Fix You 2: Dark Paradise. escrita por Amanda Mina


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Capítulo novo pra vocês ♥



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Comecei a correr, recebendo alguns olhares confusos. Como eles logo desviaram, presumi que devia ser normal ver alguém correndo na direção dos grandes prédios. Provavelmente deveriam estar atrasados para o trabalho – ou para salvar alguma vida.

Entrei em um beco que ficava dentre os dois maiores edifícios que eu consegui ver desde que havia chegado a São Paulo, vendo como a iluminação ali era precária e o céu nublado ajudava para deixar o ar cada vez mais escuro, mesmo para o dia.

Havia um corpo no chão, e ele estava ensanguentado. O tecido da camiseta branca do Moroi estava completamente manchado pelo sangue do próprio, e ao lado havia uma dhampir ruiva. Seus olhos verdes oscilavam entre a perda, e um Strigoi estava caído no outro canto do beco, examinando a cena. Pelo que eu percebi, ele ainda não havia me notado – o que era bom. Mas a dhampir parecia estar completamente absorta pela morte do protegido, e se recusava a prestar atenção no inimigo.

O strigoi se reergueu, rosnando e salivando, com os lábios completamente sujos de sangue fresco. Aquilo me deu vontade de vomitar, mas ao invés disso, retirei a minha estaca do bolso da calça e avancei contra o monstro que começou a atacar. Ou que tentou.

Parti para cima dele dando um chute em seu estômago. A intenção era apenas ganhar espaço para poder criar uma luta adequada, sem que eu ficasse presa pela impulsividade do momento, mas então eu vi que a estaca da dhampir estava presa em sua barriga. Quando eu o atingi, apenas fiz com que o metal se cravasse ainda mais fundo, resultando em um urro.

A dhampir deu um pulo, recobrando a consciência. Ela correu até o Strigoi e retirou a estaca, tentando enfiar no coração do monstro, que deu um simples soco nela – só que devido a sua força superior, foi o suficiente para que ela batesse na parede e ficasse visivelmente afetada. Aproveitei-me daquilo, agarrando com firmeza a estaca e então parti contra o Strigoi. Consegui desferir um pequeno arranhão em seu pescoço, porque ainda tinha uma mão enfaixada e doía, tipo, muito. Ele prendeu meu pulso livre, fazendo a estaca cair no chão e então me virou, de forma que minhas costas batessem contra o seu peito.

Soltou uma risada nasal comemorativa, e então tirou o meu cabelo da curva do pescoço, o lugar onde ele pretendia morder. A dhampir ruiva tinha os olhos marejados, ainda observando. Murmurei sem som algum “Fuja”, mas ela continuou nos observando.

Tentei me soltar, dando um solavanco, mas o aperto era forte. O desespero crescia dentro de mim – e mais uma vez, eu comecei a ver formas. No entanto, no início elas eram apenas uma névoa que começou a desaparecer, e ao mesmo tempo a se unificar. No fim, transformou-se em um único corpo.

Ele tinha a estatura mediana, indicando ter seus quinze anos. Os cabelos pretos eram do mesmo cumprimento dos de Ian, e os olhos eram esferas – me lembrando de Dimitri. No entanto, o tom do olhar lembrou a mim mesma, principalmente quando eu vi o bronzeado que ele tinha, mesmo que sua figura estivesse pálida, translúcida. Seus músculos estavam tensionados, e então, ao mesmo tempo em que ele me dava um sorriso triste, fomos atingidos por uma forte rajada de vento.

Adam, o dhampir que havia conhecido na Corte, na vez em que fui visitar Ian quando ele estava preso – talvez não somente visitar, mas, digamos que uma vez que Dimitri acabou tomando a dianteira da situação e libertando o irmão, minha presença foi somente essa – e fora morto no breve ataque que sofremos, estava na minha frente. Ele movia seus lábios, e mesmo que não emitisse som algum, eu era boa em leitura labial.

Ele murmurava algo como “Use sua força a seu favor”. Eu não entendi no início, mas quando ele gesticulou para o meu peso, desenhando-o no vento – e ainda bem que meu peso era exemplar, mesmo que ninguém mais pudesse vê-lo, seria vergonhoso caso eu tivesse quilos a mais – eu pude entender. A mesma tática que Dimitri me ensinou a usar. Use a minha estatura a meu favor.

Examinei a situação, e então quando o monstro se curvou como se estivesse me abraçando por trás – coisa que teria sido romântica se fosse Ian, e não um Strigoi. Um monstro sem alma que não se importava com o bem estar das pessoas, e que retirava alma dos corpos por puro prazer – eu me abaixei ao mesmo tempo. Ele segurou a minha mão e tentou me puxar para cima, e foi então que eu resolvi parar de ter cuidado com a minha mão enfaixada e a usei.

Recuperei a estaca com ela, e quando o monstro rosnou e me deu impulso para cima, usei minha velocidade para dar um salto e me virar, ficando frente a frente com ele e então enfiando a estaca em seu coração.

O monstro me largou na mesma hora, cambaleando, e então caiu no chão, com a respiração pesada. Aproximei-me, enfiando a estaca de vez, e vendo sua expressão se congelar. Os olhos estavam semiabertos, dando a impressão que ele estava sofrendo uma dor terrível antes de morrer. Bem feito.

Virei-me para Adam, mas ele não estava mais ali. Tudo o que estará era uma dhampir que soluçava, com a cabeça do protegido em seu colo. Peguei a estaca, e ignorando a dor latejante no meu pulso, aproximei-me dela.

-- Você acha que ele ficará bem? – ela murmurou entre soluços.

-- Sim. – não era uma total mentira. Ele já estava morto, então agora o máximo que poderia acontecer com o Moroi era que seu espírito ficasse preso, vagando por durante quarenta dias. – Mas você também tem que ficar bem, para isso.

-- Ele era meu namorado. – Ela revelou, fungando. Passou a mão pela lateral do rosto frio, e senti um arrepio percorrer o meu corpo. Isso me lembrara do Ataque à Saint Vladmir, e ao modo como eu havia me preocupado com Dimitri quando ele foi atacado nas cavernas.

-- Eu sei como você se sente. – Dei um sorriso solidário para ela. – Mas agora temos que sair daqui. – Alertei, retirando a poção que Ian havia me entregado. A mesma dos alquimistas, e então caminhei até o Strigoi e joguei uma gota sobre o corpo. Observei enquanto a dhampir sem nome se levantava e despejava isso sobre o corpo do amante.

-- Meu nome é Rose. – Disse, enquanto ela se afastava do corpo e guardava a estaca.

-- Nós apenas queríamos pegar o resultado do exame. – Ela choramingou, ainda absorta no corpo que havia desaparecido. – Eu apenas confirmei que estava grávida. Mesmo que seja contra as regras se envolver com o protegido, eu o amava. E, por Deus, eu pensei que estava ganhando uma benção. Mas estava enganada, a vida estava me dando um motivo para continuar vivendo.

-- Você tem para onde ir? – Perguntei. Ela balançou a cabeça.

-- Eu não quero ficar lá. – Justificou. Suspirei, ajeitando a mecha do cabelo atrás da orelha. Era uma dhampir perdida.

Quando vi Adrian morrer, resolvi tomar uma atitude diante de situações como aquelas. Eu ajudaria aos dhampirs que precisassem de ajuda. E era isso o que eu vinha com a intenção de fazer. Claro que um novo treinamento, e ter o ex-amante sendo sequestrado estava fora de questão, assim como ser acusada de matar o seu protegido e fugir do lugar que você foi treinado para trabalhar. Mas eu estava pronta para fazer isso agora, e ela precisava de mim.

-- Você pode vir comigo, se quiser. – Ofereci. Ela me lançou um olhar suplicante. – Eu estou indo para Santa Tereza de tarde, e depois que resgatar um... amigo, voltarei para a América ou Rússia.

-- Está bom. – Ela murmurou, passando a mão pelo cabelo. – Eu só preciso sair daqui.

--- Você quer, ahn, pegar alguma coisa? – Cruzei os braços.

-- Não. – Ela piscou lentamente. – Eu só preciso sair daqui. Desfazer-me. Só isso. – Assenti, e comecei a andar com ela do meu lado, lentamente. – A propósito, meu nome é Ângela, Rose. – Dei um sorriso amigável para ela.

-- Vamos consertar tudo, Ângela. – prometi. 


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Notas finais do capítulo

Então, meu bloqueio criativo finalmente está se esvaindo e estou voltando a fazer capítulos a todo vapor! Pra comemorar isso, resolvi postar aqui mais um pra vocês e pedir mil desculpas por estar atrasando os posts dessa fic. Logo voltaremos a postar assiduamente!
Kisses ♥