Quinn acordou no dia seguinte sentindo muita dor de cabeça e algumas dores espalhadas pelo corpo. Ela se sentou na cama com muita preguiça, até olhar no relógio e perceber que já era quase a hora do almoço. Levantou-se em um pulo, e ao abrir a porta de seu quarto caminhou até a cozinha e percebeu a movimentação da amiga morena que parecia estar terminando de preparar tudo.

– Quinnie, quanta preguiça .. boa tarde! – a morena ria enquanto terminava de arrumar a mesa – Como vc está?

– Boa tarde S. – a loira riu com a amiga e se sentou na mesa apoiando o rosto em uma das mãos – estou bem, com algumas dores

– E espero que com fome, acabei de preparar .. – ao se virar para encarar a loira, Santana fez uma cara de assombro e parou no meio da sentença – Quinn o que aconteceu nos seus pulsos? O que aquele saco de banhas fez com vc?

Quinn se assustou com a reação da amiga e parou para olhar os pulsos. Realmente estavam com marcas roxas dos apertões fortes que ganhara de Dave na noite anterior. A loira apenas abaixou a cabeça enquanto alisava um dos pulsos na tentativa de amenizar a coloração arroxeada.

– Ele estava muito agressivo ontem, e ..

– Você diz esse “ontem” como se ele nunca tivesse agido assim antes

– Santana, por favor ..

– Por favor digo eu Quinn, e depois o Puck ..

– Meu Deus, o Puck!!! – a loira colocou as mãos no rosto balançando negativamente a cabeça

– Você por acaso vai me deixar dizer uma frase inteira hoje? – a morena sentou-se na frente da amiga e começou a servir os dois copos com suco

– Você fez raviolli? – a loira riu e começou a servir seu prato

– Comprei congelado, fiz o molho. E o Que tem o Puck, por que tanto pânico?

– Eu acho que o deixei chateado ontem – ela olhou os olhos da amiga que a incentivaram a continuar a falar – Ele me ajudou, me trouxe até aqui, e eu disse para o Dave que ele era só um conhecido

– É Q. acho que vc perdeu o jeito com os homens mesmo – ela recebeu um olhar de reprovação da amiga enquanto ria – O cara está totalmente na sua, e vc não chama ele nem de amigo, meus parabéns

– Eu preciso me desculpar com ele

– Faz um bolo pra ele – a morena riu irônica

– Um Bolo, brilhante Santana!! – os olhos da loira se iluminaram – Você poderia fazer aquele bolo de chocolate delicioso que só vc sabe fazer, e podemos levar pra ele agora a tarde

– Não entendi porque vc está colocando no plural, nós levarmos o bolo pra ele, e por que eu tenho que fazer o bolo?

– Porque vc faz bolo muito melhor do que eu

– E ... ?

– E vc é minha amiga e quer me ajudar

– E .. ?

– Santana!

– Ta bom, ta bom. O que eu não faço por vc hein Q?

Exatamente meia hora após o almoço, esse era o tempo que Santana tinha conseguido enrolar Quinn, as duas começaram o preparo do bolo. A loira ia no armário pegar todos os ingredientes que sua amiga precisaria, enquanto a morena relia a receita no caderno e começava a preparar a assadeira. Assim que o bolo assou, Quinn ajudou Santana a passar o recheio e a cobertura, e algumas horas depois, o bolo estava pronto para ser devorado.

As duas amigas saíram em direção ao apartamento dos rapazes. Santana um pouco contrariada, porque alem de preparar o bolo, também o estava carregando, pois Quinn tinha medo de derrubá-lo no caminho. Os rapazes moravam em um apartamento a algumas quadras de distancia dali. Elas caminharam até o prédio e conseguiram entrar enquanto um outro morador saia e deixou o portão aberto pra elas. Subiram até o andar e tocaram a campainha.

A porta foi aberta por uma pessoa desconhecida. Loira, alta, com olhos muito azuis, um corpo atlético e um sorriso hipnotizador, que estava hipnotizando a morena parada em frente à porta. Quinn, que já segurava o bolo parada a porta, percebeu a distração da amiga, sorriu de leve com seus pensamentos e logo cortou o silencio.

– Oi, somos amigas do Sam e do Puck, eles moram aqui certo? – Quinn começou um pouco tímida

– Oi, sou Brittany – a loira estendeu a mão para cumprimentar as garotas paradas a porta – Sou irmã do Sam, moro com eles. Entrem por favor.

Ela logo deu passagem para que elas entrassem, Quinn entrou sorridente enquanto Santana estava mais quieta e tentando não olhar para aquela garota nova em sua frente.

– Bom, eles estão? – Quinn começou – É que .. na verdade eu queria falar com o Puck.

– Ouvi meu nome

O rapaz entrou distraído na sala segurando e parafusando o que parecia ser uma peça de algum aparelho eletrônico. Ao erguer os olhos encontrou um par de olhos avelã que pareciam muito agitados, e sua dona, uma loira um pouco mais tímida do que de costume, estava agitada, ainda segurando a bandeja com o bolo nas duas mãos. Ele sorriu de leve ao ver a cena, e logo desviou o olhar para uma morena mais calada ao canto. Ele conhecia Santana a apenas uma semana, mais já podia perceber que aquele comportamento não era normal na amiga. E logo olhou para Brittany, que estava parada ao lado da porta olhando tudo um pouco confusa, e demorando um pouco mais os olhos em uma certa morena.

– Santana, Quinn – ele deu um beijo no rosto de cada uma, despertando a morena de seus pensamentos – Eu não sabia que vcs viriam, a casa está uma bagunça

– Desculpa virmos sem avisar, é que achamos muita gentileza de vcs nos convidarem para a festa e fizemos esse bolo para agradecer, pensamos que vcs gostariam .. – a loira começou agitada, se embolando com as palavras e recebendo um olhar de reprovação de sua amiga

– Uau – o rapaz riu e pegou a bandeja das mãos da loira – Vamos deixar isso na mesa. Quinn me ajuda a pegar pratos na cozinha

Ele sorriu para a garota que balançou a cabeça concordando e o seguiu até o cômodo, deixando Santana e Brittany sozinhas na sala. Para quebrar o silencio desconfortável que havia se instalado entre as duas, Santana perguntou:

– Onde está o Sam?

– Ah – a loira alta acordou de seus pensamentos – Ele saiu para buscar algumas coisas no mercado

– Ahn – Santana se sentou no sofá – E então, vc também estuda em Yale?

– Não – Brittany sorriu se sentando ao lado da morena – Eu sou professora de dança em um estúdio aqui perto, vc faz medicina com sua amiga né? Os meninos comentam bastante de vcs – ela disse rindo – Puck principalmente, acho que ele está muito interessado na sua amiga

– Eu sabia! – a morena riu – Eu disse pra Quinn mais ela não acredita, dá pra ver que rola alguma coisa entre eles

As duas continuaram um papo leve na sala, sorriam com muita freqüência uma para a outra, a conversa fluía fácil, e era muito confortável para as duas. Já na cozinha, Quinn acompanhava Puck um pouco calada, toda vez que ela tomava coragem de abrir a boca para falar alguma coisa pra ele, as palavras pareciam escapar, a voz sumia, e ela voltava a abaixar a cabeça enquanto ele parecia separar 5 pratos. O silencio foi quebrado quando o rapaz pediu para ela pegar alguns talheres na gaveta. Ele se virou para olhá-la e seus olhos pararam em um dos pulsos da garota, ele pode perceber a tonalidade mais escura.

Pratos e talheres foram deixados em cima da pia, deixando Quinn confusa por alguns instantes, até que o rapaz segurou uma de suas mãos com cuidado e arregaçou sua manga, fazendo o mesmo com a outra mão, ele pôde ver nitidamente o contorno dos dedos de um homem agressivo, que haviam apertado com tamanha força aqueles pulsos delicados, capaz de deixar marcas tão fortes. A loira apertou os olhos e puxou rapidamente as mãos, se desvencilhando das mãos que as seguravam, ajeitou a manga cobrindo novamente seus pulsos. Ela não podia encará-lo.

Ele segurou cuidadosamente o queixo da garota, fazendo com que seu rosto se erguesse e encarando-a. Os olhos verdes permaneciam fechados, e após ouvir um suspiro pesado do rapaz, ela os apertou mais ainda e começou a falar:

– Eu .. só queria te pedir desculpas – ela abriu os olhos e finalmente o encarou – Me desculpa? Me desculpa por ontem, pelo que eu disse, e .. vc é muito mais que um conhecido, vc é um amigo, um bom amigo, me acompanhou, e não precisava ter passado pelo que passou ontem, e eu .. – ela balançava as mãos e falava muito rápido

– Quinn, ei, calma. Ta tudo bem. – ele sorriu levemente a encarando nos olhos

– Noah

Ela abaixou os olhos e surpreendeu o rapaz envolvendo seus braços na cintura dele e o abraçando forte. O moreno sorriu e envolveu o corpo da garota com carinho, encostando seu rosto na cabeça dela.

– Quinn, vc é minha amiga, eu sempre vou te ajudar no que vc precisar – ele sentiu pequenos braços o apertando mais forte – Mais esse tipo de coisa, essas marcas, isso não pode acontecer, ninguém tem o direito de fazer isso com vc

– Eu sei disso – a voz dela saiu um pouco falhada – Não vai mais acontecer

O rapaz acariciou levemente os fios loiros que estavam encostados em seu rosto e pôde sentir um leve aroma de mel, ele respirou fundo absorvendo todo o torpor que aquele cheiro trazia para sua mente, e aos poucos a libertou de seus braços. Ele pegou pratos e talheres e entregou nas mãos da garota, equilibrou alguns copos e pegou uma garrafa de refrigerante na geladeira. Ao voltarem para a sala encontraram Santana sentada no sofá rindo da implicância de dois irmãos loiros que discutiam entre risos as compras que o loiro tinha trazido do mercado.

– Quinn – Sam sorriu e foi em direção a loira, abraçando a amiga – Já decidimos que vc e Santana jantam aqui!

Algum tempo depois estavam os 5 amigos sentados em volta da mesa de centro, que continha duas pizzas devidamente devoradas. Entre muitas gargalhadas, Sam e Brittany contavam historias de sua infância, muitas delas contendo Puck, que era vizinho e cresceu junto com os irmãos. O moreno, por sua vez, estava um pouco mais calado do que o normal, ria das historias e, algumas vezes completava com alguns detalhes.

Passadas algumas horas, as garotas perceberam que já estava tarde e voltaram pra casa, acompanhadas pelos três que insistiram que não as deixariam ir embora sozinhas a noite.