No dia seguinte na chácara do Fe, o clima ficou meio ruim, não entre eu e Felipe mas, sim entre nós dois e os pais deles, eles não ficaram bravos nem nada, porém depois de ontem eles acharam que nós estávamos namorando, até fizeram um almoço que era tradição na família Silveira quando tinha um novo casal na família ou coisa parecida.

Meio sem jeito. Eu e Felipe tivemos que contar que ontem não passou de uma coisa de momento, que não ia acontecer mais, e que agora éramos só amigos...A reação deles? Jujuba começou a chorar não sei por que, a Alice e o Sr.Silveira ficaram com uma cara sem emoção nenhuma, porém, logo depois Alice abriu um sorriso e disse para o marido que o almoço também servia para juntar casais, e todos caímos em um sorriso lindo.

Quando cheguei em casa minha mãe já estava me esperando, sentamos na sala e começamos a conversar:

– Então minha filha me conte, como foi lá? Fez frio? Nadou muito?

– Estava legal mãe, só fez um pouco de frio ontem a noite, mas o Felipe me emprestou um casaco...

– E esse rapaz minha filha? Ele realmente é só seu amigo?

– Sim mãe, ele realmente é só meu amigo – Ela nem deixou eu terminar de falar, já foi me interrompendo:

– Ele me parece ser um bom rapaz, sabe quando conheci seu pai, ele tinha o mesmo brilho nos olhos que esse garoto tem quando te vê, esse brilho nos olhos é amor, e além do mais minha filha, este parece ser o tipo de cara que até mudaria de religião pra ficar com você ,o que nos convém, ele vai esperar o tempo que for pra tirar sua virgindade, pra ele não importa se você tem corpo, o que importa é que você tem coração, minha filha esse sim é o rapaz IDEAL pra você, eu apoio o namoro de vocês dois.

– E como você tem tanta certeza de tudo isso mamãe?

– Minha filha, esqueceu que eu e seu pai somos um casal apaixonado até hoje? – Dei um sorriso leve e disse:

–Mãe eu vou tomar um banho, e estou com vontade de comer pizza, pede uma pra nós três?

– Peço sim minha filha, mas não demore no banho – Fui subindo as escadas enquanto ela falava, e quando estava lá no topo parei e gritei:

– Tá bom

Enquanto estava no banho fiquei pensando no que minha mãe disse, Felipe nunca tocou em mim, a não ser quando eu dei liberdade, ele pode ter pensado mas, tocado, ele nunca tocou , sempre tivemos um papo legal, nos damos muito bem, talvez eu esteja certa, talvez eu esteja confundindo as coisas, mas não como eu esperava pensando que é amor mas, não é, e sim pensando que é amizade mas, não é.

Eu tenho medo disso, se um dia ele for meu namorado, ele vai ter que mudar totalmente a vida dele, mudar de religião, de jeito, e até mesmo de hábitos, e se ele fizer tudo isso, eu vou achar isso muito lindo, e ele vai fazer parte da minha família, vai ser minha metade, então vem a parte que eu tenho muito medo, a maioria dos namoros não duram pra sempre, e se não tem sexo, não dura mesmo.

E se ele fazer tudo isso pra depois ir embora? Eu não quero, e é o mais provável que vai acontecer, eu não quero me iludir, e se acontecer isso eu vou sofrer muito, e ele também, por causa de 1 garota foi levado a mudar sua vida inteira, eu não queria isso pra mim, não queria isso pra ele, estava decidida, entre eu e ele só ia ter amizade.

Enquanto eu estava viajando em meus próprios pensamentos minha mãe bateu na porta:

– Minha filha, eu disse para não demorar, a pizza já vai esfriar...

– Já estou terminando mãe

Sai do box, me enrolei na toalha, entrei no quarto, e vesti uma roupa qualquer, desci as escadas, sentei a mesa, e jantei com meus pais, enquanto comíamos, conversávamos um pouco, depois subi, deitei na cama e voltei a pensar em Felipe...

Felipe P.O.V’s

Por que eu não consigo tirar ela da minha cabeça? Porque o beijo dela não sai da minha cabeça? Eu nunca me senti assim com alguma pessoa, pra falar a verdade eu nem sei o que é amar, sempre peguei as meninas para sentir o seus corpos, nunca por amor...

Será que esse ar quente que percorre o meu corpo quando eu á vejo é amor? Será que o jeito que eu a olho, não percebendo muito seu corpo, e sim seu interior é amor? Será que essa felicidade que eu sinto quando estou ao seu lado é amor? Será que esse desejo de ficar ao seu lado, aproveitando cada segundo é amor? Se é, eu não sei, mas de uma coisa e tenho CERTEZA, eu vou ir com calma, se esses sentimentos persistirem eu vou ter certeza de que é amor, e vou me declarar pra ela com todas as minha forças.

Isis P.O.V’s

Estava ficando cada vez mais difícil ficar com Felipe, era certeza, eu estava o amando mas, eu não podia ficar com ele, não podia e nem queria me iludir, não estava nem um pouco a fim de sofrer e o faze-lo sofrer.

As conversas continuavam sendo as mesmas, as risadas e os olhares também, porém, de 2 dias pra cá Felipe andava muito estranho, parecia com raiva, nervoso, como se alguma coisa tivesse o perturbando, os pais dele até me ligaram perguntando se nós tínhamos brigado, eu respondi que não, e eles disseram que na casa deles Felipe estava diferente, não falava muito ,e o pouco que falava era seco e grosso, e foi por todos esses motivos que eu decidi conversar com ele hoje, era fim de aula, todos os alunos já tinham saído, o acompanhei no desempenho para guardar o material, só para ficarmos a sós na sala.

Quando ele já tinha guardado seu material, fui em direção a sua mesa:

– O que tá acontecendo? – Disse rapidamente

– O que? – Ele mostrou não ter entendido, eu tinha certeza de que ele tinha entendido apenas estava fugindo do assunto.

– Que porra você tem? Antes era um tagarela agora fala uma vez ou outra e o pouco que fala é grosso e seco – Disse alterando o tom da minha voz.

– É impressão sua – Ele disse num tom calmo.

– Felipe e me preocupo com você, dá pra me dizer o que você tem? E não venha me dizer que não tem nada, porque até dentro da sua casa você mudou, seus pais me contaram – Me aproximei dele e coloquei uma das minhas mãos em sua bochecha.

– Você não é assim, eu sei disso, você é doce, não é essa pessoa que agora está em minha frente, isso eu posso confirmar com certeza absoluta – Quando disse “ essa pessoa” cutuquei seu coração e continuei com a outra mão em seu rosto, Felipe ficou olhando no fundo de meus olhos, revelando o Felipe doce mas, não demorou muito e ele já voltou a se fechar segurando meu punho e disse grosso, frio e em um tom de voz alto:

– VOCÊ NÃO ME CONHECE, AGORA DA PRA VOCÊ CONFIAR EM MIM COMO SEMPRE FEZ?

– Mas Fe... – Disse enchendo meu olho de lágrimas, ele soltou meu braço e gritou:

– CACETE ISIS JÁ DISSE QUE NÃO TENHO NADA – Depois disso ele colocou sua mochila nas costas e saiu rapidamente da sala, me deixando naquele estado, chorando, eu fiquei tão surpresa com sua reação que me ajoelhei no chão e desatei a chorar, fiquei uns 20 minutos, daquele jeito, chorando de soluçar, depois criei força me levantei, chegando na portaria da escola, chamando um táxi.

Quando cheguei em casa fui comer alguma coisa, só não chorava mais, porque não tinha mais forças, subi em meu quarto, tomei um banho, as imagens daquela cena na sala não saía de minha cabeça, sai do banheiro, vesti um pijama e me sentei na cama de frente para janela. Fiquei observando a janela de Felipe, me lembrando desde o dia que nos conheçamos, até semana passada, as risadas, as brincadeiras, os sorrisos, os abraços, e no meio de tantos pensamentos bons ”a cena da sala” voltou a me atormentar, e não me aguentei e desatei a chorar novamente, chorava igual uma criança fazendo birra, não sabia que Felipe era tão importante para mim, só pelo que ele fez na sala, ele criou uma ferida em mim, uma ferida funda, que não tinha remédio, pomada que sarasse, eu tinha certeza de que só iria sarar quando aquele Felipe doce de sempre voltasse, eu o amava, não podia ficar sem ele, não podia mesmo.