Fix You 2: Dark Paradise. escrita por Amanda Mina


Capítulo 22
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Oioi gente!
Vim aqui pra dizer que finalmente terminei de escrever Dark Paradise. Os últimos capítulos já estão salvos na memória do meu computador, e caso algo aconteça, no pen-drive e na minha mente também!
Então lá vamos nós.
À tão enrolada...
BATALHA!



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–- Cale a sua maldita boca, sua piranha. – Rosnei para Diana, esquecendo-me da presença de Dimitri ao meu lado. Dei um passo à frente, mas ele puxou meu punho para trás, me mantendo no mesmo lugar. – Ah, tudo bem. Vamos ficar aqui e esperar ela nos matar. – resmunguei.

–- Você disse isso em prol de quem? – Ela me lançou um olhar mortal por ter tentado avançar sobre ela, e então ergueu totalmente o corpo, saindo do lado de Nathan, que me encarava de olhos arregalados. Oh, inferno. O que ela havia dito para ele? – Do seu ex, ou do seu atual? Oh, e desculpe a pergunta, mas... Quem é qual?

Essa foi a última gota. Puxei meu pulso com um solavanco das mãos de Dimitri, e quebrei a distância entre nós com alguns passos, antes de puxar seu cabelo louro – antes tão parecido com o de Lissa, agora a característica do próprio coisa-ruim – e empunhar minha estaca, encostando a ponta afiada em sua garganta.

–- Repita, sua vaca. – Cuspi.

Ela soltou uma risada amarga que encobria a careta que fez quando puxei ainda mais seu cabelo oleoso que se enrolava em tufos em minhas mãos: -- E você vai fazer o quê? São só vocês dois contra nós.

–- E quem seria “nós”?

–- Rose... – A voz de Dimitri se fez presente ao meu lado, como uma sombra que me protegia de algo que eu mesma não podia ver com Dimitri no meu campo de visão. – Olhe ao redor.

Ergui o olhar, vendo todos os Opositores em volta de mim. Ah, que ótimo. Quando eu estudava na Academia e era completamente apaixonada por Dimitri, acreditava que éramos nós dois contra todo o mundo.

Veríamos se minha teoria era suficiente para nos manter vivos.

Recuei lentamente, lançando um olhar significativo para Dimitri. Quanto tempo levaria até que toda a guarda da Corte chegasse? Dez, vinte, trinta minutos? Será que nós dois éramos suficientemente bons para lidar contra cães assassinos que pareciam salivar diante da oferta de sangue fresco?

Há um tempo, eu teria partido para a luta sem cessar. Mas eu tinha pessoas para proteger. Lissa estava no canto, ainda amordaçada, e meu primeiro pensamento foi correr até ela e desamarrá-la, mas isso não poderia ser visto como boa coisa. Se os Opositores desconfiassem que aquilo era parte do meu plano de distraí-los – bem, porque era – nós duas acabaríamos mortas antes que eu pudesse perceber qual ponta do nó deveria puxar.

–- Melhor assim. – Diana sorriu com satisfação ao massagear o local onde eu havia apertado a lâmina da estaca. – Me entregue sua arma, Hathaway.

–- O quê? – Rebati. – E ficar em desvantagem justo durante a maior batalha da minha vida? Diante da chance de acabar com a mulher que matou meu melhor amigo?

Por algum motivo – talvez a mente psicótica de Diana fizesse com que ela não se visse como uma assassina, criminosa, e sim como uma heroína – aquilo foi o fio de descarga. Ela explodiu, assim como eu fazia quando estava possuída pela escuridão. Num momento avançou pra cima de mim, mas Dimitri me envolveu com seus braços e se virou, dando as costas para Diana que gritava como uma louca:

–- Aquilo não foi minha culpa. Era pra você ter morrido. Apenas você. Mas não, Adrian teve que deixar seus estúpidos sentimentos se exaltarem, e entrar na sua frente. Aquela mordida, Rose, era para você. Era pra ter sido o seu sangue sendo derramado pela rua, não o dele! – Senti um arrepio invadir o meu corpo.

–- Claro, e depois o Strigoi pararia magicamente, certo?

–- Eu estava por perto. Segui vocês em todos os lugares, na lanchonete, na pracinha... Em todos os lugares. Se o usuário de fogo não parasse ao monstro que eu havia criado, eu mesmo o faria.

–- O monstro que você... Que diabos você está falando?

–- Se você tivesse morrido, Hathaway, eu seria disposta a acabar com todos. – sussurrou. – Sou capaz de fazer qualquer coisa pra te ver morta. Tanto que o fiz. Olhe ao seu redor. Seu amado Ian foi para a guerra, adivinhe por quê? Para proteger você. Sempre para proteger você. Por que as pessoas se importam tanto com você, Rose? Você é apenas um pedaço desprezível de carne.

Tentei me soltar de Dimitri, mas ele me apertou com ainda mais força.

–- Talvez porque somos uma família. E nos amamos.

–- Eu amava Adrian! Eu o amei de uma forma que nunca havia feito por ninguém mais. Se alguém aqui sabe o que é amar, esse alguém sou eu. – gritou a última parte.

–- Você não o amava. Você era obcecada por ele, sua cretina.

–- Eu o amava de todos os jeitos. E se você saísse do nosso caminho, seríamos felizes para sempre. – Notei um tom sádico ao pronunciar “para sempre”, quase como o de Adrian quando tinha surtos psíquicos. Mas Diana não era uma usuária de espírito.

–- E como você sabia que eu era o problema da equação? Você abria as pernas para ele enquanto falavam de mim? – Senti o canto do meu lábio se erguer. Eu podia sentir o soco que Diana havia levado no estômago.

–- Porque eu podia ver seus pensamentos. Não é isso o que acontece entre as almas gêmeas? Elas compreendem um ao outro. Eu sabia quando ele queria me ver, e quando conversava com você... E eu sabia como ele queria acertar um soco na sua cara, Belikov, ao encontrar com você na pracinha.

–- Mas vocês não se encontraram naquela noite. Ele estava ocupado demais sendo morto, -- meu peito afundou com essa última frase – então só pode estar blefando.

–- Eu era ligada a ele! Ele me salvou de ser estrangulada por um cliente, e foi assim que nos conhecemos. No meio da noite. Ele me encontrou.

Opa. Agora quem havia levado o soco no estômago fui eu.

Era por isso que Adrian estava cada vez menos tendo crises, e as poucas que tinha, eram por causa de algo que o remetia ao passado e às suas outras alucinações. Toda sua loucura estava sendo passada para Diana, a mulher que havia tentado me matar e atirado no próprio pé. Diana, a mulher que disfarçava suas olheiras com maquiagem, o motivo de sempre andar com toneladas de pó no rosto.

–- E era assim que eu sabia dos sentimentos por você, Rose. Porque toda vez que ele estava perto de você, eu era sugada para a cabeça dele. Para suas conversas. Ele te idolatrava, dampirinha. – Ela fez com que o apelido que Adrian havia me dado parecesse uma ofensa a mim.

–- Vou te contar um pequeno segredo, querida. – devolvi o tom sarcástico – Quando o sentimento é assim, não tem como mudar. Pelo contrário, fazer um perder o outro só o intensifica.

–- Nunca! – Ela vociferou, estapeando Dimitri, a parede que me separava da luta final. Nesse mesmo instante ouvi o barulho de carro freando. Não, carro não, carros. Vários.

Um único barulho preencheu o ar, e de repente os braços de Dimitri não estavam mais em mim, e todo o galpão estava preenchido por homens e mulheres, todos segurando armas e prontos para lutar.

–- Sua última chance, Hathaway. – Diana protelou. Revirei os olhos, e em um movimento, desferi um corte contra sua bochecha.

Esse foi o sinal, todos se atracaram, e outro Opositor me puxou para trás, enquanto Diana ficava no centro de tudo e todos e me observava a lutar com um sorriso irônico no rosto. Céus, como eu queria destruir aquele sorriso. Rasgá-lo em pedaços e...

Wow! Contraí meus músculos, jogando tórax para trás a tempo de desviar do primeiro golpe do adversário. Concentrei-me na luta, erguendo o joelho e dando um chute em seu estômago. Isso criou certa distância entre nós, o suficiente para que eu criasse uma jogada.

Atacar. Desviar. Defender.

Joguei o corpo para frente, e minha lâmina passou zunindo pelo nariz do Opositor que me encarava, antes que eu pudesse dar a ele a chance de pensar, continuei o movimento e bati com o cabo na lateral da sua cabeça, aproveitando o golpe para desferir um soco contra seu peito. Desviei do soco no baço que teria recebido, bloqueei minha guarda de direita e então dei outro chute, dessa vez no seu peito, fazendo com que ele recuasse e encostasse-se à parede.

Avancei e cravei a estaca em seu coração como se ele fosse um Strigoi.

Agachei a tempo de desviar do facão que passou pela minha cabeça, e que por pouco não me pegou de raspão. Ergui meu corpo novamente e coloquei toda minha força no soco contra o nariz da ruiva que tentara me decapitar. Senti algo quebrar sobre os meus ossos, e sorri com o sangue que jorrou.

No mínimo um vaso sanguíneo foi estourado. Aproveitei-me de sua distração e enfiei a estaca na altura do seu estômago, retirando-a em seguida e, ainda suja pelo sangue dos dois últimos oponentes, girei no meu lugar e enfiei a lâmina nas costas do Opositor que atrás de mim.

–- Grazie... – Ouvi uma voz que reverberou pelo galpão dizer assim que o corpo caiu. – O desgraçado quase me pegou.

Ergui o olhar na mesma hora, me deparando com os olhos azuis vivos de Ian.

Ian.

Ian estava aqui. O que isso significava? Nada, a não ser a explosão interna que aconteceu em mim. Se não estivéssemos no meio de um banho de sangue, teria reagido da mesma forma que o fiz em Vitória. Mas agora? Aqui?

Eu queria abraçá-lo mais do que tudo.

Claro que esses pensamentos foram contidos em menos de um segundo, quando ele piscou para mim e murmurou “Sobreviva”, virando perfeitamente a tempo para frear o golpe de seu adversário.

Uma coisa se fez presente em minha mente: Aquele galpão era pequeno demais agora que eu havia visto Ian ali. Eu queria um pouco mais de privacidade com ele...

...Mas isso teria que ficar para depois.

Continuei progredindo naquele mesmo esquema, até que quase todos os Opositores tinham se esvaído. Estávamos em uma grande vantagem, e assim que matava um oponente, olhava de relance para Diana, me contendo em ver seu sorriso desaparecer do rosto.

Até que eu olhei para o mesmo ponto, e ela não estava mais lá. Comecei a procurá-la, ciente de que os últimos Opositores presentes – os que não haviam fugido ou se rendido – estavam a um golpe da morte.

–- Um belo espetáculo. – Diana gritou, mesmo que todos prestassem atenção nela agora que tudo havia acabado. – Obrigada, Rose. Você foi uma distração e tanto para nós... – Nathan apareceu ao seu lado, então. Ele continuava com o olhar vago, sem saber para onde correr.

Eu entendia seu dilema, mas isso não queria dizer que doía menos.

Diana então puxou o responsável pelo volume em sua cintura, revelando a arma que havia ali. Ela reluzia diante da luz do amanhecer. Havíamos lutado a noite toda.

Eu fiquei estática no lugar, enquanto ela sorriu docemente para Nathan, passando o braço por sua cintura em um semi-abraço. Sussurrou algo para ele, que sorriu bobamente apaixonado, e num instante seu corpo caiu.

Sua outra mão segurava a sua estaca suja de sangue.

Ele – literalmente – havia sido apunhalado no peito pela pessoa que mais amava. Me perguntei se foi essa a sensação que Adrian teve ao morrer.

Pena que não tive muito tempo para pensar. Um Opositor saiu das sombras, carregando Lissa pelo braço. Ela balançava a cabeça desesperadamente, e eu hesitei. Temia pelo que fariam com minha melhor amiga.

Ela foi colocada na minha direção, e então o Opositor a libertou do aperto. Lissa correu para perto de mim, esticando as mãos como se pedisse que eu a desamarrasse. Mas tinha que haver algum truque.

A arma de Diana ainda brilhava em suas mãos. E em um minuto, eu entendi. Porém antes que ela conseguisse o que queria – me culpar por mais uma morte – usei a mão que estava desenrolando o nó de Lissa para puxá-la para trás de mim, e fiquei em seu lugar.

A única coisa que senti foi uma picada no peito. Que ardeu muito mais do que eu esperava. O silêncio ao redor de mim se tornou uma bagunça, e eu ouvi gritos que presumi ser de Diana. Ela finalmente seria morta por traição à Coroa.

Eu esperava que Ian tivesse atacado Diana, mas uma vez que ele se projetou sobre mim antes mesmo que minha cabeça tocasse o chão, o vingador de Diana era Dimitri. Tinha que ser. Eu senti o quanto ele tremia ao me segurar, louco para lutar contra todos.

Retomei meus pensamentos inicias, vendo Lissa um pouco a cima de Ian, e olhos azuis me encarando preocupadamente. Mas ele não chorava, como Lissa. Ele sorria, largamente, apertando minha mão, mesmo que eu perdesse, aos poucos, a capacidade de sentir seu toque.

Ian estava tentando fazer com que eu me sentisse melhor.

Dimitri se projetou perto de nós, envolvendo Lissa protetoramente. Agora sim. Os três estavam ali, perto de mim. Era isso o que eu mais precisava. Forcei um último sorriso para Ian, de retribuição. De gratidão. De tudo o que eu queria dizer a ele.

–- Eu escolho você. – murmurei, vendo Dimitri assentir. Ele já sabia dessa minha decisão muito antes de mim mesma. Essa era a verdade. Eu amava Ian, e nem mesmo a distância me faria esquecê-lo.

Ian assentiu, também, aproximando seus lábios do topo da minha cabeça: -- Eu também escolho você. Sempre escolhi.

Soltei minha respiração. Ele sabia, então. Finalmente, ele sabia.

Talvez meu destino fosse ficar com Adrian. Ele havia morrido por mim, e eu por ele, no final das contas. Uma morte pela outra – todas pela mesma pessoa. O fato é: Agora eu poderia me encontrar com ele. E me despedir, coisa que havia feito com Ian e Dimitri e Lissa.

Sem mais pendências.

Ora, que ironia. Ian estava chegando, e eu de partida. Sempre nos desencontrando. Não importava, de qualquer jeito. Eu era sua do mesmo jeito que ele era meu.

Sorri mais uma vez com esse pensamento, e então senti as estrelas mais próximas de mim. Elas me cercavam, como pontos brilhantes e minúsculos diante da escuridão imensa que me engolfava. Esse era o meu destino. Meu próprio paraíso negro. Meu fim.


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Notas finais do capítulo

"Everytime I close my eyes
It's like a dark paradise
No one compares to you
I'm scared that you won't be waiting on the other side"

Gente, posto o Pov Ian no próximo capítulo ou deixo pro fim?