar! – a pessoa disse.

Não era Selena nem William. Como alguém conseguiu entrar na nossa comunicação? Só deu tempo de tirar o ponto do ouvido, e escutar a campainha tocar, para correr e pegar a minha arma. Coloquei-a atrás da calça e fui para sala, era o tal do Ryan e Alexia. Mas o que eles estavam fazendo aqui? Será que eles estavam por trás daquela ameaça?

POV-Clara:

Enquanto estávamos jantando, Taylor saiu da mesa, e quando a campainha tocou, ele retornou surpreso ao ver Ryan e Alexia. E para falar a verdade, nós também ficamos.

– O que estão fazendo aqui? – perguntei surpresa abrindo mais a porta.

– Estávamos aqui por perto e decidimos dar uma passada aqui, só para saber se vocês estão bem! – Ryan disse sorrindo. Eu não entendi onde ele queria chegar, mas percebi como ele e Taylor ficaram se encarando estranhamente...

– Vocês nunca foram disso! Por favor, saiam da minha casa, eu não quero vocês aqui! – Luanna disse grossa.. Ryan nos olhou e soltou um risinho.

– É melhor vocês terem cuidado, sabe como é... A vida atualmente é tão imprevisível! – Alexia disse sarcástica, indo embora juntamente com Ryan. Nós nos olhamos sem entender nada.

– Droga! –Taylor disse pegando o celular, mexendo nele e colocando para chamar;

– O que... O que está acontecendo? – eu o perguntei, mas ele simplesmente me ignorou.

– Será que temos que ter cuidado? – Luanna perguntou desconfiada, e eu me joguei de costas no sofá.

POV- Selena:

Coloquei Frederico no helicóptero com a ajuda de dois agentes, e antes que decolássemos, apliquei um sedativo nele. Para me certificar que ele não tentaria nada.

Pousamos horas depois, no terraço do Hospital da Califórnia, e o levaram para fazer exames. Enquanto eu estava na recepção, as pessoas me olhavam da cabeça aos pés, acho que não acharam a minha roupa apropriada para um hospital, mas nem liguei. Estava mais preocupada em manter Frederico apagado tempo suficiente para William chegar.

– Senhorita, o que você é daquele rapaz que entrou pelo elevador do terraço? – uma enfermeira me perguntou e eu hesitei antes de responder.

– Sou... Sou noiva. Como ele está? – eu a perguntei fazendo a maior cara de preocupada. ela sorriu e pediu que a acompanhasse até o quarto em que ele ficaria. Percebi que era o último do corredor e o único ocupado do andar. Aposto que é coisa do FBI.

Quando entramos, a enfermeira me informou que ele estava sedado, e que ficaria bem, apesar de ter sofrido uma concussão cerebral, ter alguns hematomas pelo corpo, e ter machucado três costelas. Ela deu uma olhada nos aparelhos e se retirou, me deixando sozinha.

Sem criminosos querendo nos matar pude reparar melhor seu rosto e seu físico. Mesmo todo machucado ele era bonito. Alto, talvez 1,80 metros, corpo musculoso, por causa dos provavelmente devido aos anos no exército. Sua pele era branca, seus cabelos eram curto, pretos e repicados. Não dava para ver seus olhos, mas nas fotos que já tinha visto, eles eram castanhos esverdeados. Mas minhas observações foram interrompidas pelo som da porta sendo aberta, era William entrando.

– O que aconteceu? – ele perguntou preocupado, indo se sentar na poltrona ao lado da cama. Lado a lado, eles realmente eram parecidos. Porém, William era menos musculoso e seus cabelos eram castanho arrepiados e tinha olhos verdes. .

– Eu pensei que teria que lutar, teria que quebrar alguns ossos dele. Para que ele viesse comigo, mas só foi eu me fazer de mulher fatal. Para ele me seguir. – eu disse meio decepcionada.

– Essa só foi à primeira parte da missão, Selena! Espera só quando ele acordar e descobrir que você o sedou e que ele está sendo investigado pelo FBI... E o pior, que eu estou vivo, e liderando essa missão contra ele! – Will disse passando a mão no rosto preocupado;

– E como está a missão Taylor e Clara?- eu perguntei e ele se encostou à poltrona.

– Está nítido que rola um clima entre eles. Nesses últimos quatro anos foram milhares de ligações! – ele disse olhando para o chão.

– E? – eu disse empolgada, por saber que a Clara gostava do Taylor.

– Se isso está acontecendo, como poderemos prosseguir com a missão o envolvendo? Ela nunca vai perdoá-lo vai se sentir usada e muito menos a nós, por estarmos lhe escondendo a verdade! – ele disse me olhando como se estivesse perdido.

– E o que faremos em relação a Frederico? Como você disse, se nós o pendermos, mesmo que seja para protegê-lo, Clara nunca irá entender! – eu disse me deitando no sofá.

– Poderíamos coloca-lo em uma prisão domiciliar com agentes o vigiando. – ele respondeu me olhando profundamente. Pelo seu tom de voz, e o olhar, notei qual seria o plano e senti um frio na espinha. Fiquei calada, tentando assimilar o que ele estava insinuando. Por mais louco que fosse eu acabaria aceitando, por William e Clara, meus amigos.

POV-Fred:

E eu fui acordando aos poucos, quando tentei abri os olhos, quase fiquei cego, por causa da claridade.

– Ahhh.. – gemi com o incômodo. Mas escutei um barulho e abri os olhos em alerta, sem me importar com a iluminação.

– Bom dia, dorminhoco! – disse uma mulher e quando me virei para ver quem era me deparei com a mulher da festa, e estava acompanhada de uma enfermeira.

– Onde eu estou? O que está acontecendo?– eu perguntei rouco, minha garganta estava seca.

– Vai ficar tudo bem meu amor! Você daqui a pouco estará em casa novamente! – ela disse, e eu a olhei assustado. Por que aquela mulher estava me chamando de meu amor, maluca. – a enfermeira saiu, nos deixando sozinhos.

– Eu quero sair daqui! – eu disse tentando me levantar, porém a mulher me empurrou de volta a cama e algemou os meus pulsos à cama.

– Eu acho melhor você ficar ai quietinho e se comportar! – ela disse séria. Foi ai, eu que entendi o que estava acontecendo. Só poderia ter sido ela quem me bateu e me trouxe para cá. Mas para onde? E quem é ela?

– O que está... – eu disse tentando me livrar das algemas, mas foi em vão. – ME SOLTA SUA UM MALUCA! EVOU TE MATAR... – eu disse alterado, puxando o braço para tentar novamente tirar as algemas, mas a mulher simplesmente me ignorou e saiu do quarto.

“DROGA!” – eu pensei, me encostando com força nos travesseiros.

O dia passou lentamente, fui visitado várias vezes pela enfermeira, mas nenhum sinal da garota. Fiquei assistindo TV, mas naa de bom estava passando a TV até que de madrugada desliguei a TV e tentei dormir, mas volta e meia, aquela mullher voltava a minha cabeça, Quem seria ela? E qual seu interesse em mim?

Meus pensamentos foram interrompidos pelo barulho da porta e de passos. Fechei os olhos fingi que estava dormindo.

– Finalmente ele dormiu. – reconheci a voz daquela mulher. Ouvi novamente os passos, a porta do banheiro sendo aberta e fechada e chuveiro sendo aberto.

Depois os sons de passos continuaram e uma porta foi aberta e fechada, logo o som do chuveiro pôde ser ouvido. Passado um tempo, ela voltou ao quarto e se deitou no sofá. Continuei fingindo que estava dormindo, mas depois de um tempo arrisquei dar uma olhada e a mulher estava dormindo.

Agora que as coisas já estavam mais calmas pude notar mais nela. Ela estava toda encolhida no sofá, era relativamente alta, tinha 1,70, magra e um corpo com belas curvas. Seu rosto era fino com a boca bem desenhada. Seus cabelos eram negros, ondulados e iam até a metade das costas. Realmente muito bonita.

Porém me obriguei a parar com o devaneio e me concentrar em coisas mais importantes, como o que seria de mim daqui para frente. E com esses pensamentos o sono me embalou.