Imprinting escrita por Ana Flávia Mello


Capítulo 29
Capítulo 15 - Renesmee


Notas iniciais do capítulo

É um capítulo bem sentimental. Posso até dizer que me emocionei lendo. Até onde uma pessoa pode ir, quando se trata do amor? E quando você reclama da sua vida, será que realmente está reclamando porque tem problemas sérios ou porque é uma pessoa que não consegue receber um não de ninguém? Talvez, só talvez, você possa tirar algo de bom desse capítulo. Eu com certeza, tirei muitas coisas enquanto estava escrevendo. Boa leitura, por favor, comentem.



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31 de Junho de 2009

Não sei o que acontece comigo quando estou com Renesmee. Parece que todos os meus problemas somem, como se eu fosse até uma pessoa normal.

Minha psicóloga disse que meu caso de um salto de melhora em 70%. Meus sete remédios se transformaram somente em um.

Eu sou outra pessoa ao lado de Carly (segundo nome da Renesmee). Ela me faz uma pessoa do bem. Eu não grito mais com minha mãe, eu não tenho mais acessos depressivos. Até as cicatrizes dos cortes que fiz em mim mesmo parecem desaparecer perto dela. Ela só me traz felicidade.

Acho que a amo. Não, eu não acho. Eu tenho certeza. Mas será que devo dizer isso a ela?

Eu já tinha começado a chorar muito antes de ler a última linha, respirei fundo e passei para a próxima data.

1 de agosto de 2009

Eu disse a ela que a amava. Renesmee ficou tão feliz! Ela disse que me amava também e me beijou, o beijo mais doce que já senti. Quase chorei de tanta felicidade. Mas sinto que isso tudo vai acabar logo. Ela só tem mais três semanas aqui, depois vai voltar à Forks. Sinto meu coração doer ao pensar nisso.

Chega de escrever, não quero começar a chorar.

Eu quase parei e fechei o caderno. Tinha chegado na data onde tínhamos terminado. Mas eu precisava sabe o que realmente tinha acontecido. Riley não mentiria para o próprio diário.

6 de agosto de 2009

Eu me cortei de novo. Depois de tanto tempo. Eu sinceramente estou perdendo a vontade de viver.

Renesmee terminou comigo.

Mas não foi por ela ter de ir embora daqui a alguns dias.

Mas porque eu beijei outra menina.

Mas eu não beijei a outra menina. A menina que me beijou. Eu juro pelo meu sangue que agora está no chão do banheiro, que eu nunca a trairia.

Kendall simplesmente veio e me beijou. Do nada. Sem explicação. Eu não tive tempo nem de reagir. Renesmee chegou na hora e viu tudo. Ela não quer me deixar explicar. Mas porque deixaria? Se fosse comigo eu teria a mesma reação, se não pior.

Mas eu não consigo me imaginar sem ela.                                                                     

Tive que tirar um tempo para respirar. As lágrimas desciam pelo rosto de um jeito doentio, e pareciam ser feitas de ácido, porque toda a vez que tocavam minhas bochechas elas queimavam.

30 de agosto de 2009

As coisas estão piores. Muito piores.  Estou tendo ataques de raiva quase todo dia. Meus remédios triplicaram, e meus braços estão cobertos de cicatrizes.

Eu resolvi me drogar.

Maconha, crack, cigarros, bebidas.

Não sei se é a melhor saída, mas me livra da dor. Livra-me do sofrimento, da perda, do sentimento vazio. Nem que seja por pouco tempo.

A verdade é que eu não superei Renesmee. Talvez até a ame mais agora. A falta dela acaba comigo. Não consigo dormir, não consigo viver como qualquer outra pessoa normal, apesar de nunca ter sido uma.

Eu chego drogado, brigo com a minha mãe, choro, me corto, durmo e pela manhã saio para me drogar ou simplesmente ficar sozinho. Isso é um ciclo diário. Mamãe tentou falar com meu pai, mas o miserável está por algum lugar da Ásia e não dá a mínima para mim.

Eu me sinto mal. Não quero que ninguém sofra por minha causa. Ninguém merece minha dor. Porém eu não sei como evitar isso.

Virei a folha.

14 de setembro de 2009

Está quase impossível para mim.

Acho que minha mãe sabe que eu sinto falta de Renesmee. Ela já me pegou encarando nossa única foto várias vezes. Lembro-me de quando a tiramos: estávamos brincando na neve nos pés das montanhas, abraçados e deitados dentro de anjos de neve mal feitos.

Essa foto ainda me faz chorar.

Eu fico imaginando como eu estaria se ainda estivesse com ela. Estaria normal, sem drogas e saudável. Mesmo que ela estivesse morando longe, porém ainda comigo. Eu estaria bem.

Não gosto de pensar nisso, porque me faz chorar e sucessivamente, me cortar.

Já estou cansado de tantas cicatrizes.

Embaixo ele tinha colado a nossa foto abaixo. Estava amarelada e um pouco amassada no canto. Eu também me lembrava daquele dia. Tinha sido um dos dias mais felizes do meu verão. Puxei a foto e a coloquei de lado, para guardar mais tarde.

Passei algumas folhas, procurando uma data para ler. Não queria mais ler sobre o quanto ele sofria, isso estava acabando comigo. Parei na data em que ele tinha se mudado para Nashville. Dois dias depois de seu aniversário de 15 anos.

10 de Janeiro de 2010

Mudamos para Nashville de novo. Não acho que isso vá mudar minha situação em nada. Passei meu aniversário trancado no quarto, com um maço de cigarros de ervas em cima da cama. Eu sei que estou pior. Mamãe não quer me colocar em um hospital para reabilitação agora, mas se ela quiser no futuro, eu não vou. Ela não pode me obrigar a ir para um hospital de loucos.

Eu não sou louco. Só estou sofrendo. Todo mundo sofre na vida.

Outros têm mais azar, assim como eu.

Ela me mudou de doutora, agora sou paciente de uma psiquiatra. Não faço a mínima ideia do que ela tenta falar comigo. Eu simplesmente a ignoro durante toda a sessão. Ela disse para minha mãe que eu tenho depressão e um caso sério de bipolaridade e outro transtorno aí. Ela também perguntou a mamãe porque meu caso tinha ido de uma melhora estável tão boa, para uma piora tão sem precedentes. Mamãe não soube o que responder, então ela veio perguntar a mim. Por mais que ela insistisse em dizer que precisava saber, eu não queria contar. O que acabou numa briga de novo, com eu dizendo que ela não precisava saber da minha vida. Ela começou a chorar. Eu me senti mal e fui abraçá-la. Depois subi e me cortei mais uma vez. Cortar-me não ajuda em nada, mas não tenho outra saída.

Na verdade, eu não sei bem o que fazer com a minha vida. Eu sou um perdido.

E a única pessoa que poderia me achar não quer nunca mais falar comigo.

Passei as páginas procurando o ano de 2011. Não conseguia continuar lendo aquilo. Só tinham poucos dias escritos, e todos eram no fim do ano.

29 de setembro de 2011

Minha mãe tentou me internar de novo. Pela terceira vez. Eu não quero ir, e eu não vou. Tá, eu até posso estar viciado. Eu até posso ser bipolar e depressivo e não sei mais o quê. Mas eu não sou doido. Já disse a ela que eu podia ir morar na Lua, mas não ia mudar meu jeito. Nem lugar nenhum, nem ninguém, nem eu conseguiria me mudar. Só uma pessoa, e neste momento ela está longe.

Não sei mais o que pensar. Não sei mais o que fazer. Eu posso ficar com três, quatro, cinco, sete mulheres, mas ninguém me faz esquecer Ela. Não quero escrever seu nome aqui. Não quero lembrar como ela é linda, mesmo fazendo isso diversas vezes por dia.

Talvez, só talvez, eu precise de ajuda.  Mas não vai adiantar de nada, se Ela não estiver do meu lado.

Corri as páginas para o ano passado. Um mês antes dele se mudar para Forks. Dois meses antes de me encontrar e virar minha vida de cabeça para baixo.

31 de Julho de 2012

Mamãe me mandou ir morar com tio Mike, para ver se eu melhoro, nem que seja um pouco. E eu vou. Porque aonde ele vai morar, é onde Ela mora. E isso não podia ser mais feliz. Porque Ela vai me fazer melhorar. Ela sempre foi à chave de tudo. Por Ela eu viraria até santo.

Por Ela eu faria tudo.

Estou mais animado que todos. Mamãe está estranhando, porém está mais feliz. E isso me deixa feliz, porque nunca quis vê-la chorar. E eu tenho certeza que ela sabe que isso me fará feliz, porque ela sabe que Ela mora em Forks também. E talvez até saiba que somente Ela pode me trazer de volta ao o que eu era antes de tudo isso.

Viajaremos no dia 3 de agosto.

Passei as páginas para chegar dias depois da festa de Alice.

20 de Agosto de 2012

Eu A vi. E foi como se nada tivesse acontecido. Como se esses três anos de sofrimento fossem apenas um longo pesadelo. Ela está tão linda. Tão perfeita!

Mas Ela sempre foi assim.

Meu coração pareceu inchar. Não deixei que me visse. Por mais que minha vontade fosse de beijá-la ali mesmo, na frente de todo mundo. Mas a tia dela deixou claro que se me aproximasse Dela, as coisas não iam sair bem.

Mas não sei quanto tempo vou aguentar a vontade de falar com Ela.

Então, por isso, tenho ido atrás Dela em todo lugar que ela vai. Ou pelo menos tento. Em nenhuma dessas vezes ela me viu. Mas mesmo assim, eu já estou bem melhor. Parei de me cortar, a vontade louca de sumir a dor com drogas passou. Posso dizer que sou até normal. Irei ficar perfeitamente bem no dia em que finalmente for falar com Ela.

Espero que ela já tenha me perdoado, porque não aguentaria outra rejeição.

O diário acabava aí, porém, as minhas lágrimas não. Doía saber que eu mesma, acabara com minha própria felicidade. 


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