O Outro Lado da História

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Há 17 anos

28 de março

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Alguns shinobis estavam eufóricos. Haviam capturado o mais poderoso de todos os bijuus. Tinham pouco tempo para selá-lo. Mesmo todos os membros da perigosa organização lutando juntos, a cada golpe recebido, o demônio ficava mais forte. No momento, este estava dormindo graças a um golpe de sorte dos ninjas.

- O que faremos? O que faremos? O QUE FAREMOS? – Um dos shinobis perguntava desesperado.

- Pode começar calando a boca. – Uma mulher de cabelos azuir enfeitados por uma rosa branca de papel sugeriu irritada com ele.

- E SE ELE ACORDAR? EU NÃO QUERO SER DEVORADO! NÃO QUERO. NÃO QUERO. NÃO QUERO! – O primeiro continuava com seu ataque histérico.

- Cale-se Hidan. – Um ruivo com pedaços de ferro espalhados pelo rosto ordenou sem elevar o tom da voz. No momento seguinte, o shinobi barulhento ficava quieto e esperava pacientemente uma decisão do líder daquele peculiar grupo.

- Hidan pode ser escandaloso, mas está certo. Meu jutsu não tem longa duração. – Kakuzu informou neutramente.

- Sim, eu sei. – Pain confirmava as palavras do shinobi.

- Muito bem. – Konan tomava a palavra para si. - Quem é o próximo? Eu sou linda demais para me arriscar.

- Eu sou o líder da organização. Não posso correr o risco de ser destruído.

- Tobi é um bom menino. Mas Tobi não quer ir.

- Vai ter que ser um de vocês. – A mulher concluía apontando para Hidan e Kakuzu.

- Eu passo a honra. – O segundo respondeu rapidamente.

- Não me olhem desse jeito... – Hidan voltava a se desesperar quando todos os olhares se dirigiram a si.

- Só porque os últimos quatro membros da organização nos quais tentamos selar esse bijuu morreram não quer dizer que com você aconteça a mesma coisa. – Konan tentava convencer o nukennin que se afastava lentamente.

- Não quero descobrir. – Ele era convicto ao tentar escapar.

- Mas ele é tão pequeno perto dos outros. E só tem uma cauda. – Kakuzu se aliava ao membro feminino da organização ao tentar persuadir o religioso.

- Não muito obrigado. – Ele continuava a negar.

- Talvez não seja necessário. – Orochimaru, que até então se mantinha quieto, pronunciou-se.

- Você não pode. Já está carregando o Hachibi. – Konan alegou rapidamente.

- Não estou falando de mim.

- Explique-se. – O líder da organização exigiu.

- Um jutsu secreto. – Orochimaru respondeu evasivamente.

- Que faz o que? – Konan não estava satisfeita com a resposta. Temia que um dia o sannin tentasse algo contra Pain e ela jamais permitiria que algo assim acontecesse.

- Vocês irão ver. – Novamente evasivo. - Pain? Permite-me?

- Se conseguir selá-lo. Vá em frente. – O ruivo sabia dos riscos que corria. Contudo, se era a única chance de selar a criatura adormecida a sua frente, não vacilou antes de autorizar à Orochimaru a execução da técnica.

O sannin das cobras se aproximou do de seu alvo: uma besta de coloração azul. Começou a fazer uma seqüência de selos. Aquilo era arriscado. Porém, se tivesse sucesso, o único a ganhar seria ele. Teria o poder de dois bijuus. Seria imbatível. Sorriu, de maneira maligna. Continuou com os selos. Seus companheiros posicionados estrategicamente. O bijuu começou a dar sinais de que iria acordar. O chakra de Orochimaru e de Hachibi já fluía ao redor do demônio. Era impressionante a habilidade do ninja em dominar o bijuu selado em si. Chiharu começou a abrir os olhos e Kakuzu, imediatamente, realizou novamente seu jutso. Mesmo mirando em um bijuu sonolento, o jutsu não teve nem 10 por cento do efeito esperado. No entanto, os dias de batalha seguidos, a falta de coordenação e o estado de semi-inconsciência a deixaram em um raríssimo momento de fragilidade.

Chiharu ficava cada vez mais lúcida e agora lutava contra o chakra que tentava dominá-la. Mas já era tarde. Orochimaru caiu de joelhos cansado. Estava com apenas 1/5 de sua força total. O demônio começava a desaparecer e ser engolido pela quantidade excessiva de chakra que o envolvia. Uma forma humana começou a surgir. Os akatsukis sorriam vitoriosos. Eles conseguiram o impossível.

- Katon Goukakyuu no Jutsu.

Fogo preencheu o local e Pain teve de ajudar Orochimaru a fugir. Uma equipe de Konoha havia sido mandada para executá-los assim que o Sandaime descobriu que eles estavam no território do país do fogo. O patriarca Uchiha liderava os ninjas escolhidos. A luta estava totalmente desequilibrada. Todos estavam tão concentrados que nem perceberam o final da transformação de Chiharu. Orochimaru estava totalmente fora de combate. Enquanto era levado para longe pelos companheiros viu Fugaku se aproximar de onde antes estava seu sonho de consumo e pegar algo pequeno.

- “Não pense que as coisas ficaram assim Uchiha. Esse poder pertence a mim. Eu vou caçá-lo e vou recuperá-lo.” – Jurava mentalmente.

- O que você encontrou Fugaku? – Shikaku perguntou enquanto se aproximava do outro.

- Temos que voltar. Rápido. O Hokage precisa ver isso. – Fugaku alegou começando a se afastar.

O time seguiu o capitão que corria desesperado para Konoha. Em seus braços, algo oculto pelo jaleco. O Uchiha não reduziu a velocidade até chegar à frente da sala de Sarutobi e entrar rapidamente sem nem pedir autorização.

- Posso saber o que está acontecendo? – O Sandaime perguntou ultrajado.

- Veja isso.

Fugaku se aproximou e colocou o precioso pacote em cima da mesa do líder da vila. O Hokage olhou de leve e seu rosto adquiriu uma coloração branca. Quase em pânico mandou que todos se retirassem e permanecessem calados sobre o ocorrido. Uchiha Fugaku permaneceu na sala, a pedido do próprio Sarutobi.

- Conte-me. O que exatamente aconteceu? – O líder da Folha pediu.

- Eles estavam exatamente onde imaginávamos. Chegamos e os atacamos. Quando ativei meu Sharingan durante a luta contra Kakuzu, percebi uma concentração de chakra muito grande em um pequeno ponto. Orochimaru não conseguia nem se manter de pé. Os outros estavam debilitados também. Todos eles fugiram. Ao invés de segui-los achei melhor verificar as estranhas correntes de chakra que meu Sharingan percebia. – Fugaku tentava ser o mais prático possível, falhando em diversos momentos.

- Fez muito bem. Você sabe o que é isto? – O Kage questionou pacificamente.

- Não senhor.

- É, praticamente, toda a força de Orochimaru longe dele.

- Como? – A explicação do Sandaime mais confundiu do que esclareceu às duvidas do chefe Uchiha.

- Orochimaru deve ter selado algo importante dentro dessa criança com um jutso que retira o chakra de dentro dele para isso. Os dois são um só. Cada coisa que um enxergar, o outro vai ver. Pensamentos, sentimentos, desejos, tudo. – Sarutobi conclui calmamente.

- Devemos destruí-la então. – Fugaku concluía dando um passo a frente e mirando a pequena criatura.

- Não! – A represália veio firme, porém baixa.

- Por que não? É uma ameaça.

- Uma ameaça que não deveria existir. O chakra pertence à Orochimaru e está preso nesse corpo. Para onde você acha que ele irá se for solto?

- Para Orochimaru.

- Exatamente. Enquanto ela estiver em nossas mãos, meu discípulo não poderá usar todo seu potencial. Uma vez feito, esse jutso não se rompe. Por mais que ele treine e se aperfeiçoe, a maior parte da força dele está aqui. – Disse apontando para a menina de cabelos pretos arroxeados e olhos vermelhos que dormia na mesa.

- Mas, se eles desejam a mesma coisa, o que faremos quando ela crescer? – Fugaku perguntou mais calmo e tentando seguir a linha de raciocínio do Sandaime.

- Chame Minato. – O outro pediu.

- Sim senhor.

Pouco depois, Minato e Sarutobi encontravam-se a sós com a criança e decidiam sobre o que fazer com ela. O bebê acordava lentamente. Ao mesmo tempo Orochimaru abria os olhos. O sannin via através dos olhos do bebê, mas tudo que conseguiu identificar foi seu antigo mestre se aproximando e tudo ficando preto.

- “Maldito. Todos pagarão pela destruição do que me era mais valioso. Mas, por que meu poder não retornou? Deve ter acontecido algo durante o jutso. Se o Uchiha não tivesse se metido. Eles irão me pagar. Todos eles.”

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Aproximadamente seis meses depois... 10 de outubro

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A lua estava alta. As pessoas dormiam tranqüilas. Konoha descansava. Sobre o comando de Yondaime a vila crescia rapidamente. Apesar das guerras, todos eram felizes. Naquela noite, no entanto, eles foram atacados pela pior de todas as criaturas, a raposa demônio de nove caudas. Em seu ultimo ato de vida, o quarto hokage selou o bijuu em seu próprio filho recém-nascido. A vila estava a salvo. Sarutobi reassumiu o posto de kage. Todos auxiliaram na reconstrução da vila. A paz voltou a reinar.

O jovem jinchuuriki sofreu muito durante a infância por conter o demônio da raposa no próprio corpo. Enquanto a verdadeira ameaça crescia tímida e desapercebidamente. Pelo mundo ninja, bijuus apareciam descontrolados e precisavam ser selados.

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17 anos depois...

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Sakura estava sentada enquanto Sarutobi, Tsunade e Jiraya a observavam. O Sandaime estivera falando até o momento.

- Isso quer dizer que eu sou filha de Orochimaru? – Ela perguntou em estado de choque.

- Não exatamente. – Jiraya respondeu indeciso sobre como prosseguir.

- Para ser a filha dele, você teria de ter uma mãe. – Tsunade esclareceu docemente, rezando para que sua pupila não enlouquecesse.

- E o Orochimaru namorando? Iria ser muito engraçado. – O sannin dos sapos tentou, inutilmente, acabar com o pesado clima.

- Pelo amor de Deus. Me digam quem eu sou? – A jovem Haruno implorou. A história sobre seu nascimento a desnorteava.

- Ninguém. – O Sandaime respondia cruamente.

- Como? – O cérebro dela, entretanto, ainda se mostrava incapaz de processar tal informação.

- Você é a maior concentração de chakra de Orochimaru usada para selar o mais perigoso dos bijuus. – O Terceiro voltava a explicar. O tempo curto lhe obrigava a dar respostas curtas e diretas, por mais que soubesse o quento deveria estar sendo difícil para a garota.

- Minha querida. Vai dar tudo certo. – Tsunade alegou abraçando a jovem que estava petrificada.

- Em outras palavras, eu sou... – Sakura gaguejava ainda sem acreditar em tudo o que ouvia.

- Se você quer um nome... – Sarutobi começou a responder, por mais que soubesse o quanto a afirmação seguinte demoraria a ser absorvida pela garota.

- Por favor. Eu preciso saber.

Ele não conseguiria convencê-la do contrario. Era óbvio que ela lutaria até o fim para ouvir essa pequena frase. A confirmação de seus medos mais recentes e mais assustadores. - Você é o próprio Orochimaru!