Pov. Jacob.

–- Bom Dia Jacob. – Charlie disse assim que abriu a porta.

–- Bom dia Charlie. Bella está acordada? – perguntei colocando as mãos no bolso da calça jeans.

–- Está lá em cima. Entre que irei chamá-la.

Entrei e fiquei parado perto do sofá enquanto avisava a Bella que eu estava a sua espera.

Olhei para a árvore-de-natal que Charlie havia montado para nós. O natal foi meio desagradável. Bella ficou sentada na poltrona com um copo de refrigerante perfeitamente intacto.

O tempo todo olhando para o nada, pensando talvez nos sanguessugas e sua partida.

Eu os odiava… Não por serem inimigos naturais. Mas por terem feito minha Isabella sofrer, ficar dessa forma. Eu os odiava tanto que não suportava sequer pensar neles. Ver Isabella presa em sua tristeza me fazia enlouquecer e querer caçá-los e matá-los.

Mas eu invejava Edward.

Edward pode ser namorado da Bella. Roubar alguns beijos e segurar sua mão, ser o motivo do sorriso dela e ter seu amor. Ele desprezou isso. Sendo que era isso o que eu mais queria; ter o amor de Bella.

Eu a amava, e era sem explicação. A única explicação aceitável era: Eu tive um imprinting.

Eu só queria fazer Bella sorrir, mesmo que seu coração pertencesse a outro. Só queria tirá-la do fundo desse poço e fazê-la sorrir, sentir-se feliz. Era o que bastava para mim.

A vi descendo com um pequeno sorriso. Ela estava comum, até que desarrumada. Porém continuava perfeita. Mesmo com sues jeans velhos e sua camiseta de manga comprida marrom sem graça e seus cabelos bagunçados presos num coque.

–- Oi Jake. – Parou em minha frente.

–- Oi Bella. – a abracei, apertando levemente meus braços ao redor de seus ombros e inspirando seu cheiro delicioso de morango. Seus braços descansaram em minha cintura e a sentir relaxar. Um suspiro involuntário escapou por nossos lábios e fiquei feliz por causar reações nela.

Me afastei dela, ainda sorrindo de orelha a orelha.

–- Desculpe vir cedo.

–- Sem problemas, estava mesmo pensando em chamá-lo para... sei lá, ver um filme.

–- É, pode ser… Um filme. Aqui ou prefere ir para o cinema?

–- Pode ser aqui mesmo. Tenho uns filmes legais aqui.

–- Hã... Claro. Charlie não irá se importar de usarmos a TV? – perguntei olhando para Charlie que voltava para a sala com uma cerveja na mão.

–- Sim, irei. –ele suspirou. – Terão que sair. Hoje é dia de jogo aqui. Dou até dinheiro a mais.

Charlie mexeu no bolso da camisa e então me entregou algumas notas de vinte dólares.

–- Vão se divertir. – Falou com um sorriso estranho por seu bigode estar na frente.

–- Eu… Vou me trocar. Já volto. – Bella rapidamente subiu as escadas.

–- Sente-se Jacob. – Charlie se sentou. Sorri de leve e me sentei no sofá, Charlie se acomodou em sua poltrona.

Fiquei esperando Bella desceu, alisei minha camiseta preta duas vezes e me perguntei se estava normal demais para sair. Pensei em pedir para Charlie um pouco de gel para passar nos cabelos. Eu não tinha mais nada no bolso da jaqueta a não ser a chave da moto.

Alguns minutos depois Bella desceu as escadas. Fiquei de pé para vê-la e estranhei seu jeito de estar vestida. Agora estava com uma calça jeans mais justa, uma camiseta preta colada preta e sua jaqueta de couro.

–- Er... Vamos? – Colocou uma mexa de seu cabelo atrás da orelha.

–- V-vamos. – sorri. Charlie riu de leve.

– Não voltem cedo, por favor.

Fizemos uma careta de confusão, estranhando a troca proposital de palavras. Resolvemos deixar para lá e saímos em direção a minha moto. Sorte que o capacete que ela usava estava em sua caminhonete que foi substituída por um carro esporte como presente de natal.

–- Quer ir ao seu carro ou em minha moto? – pergunto por educação.

–- Acho que na moto é mais divertido. – Sorriu de canto. Sorri também e me sentei na moto, a ligando.

Manobrei até a rua e coloquei o capacete, logo ela colocou o seu e se sentou atrás de mim. Meio hesitante, suas mãos agarraram minha cintura. Sorri, lembrando-me da nossa primeira vez na moto após eu contar sobre ser um lobo.

Achei que isso poderia fazê-la ficar melhor. Porém continuou no mesmo estado depressivo.

Dirigi até Port Angeles. Deixei a moto velha em um estacionamento e fui com ela para o cinema. Sem os capacetes, é claro. Os deixei amarrado.

–- Bem, tem… Hum… A Entidade? É terror. – a olhei. Ela mordeu os lábios pensando. Não sabia o quanto era tentador ver isso…

–- Ah, vamos ver a Entidade. – me guiou até o caixa. Compramos os ingressos e fomos passear. Faltavam trinta minutos para o filme começar.

–- Quer… Tomar chocolate quente?

–- Hum… Quero vai.

Sorri e fomos buscar chocolate quente.

...

–- Nossa, como está escuro. – Bella falou baixo. A sala estava um breu, mal dava para enxergar os degraus.

–- É verdade. – concordei baixo.

–-Vamos lá para o fundo. – Sua mão quente agarrou a minha. Arrepiei-me com o contato e me deixei ser guiado por ela até o fundo, onde estava vazio. Nos sentamos bem de frente com a tela e colocamos o balde de pipoca no meio. Enquanto comíamos, nossas mãos acabavam por se tocar e eu estava adorando esses mínimos contatos.

(...)

– Foi legal o filme. – Bella falou jogando o pote de pipoca no lixo, depois esfregou as mãos.

– Está com muito frio?

– Hã...

Passei meu braço por seu ombro, com a outra mão segurei as suas mãos geladas. Ela se aconchegou em mim e suspirou.

–- Deve ser ótimo ser quentinho assim.

–- E é. –ri fraco, ela só deu um leve sorrido. – Vamos nos esquentar de uma forma diferente?

Me olhou confusa.

–- Tem uma festa rolando aqui perto. Vai ser divertido. Diversão nos esquenta.

–- Eu não sei Jake…

–-Seu pai está em casa com os amigos, não vamos atrapalhá-los, nem ficar nesse frio. Vamos curtir, vai.

–- Não estou no clima…

–-Você entra no clima!

–- Jake…

–- Vai ser divertido Bells. Confie em mim.

Ela suspirou.

–- Não estou pronta para uma festa.

–- Está perfeita para uma festa. – sorri.

Ela suspirou. Estava finalmente cedendo.

–- Mas…

–- Por favor.

Ela ficou me encarando por alguns segundos, analisando meu rosto. Implorei com o olhar para que ela aceitasse, então ela suspirou e fechou os olhos.

–- Não é justo. Esse seu olhar de cão sem dono me amolece. – Um sorriso brincalhão nasceu em seus belos lábios.

Mordi a língua para não falar alguma besteira, apenas sorri mostrando minha animação e a puxei para uma festa onde sabia que não teria música ruim.

(...)

Pov. Jacob.

Olhei para o rosto de Bella, sua testa estava franzida.

–- O que foi? – Segurei sua mão. Ela se virou para mim.

–- Er… Rock? Sério? – perguntou.

–- Você queria o quê? Aquelas músicas pornográficas? Obvio que não.

Ela riu fraco.

–- Não gostou?

–- Estou gostando. – sorriu de leve.

–- Vamos pegar alguma coisa para beber. – a puxei para o bar. O balcão era uma madeira marrom antiga, um pouco ao lado tinha um palco improvisado com algumas luzes. Instrumentos para alguém cantar. Porém as caixas de som eram preenchida por uma música de CD gravado.

Ao lado tinha os banheiros, em outro conto havia a enorme TV com o DVD de karaokê. O resto da parede era preenchida por mesas. Poucos estavam ali, alguns se arriscavam na pista de dança.

–- Duas cervejas por favor. – Pedi.

–- Hum... Cerveja não. – Bella fez um bico.

–- Você quer refrigerante?

–- Não. Quero uma caipirinha.

Franzi a testa e ela sorriu.

–- É noite de diversão, não?

–- Sim… Então… Vê duas caipirinhas.

O barman. – Jack, estava no crachá. – assentiu e foi fazer nossas bebidas.

Começou a tocar Bon Jovi e Bella começou a batucar os dedos na madeira, cantarolando baixo. Sorri por a ver um tanto mais relaxada.

Enquanto bebíamos devagar, mais pessoas entraram até o bar estar cheio. Bella parecia um tanto incomodada com isso.

–- Hum…

–- Vamos dançar. – a interrompi, fazendo-a deixar o copo quase vazio na mesa e a arrastando para a pista de dança.

–- Eu não sei dançar. – disse por cima da música.

–- Improvisa.

–- Mas…

Fiz palhaçada, dançando de uma forma superidiota. Pelo menos ela riu. Porém continuou parada.

Isso não era divertido.

–- Qual é Bella, vamos dançar um pouco.

–- Não estou bêbada o suficiente para isso! – Resmungou ela. Bufei e cruzei os braços, fazendo bico. – Bem, já que vai ficar parado, vamos ficar parados para lá.

Ela foi se virar, porém a puxei pelo braço, deixando-a perto demais.

Ficamos nos encarando até a música acabar, sorri satisfeito quando começou Seven Nation Army do Withe Stripes.

–- Vamos, dança.

Segurei sua cintura, forçando-a se mexer.

–- Jacob! – ralhou.

–- Vai Bells, é divertido. Se solta e culpe a bebida depois! Ninguém vai notar em você, só no momento em si. Se você cair, ninguém vai notar. Vamos Bella, vamos!

Ela me deixou conduzi-la, sorri ainda mais satisfeito e a puxei para mais perto, facilitando. Ela arfou e tocou meio hesitante meu ombro. Seu rosto estava bem próximo e isso me deixava feliz.

Cantarolei baixo, as luzes começaram a piscar. Efeito novo. Ela sorriu satisfeita e por fim se soltou.

Ela dançava bem para quem tinha dois pés esquerdos muitas vezes. Não vou negar que estava abusando também. Não queria ser levado a mal, mas estava tirando uma casquinha com essa dança. Ela mesma aproximou nossos rostos, fazendo nossos narizes tocarem e enroscando a ponta do dedo em meu cabelo, cantarolando de acordo com a música.

A vontade de beijá-la era tentadora. E ela estava se divertindo, feliz. Seus olhos brilhavam e ela sorria verdadeiramente.

Quando a música acabou, Isabella estava empolgada para a próxima e tive sorte de ter escolhido esse lugar para curtir.

Dançamos muito, paramos para beber e rimos com estranhos, depois voltamos a dançar de uma forma mais sensual.

Ela sorriu maliciosa e segurou meus cabelos. Estremeci com o contado e ela se divertiu.

–- Eu acho que estou bêbada.

–- Só acha? – perguntei. Ela riu e se soltou de mim.

Começou a tocar Cold Blooded de The Pretty Reckless. Estremeci com o toque da música e comecei a dançar devagar, de olhos fechados para me sentir melhor.

Abri os olhos após as primeiras frases da cantora e observei Isabella dançar. Seu corpo se movia lentamente, a luz escura com a luz branca piscando a deixava ainda mais linda. Seus olhos fechados e uma expressão relaxada. Ela não estava fingindo estar bem. Ela estava bem e eu só me sentia feliz por ter causado isso.

Seus olhos se abriram e ela sorriu para mim, se aproximando de mim. Ela parecia tão decidida e eu não sabia qual seria seu próximo passo.

Então ela segura meus cabelos e me força a dançar, só agora percebi estar parado.

–- não precisa ter medo de dançar. – disse irônica. Sorri meio trêmulo e voltei a dançar, seu corpo colado ao meu desprendia minha atenção a dança.

–- Bella... – tentei entender o que ela queria, porém ela colou seus lábios aos meus, fazendo-me parar de falar.

Não consegui deixar de retribuir. Não queria abusar de ela estar embriagada, mas eu não queria parar também.

Seus braços passaram por meu pescoço enquanto sua língua brincava com a minha.

Eu estava no paraíso.

Passei os braços por suas costas, aprofundando ainda mais o beijo e a deitando em meus braços. Um sorriso brincalhão apareceu em seus lábios enquanto ela se afastava um pouco, porém sem me soltar.

E dançamos mais um pouco assim. Como se o que houvesse acontecido fosse normal.

(...)

Desliguei a moto e a esperei sair, ela parou perto de mim.

–- Foi divertido Jake. – sorriu segurando minha mão, tirei o capacete e a olhei.

–-É, foi. Deveria se soltar mais. – brinquei um pouco. Ela riu.

–-É…

Sai da moto para poder me despedir melhor. Ela sorriu e uma brisa bateu em nós. Encarei seus belos olhos que reluzia á luz da lua. Ela deu um leve sorriso e apoiou sua mão quente em meu rosto, acariciando ali de leve. Ficou da ponta dos pés, se aproximou mais e colou seus lábios nos meus.

Foi só um selinho. Pensei em retribuir o beijo, ambos aceitaríamos isso. Porém estragaria o momento, então apenas retribui seu selinho e me afastei, subi na moto e coloquei o capacete, após lhe dar uma última olhada, parti.

Eu estava me sentindo tão bem que aposto que sorriria a noite inteira.