Outsider - A Estrangeira escrita por Bruna Guissi


Capítulo 13
A Queda de Annita


Notas iniciais do capítulo

Ok, ok.
Já podem parar com os tiros dessas basucas imaginárias na minha cabeça, por favor.
Eu poderia ficar aqui, escrevendo todos os motivos de ter levado anos para postar esse capítulo, mas acontecem algumas coisas:
—Eu passei por problemas pessoais muito recentemente, que não vêm ao caso aqui e agora;
—Eu realmente acho que o prazo de 15 dias está deliberadamente fora do meu poder, então tentarei sempre postar com a periodicidade de um mês cada capítulo (se conseguir farei em menos :3);
—E finalmente, esse capítulo tem TANTA coisa, mas TANTA COISA, que simplesmente levei muito tempo para arranjar todos os acontecimentos de forma coerente e organizada (certeza que erros horrorendos aparecerão aqui).
Sem mais lero lero, e depois de muita ameaça das mossas do core ~hue

Boa leitura!



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“Fogos, gritos, máscaras.

Era praticamente impossível de enxergar algo naquele salão em puro caos. Estava tudo incerto, embaçado.

-Não acredito que isso está acontecendo. – murmurou para si mesma.

-Não é culpa sua. – disse uma voz distante atrás da menina, abafada pelo som da gritaria.

Annita estreitou os olhos, para o rapaz no meio da poeira toda.

Ele virou as costas e correu para a direção oposta.”

Annita abriu os olhos de repente. Estava deitada em uma maca na enfermaria, com o rosto apoiado de lado em um travesseiro.

Notou que uma de suas bochechas doía, além de ainda estar nas roupas de festa e ter suado um pouco durante a noite.

A garota sentou-se ainda no colchão macio, esfregando os olhos.

Quando os abriu então, notou alguém ao seu lado, dormindo.

-Ian? – perguntou, sem entender.

O rapaz, que era grande demais para a cadeira, se remexeu um pouco, mas não acordou.

A enfermeira chefe notou que a menina havia despertado, e se aproximou.

-Senhorita? – chamou a mulher, fazendo Annita virar-se para ela – Você está melhor? Precisa de alguma coisa?

-Ahn.. – a menina parou para refletir, mas não conseguiu responder.

Ela voltou a olhar para o rapaz na cadeira, ainda confusa.

-O Sr Belvedere passou a noite aqui. Foi ele quem te trouxe. – explicou a mulher, compreendendo a confusão da menina – Ele tinha alguns cortes no braço, mas ele recusou a maca, disse que você havia batido a cabeça, e que parecia sério.

Annita franziu o cenho, só então se dando conta das pontadas no alto da cabeça. A garota levou a mão até o local instintivamente, mas a enfermeira a conteve.

-Apesar de doer, não é nada sério. Porém, talvez seja melhor esperar a poção cicatrizante fazer efeito. – explicou ela docemente.

Annita respirou fundo e concordou, sentindo-se exausta. Encostou-se no travesseiro, e fechou os olhos, enquanto a enfermeira tomava distância.

A garota passou a mão pela bochecha, sentindo o corte. Devia ter caído sobre algum caco de vidro.

A garota suspirou profundamente. Achava que tinha sido tudo um sonho. Ou um pesadelo.

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Dia trinta e um de outubro de 2018.

Às vinte horas.

Ele já estava estático naquele lugar há quinze minutos. Não sabia se esperar Annita ao pé da escada havia sido uma boa ideia; a verdade é que ele se sentia meio piegas esperando “sua dama ao pé dos degraus de mármore”, como Rose havia descrito alguns dias antes, fazendo o menino corar.

Seu estômago se remexia levemente, enquanto ele se lembrava da carta da menina.

“Alvo,

Eu adoraria sua companhia para a festa.

A.B.”

Aquelas poucas palavras haviam feito um sorriso maior do que o comum se estender por seu rosto naquela manhã. Quando Rose lhe perguntou o motivo, ele simplesmente evitou o assunto; sabia que ela faria algum comentário constrangedor no momento.

O garoto suspirou, se acalmando um pouco. Seu nervoso se devia do fato de não saber como Annita se sentia em relação a ele; a dúvida, a incerteza.

Mas após ler aquela carta, ao menos sabia que Annita apreciava sua companhia, e isso não era de todo mal. Eles tinham uma boa amizade, antes de qualquer coisa.

O garoto respirou fundo novamente, mais calmo. Começou a vagar os olhos pelo salão, encostando-se na parede em frente ao pé da escada.

Em um momento divagando, Alvo notou sua presença.

Annita.

A garota estava no topo da escada, e olhava o chão através de uma máscara preta, prestando atenção à amiga Mona que falava alegremente sobre algo com ela. Se Alvo não tivesse tão concentrado observando Annita, teria se impressionado com a aparência psicodélica de Mona.

Mas a brasileira prendeu toda sua atenção; o queixo do menino estava levemente caído enquanto a observava, notando sua expressão levemente sem graça.

Quando a menina chegou ao meio da escada, levantou os olhos, cruzando-os então com os de Alvo.

O garoto abriu um sorriso abobado, que fez Annita sorrir levemente corada para ele.

Talvez somente uma “boa amizade” não fosse o suficiente para ele.

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Dia trinta e um de outubro de 2018.

Pouco antes das vinte horas.

O vento gelado batia frio no rosto do garoto. Ele já havia se decido, e não voltaria atrás.

Olhando para os repórteres que adentravam os jardins em um número muito maior do que McGonagall contabilizara, Scorpius se preparava para um dos maiores shows do ano.

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Dia trinta e um de outubro de 2018.

Às vinte e trinta.

-Nunca pensei que o Alvo sairia do pequeno casulo de bochechas rosas dele e chamaria uma garota para sair, sabe. – comentou James Sirius, fazendo Rose rir.

Na mesa, além dos dois, se encontravam Hugo e Lílian Luna, que conversavam avidamente sobre uma banda trouxa, além de Dominique, que fazia companhia para James na festa.

Alvo e Annita, porém, estavam do outro lado do salão, conversando animadamente sobre alguma coisa.

Rose sorriu ao observá-los. Continuou varrendo o salão, e notou uma presença quieta, no canto oposto ao que se encontravam Annita e Alvo, observando-os de longe.

Rose estreitou os olhos; a garota sorriu ao observar os dois conversando, e se afastou do local segundos depois, seguindo para a direção oposta.

-Alyann.

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Dia trinta e um de outubro de 2018.

Às vinte e uma horas.

A voz da diretora silenciou o salão animado. A música diminui e aos poucos parou para dar lugar às palavras firme de McGonagall.

-A todos os alunos aqui presentes que agora colaboram para um evento pacífico e agradável, recebam também meus agradecimentos. – iniciou formalmente - Parabenizo o corpo de monitoria de Hogwarts pelo evento mais que agradável do qual desfrutamos agora, e com otimismo, avalio a possibilidade de iniciarmos uma tradição.

A palavras de McGonagall criaram assobios e aplausos empolgados pela plateia de alunos que a cercava. Depois de pequenos floreios, ela se dirigiu ao desfecho do discurso:

-Não vou mantê-los por mais longe da festa. Espero que todos tenham aproveit—

Mas McGonagall nunca pode concluir seu animado discurso; As velas todas se apagaram, inundando o lugar em um breu profundo. Sem que alguém esperasse, uma grande explosão de faíscas barulhentas surgiu no alto do salão, tirando o fôlego e alguns gritinhos assustados dos alunos no ambiente.

Antes que as faíscas se apagassem novamente, mais uma leva delas foram lançadas para o teto, formando uma frase:

“Quero Existir.”

As palavras causaram murmúrios entre os alunos já assustados; diversas faíscas surgiram então das palavras, estourando janelas e alguns móveis, levantando uma poeira densa no ar.

Gritos assustados encheram o salão, as vozes alarmadas quebraram todo o silêncio. Faíscas saíam de todos os lugares, quebrando mais janelas e móveis. As palavras continuavam a surgir repetidamente uma vez após a outra, nunca deixando o ar.

Em um canto do salão, Annita olhava para a cena pasma. A garota sentiu seu broche de monitora vibrar. Não sabia por que, mas mesmo fora de serviço sentira a necessidade de carregar o objeto.

Molly ordenou que todos os monitores invocassem “Lux Máxima”, para clarear o ambiente em caos; porém pessoas corriam de um lado para o outro, dificultando a invocação do feitiço.

Os professores estavam ocupados demais ajudando na evacuação dos alunos assustados; alguns acabaram trombando uns nos outros, outros pararam na enfermaria.

McGonagall observava a cena, já ocupada em conter as faíscas que pareciam não ter fim. De longe, em um canto afastado da confusão, ela podia enxergar pequenos flashes registrando o momento.

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Dia trinta e um de outubro de 2018.

Pouco depois da primeira faísca.

Os monitores se frustraram na tentativa de iluminar o local; parecia que as faíscas repeliam os feitiços lançados, dificultando o controle da situação.

Fogos, gritos, máscaras.

A poeira dificultava a visão daquele cenário caótico.

Annita parou para encarar o salão.

-Não acredito que isso está acontecendo. – murmurou para si mesma. Ela podia prever as palavras de McGonagall, e isso fez um tremor percorrer seu corpo.

Olhava para o chão e via máscaras e cacos de vidros.

Quantas pessoas não haviam se machucado naquele momento?

A garota suspirou chorosa, segurando as lágrimas ao pensar no número. Ela cobriu o rosto com as mãos, como se as palmas delas pudessem ajuda-la a se acalmar.

-Não é culpa sua. – disse uma voz atrás da menina, abafada pelo som da gritaria.

Annita estreitou os olhos, para o rapaz no meio da poeira toda.

Ele virou as costas e correu para a direção oposta.

-Espera! – gritou ela, tentando alcança-lo. Ela deu braçadas em pessoas inocentes no momento, mas Annita sentia que ele poderia ser a resposta.

-Espera!­ – gritou com mais força.

O garoto que já estava longe virou para encará-la.

Annita teve poucos segundos para olhar para o rosto coberto por uma máscara, antes de sentir algo atingir sua cabeça.

Sua visão escureceu, e o rapaz sumiu de sua visão.

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Dia trinta e um de outubro de 2018.

Queda de Annita.

-Annita!  - chamou uma voz abafada. A garota não reconheceu o chamado enquanto sentia o contato gelado e áspero do chão embaixo de si.

-Não ouse dormir! – disse a voz novamente.

Annita sentia-se enjoada, como se o mundo rodasse. Sentiu uma pontada no rosto, mas isso não incomodou no momento.

A voz fazia com que ela quisesse acordar, mas ela não conseguia.

-Por favor, Annita! – dizia agora mais perto.

A pessoa levantou suas costas do chão frio e áspero, como se quisesse ampará-la.

-Annita! – disse a voz, tirando sua máscara e alguns fios de cabelo do rosto dela.

A garota não respondeu.

-Por favor! – pediu a voz alarmada.

Annita sentiu um toque quente em sua testa, logo seguido de um chacoalhão. O movimento fez a garota murmurar em contragosto, mas ainda de olhos fechados.

-Vamos Annita, não durma, por favor. – disse a voz próxima ao seu rosto.

Novamente, o toque quente em sua testa se fez perceber.

“Um beijo..!”, notou a menina confusa.

A figura havia lhe dado um beijo na testa.

-Por favor... – disse a voz, agora com uma agonia quase palpável.

Annita não tinha certeza se a conhecia, mas com certeza nunca havia provado da sensação que se seguiu.

Seu corpo foi puxado para cima, num abraço; seu pescoço foi apoiado gentilmente para frente, e então um calor agradável cobriu seus lábios.

Uma sensação mista de confusão e calor tomou seu corpo. Annita mal pôde evitar aquela sensação, assim como não pôde evitar levantar sua mão e tocar o rosto da pessoa que agora lhe beijava.

Não foi como um incentivo ou como uma repulsa; foi como uma prova de que aquilo não era fruto de uma mente machucada. Como alguém poderia imaginar uma sensação assim?

Era profunda, diferente e quente.

Quente como lava escorrendo lentamente até o mar.

Annita estava recebendo seu primeiro beijo e não podia dizer duas coisas sobre ele; quem era aquela pessoa que a tocara tão docemente, e se em algum dia esperou ou experimentou alguma sensação melhor do que aquela na sua vida.

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Dia trinta e um de outubro de 2018.

Pouco antes das vinte e uma horas.

-Vou fazer isso, porque é a coisa certa. – disse ele seriamente.

O professor olhou preocupado para o aluno.

-Você sabe que vai ter consequências absurdas para os seus atos desta noite, não sabe? Podem ser tanto as que deseja, quanto as piores possíveis. – alertou ele tocando o ombro do garoto.

O garoto suspirou pesadamente, fechando os olhos.

-Não importa. Vale a pena. – murmurou ele.

-Tem certeza, Scorpius? –perguntou a voz aflita do professor.

O garoto somente retirou a mão do professor de seus ombros, tocando o braço do homem.

-Obrigado, professor Neville, mas é necessário.

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Dia trinta e um de outubro de 2018.

Às dezenove e trinta.

-Garota, não faço isso por algum de seus motivos; faço isso porque quero. – disse Ian, cruzando os braços, longe dos demais no Salão Comunal – Então não venha me agradecer.

Alyann simplesmente continuou encarando o rapaz com o rosto inexpressivo, como se já esperasse tal reação.

-Eu sei.

Ian estreitou os olhos para a reação incomum dela; normalmente, Alyann reviraria os olhos e diria que estava sendo educada.

-Como assim sabe? – quis saber.

A garota ponderou antes de falar:

-Ian, o que você sabe sobre a Annita?

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Dia trinta e um de outubro de 2018.

Pouco antes das vinte e quatro horas.

-Eu deveria ter ido a esta festa! – disse nervosa – Quantos alunos se machucaram?

-Alguns, mas nenhum gravemente. Você tem que se acalmar. – insistiu McGonagall, dando a volta na mesa para se aproximar da mulher inquieta.

-Como me acalmar Minerva? Com um evento desses? De novo?? – perguntou a mulher, indignada.

-Você não poderia fazer nada. Sabe que não podem te ver assim.  Algo assim não aconteceria de novo.

- É claro que poderia acontecer! Se eu estivesse lá, teria evitado toda essa balbúrdia. – disse então, menos nervosa.

Ela poderia mesmo ter controlado a situação, afinal era uma excelente bruxa. Porém, ela sabia que já era impossível aparecer em público naquele estado.

-Por que o efeito da poção passou de novo, Minerva? Não faz nem um mês que eu tive o descanso. – perguntou a mulher, agora sentando-se nos pequenos degraus que levavam às estantes do escritório.

McGonagall observou a mulher mais nova suspirar desanimada.

-Eu não sei ao certo. Imagino que seja seu emocional; você não está mudando de aparência com disposição suficiente.

A mulher suspirou pesadamente. Ela sabia. Não que ela quisesse ser “descoberta”, mas já estava cansada de beber aquela coisa, de se esconder.

Mas ela continuaria “escondida” enquanto aquilo fizesse sentido. Afinal, era uma situação delicada.

O escritório ficou em silêncio, até que um suspiro surpreso vindo de McGonagall preencheu o vazio da sala.

-Algo de errado? – perguntou a mulher sentada, confusa com a surpresa da diretora.

McGonagall olhou para a mulher e acenou para o vidro de um armário que refletia a sala.

-Não, há nada de errado. É só que a mudança é bem drástica. Você já está com a aparência normal novamente. – respondeu ela, quando a mulher se levantou para olhar seu reflexo.

Seu cabelo assumiu um aspecto mais alisado e dourado, caindo do coque que o prendia, e seus olhos clarearam até um tom de azul claro.

Ela estava de volta.

-É estranho fica sem essa aparência. – disse por fim, quando virou para a diretora novamente.

A diretora ficou apenas observando a mulher.

-Vou para o meu quarto. Boa noite.

McGonagall apenas observou ela sair.

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Dia primeiro de novembro de 2018.

Pouco depois da meia noite.

-Vamos, sigam por aqui, todos irão passar por checkup rápido na enfermaria. – disse a voz firme de Molly, direcionando os alunos.

O Salão Principal já havia sido esvaziado, e a situação já estava sob controle. Sem a gritaria e correria dos alunos, os professores contiveram rapidamente a situação.

As faíscas foram perdendo a força com o passar do tempo, e logo foram extintas. As mesas que foram colocadas puderam ser concertadas, mas a maior parte da vidraria das janelas teria de ser substituída.

Molly continuou agilizando os alunos em uma fila, contando-os.

Ela mal conseguia acreditar naquela situação absurda. Como as coisas haviam saído do controle daquela maneira? Era sua única responsabilidade; manter a noite correndo bem. Como pudera deixar algum ser inoportuno causar tamanho estrago em uma só noite?

Molly continuou se culpando pelo desastre quando Ian voltou de dentro da enfermaria, trazendo notícias.

Annita havia sido encontrada em meio aos cacos de vidros desmaiada. Molly ficou surpresa quando Ian saiu às pressas do salão carregando-a nos braços.

-Vamos terminar logo com isso. – disse o garoto apressado.

-Ian, pode voltar para lá, eu já tenho tudo sob controle. – disse Molly, adivinhando os motivos por de trás daquela pressa.

O garoto encarou Molly profundamente, e então acenou.

Molly observou ele voltar para a enfermaria às pressas.

Ela jamais imaginara encontrar em Ian um lado tão sério.

Ainda mais por causa de uma garota.

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Dia primeiro de novembro de 2018.

Uma hora da manhã.

Os soluços reprimidos dele cortavam o silencio profundo da noite. Ele não pudera ficar ali, não pudera ajudá-la.

Era sua culpa que agora a garota estivesse inconsciente em uma maca.

E era mais responsável ainda por ter fugido em uma hora como aquela.

Se alguém o visse ali... Se ela o visse ali...

Scorpius achava que estava pronto para assumir as consequências de seus atos.

Mas ele havia a machucado.

O garoto poderia lidar com todas as punições possíveis, com todos os olhares, com a expulsão e qualquer outra punição física que lhe impusessem, mas não podia lidar com uma coisa.

Ele não podia lidar com o ódio de Annita.

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Dia primeiro de novembro de 2018.

Às três horas.

Os pensamentos praticamente corriam sua mente.

Ela estava jogada em cima de sua cama, já no seu quarto ainda vazio. As outras ainda deveriam estar passando pelo checkup, pensou a garota.

Respirou fundo.

Então não era somente um interesse “romântico”, como já imaginava. O garoto desconfiava de algo.

Obviamente ele não tinha a intenção de lhe passar essa informação, mas a garota era inteligente o suficiente para entender o conteúdo das entrelinhas.

A noite não ocorrera como o esperado, ela pensava que a brasileira frustraria os planos de seu primo, causando uma decepção mútua, afastando-os. Ambos se livrariam de uma amizade tóxica e complicada.

Seria um final feliz para todos.

Uma infelicidade os fatos daquela noite ocorrerem como de fato ocorreram, pensava ela.

Felizmente, Alyann sabia que a amizade de ambos não seria a mesma, e Annita nem seria capaz de compreender o afastamento voluntário de Scorpius, porque Alyann sabia que ele faria isso.

Se afastaria.

Talvez ele ficasse levemente infeliz nos primeiros meses, mas ambos se esqueceriam um do outro aos poucos.

Mas ela não poderia depender de uma hipótese; deveria garantir que seu primo não causasse mais problemas para a própria família e para si, e ainda evitar que ele se envolvesse com a garota.

Seus atos foram demasiados impensados.

Alyann teria de, infelizmente, entregar seu primo.

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Dia primeiro de novembro de 2018.

Por volta de uma hora da manhã.

A mulher chegou ao próprio quarto rapidamente, encostando-se na porta ao fechá-la.

Fechou os olhos, pensando.

Um suspiro longo –-

-Raizel. – chamou a voz séria e baixa da mulher.

Alguns segundos depois a ave entra pela janela, pousando no braço estendido da moça.

-Preciso que descubra o responsável. – sussurrou a mulher para a ave de olhos fechados.

A águia então abriu os olhos, como que consentindo.

Raizel bateu suas asas e seguiu para janela pela qual havia entrado, deixando o ar frio como única companhia naquele quarto para a mulher aborrecida.

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Dia primeiro de novembro de 2018.

Às quatro horas.

O baque suave de batidas na porta interrompeu o fluxo de pensamentos de Minerva.

-Entre. – disse a diretora cansada.

Molly Weasley apareceu na porta com uma expressão séria.

-Senhora, alguém gostaria de lhe falar. – disse a garota.

Minerva notou o tom da voz de Molly; desconfiava que fosse referente aos fatos daquela noite.

A garota assumira um semblante muito mais sério do que o habitual devido aos acontecimentos da noite; portara-se responsavelmente, tomando medidas seguras para os alunos. A monitora chefe não poderia ter sido mais bem escolhida.

-Tudo bem. – respondeu, acenando com a mão para abrir a porta.

Minerva arqueou as sobrancelhas para a presença em sua sala.

-O que deseja, srta Nott?

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Dia primeiro de novembro.

Pouco antes das duas da manhã.

-Você não entendeu? Eu quero vê-la. – disse Rose de maneira seca e definitiva.

Alvo e Mona estavam prostrados atrás dela com os braços cruzados, dando ênfase à situação.

-Senhores, eu não poss—

-Eu não quero nem saber! Eu já fiz o chekup, e agora eu quero vê-la. – disse com os olhos semicerrados – Ela não tem ninguém para contatar!

A enfermeira assistente suspirou, cansada. Não eram os primeiro alunos atrás de amigos ou parentes ali na Ala Hospitalar.

A noite fora demasiada agitada, e já estava cansada de argumentar com os três adolescentes que pareciam irremediáveis.

-Tudo bem. – cedeu a mulher por fim – Mas não se demorem, vocês não devem ocupar os espaço da ala por muito tempo. – avisou.

-Obrigada!

Os três saíram embalados pela adrenalina, procurando por Annita.

As meninas ficaram chocadas quando viram-na sendo carregada à Ala hospitalar.

Ela era um dos poucos alunos que precisaram de macas.

-Ali! – suspirou Alvo olhando para uma das macas próximas à janela.

Para a confusão deles, notaram Ian, o tal monitor da Sonserina, sentado ao lado da maca, observando Annita enquanto ele mesmo recebia cuidados médicos em um de seus braços cortados.

-Belvedere? – chamou Mona, cautelosa.

O garoto procurou a voz que chamou seu nome, e reconheceu Mona.

-Pirralha.

-Como ela está? – quis saber ela.

-O que aconteceu com ela? – perguntou Rose esbaforida, obviamente querendo mais detalhes do que somente “como ela estava”.

Ian levantou uma das mãos no ar, como querendo acalmá-las (a outra estava sendo fortemente contida pela enfermeira), e começou a explicar.

Durante todo o falatório do rapaz mais velho, Alvo nem se fez perceber. Ficou parado, observando a menina na cama com a camisa branca manchada de sangue.

O corte no rosto parecia profundo, e com certeza deveria ter mais cortes pelo corpo.

Ela parecia cansada; dormia com o cenho franzido, como quem tenta resolver um exercício de poções bem complicado.

Alvo caminhou lentamente até a mão da menina, sem que os demais percebessem.

Ela estava um pouco fria. O garoto tinha somente o vazio na mente, sem saber o que pensar.

Em alguns segundos, notou que se instalou um silêncio cuidadoso à sua volta.

As garotas observavam a menina, com olhos de preocupação genuína. Rose não deixou de dar uma olhadela preocupada ao amigo, sentindo o conflito em que ele se encontrava.

Ela sabia que Alvo não gostava daquele monitor mais velho, ainda mais porque, quando Alvo avistara Annita caída no chão do salão sujo e se dirigira imediatamente a ela, fora contido pelo próprio monitor que agora estava sentado ao lado da maca da menina.

Infelizmente Alvo não pudera fazer muito mais do que chamar por seu nome; ele fora afastado por outros monitores, sendo praticamente arrastado para a fila de alunos que esperavam pelo checkup, enquanto Ian se ajoelhava e tentava falar com ela.

Alguns minutos depois (que pareceram longos demais aos olhos do menino Potter), Ian saiu carregando a menina nos braços.

Apesar de sentir-se horrível por isso (afinal o rapaz ajudara a menina), Alvo não podia evitar sentir um certo desgosto pelo rapaz.

“Justo ele.”, pensou o menino, levemente irritado. “Justo aquele que julgava saber mais dela; justo aquele que provocara ele e Malfoy em Hogsmead à algum tempo atrás.”

O garoto suspirou, tentando tirar os pensamentos rancorosos da cabeça.

Depois de poucos minutos, a mesma enfermeira de antes veio pedir para que os adolescentes se retirassem, e a muito custo, conseguiu que concordassem.

Alvo virou-se para o rapaz sentado na poltrona. Ian observava Annita muito seriamente.

-Eu quero ficar sabendo do estado dela, Belvedere. – disse Alvo muito seriamente, fazendo o sonolento Ian levantar a cabeça para observá-lo.

Ele, por sua vez, balançou a cabeça, concordando.

-Pode deixar, Potter.

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Dia primeiro de novembro.

Às cinco horas da manhã.

“Desculpe-me tia Astoria, mas não tenho tempo para cordialidades, e creio que nem você queira desperdiça-lo.

Creio que Scorpius precise de ajuda imediata nos assuntos que envolvem a escola, sua matrícula e possível expulsão do nosso curso.

Alyann Greengrass Nott.”

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Dia primeiro de novembro.

Escritório da Diretora de Hogwarts, Minerva McGonagall.

Nove horas em ponto.

-Foi informado a mim que você não compareceu ao checkup obrigatório, e nem foi encontrado pelos corredores ou Salão Comunal de sua casa, até às seis horas da manhã de hoje. Receio informa-lo também, que essas ações somente endossam o testemunho que recebemos sobre os fatos da noite anterior, Sr. Malfoy.

O garoto continuou de pé, com o olhar vago, somente ouvindo de longe as palavras da diretora.

Uma hora aconteceria.

-Senhor Malfoy, o senhor nega as acusações feitas contra o senhor de que tenha de fato arquitetado e efetuado, não somente o ato vândalo da noite anterior, mas também o chamado clandestino da imprensa bruxa nacional para dentro do castelo?

Um breve silêncio seguido de apenas uma palavra rouca.

-Não.

-Então, Sr Malfoy, creio que conhece e compreende as consequências de seus atos.


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Notas finais do capítulo

Sim. Eu SEI que tem gente querendo me matar agora, sambar no meu rosto, dizer que sou uma vadia, mas é isso aí!
Vocês não fazem ideia de como eu estava empolgada pra postar esse capítulo! Finalmente!
Espero que tenham gostado, e por favor, comentem, me xinguem, xinguem os personagens e principalmente: divulguem essa história!
Eu estou adorando cada momento que gasto nesse projeto, e falo sério quando digo que não quero parar.
Um beijo, e como sempre, se tiver qualquer erro, dúvida, sugestão ou um carinho, comentem!



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