3:14 da manhã. O relógio anunciava. Ele estava sentado em um banco da praça e o vento soprava gélido, congelando os ossos. Ele olhava indiferente as árvores do parque. Um casal ali embaixo se drogava. O cheiro da maconha era quase insuportavel. Contudo, riu pois costumava a fazer o mesmo, mas logo o dinheiro se foi e o que veio no lugar foi uma crise de abstinencia forçada. Ele desviou o olhar do casal por alguns segundos e quando seus olhos voltaram para para o casal, ambos estavam jogados no chão. O garoto cogitou uma overdose, apesar de saber que maconha raramente causava grandes efeitos levando à morte imediata.

Ele olhou para os lados e caminhou até o casal com o bom senso de não tocar em absolutamente nada. O cheiro da maconha havia sido substituído por um bem pior. Cheiro de cadáver. Ele olhou para o casal e sufocou um grito. Gargantas rasgadas, peitos abertos e todos os orgãos internos espalhados pela grama, que parecia não ser aparada há meses.

– Taylor James Tyler... - Uma voz feminina dizer. Era sarcastica e não era uma pergunta.

– Quem é você e o que quer? - Taylor falou sem se virar. Ele procurava com os olhos qualquer coisa na qual poderia atacar ou se defender caso sentisse que estivesse em perigo.

– Sou a representante de uma instituição chamada Radessen. Você tem potencial para nossa escola preparatória. O nosso diretor explicará melhor quando chegarmos ao nosso destino. Meu nome é Annie Kivora Sayle. - A mulher disse no mesmo tom frio e sem emoção.

Taylor se virou e deu de cara com uma mulher que aparentava 20 anos. Os cabelos ruivos estavam perfeitamente cortados na altura do ombro e seus olhos eram verdes. Taylor não pode deixar de reparar na espada vermelha presa ao seu quadril.

– É com uma tristeza imensurável que devo declinar. - Ele disse sarcástico.

– É com uma tristeza imensurável que devo informar-lhe que não tem opção. - Annie rebateu.

Ela o empurrou até o carro onde já haviam duas garotas. Ambas emburradas e de braços cruzados. Por um segundo os três se encararam e então, mais uma vez direcionaram seus olhares para qualquer outro lugar.

Uma delas tinha cabelos castanhos cacheados. Cuidadosamente cacheados. Seus olhos grandes e aparentemente inocentes encaravam a janela. Ela parecia uma boneca.

A outra era ruiva. Seus olhos verdes, quase amarelos encaravam suas unhas rosa-choque. No escuro, Taylor mal pode vê-la.

Ninguém naquele carro era feio aparentemente. Taylor também era bem atraente aos olhos. Cabelos pretos, bem cortados e olhos azuis acinzentados. Maxilar bem acentuado e lábios bem desenhados. O que um não sabia do outro e que era presente na mente de cada um era a quantidade de mortes, acidentais ou assassinatos que eram ligados a cada um ali dentro.

– Meu nome é Becky Delacour. - A ruiva disse em tom baixo.

– O meu é Layla Covalski.

– Taylor James Tyler.

Essas foram as primeiras e as últimas palavras ditas pelo percurso de carro. Ninguém ficou realmente surpreso ao ver que o destino era o aeroporto. Um aeroporto particular.

No silêncio total, Annie andou para o jato e foi obedientemente seguida pelos três adolescentes que entraram no luxuoso avião, acomodando-se nas grandes cadeiras de primeira classe.

Logo após o lançamento do avião um homem de cabelos negros com apenas uma faixa prateada e olhos brancos, saiu da cabine. Ele tinha um sorriso sádico e olhar doentio.

– Bem-vindos, meus jovens, para nossa preciosa Radessen. Eu sou o diretor da instituição. Meu nome é Hailer. Devem estar se perguntando por que estão aqui e eu responderei. Observamos vocês. Observamos atentamente a cada criança até que percebemos se têm potencial. No instituto Radessen vocês receberão treinamento físico e intelectual. Não é do nosso interesse um monte de gente forte e com um cerebro de minhoca. Conhecimento é poder. Em Radessen temos uma hierarquia rígida. Os novatos, que são vocês, guerreiros, armamentes e assassinos de Radessen. Seus instrutores, como Annie, são armamentes que largarão o posto de instrutores assim que subirem na hierarquia. Alguns de vocês subirão rapidamente, outros nunca serão assassinos. Devem sempre chamar um irmão de Radessen de hierarquia superior de senhor ou senhorita. Vocês não são forçados a permanecer em Radessen, mas se não quiserem, após tudo o que eu falei, terei que matá-los. O que obviamente não é minha vontade. A instituição sempre precisa de sangue novo. Então, ficar ou morrer? É apenas uma escolha.