Quinn conseguiu dormir apenas algumas horas um sono picado naquela manhã, os acontecimentos da noite passava rodavam em sua cabeça, seu desespero maior era não ter ficado ao lado do moreno, ter deixado que ele saísse sozinho, ela não deveria ter permitido isso, mais ela tentou entender os avisos dos amigos que seria melhor assim. Como não aguentava mais rolar de um lado para o outro da cama, se levantou e foi preparar alguma coisa pra ela e sua amiga comerem.

Era quase anoitecer quando as duas amigas ouviram batidas na porta, se entreolharam e ao imaginar que seria Puck, Santana entrou em seu quarto afim de dar privacidade ao casal. E estavam certas, o moreno estava parado na porta segurando um copo de chocolate quente da Starbucks, ele sorriu levemente e entregou o copo cheio para a loira

– Trouxe pra vc – ele ergueu os olhos para encara-la

– Obrigada – ela sorriu e ao aceitar já tomou um gole – Está muito bom

– Que bom – o rapaz parecia muito agitado – Então ..

– Porque vc ta parado na porta ainda? – a loira perguntava enquanto caminhava em direção ao seu quarto

O garoto entrou, trancou a porta e a seguiu até o quarto. Ela já estava sentada na beira da cama tomando seu chocolate quente e encarando o moreno que estava parado encostado de cabeça baixa do lado de dentro da porta. Ele puxou o ar suspirando algumas vezes fazendo menção de que começaria a falar porem nenhum som era ouvido.

– Então está bom o chocolate? – ele não sabia por onde começar

– Está ótimo, já terminei –

A loira levantou-se para jogar o copo no lixo e parou na frente do moreno. Ela passou seus braços em volta do pescoço dele, deu-lhe um selinho demorado e o abraçou forte encostando seu rosto no pescoço do mais alto. Ele sorriu com a aproximação e a abraçou forte pela cintura. Estavam confortáveis, naquela posição o moreno conseguia se sentir calmo, suspirou profundamente mais uma vez e caminhou ainda abraçado na cintura da loira até a cama dela e se sentou, ela acompanhou e sentou-se ao seu lado.

– Quinnie, eu – ele segurou as mãos dela e a encarou nos olhos – Me desculpa por ontem

– Noah, eu fiquei muito preocupada – ela acariciava devagar as mãos do rapaz

– Me desculpa, não precisa se preocupar – ele abaixou os olhos e começou a encarar as mãos entrelaçadas dos dois – Você deve me achar um maluco

– É claro que não – ela levou uma de suas mãos ao rosto do garoto e começou a acariciar com as pontas dos dedos

– É difícil falar sabe – ele mantinha seus olhos fixos na mão da garota que segurava entre as suas

– Você pode me falar qualquer coisa, a hora que quiser – ela tentava passar segurança em suas palavras

– Enfrentei muitos problemas de família na minha casa – a voz dele saía mais baixa que o normal – Bom, vc já deve imaginar depois de ontem. É meu pai batia muito nela, ele usava drogas, perdeu muita coisa pelas drogas, e eu tenho um irmão e uma irmã mais novos, eu protegia eles, tentava proteger minha mãe, entrava no meio, já apanhei por tabela por estar tentando separar as brigas, sempre foi terrível

– Você foi muito corajoso – ela estava horrorizada em ouvir as palavras que ele dizia, já tinha ouvido casos assim, mais nunca conhecido alguém que realmente sofrera – Desde sempre isso Noah?

– Sim, me lembro de separar a primeira briga com 9 anos. Nessa idade eu já era amigo do Sam e da Britt, por isso eles sempre souberam de tudo, e me ajudaram a sei la, crescer normal, ter a cabeça no lugar

– Ainda bem que eles sempre estiveram do seu lado. Mas, como estão as coisas hoje? –ela parecia um pouco receosa em perguntar, mais queria saber mais

– Meu pai morreu, minha mãe vive com meus irmãos na casa do meu avô – ele deu de ombros

– Entendo – ela não sabia o que dizer e tentava controlar o impulso de abraça-lo, estava respeitando o limite de mãos dadas que ele havia imposto – Eles estão bem?

– Estão, pretendo visita-los no próximo feriado

– É uma ótima ideia

Ele concordou com um aceno de cabeça e abraçou forte a loira, deitando sua cabeça no ombro da garota, no mesmo instante ela o envolveu em um abraço forte e começou a acariciar lentamente suas costas.

– Por isso sou um pouco estourado – ele falava apertando mais seu corpo no da garota – Cresci rodeado de violência e gritarias

– Eu te entendo – agora ela conseguia realmente entender

– Mais com vc é diferente – ele encarou-a nos olhos sem terminar com o abraço – Você me passa uma calma, uma paz que eu não conhecia, me sinto bem. Quando sinto seu toque, parece que diminui um pouco o peso

– Você não imagina como eu fico feliz de saber disso – o rosto dela estava iluminado por um sorriso radiante – Eu quero te ajudar, te cuidar sempre.

– Eu confio em vc

Foram as ultimas palavras do garoto antes de selar seus lábios nos dela. Era um beijo cheio de compreensão, era acalentador, apenas para mostrar que eles sempre estariam ali um para o outro. Ele não se demorou a ir embora, teriam mais uma semana agitada de aulas, e para o moreno de trabalho também.

A semana passou com uma rapidez surpreendente, já era quinta-feira, o ultimo dia que eles teriam aula naquela semana. Passava das 4h da tarde quando na ultima aula na sala de medicina pôde-se começar a ouvir acordes de violão do lado de fora. Todos os alunos ergueram os olhos curiosos e a professora presente abriu a porta com a intenção de repreender o responsável pela interrupção.

Ao perceber a oportunidade, Puck entrou tocando e cantando a canção “All My Loving” dos Beatles e procurando Quinn com os olhos. Ele sorriu quando seus olhos se encontraram e cantava os versos diretamente pra ela. Santana observava a cena com um enorme sorriso no rosto, ela sabia do plano do amigo e deu a dica para que ele fosse no fim da ultima aula. A loira estava boquiaberta ao ver o rapaz tocando e cantando aquela musica diretamente pra ela. A professora presente na sala sorria e apenas balançava a cabeça, quando no meio da musica começou a empurrar o moreno pra fora da sala, enquanto ele saia com um grande sorriso no rosto terminando a musica dando uma piscadela para a loira que ele não desgrudava os olhos.

Quando ele estava totalmente fora da sala houve uma onda de aplausos e alguns gritinhos e Quinn encarou a amiga latina com um enorme sorriso no rosto.

– O que vc ta esperando Fabray? Corre la!! – a morena deu um leve empurrão no braço da amiga rindo

Puck esperava ansioso do lado de fora da sala, estava com o violão no ombro virado pra trás, andando de um lado para o outro quando viu a loira saindo da sala. Ela tinha um enorme sorriso no rosto quando caminhou até ele, colocou seus braços em volta do pescoço do moreno e o puxou para um beijo intenso. Instintivamente ele envolveu sua cintura com os braços e apertou o pequeno corpo junto ao seu. Terminaram o beijo ofegantes e com enormes sorrisos estampados no rosto.

– Isso quer dizer que vc aceita? – o moreno começou enquanto encostava sua testa na da loira

– Aceito o que? – ela mantinha um sorriso travesso entre os lábios

– Namorar, vc aceita namorar comigo? – ele a encarou fundo nos olhos

– É claro que eu aceito

O moreno sorriu e voltou a apertar o corpo da loira no seu, beijou todo o seu rosto enquanto ela ria e acariciava a nuca do rapaz. Iniciaram então mais um beijo apaixonado, um beijo calmo e intenso, tentavam transmitir toda a alegria que sentiam naquele momento.

Passaram poucos momentos sozinhos na casa da loira, e apesar de não terem aula no dia seguinte, o moreno teria que trabalhar e teria uma reunião na universidade a tarde.