O Sorriso Duradouro escrita por Takeru Takaishi


Capítulo 14
Capítulo 14 - Você está bem?


Notas iniciais do capítulo

Galopeira, nunca mais te esquecerei. Eu sei que isso não tem nada a ver com o capitulo, mas eu tive realmente que dar um ar cômico aqui, depois do que me ocorreu eu sinceramente precisava soltar umas boas gargalhadas.



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Vontade de sair? Sim eu estava com muita, mas não importa onde eu estava. Todos tinham que me perguntar se eu estava bem. ( Eu estou bem caramba, não é por que eu tenho câncer que eu tenho que estar mal, a cada ponto desse planeta eu tenho que receber essa pergunta maldita? Se eu realmente estava bem? Eles não estavam nem aí pra resposta verdadeira, eles queriam mesmo é fingir algum tipo de preocupação. ) A cada esquina que eu virava, tinha alguém que vinha em minha direção com essa pergunta dos deuses.

                “- Ei John! Você está bem cara?” Uma voz que não escutava há muito tempo se dirigindo a mim. A muito tempo mesmo. Era o Ronald da minha sala, estava comigo todos os dias e nunca tinha dirigido a palavra a mim a não ser quando necessitava. Não acredito que ele teve a cara de pau de chegar até mim e fingir que estava preocupado.

                “- Estou bem cara, obrigado pela preocupação.” Por que eu disse isso? Eu realmente não estava nem ligando se ele estava preocupado ou não. ( Eu sabia que ele realmente não estava preocupado, qualquer um poderia enxergar isso em seus olhos. )

                “- Eu fiquei sabendo que está com câncer. É verdade mesmo?” Ele me perguntou como quem não quisesse nada.

                “- É sim.” Sorri e mostrei que não ligava para seu interesse repentino.

                “- Nossa que barra cara.” Ele sorriu, apertou a minha mão e se retirou pela esquerda. ( Se retirou pela esquerda. Que coisa mais imbecil de se relatar. Pra que mesmo eu fiz isso? Eu não sei, só queria mostrar que a saída dele me fez tão bem que até decorei por onde ele saiu. )

Novamente continuei caminhando, dessa vez em direção a praça que havia ali perto da minha casa. ( Essa praça me trás tantas lembranças, sempre foi meu ponto de encontro, meu refúgio nos momentos ruins, todas as vezes que tiver algum problema eu irei pra lá. ) Alguns passos longos, outros mais curtos. Não sei ao certo o porquê, mas estava com um pouco de medo, receio de chegar na praça, mas logo isso passava e eu apertava o passo. Começava a andar mais rápido, a acelerar o passo.

Andar, andar e andar. Andar é sempre bom. Me faz bem, me faz pensar, me faz voar alto mesmo com meus pés no chão. Simplesmente andar é fonte de saúde, pelo menos da minha saúde. ( Saúde que nada, eu nem tinha saúde. Sim, muitos diziam isso. Que eu estava com câncer e não tinha saúde, eu não podia sair, pois qualquer coisa de ruim poderia acontecer comigo, que eu não poderia mais ser uma pessoa normal, pois tinha câncer e o câncer impossibilita a gente de fazer várias coisas que antes eram permitidas. ) Quanto preconceito em uma cidade tão pequena como essa.

Acho que depois do meu desmaio na escola, os que ainda não sabiam que eu estava com câncer pelo menos desconfiavam. A fofoca ia de boca em boca, encantando os cidadãos pacatos dessa cidadezinha mixuruca. ( Te amo cidadezinha, não te trocaria por nenhuma outra nesse mundo. ) Todo lugar que eu ia tinha que ter um imbecil a perguntar sobre meu estado de saúde. Via-se nos olhos deles que eles não estavam nem aí, só perguntavam por perguntar ou para confirmar o que ouviram por aí.

E pela primeira vez aquela praça me deu nojo, me fez sentir um tipo de náusea, todos que estavam ali queriam saber do meu estado de saúde. ( Na verdade não queriam saber do meu estado de saúde, queriam mesmo era confirmar a fofoca, confirmar o que já estava claro. ) De repente, ia-se amontoando várias pessoas ao meu redor para saber se aquilo realmente era verdade, se o que diziam por aí não eram apenas boatos. Será que eles não entendiam que o que eles estavam fazendo era totalmente prejudicial a mim? Estava tudo rápido de mais, todos se movimentavam em minha volta como se eu fosse algum tipo de aberração de circo ou coisa do tipo. Nunca tinham visto alguém com câncer não?

O calor estava insuportável, todos queriam fazer perguntas, todos estavam interessados no filho da dona Alzira que estava doente. Será que aquele era o primeiro caso de câncer na cidade? ( Não, acho que não, eu me lembro vagamente de uma senhora que morrera  a pouco tempo com câncer na laringe. Mas por que será então que estavam tão interessados em mim. Acho que é por ter apenas dezessete anos e não estar me importando muito com isso. ) Aquele barulho ao meu redor era insuportável, não conseguia nem respirar. De repente tudo ficou preto e eu senti meu corpo indo ao chão. Mais uma vez eu havia desmaiado e o pior de tudo que era fora de casa, de novo.


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Notas finais do capítulo

Bom desmaio pessoal... Não espera... Até a próxima.



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