Amarga Distração escrita por Babs


Capítulo 4
Eu tenho observado você...




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– (...) Também podemos verificar um hematoma peri mortem na região da nuca com cerca de 2cm de diâmetro. Ferimento provocado por instrumento perfuro-cortante na região abdominal e ferimentos de defesa na mão esquerda com algumas escoriações. A causa da morte é hemorragia intra-abdominal devido à lesão pelo instrumento perfuro-cortante citado anteriormente.

Com isso Maura encerrava a autópsia na 13ª vítima do Serial Killer, que começava a causar preocupação nos detetives já que não ainda não tinham nenhuma pista nem suspeito no caso. A legista colocou os órgãos de volta ao corpo, fechou-o e cobriu, assinando o relatório e liberando-o.

Jane, que acompanhava tudo ao lado não conseguia parar de olhar para Maura durante o procedimento. Uma mistura de sentimentos a invadiam naquele momento, fazendo com que não prestasse atenção em metade das palavras da doutora. Maura não parecia fazer o tipo da Detetive Miranda, que até onde sabia era hétero. A legista sofreria, com certeza, e só de pensar nisso o coração de Jane apertava. Ok, Maura já era bem grandinha e muito inteligente para se cuidar sozinha, mas era sua amiga, sua melhor amiga, e não suportava vê-la mal nem quando sua tartaruga, ou melhor, seu cágado Bass não queria comer seus enfeitados morangos ingleses.

– Jane, você está me ouvindo? Jane? Jane Rizzoli!!! – Maura esbravejou na terceira vez.

– O que foi? – Jane saiu de seus pensamentos, voltando a atenção à Maura.

– É a 3ª vez que peço para você me ajudar a tirar o jaleco! Alguma linha deve ter enroscado no fecho da minha gargantilha.

A loira virou-se de costas para a detetive e ergueu o cabelo com um das mãos, fazendo com que o cheiro de seu shampoo invadisse a mente da morena ao lado. Jane aproximou-se e encontrou a linha, tentando desenroscá-la. Os movimentos que fazia com os dedos ao puxar a linha e segurar a gargantilha inevitavelmente faziam com que sua mão tocasse levemente o pescoço de Maura, provocando-lhe uma estranha, mas agradável sensação, que fez com que, mesmo já tendo tirado a linha, continuasse ali por mais alguns segundos, fingindo consertar o fecho que “havia entortado”.

– Pronto, já tirei a linha!

– Muito obrigada! Vou me preparar pra irmos embora.

Maura tirou o jaleco e entrou em sua sala para pegar a bolsa enquanto Jane ficou parada ao lado do corpo do rapaz pensando no que acabara de acontecer. Como isso podia ser possível? Já havia tocado Maura tantas vezes, a abraçado e nunca tinha sentido aquilo. Bom, devia ser porque se sentia mais conectada à ela agora pelo que estava acontecendo. Ou devia ser apenas coisa da sua cabeça. Ou... não, não podia ser isso, não podia estar se apaixonando por Maura! Podia? Ainda gostava de Casey, ainda pensava nele carinhosamente. Se bem que nos últimos dias pensava mais em Maura e Miranda do que em Casey.

A legista, por sua vez, pegou a bolsa mas demorou um pouco mais na sala, tentando pesar os prós e os contras de contar à Jane sobre sua paixão por Charlie Miranda. Teria que ser cautelosa, pois conhecia a amiga, e apesar de saber que esta só queria seu bem, sabia também que Jane não gostava nada da nova detetive, o que deixava a loira em conflito, sem saber se contava ou não. Mas ela precisava desabafar com alguém, aquilo já estava lhe sufocando. Respirou fundo e saiu de sua sala, dando de cara com Jane ainda parada no meio da sala de autópsia.

– Jane, precisamos conversar! – olhou bem nos olhos da amiga, e teve a impressão de ver neles uma sombra de dúvida e certa apreensão.

– É Maura, também acho que precisamos conversar. Quer ir tomar um café? Eu já estava descendo, preciso falar com minha mãe antes de ir embora.

– Não Jane, não pode ser aqui. Faremos o seguinte: eu vou embora na frente e vou preparando o jantar enquanto você fala com a Angela. Quando chegar nós jantamos, e conversamos...

– Ok, por mim tudo bem!

As duas desceram até o café onde Angela estava às voltas com uma moça que aparentava não ter mais que 20 anos e escutava atentamente tudo o que a Sra Rizzoli dizia. Aproximaram-se e Angela prontamente a apresentou.

– Jane, Maura, esta aqui é a Alice Stanford, minha nova ajudante. Finalmente o cabeça dura do Stanley resolveu fazer algo de útil por aqui me deixando contratá-la!

– Hey Alice! – cumprimentou Jane.

– Olá Srta. Stanford, seja bem-vinda! – disse-lhe Maura

– Olá! Muito obrigada! – respondeu Alice ainda meio recatada.

Alice Stanford tinha 19 anos, 1,65m de altura, loira e de olhos castanhos. Parecia ser muito observadora e já havia aprendido como funcionava o Café. Tímida no começo, mas se desmanchava em risos e se soltava após alguns minutos de conversa. Passou imediatamente um ar de confiança e responsabilidade à Angela, o que a fez contratá-la.

Maura se despediu de todos e encaminhou-se ao estacionamento. Distraída como estava, não notou que havia alguém parado à porta do seu carro. Só se deu conta quando estava a alguns metros do carro e ergueu os olhos dando de cara com ela, Detetive Miranda. A loira assustou-se e deixou as chaves caírem de sua mão. Charlie rapidamente se abaixou e pegou, entregando-as para Maura.

– O que foi Dra. Isles? Parece que viu um fantasma! – riu Miranda

– Detetive Miranda, este é o meu carro! – Maura evitava olhar nos olhos da outra, então tentava desviar sua atenção olhando mais pra baixo. O que também não deu certo, pois a boca da detetive era provocante demais para a legista.

– Eu sei Maura, estava te esperando...

Charlie desencostou da porta do carro e aproximou-se da loira. Maura sentiu seu coração bater tão rápido que seria capaz de abrir um buraco em seu peito se continuasse assim. Miranda continuou se aproximando e parou a centímetros da legista, o que fez com que ela suasse frio.

– Eu tenho observado você Maura, desde que cheguei ao Departamento. E percebi que às vezes você também me observa. Vi que me seguiu com os olhos hoje cedo quando cheguei, e que não parou de me olhar até que a Detetive Rizzoli a chamou.

– Não Detetive Miranda, você deve ter percebido errado e...

– Não tente desconversar Maura, reparei também que você não consegue mentir...

– Não estou mentindo detetive, só estou dizendo que você errou ao interpr...

– Shhhh Maura, eu duvido que errarei desta vez!

E sem dar chance de resposta à legista, Charlie encostou-a na lateral do carro ao lado e a beijou. Passou um das mãos pelo cabelo macio da loira enquanto a outra enlaçava sua cintura, deixando-a quase sem fôlego. Maura, pega de surpresa, ficou sem reação, mas depois, empolgada, retribuiu o beijo e sentiu suas pernas bambearem, suas mãos tremerem. O mundo poderia acabar naquele momento que ela morreria feliz.

A detetive soltou Maura e sorriu. Aquele sorriso significou o mundo para a legista. Como havia imaginado e sonhado com esse momento nas últimas semanas! Como sua boca era macia... E pega novamente de surpresa, Maura vê Charlie simplesmente virando as costas e indo embora. Não ousou chamá-la de volta e perguntar qual o significado daquilo tudo, apenas entrou no carro e encostou a cabeça no volante. Se antes já estava confusa, depois do que acabara de acontecer ela não sabia mais nem onde estava. Ligou o carro e seguiu para casa. A conversa com Jane não passaria desta noite.


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Notas finais do capítulo

Desculpem a demora, tive um pequeno "bloqueio criativo" e preferi esperar do que postar qualquer coisa. Espero que tenham gostado...



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