Half-blood Princess escrita por Clara de Col


Capítulo 30
Um plano B de Barraco


Notas iniciais do capítulo

HEEY LINDOS E LINDAS
Como passaram de carnaval? (falem por vocês, eu odeio carnaval rs)
Sei que demorei, eu sei... Mas o primeiro mês da escola nova foi beem puxado, e eu acabei nem tendo tempo para escrever. Enfim, aqui está o cap.
Espero que gostem!



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— E então, ele perguntou como eu tinha feito tudo aquilo, mas... Como você explica exatamente o jeito que explodiu a cozinha para os seus parentes trouxas?

Lucy riu. A Biblioteca estava quase vazia, a não ser por ela e Simas Finnigan. E, ao contrário do que ela pensava, as coisas não estavam estranhas. Não muito, pelo menos.

— Você poderia explodir a cozinha lá da casa do Snape. — sugeriu Lucy, rindo sem saber exatamente o porquê. — Mas primeiro, eu teria que tirar todos os elfos de lá. São muitos. Mesmo.

— Deve ser por isso que Snape tem aquela... Você sabe... Pança. — disse Simas, e Lucy tornou a rir. Nunca reparara na barriga de Snape. Por que faria algo assim, afinal?

— Também deve ser por isso que ele usa só preto, pensando bem. — Simas deu de ombros, observando Lucy com atenção. Ela ria sem parar. Os livros abertos que eles pegaram nas prateleiras continuavam intocados em cima da mesa.

— Tudo ficou tão louco. — Lucy suspirou, de repente. — E me mudar para a casa de Snape acabou comigo. Ainda tem as férias de Verão, por Merlin.

— É... Eu andei lendo o Profeta e...

Lucy arregalou os olhos. Pronto, pronto. Droga.

—... Sei que é tudo baboseira. — ele concluiu. — A maioria pelo menos.

Ela assentiu um tanto aliviada. Mal tinha pensado em como ficara sua amizade com Simas depois de tudo aquilo. Pelo visto, nada tinha mudado.

— Como essa nova edição da coluna falando besteira do seu cabelo e... — ele parou ao ver a expressão horrorizada de Lucy — Eu sei! Como se não fosse uma droga, e como se seu cabelo não estivesse lindo e...

— Eu não tenho lido a coluna, na verdade. — confessou a bruxa — Snape cancelou sua assinatura. Para se poupar, imagino. Mas pelo visto isso vai mudar.

— Ah sim. — ele abriu um livro, finalmente. — Mas, me fala, como começou essa coisa com os Gêmeos Weasleys?

Lucy abriu um livro também, para não ficar moscando feito idiota. Procurou o cabelo para mexer, o que fazia quando se sentia desconfortável, mas ele não estava ali. Pelo menos, não boa parte dele. Ela balançou a cabeça. Não precisava mexer no cabelo, não precisava. Aquilo era uma insegurança ridícula.

— Me diga você, que falou que eu podia pedir ajuda para eles. — Lucy se pegou lembrando da festa de Halloween. Mal vira Harper ou Dafne ainda. Será que também estava evitando? Era provável. — Foi bem espontâneo na verdade. Eu precisava de uma loucura para não...

—... Ficar louca? — ele terminou para ela. Ela sorriu.

— Exatamente.

Simas saíra da Biblioteca antes dela, que ficara para procurar um livro específico. Depois de guardar os que pegara de disfarce, Lucy procurou o livro na seção de Poções. Não era lá um livro muito procurado, mas ela teria de tentar. Procurou sem parar, mas nada. Nada.

— Que diabo! — ela sussurrou, com vontade de pegar um livro e atirar em alguém. Respirou fundo. Teria de controlar sua raiva se quisesse seguir em frente com o plano. Sim.

Passou os dedos pelos livros, tentando se reconfortar com a textura deles, quando sentiu algo diferente. Um pedaço de pergaminho. Ela puxou com cuidado e o abriu.

“Corujal, meia-noite.”

Mas que diabo?

Ela enfiou o pergaminho no bolso, escutando passos e risadinhas. Algumas lufanas estúpidas que praticamente gritavam dentro da Biblioteca. Quando avistaram Lucy, se calaram imediatamente. Que droga, ela era algum tipo de animal selvagem agora?

— Boa tarde garotas, estão se divertindo praticamente gritando dentro da Biblioteca? — Lucy sorriu, esbanjado sua melhor expressão irônica e as garotas se encolheram.

Nem quis imaginar o que Rita Skeeter andava escrevendo na coluna idiota. Talvez soltara um boato que o ar que ela respirava era tóxico. Ela revirou os olhos e saiu dali com o saco cheio.

Pior que uma segunda-feira, era uma segunda-feira de aula dupla de Poções com Corvinal e Grifinória. Uhul. Graças à Merlin, o ano estava chegando ao fim e ela teria suas merecidas férias de Verão. Na casa de Snape, ah que lindo.

Chegando até as masmorras, Lucy abriu o pedaço de pergaminho que encontrou no livro de Poções. Estava bem batido e as pontas já desbotadas. A letra era bem diferente das quais ela estava acostumada, era de forma e bem despojada de alguma maneira. Ela se pegou perguntando por que diabos estava guardando aquilo? Não era idiota? Algo a prendia para aquele pergaminho, estranhamente.

Sentada em uma das mesas, com todos passando longe dela, aquilo já não preenchia mais as cabeça. Ela pensava no plano. Precisava colocá-lo em ação se não quisesse que seu Verão fosse um tártaro. Alguns corvinais a encaravam sem pudor. Mas o que era aquilo? Não era possível que ela era a única atração de Hogwarts no momento. Que diabo. Lucy se concentrou na mesa de pedra com todas as suas forças. O ar começara a pesar.

— Hey, Lucy. — algum tonto de cabeça se sentou ao seu lado, que um segundo depois Lucy descobrira ser Harry Potter.

— Obrigada. — ela agradeceu. Ficar ali sentada sozinha enquanto alunos se espremiam entre si era ridículo e começara a incomodar.

— Não tem de quê. — ele parecia abatido, e tinha alguns curativos nas têmporas.

— O que anda fazendo Potter? — ela brincou, apontando para o curativo e ele pareceu constrangido, sorriu nervoso.

— Alguns treinos que deram... Errado.

— Ah. — ela moscou — Sinto muito.

Ele deu de ombros, gentil. Ela tinha que admitir que com Harry Potter ali do seu lado, ela se sentia menos uma atração. Afinal, ele também tinha lá sua fama. Mas já devia estar acostumado com aquilo, já ela... Se surpreendia as vezes por se importar com idiotas.

As risadinhas e cochichos pararam no instante que Snape adentrou a sala mal iluminada. Ele deslizava como sempre, com seu semblante gelado e inabalável. Fuzilou Lucy quando percebeu quem estava ao seu lado. Ela queria muito sorrir para ele apenas para irritá-lo, mas se deteve. O plano, Lucy. O plano.

— Hoje, teremos uma aula muito divertida. — ele olhou para toda a sala com um sorriso muito, muito tenebroso. Lucy franziu as sobrancelhas. Aí tem. — Alunos voluntários me ajudarão com algumas coisas aqui. Página 456, por favor.

PERFEITO. ÓTIMO. LUSTROSO.

Ele passeou pela sala fuzilando cada um dos alunos com muita determinação. Lucy apostava qualquer coisa que tinha que Dumbledore estava bêbado quando concedeu a Snape a tarefa de ser um “educador”. O que ele fazia ali era pressão psicológica, sério mesmo. Ela já estava costumada, obviamente. Mas jurou que um garoto corvino mijou nas calças ali mesmo. Literalmente.

Ele parou lá na frente e apontou o dedo para Lucy. Nada de impressionante por hoje.

— Harry Potter e Lucy Snape, venham aqui. — ele falou com um tom de voz que calou até o zunido dos mosquitos. Não era nenhuma surpresa aquilo, Lucy acrescentara a sua lista de adjetivos para Snape: clichê. Aquilo foi clichê pronto.

Harry já estava se levantando quando Lucy o puxou de volta para a cadeira. Seu plano estava em risco, mas ela não podia perder aquela chance. Além do mais, o que não estava em risco bem... Na sua vida inteira?

— Acho que não ouvi bem Professor Snape. — disse ela, com um sorriso angelical. — Alunos voluntários. Nem eu, e nem o Potter nos voluntariamos.

Uma veia pulsou na têmpora de Snape. Harry estava paralisado ao seu lado, mas ela pode jurar que o ouviu xingar baixinho.

— Perdoe-me, Senhorita Lucy. — ele se aproximou da mesa — Acho que a Senhorita não ouviu bem que eu sou a autoridade máxima aqui e estou voluntariando você e o Senhor Potter. Agora.

Harry tornou a se levantar. Lucy revirou os olhos, que merda de desculpa. Eu sou o professor, eu mando. Eu sou o Snape, eu mando. Eu sou seu pai, eu mando. Argh

Ela se levantou, prestando muita atenção nos rostos que agora sorriam. Ela se lembrariam deles, ah se lembraria.

Snape fez ela e Harry fazerem a poção super desastrosa lá na frente, sem piedade. Harry parecia apavorado, mas Lucy respirou bem fundo e não abriu a boca nem para respirar direito.

— Agora vamos ver como os voluntários se saíram. — Snape andou até Harry e fez uma careta (que em outra ocasião faria Lucy rir muito, mas no momento não. Ela estava feita uma macaca em exposição ali). — Como sempre, terrível em Poções Potter, menos 5 pontos para a Grifinória.

O bruxo suspirou baixo, já acostumado com aquela frase pelo visto. Então Snape virou-se para Lucy e seu caldeirão. Mexeu nele com a concha, olhou para Lucy, para a poção borbulhante, até chegou a cheirá-la. No fim das contas, cerrou o maxilar.

— Parabéns, Senhorita Lucy. — ele disse, entredentes. — Parece que mais uma vez você conseguiu nos surpreender com suas habilidades.

Lucy o olhou sorridente, porém um tanto cansada. Aquele joguinho estava se tornando rotineiro, mas nunca iria perder a graça. Não quando ela ganhasse a partida.

— Obrigada Professor Snape. — ela ousou — Vulgo dizer que deveria acrescentar 5 pontos para a Sonserina pelas minhas incríveis habilidades.

Era uma frase bem convencida. E bem metida, Lucy acrescentou pensando em como poderia ter formulado uma frase melhor, mas estava com preguiça. Snape ergueu as pesadas sobrancelhas.

— E eu Senhorita, vulgo dizer que sua demonstração orgulhosa de como pode ser arrogante lhe retirou todo o seu crédito. Sem pontos para o Sonserina por hoje.

Ah claro, estamos empatados Snape. Obviamente, se você não roubasse tanto, eu já teria ganhado toda essa porcaria de joguinho.

— Tortinha de abóbora? — Lucy tentou a sorte, já que “doce de limão” não funcionava mais. A bruxa bufou na frente da enorme fênix de pedra. — Talvez, hm... Kit-kat? SEI LÁ, vá assaltar a geladeira também, Dumbledore seu guloso!

— Por que não tenta “Lucy Snape”? — ela tentou ignorar a piada sem graça de Pirraça, que encanara com ela e se sentara ali só para humilhá-la. — Ah, é mesmo. Isso é muito azedo.

— Vá se ferrar, Pirraça! — ela cogitou mostrar o dedo médio para o polgerist. Não, ele não valia seu precioso dedo.

— Ou, devo dizer, amargo? — ele explodiu em gargalhadas. Nossa QUE ENGRAÇADÃO VOCÊ FERA! Lucy revirou os olhos e começou a caminhar para longe dali quando um vulto passou por sua cabeça.

Ela se virou, rápida e deu de cara com Fawkes batendo as asas em frente a fênix (olha só que irônia mais sem graça) e ela começar a girar num instante. A bruxa não perdeu tempo e correu até lá. Por uns cinco centímetros, não foi dilacerada pela estátua da fênix.

— Olá Fawkes. — cumprimentou Lucy, não subestimando a fênix de Dumbledore. Ela já desistira de pensar que animais não tinham pensamentos próprios quando Emm a abandonara para dentro daquele maldito Salão Comunal, e sumira.

A fênix fez o barulho que as fênix fazem e voou para dentro da porta, já aberta, de carvalho. Lucy a acompanhou e encontrou Dumbledore muito entretido – roncando na sua poltrona. Ela pensou em como era raro algo como aquilo, e em como precisava falar com o diretor, mas ele parecia tão feliz ali dormindo que ela só se sentou e decidiu esperar ele acordar.

Ela estava quase cochilando ela mesma, quando escutou um ruído.

— Que indelicado, Lucy. — o diretor bocejou preguiçosamente — Como descobriu minha nova senha?

Lucy pensou ter ruborizado. Até o diretor soltar uma fraca gargalhada. A bruxa soltou o ar. Velho brincalhão.

— Fawkes estava entrando. — explicou ela. — É uma bela fênix, a do senhor.

Ele assentiu e jogou umas bolinhas coloridas dentro da boca, Lucy se pegou refletindo sobre o que seria aquilo.

— Mas você não veio aqui para falar sobre a beleza de Fawkes. — Dumbledore concluiu, sozinho.

— De fato. — Lucy endireitou-se. Nunca soube por que, mas quando queria dar o devido respeito a alguém, simplesmente esticava a coluna. Aquilo era algo terrivelmente inútil de se pensar, mas tudo no momento era pensável. — Quero passar minhas férias de Verão com Georgie.

Dumbledore arqueou as sobrancelhas. Lucy prendeu a respiração e soltou a coluna mais uma vez. O pior já tinha passado, mas ela nem sabia por que estava tão ressentida em pedir algo para Dumbledore. Talvez viver tanto na companhia de Snape (não era TANTO assim, mas era bem mais do que ela acharia razoável) lhe desacostumara com os outros adultos. Os adultos vivos, talvez.

— Tenho muitas saudades de casa, entende? — ela tentou formular um argumento plausível. — Georgie... Bem, ela precisa de mim.

Isso era bem uma verdade, mas Dumbledore sabia que aquele não era o motivo. Ela também sabia.

— Entende o que está me pedindo Lucy?

Ela olhou para os próprios pés, frustrada. Um NÃO seria bem mais confortável que um argumento melhor que o dela. Mas, então ela se tocou: Realmente não entendia a gravidade do que lhe pedia.

— Não entendo Professor. — ela encontrou o olhar pesado de Dumbledore. Só então notou que ele não estava com os óculos meia-lua. Seus olhos pareciam maiores.

— Sua segurança tem que ser presada.

Lá vem a história de segurança novamente.

— Mas, professor, nada me aconteceu fora de Hogwarts. — ela disse, acabando de argumentar contra si mesma. Se deu um tapa na testa.

— Exato, Lucy. Por que a senhorita estava na casa de seu pai, Severo.

A frase fora um tapa na sua cara. Seu pai, Severo. Seu pai, Severo. Seu pai, Severo.

— Pelo que eu soube, você deu uma escapadinha bem perigosa. — ele apontou para Lucy — E, se me permite, gostei de seu novo penteado.

Ele se levantou. Lucy conhecia aquilo. Era ora de ir embora. Ela se levantou, sentindo-se um porre. O comentário sobre seu cabelo passara despercebido fácil diante dos fatos que ela recusava a aceitar: passaria meses naquele lugar desprezível. E ponto final.

— Por favor, Professor. Peço para reconsiderar. — ela insistiu. Dumbledore sorriu, ignorando-a e empurrando-a até a porta

— Adoro suas visitas Lucy.

E fechou a porta na sua cara. Ela abriu a boca, depois fechou. Era isso.

— Bom, nesse caso, precisamos do Plano B. — disse Jorge, enquanto eles estudavam para o resto dos exames finais, no Grande salão.

— Como se um plano b fosse moleza. — resmungou Lucy, grifando um livro de Herbologia com tanta raiva, que temeu que a pena rasgaria o papel.

— Snapezinha... — Fred chamou sua atenção. Os dois se entreolharam.

Mas o que é agora?

— Já temos um Plano B. — disseram, em uníssono.

Ela revirou os olhos.

— E resolveram me contar isso só agora? — ela fez uma careta e voltou a grifar o livro com pesar. — Se aqueles idiotas não pararem de olhar aqui vou atirar alguma coisa neles.

Fred e Jorge olharam juntos para o grupo de lufanos sentados na mesa da Lufa-lufa, nada concentrados em seus deveres pelo visto.

— Um plano b é bem mais arriscado que um plano a. — declarou Fred, fuçando no seu bolso. Quando achou o que desejava, jogou na direção dos lufanos. Lucy escutou uma pequena explosão, e papéis voaram pelo Salão. Os gritinhos histéricos de algumas garotas completaram a cacofonia.

Os gêmeos voltaram a encará-la, como se nada tivesse acontecido. Ela até tentou segurar o riso.

— Minerva vai matá-los. — Lucy riu. Eles deram de ombros, sorrindo.

— Ameaças vazias. — falou Jorge, acariciando Emm que acabara de surgir do nada, desfilando pela mesa da Sonserina.

— Essa gata é muito estranha. — Lucy olhou para os olhos azuis de Emm, que parecia em êxtase com os carinhos de Jorge. — Agora, só tem olhos para você.

Ele tomou a gata nos braços.

— Nós nos entendemos.

Lucy olhou para Fred e ambos riram. Jorge olhou para os dois e apertou a gata ainda mais.

— Ela precisa comer, que péssima dona você é Lucy Snape. — disse Jorge, sussurrando coisas para Emm. Lucy revirou os olhos.

— Se ela não ficasse saracoteando por territórios proibidos, eu seria uma melhor dona.

Jorge se levantou da mesa e saiu com Emm no colo. A bruxa ficou olhando por um tempo, pensando no que exatamente pensar.

— Vem cá, Snapezinha... — Fred a chamou. — Você já tentou... Hm, ter uma relação com... Snape?

Lucy não acreditou que o amigo lhe perguntara aquilo. Ela abriu a boca pronta para lhe lançar maldições ou até mesmo negar até a morte mas então se tocou: Ela nunca tentara mesmo ter uma relação com Snape. Pelo menos não uma normal. Ela fechou a boca.

— Não. — suspirou encarando a mesa de madeira e colocando toda a culpa nela. — E não acho que daria certo.

Fred arqueou as sobrancelhas.

— Quer dizer... Parece que ele gosta de me importunar. — disse ela, pensando no acontecimento da aula de Poções. — Ele joga joguinhos perturbados, eu não sei. Não sei o que ele pretende.

— O que ele fez dessa vez? — perguntou Fred, como se já soubesse que algo acontecera apenas pelo tom de Lucy. Ela o encarou.

— Nada de novidade. Chamou-me na frente da sala para preparar uma poção super complicada.

Fred riu. Lucy quis estapeá-lo, mas algo na porta do Salão chamou sua atenção. Um aglomerado de estudantes se amontoava. Ela esticou o pescoço.

— Já lhe ocorreu que ele faça isso para, sei lá, chamar sua atenção?

Naquele momento, Lucy começara a rir.

— Snape? Chamar minha atenção? — ela revirou os olhos, ainda atentos na cena ali perto.

— É. — Fred continuou com a ladainha — Talvez ele queira resolver as coisas com você, mas não sabe como então... Simplesmente tenta chamar sua atenção.

— Isso é coisa de criança Fred. — ela retrucou, fechando os cadernos, sua curiosidade aguçando-se cada vez mais.

— Não necessariamente. — ele bateu com a mão na mesa para capturar a atenção da bruxa. Lucy piscou. — O que foi agora?

Ela apontou para a porta do Salão.

— Vamos lá.

Eles largaram os cadernos ali mesmo e foram até lá com cautela. Lucy empurrou alguns bruxos, abrindo caminho na confusão. Ela procurou com olhos frenéticos os causadores do aglomerado quando tapou a boca.

Violet estava caída no chão, toda descabelada, gritando horrores para uma garota corvinal. Ambas estavam vermelhas e com as roupas fora do lugar, no centro da rodinha. Fred colocou uma mão no ombro de Lucy.

— Nunca imaginou que iria ser uma questão de tempo Violet? — a corvinal gritou, Lucy não conseguia ver seu rosto, estava de costas. Violet se levantou e encarou a garota com olhos enfurecidos. Os cachos loiros escondiam um pouco do seu rosto, mas Lucy percebera. Violet estava descontrolada. No melhor estilo Violet.

— Como pode ser tão vadia assim?! — Violet gritou, — Você arruinou tudo! Sua...

E a bruxa partiu para cima da outra. Lucy reprimiu um gritinho, as duas caíram no chão e rolaram numa mistura de pernas, braços e cabelo. Onde estão os professores numa hora dessas? ONDE ESTÁ O INUTIL DO FILCH NUMA HORA DESSAS?

Violet estava no controle, em cima da barriga da garota, puxando seus cabelos com desespero. A garota girou para cima de Violet e deferiu-lhe um tapa no rosto. Lucy arfou, Fred segurou sue braço agora.

Violet! — uma figura empurrava os alunos para chegar até lá. Era Harper. Ele passou a mão pelos cabelos. — Para com isso, você já conseguiu o que queria!

Ele gritava com a garota ainda desconhecida. Lucy observou enquanto ela se levantava, devagar. Ela olhou para Harper e gritou alguma coisa. Lucy não escutou, seus olhos estavam em Violet jogada no chão, encolhida. A garota se virou e chutou Violet com força. Lucy soltou-se do braço de Fred. Não podia ver Violet ser chutada por uma cadelinha qualquer.

Ela foi até a bruxa e a empurrou com força, quase a derrubando no chão. Ela cambaleou e cuspiu o cabelo da boca. Lucy conseguia ver seu rosto, mas ainda não sabia quem era.

— Não se meta no que não é da sua conta Lucy Snape. — sibilou a bruxa. Lucy entrou na frente de Violet, jogada no chão.

— Sou eu quem decide o que é da minha conta ou não. — disse Lucy, sorrindo mecanicamente enquanto a garota a olhava com o queixo erguido. — E acho melhor você se retirar agora, antes que acabe entortando ainda mais esses seus dentes.

A garota xingou, cuspiu no chão e deu de costas, empurrando todo mundo para sair dali. Lucy olhou para todos os alunos que ainda serpenteavam por ali e revirou os olhos.

— O show já acabou mortais! — ela gritou, e eles foram se dispersando. Fred se aproximou dela. — Circulando!

Ele pegou seu braço de novo, a olhando meio pálido.

— Lucy, o que foi isso?

Ela respirou fundo, quase engasgando com o próprio ar e olhou para Violet. A bruxa a encarava inexpressiva. Lucy mordeu a boca e olhou para o amigo.

— Não sei, vamos... Só sair daqui.

Lucy matou as aulas seguintes. Não queria ser apontada mais do que já era, e naquele momento, todos estavam comentando sobre o show que acontecera.

— Acho que quero vomitar. — ela falou para Fred, enquanto eles se esticavam num corredor abandonado. Ele pegara algumas coisas da cozinha e eles bebericavam suco de abóbora.

— Tem um banheiro ali. — ele inclinou a cabeça em direção á uma porta. — Mas é abandonado e sujo.

Lucy se levantou com pressa e correu até lá, mal escutando o que Fred gritava logo em seguida.

Ela entrou correndo no banheiro, apoiou as mãos em uma das pias e olhou para o reflexo no espelho. O cabelo preto beirava o seu queixo e a franja marcava a testa, quase cobrindo os olhos azuis. Ela ligou a pia, mas não saia agua. Perfeito. Ela girou pelo complexo onde estavam as pias, ligando uma por uma. Nenhuma ligava.

— Por que não tenta aquela ali?

Uma voz de garotinha surgiu do seu lado esquerdo. Ela se virou num pulo. Ela um fantasma. O fantasma da garota tinha óculos de fundo de garrafa e seu cabelo era preso em chiquinhas. Ela estava flutuando acima a pia, apontava para uma torneira que Lucy ignorara.

A bruxa girou a torneira e a água escorreu. Ela molhou a nuca e virou-se para a garota.

— Obrigada.

A garota deu de ombros.

— Não tem de quê. — ela girou pelo banheiro e parou ao lado de Lucy. — Você é a filha do Professor Snape não é? De quem todos estão falando.

Lucy assentiu pensando em quando aquele titulo iria sair da boca das pessoas.

— Meu nome é Lucy. — disse ela, um tanto irritada. — Você é...

— Murta.

O silêncio tomou o banheiro. Lucy se mexeu, desconfortável.

— Bom eu tenho que voltar Murta, meu amigo está esperando lá fora.

A garota sorriu, sentando-se na pia.

— Mas obrigada pela ajuda.

Lucy procurou a porta meio tonta. Já vira muitos fantasmas na escola, mas nunca chegara tão perto de um, nem falara diretamente com um. Não que eles a assustassem ou algo parecido, só... Era demais para um dia só.

— Quando quiser conversar pode vir aqui Lucy Snape. — disse Murta antes de Lucy sorrir e sair dali de vez.

Já pela noite, Lucy lia distraidamente um livro em cima de sua cama, com Emm roncando ao seu lado. Jorge lhe entregara antes dela descer para as masmorras. A gata parecia infeliz por se separar dele. O quarto estava vazio, o Salão Comunal fervilhava e Lucy conseguia escutar as vozes e risinhos. Ela escutou vozes ficando mais próximas, e finalmente entrando no quarto. Ela não tirou os olhos do livro, o apertando mais do que queria, nem quando Violet se aproximou de sua cama, pigarreando.

— Lucy. — ela a chamou, com a voz baixa. Lucy respirou fundo e dirigiu o olhar para Violet.

— Pois não?

A bruxa estava com os cachos presos no topo da cabeça. Um olho seu estava um pouco roxo, marcas de unha coloriam seu braço e olheiras estavam instaladas abaixo de seus olhos azuis. Estava péssima. Péssima.

— É... Obrigada por... Bem... Obrigada. — Violet gaguejou. Lucy anuiu pensando se falava mais alguma coisa ou não.

— Pode pelo menos me contar por que estava rolando no chão com aquela garota? — perguntou, sentindo que era realmente algo que queria saber. Afinal, quase fora para cima da garota e nem sabia por que.

Violet fungou, colocou a mão na boca e suspirou profundamente. Estava prestes a cair em lágrimas. Lucy abandonou sua postura defensiva com muito esforço e foi até a bruxa, ajudando-a a se sentar em sua cama.

— Me conta Violet. — ela pediu, sentada do lado dela.

Violet respirou fundo várias vezes e limpou uma lágrima que escorreu do se olho esquerdo.

— Ela acabou com tudo. — disse ela, com mágoa. — Tudo.

Lucy agachou-se na frente de Violet, e com imenso esforço tentou esquecer o que a bruxa já lhe fez. Como a traiu.

— Com o que uma vadia daquela pode acab... — até que ela se tocou. — Foi o Tracey não foi?

Violet permaneceu calada e olhou para as próprias mãos. Não precisava nem acrescentar nada. Lucy se levantou do chão e começou a andar com raiva pelo quarto.

— Aquele... — ela pisou com força no chão. — Argh!

— Não foi culpa dele! — Violet disse, se descabelando. — Ela deu uma poção...

— Deu uma poção do amor e eles tiveram uns amassos sem ele querer foi isso? — Lucy riu — Que conveniente!

Violet guinchou, escondendo o rosto entre as mãos. Lucy mal podia acreditar que a Violet que conhecera um dia, estava ali, debulhando-se em lágrimas por um cara. Mesmo que esse cara fosse o Tracey, sua alma-gêmea. Aliás, Lucy não acreditava mesmo. Aquele era Tracey, o nojento.

— Olha Lucy, eu não pedi para levar sermões de ninguém e nem sei por que você se importa tanto. — ela se levantou da cama, passando os dedos pelo rosto molhado. — Agora que é só você e os Weasleys pra lá e pra cá.

Lucy franziu o cenho, confusa e ao mesmo tempo furiosa.

— Pelo menos eles não me traem com uma vadiazinha qualquer. — ela soltou, pensando se iria se arrepender mais tarde.

Antes que Violet pudesse responder, Dafne entrou correndo no quarto e parou com as mãos apoiadas no joelho.

— Snape... — ela ofegou — Mandou buscar vocês... E Tracey.

A bruxa levantou a cabeça.

— Acho que Dumbledore ficou sabendo do show. — continuou Dafne — Flitwick está lá também.

Lucy olhou para uma Violet pálida e chorosa e amaldiçoou em pensamento.

— Resumindo, — disse ela vestindo a capa — Estamos ferradas.


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Notas finais do capítulo

E PQP, 200 COMENTÁRIOS *_*
MUITOOOOO OBRIGADA, VOCÊS SÃO 10
♥♥♥

Clara



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