Half-blood Princess escrita por Clara de Col


Capítulo 34
Invadindo um dormitório casualmente


Notas iniciais do capítulo

Olá gente, como vão?
Sim, eu sei que não posto há uma década.
Sinto muito mesmo. Espero que ainda estejam ai esperando por esse cap.
Sabem como é, a escola, agora estou me dedicando muito ao meu vlog também. Muitas coisas aconteceram, mas a vontade de escrever voltou.
Ai está o cap.
Espero que gostem.



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Rua dos Alfeneiros?

— O que esse lugar tem a ver com Snape? — ela começou a acompanhar a caminhada de Dumbledore pela rua silenciosa.

— Não tem tanto a ver com Severo, porém, suspeito que ele esteja por aqui. — ele parou em frente a uma casa trouxa, aparentemente comum e vazia. Nº4.

Dumbledore empurrou o portãozinho de ferro e adentrou o jardim do local com confiança. Lucy o acompanhou aos tropeços, imaginando por que Snape estaria ali. Apenas com os dedos, o bruxo abriu a porta da casa e já foi entrando. Lucy também imaginou se aquilo era comum para Dumbledore. Depois, se lembrou que era Dumbledore, que nada era comum, mesmo num mundo de magia.

— Quem mora aqui Professor? — Lucy encostou a porta, observando o lugar escuro e captando cada detalhe para ver se descobria algo por si mesma e não precisasse mais fazer perguntas aparentemente estupidas.

— Alguns trouxas, e um bruxo. — Dumbledore simplesmente começou a subir a escadaria encostada na parede, e Lucy, sem mais perguntas o seguiu.

O corredor do andar de cima era estreito, e o carpete estava cheio de pó. Lucy observou os quadros nas paredes, de um casal e um menino trouxa. Dumbledore parou na frente de uma porta, colocou Emm no chão, e bateu.

— Snape?

Aquilo seria constrangedor. A porta se abriu com um chiado.

Lucy escutou a voz de Snape, “Dumbledore”, mas não conseguia ver através da porta. Dumbledore era muito alto, a porta muito estreita e o professor tapava tudo. Ótimo.

“O que está fazendo aqui uma hora dessas?”

— Estou apenas mostrando a Lucy onde você está, ela parecia preocupada batendo na porta da sua Sala essa tarde. — disse o professor, sem mais nem menos. Lucy tapou a cara com a mão. Por que Dumbledore era assim?

“Lucy está ai?”

— Oh sim. — Dumbledore olhou para trás e piscou para Lucy — Está bem aqui atrás.

Ela revolveu dar um jeito na situação, antes que entrasse em desespero. Ela cutucou Dumbledore.

— Posso passar? — pediu e o professor a olhou, também olhou para dentro do quarto (para Snape, obviamente). Depois de o que ela sentiu ser uma conversa silenciosa entre os dois, ele abriu caminho.

Snape estava sentado numa cama de solteiro, agora a encarando muito espantado, como se não tivesse escutado Dumbledore dizer que ela estava “ali atrás”. Mas o que espantou Lucy, não foi ver ele ali, sentando, com uma expressão desolada no rosto. Foi observar as paredes, cheias de pôsteres de quadribol colados como também símbolos da Grifinória. A bruxa notou uma foto solta na mesinha ao lado da cama. Ela foi até lá antes que Snape protestasse e agarrou a foto. Eram Hermione Granger, Rony Weasley e Harry Potter, bem pequenos, sorrindo. Ela soltou a foto. Estavam no meio do quarto de Harry Potter.

— Não entendo. — ela sussurrou. Snape se levantou e agarrou seu braço. Ela quase gritou com o susto.

— Eu também não, vamos embora agora. — disse ele, seco, a arrastando para fora do quarto. Lucy definitivamente não esperava aquela atitute. Não sabia de nada, fora arrastada até ali e naquele instante, sendo arrastada para fora.

Snape praticamente voou pelos degraus, a levando junto. A bruxa realmente não soube como não tropeçou nos próprios pés naquele momento. Ele puxou a porta para abri-la e só soltou Lucy quando já estavam fora da casa, junto a Dumbledore que os esperava.

— O que significa isso? — ela esfregou o braço no lugar onde Snape apertara. Ele parecia furioso. Dumbledore levantou as sobrancelhas.

— Eu é que pergunto Dumbledore, o que significa isso?

E assim, o silêncio se instalou. Lucy olhava para aos dois bruxos, sem saber o que fazer.

— Conversaremos sobre isso quando voltarmos. — anunciou Dumbledore, estendendo o braço, pronto para desaparatar novamente.

Ah não.

— E então?

— Nada, obviamente. — Lucy suspirou, cansada.

Depois de desaparatar novamente na Sala de Dumbledore, ela foi praticamente expulsa de lá para os dois conversarem, e vagou sem rumo pelos corredores e escadarias, sem vontade de ter aula. Em um desses corredores, ela não sabia exatamente qual, esbarrara com os gêmeos. Eles passaram juntos da cozinha para encher os bolsos de guloseimas e naquele instante se empanturravam nas arquibancadas da Grifinória.

— Eles me empurraram para fora da sala. — ela olhou para o bolinho como se toda a culpa fosse dele.

Em poucos minutos, logo após a última aula do primeiro período, haveria um jogo. Aliás, a final. GrifinóriaxSonserina. Os jogadores já estavam se aquecendo. Ela não estava muito afim de assistir, por que teria que torcer para Sonserina. Então, apenas daria o fora dali.

— Eu ainda não entendi... Nada. — concluiu Fred, virando uma garrafa de suco de abóbora, depois limpando a boca com a manga da capa. — Desde a parte que Dumbledore te levou para lá, Snape estar lá...

— E você acha que eu entendi alguma coisa? — ela fez um bico, exasperada.

Depois do jogo, os gêmeos e ela colocariam o plano de invadir o dormitório dos meninos da Sonserina em prática, Lucy se lembrou, vagamente. O que fez ela se perguntar...

— E então, o que acharam de Harper?

Eles se entreolharam sorrindo. Lucy adorava o olhar cumplice que eles compartilhavam, assim... Adorava.

— O que fizeram com ele? — ela perguntou, um pouco irritada.

Estava tão acostumada em saber tudo o que eles faziam, que agora qualquer coisinha estupida que eles não compartilhavam com ela, ela sentia uma pontada de irritação. Era algo tonto de se sentir, ela concluíra consigo mesmo, mas não ligava.

— Calma Lucy, não fizemos nada demais. — Jorge tentou a tranquilizar, segurando a risada.

— Imagino. — Lucy olhou para o gramado, alunos vinham correndo loucos para pegarem lugares nas arquibancadas. — Bom, essa é a minha deixa.

Ela se levantou, fez seu toque de mãos louco com Jorge para dar sorte e ele voou junto dos outros jogadores.

— Você vai fazer o que agora? — Fred ainda estava sentado, olhando com preguiça para a vassoura. Lucy estranhou.

— Não sei. Lição talvez, dormir um pouco. — ela deu um empurrãozinho nele — Temos um grande plano a ser executado hoje! Cadê a animação?

— Tem razão... — ele esticou as mãos no ar, como se estivesse apresentando um produto ou uma estrela do rock — Seu primeiro Plano oficialmente executado. Parabéns.

Lucy percebeu a ironia da voz dele.

— Idiota. — ele riu, — aliás, cadê a animação para o jogo?

Fred se levantou, segurando a vassoura e fingindo uma falsa animação com uma dancinha ridícula. Lucy revirou os olhos.

— Para.

Ele a empurrou.

— Você não pode ficar e assistir? — perguntou.

Lucy percebeu. Ele estava pedindo para ela ficar. De uma maneira muito sutil, tão sutil que poderia ser quase despercebida. Mas estava. Ela enrubesceu, meio sem querer e balançou a cabeça, perdendo o equilíbrio e quase enfiando o pé num vão da arquibancada.

— Uoou, cuidado. — ele riu. Lucy se afastou um pouco, meio rindo, meio tropeçando.

— É... Eu não posso mesmo, desculpa. — ela abaixou a cabeça — Nós nos vemos mais tarde, então.

Ela acenou e deu as costas, andando com dificuldade pela arquibancada, se mortificando. Aquela fora a cena mais ridícula de toda a sua vida. Nunca ficara tão sem graça e praticamente por nada. Você é uma idiota, Lucy Snape, uma idiota.

Quem ela queria enganar? Não iria fazer lição. Chegando ao Salão Comunal da Sonserina, ela encontrou Emm se enrolando na franja do luxuoso tapete disposto entre os sofás. Ela foi até lá e se permitiu deitar em um deles, fechar os olhos e tentar esquecer um pouco de tudo.

— Lucy? — uma voz a resgatou de sonhos sem sentido entrelaçados. Ela se sentou abruptamente e sua mão agarrou a varinha, apontando diretamente para o nariz de Harper.

Ela suspirou de alívio.

— Ah, oi Harper. — Lucy abaixou a varinha, se recompondo. Harper olhava para os lados, parecia nervoso. — Que horas são?

— Quase na hora. — disse ele, os pés mudando de posição furtivamente — Eu diria para você ir dormir.

Lucy tirou a franja dos olhos e encarou Harper. Ele estava falando sério ou sendo irônico? Ele encarava ela com o mesmo pesar. Ela entendeu a mensagem.

— Claro. — se levantou, procurando por Emm, depois percebendo que isso era uma das coisas inúteis que ela vivia fazendo. — Então, até amanhã Harper.

Ela sorriu, achando meio cafona o que estavam fazendo mas não podendo negar que era divertido. Havia vários alunos ali, guardando livros, jogando conversa fora, e indo para os dormitórios. Ninguém nunca imaginaria o que estavam prestes a fazer no meio da noite, enquanto todos eles estavam dormindo. Essa era uma das partes que Lucy mais gostava. Estava fazendo algo que não podia ser tachado, ou considerado por que era incerto. Era errado e incerto. Harper estava provando pela primeira vez um pouco daquilo e ela pode perceber que estava sendo bom para ele. Ele estava gostando. O brilho no seus olhos e a provável sensação no seu estômago poderiam lhe denunciar.

Lucy andou até a entrada dos dormitórios e foi até seu quarto. Violet conversava com as outras garotas, meio rindo. Pelo visto, já tinha esquecido tudo o que acontecera com Tracey e tudo o mais. Ou se ainda não, estava guardando para si. O que era um luxo que Lucy dispensara a algum tempo. Ela pensaria em algo para Tracey depois, no momento, todas suas forças estavam concentradas em colocar as mãos naquele Diário. E se livrar da sensação de nojo, imaginando Malfoy o folheando com seus dedinhos nojentos.

— Lucy! — Violet sorriu, chamando ela para uma rodinha formada em uma das camas. Lucy foi até lá sem cerimônias. — Olhe só isso.

Ela jogou a revista Semanário das bruxas para a amiga, que já esperava o pior, mas não. Era apenas, Lucy esticou as sobrancelhas surpresa, um ranking de garotas mais bonitas de Hogwarts. Lucy revirou os olhos, era ridículo, sem duvidas. Mas as garotas pareciam frenéticas, e interessadíssimas.

— Será sempre atualizado, não é... Incrivel? — uma das garotas perguntou a Lucy, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Ela concluiu, que deveria ser, para elas.

— É... Maravilhoso. — Lucy sorriu. — Agora, se me dão licença, tenho que dormir meninas. Boa noite.

As bruxas e Violet deram boa noite de volta e voltaram a fofocar. Lucy riu internamente, era bom, não ser tratada mais como uma aberração por ali.

~

Lucy acordou 5 minutos antes do horário combinado. Como de costume, tomou sua poção Quies, se vestiu e pegou uma mochila já preparada embaixo de sua cama. Com cuidado para não ser vista, esgueirou-se para o Salão Comunal, com a varinha acesa.

Ficou um tempo moscando, olhando para o escuro, quando sentiu alguém se aproximar de súbito. Seu coração bateu descompassadamente. Era Harper, claro, quem mais seria?

— Caramba Lucy. — ele sorriu achando graça, sua varinha também acesa. — Precisa trabalhar no negócio do controle emocional.

— Não me insulte Harper. — ela sussurrou, e jogou um vidrinho de Quies para ele — Você faz mais barulho que um macaco bêbado pisando em taças de cristal.

Ele levantou as sobrancelhas e então virou a poção, limpando a boca na manga do moletom da Sonserina que estava usando. Lucy reprimiu um barulho de nojo. Ela apontou para a saída. Ele assentiu.

Sem fazer nenhum barulho, eles caminhavam pelas masmorras. Lucy tirou o Mapa do Maroto da mochila e o abriu, tranquila ao ver que ninguém se aproximava, e pelo visto, ninguém estava acordado aquelas horas. Harper pareceu um pouco desequilibrado ao ver o Mapa, mas não abriu a boca.

Chegando a entrada das masmorras, eles pararam. Lucy atirou uma pequena bola de fogo em direção aos corredores e esperou. Um minuto mais tarde, outra bolinha retornou.

— Eles estão vindo, segure isso e me avise se alguém se aproximar. — ela entregou o Mapa para Harper e olhou fundo nos seus olhos. — Se qualquer coisa acontecer com esse Mapa, Harper... Eu juro que arranco suas mãos fora.

O bruxo assentiu várias vezes. Lucy sabia que tinha insistido para Harper participar do plano, mas não estava mais tão confiante. Talvez fosse a adrenalina enchendo sua cabeça. Ela se aproximou do corredor, agachou, e rolou as duas garrafinhas de Quies enfeitiçadas pelo tapete, uma de cada vez, de modo que elas rolassem em tinha reta até o fim. Então esperou. Olhou para Harper, ele olhava o mapa com concentração. Depois, elas retornaram vazias. Sorriu para o escuro e se levantou.

Mexeu na mochila, sentando-se no chão, guardando as garrifinhas vazias, e retirando sua mais nova aquisição/roubo de lá. Jogou algumas coisas no tapete enquanto Harper segurava as varinhas, iluminando o espaço. De repente, os Gêmeos estavam ali. Harper deu um pulinho, mas continuou segurando as varinhas. Quando terminou de guardar tudo, se levantou e jogou a mochila no seu ombro.

Fred gesticulou e pegou a Capa da invisibilidade das mãos de Lucy, cobrindo a ele e o irmão. Harper apenas observava, um tanto desconcertado. Lucy apontou. “Vamos.”

Eles entraram no Salão Comunal novamente, Lucy pegando o mapa de volta e entregando a mochila para Harper. Não era legal ficar segurando tanto peso, ainda mais com alguém ali do lado disposto a segurar sua mochila, ela concluiu, com os olhos atentos no mapa.

O próximo passo era o principal: Dormitório dos meninos. Eles chegaram na porta dos dormitórios, e Harper mostrou o caminho para o quarto de Malfoy. Lucy escutara alguns alunos dizendo que ele monopolizara o quarto uma vez mas achou muita besteira, e egocentrismo demais até para Malfoy. Não sabia se gostava de dizer, que naquele momento, estava bem curiosa pra saber se os boatos eram verdadeiros. Parou em frente a porta com os Gêmeos bem atrás dela. Ela abriu a porta com facilidade já que ata estava destrancada. Que ingênuo.

Fez um sinal para Harper ficar ali fora e entrou com Fred e Jorge. Iluminando o espaço com sua varinha, Lucy ficou triste em perceber que não, Malfoy não havia monopolizado o quarto. Seria sem dúvida uma boa fofoca pra espalhar.

Ela se aproximou da cama dele para conferir: estava praticamente morto, babando feito um animal no travesseiro. A bruxa fez uma careta. Fred e Jorge conferiram as camas de seus colegas de quarto e fizeram sinal positivo. Mais uma parte do plano completada: infiltração. Lucy estava se sentindo bem clichê em ficar lembrando das partes do plano na cabeça, mas era preciso. Um passo em falso e sua dignidade teria um fim. Tentou não pensar em como seria a risada cínica de Malfoy se ele descobrisse que ela estava invadindo o quarto dele, e continuou um tanto tensa.

Vasculharam em todos os lugares: debaixo das cama, nos baús, malões, em armários, tentaram até ver se o assoalho era solto podendo esconder algo, mas nada. Malfoy se mecheu. Lucy congelou na mesma hora. Os Gêmeos se jogaram no chão e ela procurou pela capa da invisibilidade jogando-a por cima do corpo. Observou quando Malfoy se levantou, murmurou palavras e virou-se na cama, deitando do outro lado.

Se não fosse por isso, ela não teria notado o diário de baixo do travesseiro. Com toda certeza o lugar mais clichê do mundo pra se esconder um diário secreto, Lucy pensou. Ela se aproximou, colocou o braço pra fora da capa e não fez muita cerimônia ao pegar o diário. Malfoy se mexeu novamente, e dessa vez acordou. Lucy prendeu a respiração, mesmo sabendo que esta não faria barulho algum. Estava meio atordoado, olhou para os lados, depois voltou a se deitar, sem perceber nada. Ela saiu de baixo da capa e dobrou-a, fazendo um sinal para os gêmeos a seguirem para fora do quarto.

No fim das contas, ela só respirou quando estava de volta ás masmorras. Harper lhe devolveu a mochila e voltou para seu quarto. Ela e os gêmeos sentaram-se num sofá do Salão comunal. Lucy acendeu um abajur que estava ali perto e observou o diário. Tinha capa vermelha e era aveludado, não muito grosso e um laço dourado servia de fechadura.

— Está esperando o que Snape? — Fred sussurrou. Ela abriu o livro e passou os dedos pelas folhas. Estavam bem gastas.

— Agora não é o momento. — ela disse mais pra si mesma que para Fred. Ele a olhou bem confuso e ela deu de ombros. Jorge bocejou.

— Acho que está na hora de irmos Fred. — disse ele.

O irmão concordou. Eles se levantaram e Lucy ficou ali parada, olhando pro diário. Fred agachou-se na frente dela.

— Faça quando achar que é certo Lucy. — ele disse. Ela assentiu e olhou para o amigo. Os olhos dele brilhavam um pouco e refletiam a luz do abajur. Lucy nunca olhara para os olhos de alguém e sentira tanta tranquilidade.

— Vou fazer isso.

~

O diário acabou intocado por dias. E quando chegou a véspera das esperadas férias de verão, Lucy o enfiou no malão. Fred e Jorge resolveram matar todas as aulas do dia (coisa mais linda) e a chamaram pra fazer sabe lá o que. Ela aceitou, porém tinha que fazer algo antes. Convencer Snape a deixá-la passar uma semana na casa de Violet.

Ela respirou fundo em frente a porta da sala de aula dele. Alunos do primeiro ano estavam saindo, contentes e quase chorosos por aquela ser a ultima aula de poção do ano. Lucy entrou quando o ultimo aluno saiu. Snape se levantou de súbito, com a cabeça erguida e olhar seco como sempre.

— Lucy.

Ela se aproximou da mesa, pensando nas palavras certas, quando percebeu que não havia nenhuma. Ela aprontara bastante no Natal, e mesmo que tivesse uma pequena intimidade com Snape agora, duvidava que ele deixaria. Mas não conseguia pensar em passar quase três meses sozinha na Mansão. Tinha Lynn, mas ela estava sempre cheia de trabalho. E era bem provável que os Malfoy passassem um tempo lá.

— Eu queria lhe pedir uma coisa. — disse ela, escolhendo cada palavra muito bem, ou tentando. — Se não for demais, eu gostaria de passar uns dias na casa de minha amiga Violet.

Ele fez cara de horrorizado.

— É pedir demais. — disse. Lucy suspirou.

— Eu te imploro. — ela decidiu apelar. Ainda não sabia qual seria a reação dele, mas quis arriscar — Não quero ficar sozinha moscando as férias inteiras.

— O que é moscar?

— Você me entendeu Snape. — ela procurou o cabelo pra mexer, mas novamente não o encontrou. — Uma semana, é tudo que estou te pedindo.

Snape ficou calado pelo que pareceu uma eternidade. Lucy pode notar que sua mesa estava cheia de pergaminhos demais, e o chão cheio de pó demais e tudo muito escuro demais pra uma sala de aula.

— Três dias. — ele falou com a voz cortante e Lucy sabia que era o máximo que ela iria conseguir mesmo dando vontade de implorar por mais.

Ela assentiu e conseguiu sorrir até. Três dias eram pouca coisa, mas eram alguma coisa.

— Obrigada Snape. — ela se aproximou sem perceber, como se por um momento, pensasse em abraçá-lo. Depois apenas corou e acabou saindo dali rápido demais.

~

— TRÊS DIAS? — Violet caiu no banco, exasperada. — Isso é a mesma coisa que nada.

Lucy revirou os olhos.

— Não exagera Violet. — ela avistou Emm se aproximando. — Isso é bem diferente de nada.

A amiga fez uma careta.

— Tracey não conversou mais com você? — Lucy perguntou e ao ver a cara de Violet, se arrependeu.

— Me surpreende você perguntando de Tracey. E não, ele teve a decência de não conversar mais comigo. — ela olhou para baixo, com a expressão triste de repente.

Lucy sabia que Violet ainda era apaixonada por Tracey. Qualquer idiota sabia. Mas Tracey como ele mesmo provara era um batia de um babaca. Lucy pagaria qualquer coisa pra poder dar uma boa surra nele novamente.

— Enfim, tenho que começar a planejar nossos três dias. — Violet se iluminou. — Contou para Georgie?

Lucy assentiu.

Lucy e Georgie andavam trocando cartas. Numa delas, Georgie disse que conversara com Snape sobre ir visitá-la nas férias na Mansão. Ela ficara bem animada. Sentia falta da mãe constantemente e seria muito bom colocá-la a par de tudo. Ela escrevera, dizendo que Snape deixara ela passar três dias na casa de Violet.

— Lindo. — ela olhou os alunos se movimentando. — Temos que ir, aula de Transfiguração.

Lucy riu.

— Vou tirar uma folga hoje. — ela deitou na grama, escutando Violet xingar.

— Bom, te vejo depois.

O sol estava quase se pondo, os raios ultrapassavam os galhos do carvalho e esquentavam algumas partes do rosto de Lucy. Emm se esticava junto com ela. Não conseguia acreditar como quanta coisa mudara em apenas um ano. Em poucos dias, teria que voltar para a Mansão Snape e viver feliz pra sempre. Ela suspirou em alto e bom som.

— Suspirando muito é? — Fred deitou ao seu lado.

— Sim.

— Matando aulas também pelo visto. — ele completou. Ela riu.

— Quem liga? Férias longas de verão em poucos dias. Iupi.— ela comemorou sarcástica.

— YAAAY COPA MUNDIAL DE QUADRIBOL! — ele agitou as mãos no ar, feito um louco. Lucy fez um bico. nem precisaria pedir para Snape. Sabia que ele não a deixaria ir. — Você tem que ir com a gente Lucy.

— Que jeito?

— Meu pai economizou o ano todo pra isso! — ele se sentou rapidamente e puxou ela para que se sentasse também. — Vamos comer até cansar, Lucy.

Ela deu risada.

— Adoraria ir, sério.— ela olhou para o amigo, triste — Já acho um milagre ele ter deixado eu passar três dias na casa de Violet.

Fred murchou. Eles ficaram em silêncio por um tempo. Fred observava a grama, e Lucy observava Fred. Os olhos do amigo se encheram e ele piscou.

— Lucy. — ele segurou os ombros dela. — Ele especificou que três dias você ficaria lá?

Ela tentou captar a ideia dele, mas não conseguiu.

— Não… — Fred sorria feito um tonto, ela começou a rir — O que é isso?

Então se tocou.

~

— VIOLEEEEEET! — ela pulou em cima da amiga que dormia profundamente embaixo de uns trinta travesseiros.

Ela virou um tapa na cara de Lucy. A bruxa acariciou o rosto, choramingando, porém rindo.

— Que foi sua sem noção?

— VAMOS NA COPA MUNDIAL DE QUADRIBOL! — ela levantou os braços para cima e começou a pular em cima dos joelhos na cama. Violet levantou as sobrancelhas.

— Ah é? — ela voltou a dormir — Beleza.

Lucy saiu do dormitório radiante, pulando pelo Salão comunal da Sonserina.

— Que alegria toda é essa Snape? — Malfoy gritou, rindo com seus abutres. Lucy resolveu relevar. Estava muito feliz.

— Sinto muito Malfoy, hoje não vai conseguir me perturbar. Mas valeu a tentativa.


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