Quando eu tinha doze anos meu pai, que era como um rei naquela região, foi cobrar uma dívida de uma família de camponesses (como acontecia sempre) eles não tinham dinheiro, então pagaram com a vida. Desta vez, ele trazia consigo um menino de cabelos cacheados, olhos avelã com mais ou menos minha idade. Ele me explicou que o menino era meu presente de aniversário, ele era meu escravo e estava ali para me servir para o que eu precisasse.

- Então qual é o seu nome? - perguntei ao garoto assustado.

- Você não entendeu, ele é SEU, dê o nome que você quiser! - disse meu pai aos berros, antes de sair do quarto, nos deixando sozinhos.

- Me-meu no-nome é Blai-ine.- disse ele tremendo e com lágrimas nos olhos.

- Não precisa ter medo de mim, eu não vou te machucar, o meu nome é Sebastian. - falei com um tom amistoso tentando deixa-lo a vontade, pois o medo em seus olhos estava me perturbando.

- O-o que vo-cê...quer de mim?

- No momento eu quero que você se acalme, e pare de me olhar assim! 

 Ele se encolheu no canto do quarto e ficou por minutos olhando fixamente para o chão. Eu fui para minha cama e tentei dormir ignorando a presença dele.  

 No meio da noite acordei com o som de soluços, me viro e vejo Blaine chorando.

- O que foi agora?

- Nada, me desculpe por acordá-lo, eu não tive a intenção, se você quiser eu posso dormir lá fora.

 Não pude conter uma risada, aquele menino com medo de mim era mesmo engraçado.

- Você pode dormi aqui. - ele parou de chorar - Desde que me conte porque tem tanto medo de mim. - ele me olha com os olhos arregalados como se estivesse zombando dele.

- Como eu não teria medo de você. Eu vi tudo o que o seu pai fez, e-eu penso que você possa fazer o mesmo comigo.

 Ele começou a chorar e eu a rir.

- Nossa, isso é surpreendente. Eu jamais teria medo de um menino como eu. - Blaine me lança um olhar questionador- Olha para mim. Eu sou magro e alto. Não há nada de assustador em mim.

  Blaine começa me olhar de cima a abaixo e começa a rir. Pela primeira vez o vejo rir, foi como eu visse diamantes, pois era lindo e precioso, algo digno de ser eternizado.