— Em resposta daquele dia, eu também te amo.

Meu corpo estremeceu, como se uma bomba tivesse caído. Meu mundo parou, tecnicamente. Cameron Briel me amava? Eu estou sendo meio paranoica, balancei a cabeça voltando para a realidade. Ia falar algo, mas fui interrompida pelos lábios de Cam tocando os meus.

Seu beijo era doce e calmo. Era só um relar de lábios. Mas era o suficiente para que eu me entregasse. Separei-me dele antes que as coisas se aprofundassem, imaginei que estaria queimando em fogo, mas não estava.

— Você não podia ter feito isso!

— Por quê? Eu te amo você me ama e assim...

— Eu... - pensei no que falar em vão- Argh! Deixe-me sozinha, por favor.

Sai correndo para a floresta, eu estava nervosa, nunca saberia como reagir aquilo, ainda mais com Cam, corri até uma clareira quando encontrei com a Sra. O'Leary, ela ronronou, se é que cachorros ronronam. Alguém saiu de trás dela, era Nico, ele sorriu para mim.

— Está tudo bem?

— Sim... – respondi meio desconcertada, Nico se aproximou de mim e me examinou.

— Certeza?

— Absoluta- encerrei o assunto.

— O que veio fazer aqui?- ele perguntou com um tom de indiferença.

— Eu... Vim ver a Sra. O'leary- menti. Nico me encarou.

— Veio?

— Sim! É que... Eu gostei dela- fingi uma risada e fiz um carinho hesitante em suas orelhas.

— Ah, ela é realmente um doce para um cão infernal... – Nico brincou e se aproximou de mim. – o que você tem com aquele cara?

— Cam?

— Sim.

— Não é nada, é só coisa do passado. Ele acha que só porque em outra vida, nós... Bem, ficamos juntos, eu vou querer também nessa- expliquei e ele sorriu.

— Ainda bem, porque posso fazer isso.

Nico me puxou pela cintura e me beijou. Fiquei completamente parada, para uma garota como eu, aquilo era demais pra um dia só, ainda mais com garotos tão bonitos, eu me separei de Nico rapidamente, ele ficou me encarando e pareceu nervoso.

— Er... Desculpe-me, não era intenção, na verdade era, mas... – ele tentou explicar, eu tentei sair correndo, o que eu costumava fazer depois que um cara me beijava, mas meus pés não se moviam. Ouvi um bater de asas, não eram as minhas, tinha certeza de que estavam bem guardadas nas minhas costas. Olhei para cima e vi Cam. Seu rosto tinha uma expressão nada boa.

— Porque você corre de mim e dele não?- Cam perguntou nervoso, tentei falar algo, mas Nico interrompeu.

— Como é que é?

Os dois começaram a discutir, eu não entendi nada, eles falavam muito rápidos e ao mesmo tempo. Cansei-me de ficar apenas olhando e agi.

— Parem!- gritei nervosa, os dois pararam e me encararam.

— Annie, porque você beijou esse cara?- Cam perguntou olhando com indiferença para Nico.

— Esse cara tem nome- Nico retrucou.

— Ei, em primeiro lugar, eu não beijei ninguém, somente... Vocês que me beijaram!

— Você beijou ele?- Nico perguntou incrédulo.

Minha cabeça latejava, como eu odiava aquilo. Porque dois caras brigariam comigo? Eu era tão... Eu! Era informação demais pra mim, tinha descobrido muita coisa na ultima semana, e não era algo bom!

Quis fugir dali, percebi que abri minhas asas e recebi olhares incrédulos deles.

— Você tem asas...? – Cam estava assustado, um pouco animado acho.

— Sim, e pretendo ir pra bem longe com elas- levantei voo o mais rápido possível, Cam tentou me seguir, mas Nico segurou seu pé.

— Me solta cara!- ele reclamou.

— Deixa ela pensar e se decidir...

Decidir. Que droga de palavra, eu odiava ela! Voei até meu chalé e recebi olhares estranhos quando pousei, mamãe estava ali perto, conversando com Castiel que parecia ter a asa machucada.

— Bela?- ela pareceu incrédula, eu assenti com um sorriso, mamãe veio até mim e tocou minhas asas, meu corpo tremeu. Aquilo dava uma sensação estranha. – desde quando tem asas?

— Acredito que desde hoje de manhã- ela me abraçou, parecia feliz com aquilo, mas era estranho o fato de eu poder esconde-las nas minhas entranhas.

Guardei minhas asas e vi Annabeth se aproximando, ela parecia animada.

— Aconteceu alguma coisa Anna?- perguntei pra ela, tentando esconder a tensão que estava sentindo por causa da cena na floresta.

— Sim! As caçadoras de Ártemis vão vir visitar o acampamento! E eu finalmente verei Thalia, ela é uma filha de Zeus e aposto que vocês vão se dar bem.- ela falou bem rápido, mas consegui entender.

— Caçadoras de Ártemis?- perguntei e ela assentiu. – a deusa também vem?

— Sim- Anna confirmou, eu olhei para minha mãe e percebi que ela já sabia minha ideia.

— Tem certeza disso?- Megan me perguntou e eu assenti.

— Depois do que aconteceu, sim- forcei um sorriso e ouvi a concha soar, era a hora do almoço.

***

Depois do almoço, fiquei sentada na porta do meu chalé, esperando por Cam e Nico, semideusas do chalé de Afrodite conversavam com anjos, elas pareciam bem animadas com eles, era divertido velas pirando quando eles abriam as asas.

Estava fitando o chão quando vi duas sombras na minha frente, ambas de all star. Levantei os olhos e eles me olhavam bravos, iam me dar uma bronca? Nem minha mãe andava fazendo isso ultimamente.

— E então?- perguntaram em uníssono. - Qual sua decisão?

— Lembre-se que eu te salvei naquela caverna- Nico lembrou.

— Eu te protegi a sua vida toda– Cam lembrou também.

Balancei a cabeça tomando coragem e me levantei, respirei fundo e finalmente falei:

— Eu vou virar uma caçadora de Ártemis.

***

Eu caminhava até o chalé de Ártemis com passos calmos, as caçadoras estavam lá e conversavam entre si, olhei para a mão em meu ombro e depois para o dono dela.

— Mãe, você não precisava ter vindo.

— Minha filha vai se entregar a imortalidade e eu não posso ver?- ela me olhou e eu ri.

Ártemis saiu de dentro do chalé com um sorriso, eu a reconheci porque é minha deusa favorita. Ela sorriu pra mim e me abraçou.

— Fico feliz que queira se juntar a nós Annie Bela Triz- ela falou.

— Ann?- ouvi alguém me chamar, me virei e vi Annabeth, ela estava do lado de uma garota punk.

— Sou Thalia, filha de Zeus- a garota disse e esticou a mão.

— Annie, filha de poseidon- Thalia sorriu para mim.

— Acho que podemos ser amigas- ela falou e se afastou conversando com Annabeth.

— Pronta para o juramento?- Ártemis me perguntou, eu assenti, ela segurou minha mão.

— Eu me submeto à deusa Ártemis. Abandono a companhia dos homens, aceito a virgindade eterna, e me junto à Caça.