Jason

Eu não estava com vontade de treinar hoje. Eu queria ficar um tempo com Julia, minha namorada desde seis meses atrás. Eu queria apreciar cada momento com ela enquanto a profecia não se realizava. Tudo bem que ainda faltavam três anos, mas um homem gosta de passar certo tempo com sua mulher. Mas eu não podia ficar com Julia, pois ela tinha ido fazer compras, e quanto mais escolhidos em um lugar, mais atrai a atenção de monstros. Eu me contentaria em ficar só com Etnos, mas ele também saiu para encontrar mais um escolhido.

Então decidi treinar um pouco. As minhas únicas armas eram facas e arco e flechas, mas eu ainda não tinha achado a arma que se encaixava perfeitamente comigo. Depois de duas horas de treino fui almoçar. A comida que eu desejasse apareceria no meu prato. Hoje eu tinha desejado uma lasanha. Especificamente, a lasanha que minha mãe fazia antes de morrer junto com meu pai.

Depois de comer eu estava satisfeito e fui passear pela floresta. Fui ao meu esconderijo: Umas pedras que ficavam ao lado do rio que cortava a floresta. Elas conseguiam me esconder de todos, o que era maravilhoso quando se estava triste. Aquele lugar também era ótimo para pensar.

Primeiro eu pensei na história dos grandes semideuses que haviam me contado: O famoso Percy Jackson! Eu gostava de como ele agia e fazia de tudo para salvar seus amigos. A esperta Annabeth Chase! Eu adorava o modo como ela conseguia sair de problemas usando sua sabedoria. Era simplesmente incrível! Eu ainda pensei em vários outros. Eu queria ser uma mistura deles. Queria ter a lealdade de Percy. A sabedoria de Annabeth. A rebeldia de Thalia. O espirito inabalável de Clarisse. A coragem de Nico. O charme de Piper. Ser forte como Frank. Decidido com Jason. Simples como Hazel. Destemido como Leo. E outras inúmeras qualidades desses heróis.

Eu pensei então em uma coisa que todos eles tinham: Um parente divino. Eu ainda não sabia quem era meu patrono, mas desejava profundamente algo para descobrir quem eu sou. Eu sabia que eu não era um humano normal, senão eu não teria conseguido atravessar a barreira mágica do Acampamento. Eu, de certa forma, era um herói.

Eu continuava pensando até que ouvi um barulho e fui investigar. Sai de meu esconderijo e fiquei procurando algum monstro. Então eu ouvi o barulho de novo e vi que havia um vulto em um galho de uma árvore. Ele me encarava com seus olhos amarelos brilhantes. Eu não consegui distinguir o que era, nem mesmo sua forma.

Ele começou a voar para longe e eu, sem saber exatamente o motivo, o segui. Ele me fez quase esbarrar em árvores e tropeçar em inúmeras pedras. Mas eu consegui continuar o seguindo. Até que chegamos a um terreno aberto e eu vi que ele tinha me levado aos chalés. Ele voou um pouco mais e entrou em um chalé que não percebi qual era de imediato. Entrei no chalé logo em seguida e logo vi o par de olhos amarelos em cima de uma cama. Quando cheguei à cama, o vulto já havia desaparecido.

Então era isso? O vulto queria que eu dormisse? Deitei na cama. Eu estava confuso demais. Depois de muitos anos eu descubro que eu não sou uma pessoa normal. Quer dizer, antes eu já sabia, mas quando soube que era um escolhido eu tive a certeza. E agora um vulto me mostrava um chalé que eu já devia conhecer. Pensei mais um pouco. Não. Ele não havia me mostrado o chalé. Havia mostrado a cama. Tinha algo de especial naquela cama e eu tinha que descobrir.

Levantei-me e comecei procurando pela estrutura. Atrás da cama havia o desenho de uma coruja e logo de seu lado as letras A.C. O que aquilo significava eu não sabia. Depois disso eu tirei o colchão e descobri o mistério que me inquietava. Embaixo da cama havia um túnel.

Empurrei a cama para o lado, peguei uma lanterna e desci no túnel. Ele era muito estreito. Só poderia ser visto se a cama fosse retirada. O túnel era feito de terra, ou seja, poderia desmoronar a qualquer instante. Então decidi me apressar. Havia muitas curvas e eu me desorientei um pouco.

Até que cheguei ao final do túnel. Havia um pedestal de mármore branco. Em cima dele havia três objetos: Uma adaga de bronze celestial, um arco com as letras J A S O N e um boné dos Yankees.

Lembrei-me que Júlia já havia falado a história de uma heroína que tinha aquele boné e uma adaga. Como era mesmo seu nome? Alyssa James? Com certeza não. Alexis Blake? Acho que não. Annabeth Chase! Sim, é isso! Lembrei-me do A.C. atrás da cama e soube que significava Annabeth Chase. E a coruja queria de significar que... As peças se encaixaram dentro de minha cabeça e eu finalmente soube quem eu era. Eu era o escolhido de Atena!