- Não foi minha culpa, amor. Não fica com raiva! – Pedro tentou fazer as pazes comigo.

- Eu não estou com raiva de você! Estou com raiva da Maria e quero ir bater nela. Me deixa passar? – pedi começando a me irritar.

O que aconteceu? A Maria encontrou meu namorado sozinho na sala de estar e decidiu dar um beijo nele. E eu vi tudo. Vim chorando até meu quarto e agora estou aqui na frente dele discutindo com Pedro. Sei que não é culpa dele, mas estou com raiva.

- Não!

- Pedro! Me. Deixa. Passar. – disse sem paciência alguma.

- Deixa de ser infantil, Alice!

- Infantil? – disse com os olhos marejando – Ela te beijou, Pedro!

- Alice... – escuto a voz de Diego chegando no corredor junto de Tomás e Carla – Deixa disso, eu tava lá com a Carlinha e o Tomás, nós vimos que o Pedro não teve culpa.

- É, amiga! – disse Carla.

 - Quer saber? – gritei – Vão cuidar da vida de vocês!

Abri a porta do meu quarto e tranquei na cara de todo mundo. Então quer dizer que eu sou infantil e todos os meus amigos pensam isso? Pelo menos a Roberta que tem sangue esquentado deve me entender. Olho pra ela já com as lágrimas escorrendo.

- Alice... – me chamou com calma – Senta aqui!

- Roberta, o Pedro... – disse soluçando.

- Eu ouvi! Alice... Pra que bater na Maria?

- Roberta! Vai dizer o que? Que também me acha infantil?

- Você não é infantil... Mas isso que você tá querendo fazer é infantilidade. – disse a grossa da Roberta.

- QUER SABER? EU NÃO QUERIA NUNCA TER CONHECIDO VOCÊS!

Corri pro banheiro e me tranquei, permitindo as lágrimas escorrerem no meu rosto. Então era isso... Oficialmente todos os meus amigos me acham infantil. Bom... O Tomás não falou nada, mas eu sei que me acha. O que acabei de falar pra Roberta é verdade, eu desejo com todas as minhas forças jamais ter me tornado amiga dos cinco. Foi o maior erro da minha vida! Com esses pensamentos, deito no chão do banheiro e adormeço, sendo levada pela inconsciência.

---X---

Acordei com a claridade do sol atravessando a janela do banheiro e logo as imagens da noite passada vêm pra minha cabeça. A briga e o pedido. Estou arrependida do jeito que tratei meus amigos. Abro a porta do banheiro e vejo Roberta acordando.

- Roberta... Sobre ontem... – comecei, mas fui interrompida.

- Alice, vai falar sobre tua briga com o Diego pra tua amiguinha Vitória, ok? Meu ouvido não é pinico! – gritou Roberta.

Troquei de roupa e saí do quarto com as palavras da loira na cabeça. O que ela quis dizer com “Briga com Diego” e “amiguinha Vitória”? Mas quer saber? Não vou ligar pra isso, a Roberta é bipolar as vezes. 

Vou pro refeitório e coloco meu café da manhã numa bandeja. Encontro a Carla sozinha numa mesa. É a chance de pedir desculpas!

- Carlinha? Posso me sentar aqui? – perguntei.

- A-alice? O q-que você...? Quer sentar com-migo?

- É né? – disse e sentei na mesa. Reparei na bandeja da Carla, quase não tinha comida. Ela não tinha parado com aquelas paranoias dela?

- Alice, entendo que tenha brigado com seu namorado, mas não vejo motivos pra não sentar perto dos seus amigos.

- Que? Mas... – comecei, mas fui interrompida pela segunda vez no dia.

- Carlinha? – disse Marcinha que chegara perto da nossa mesa. A baixinha me olhava quase com medo e ao mesmo tempo surpresa. Era como se pedisse uma explicação pra Carla. ´

- Carla, eu... – comecei – Olha, vou sentar com meu... namorado.

Disse e levantei, estranhando essa cena. O que há em todo mundo hoje? Tão querendo me dar lição de moral pela briga? Chego perto da mesa em que está Diego, Murilo, Maria, Vitória e Tomás. Perai! TOMÁS?! Hesito antes de sentar, mas acabo sentando.

- Ãn... Oi... – disse sem entender aquela cena. Vitória e Tomás se beijando. 

- Resolveu aparecer, amor? – perguntou Diego logo no mesmo instante em que Roberta e Pedro se sentavam em uma mesa.

O que tá acontecendo? Porque todo mundo tá agindo assim? Carla sentada com Téo e Marcia. Roberta e Pedro afastados. Tomás e Vitória se beijando e numa mesa junto com Murilo e Maria. E o mais importante de tudo: Diego me chamando de amor. O que diabos tá acontecendo? Só se... Não! Será?

E se... E se meu desejo se tornou realidade?