Stargazer escrita por Alface


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Yeahh!!! Finalmente a história está começando a tomar uma forma bastante concreta em minha cabeça. Estou tão empolgada que já pensei em dois finais diferentes, mas preciso me controlar! Estou pensando em, ao término desta, fazer um capítulo extra para cada morador da pensão, contando sua história ou só como é seu dia-a-dia. O que acham?
Mesmo com só 1 comentário em cada capítulo até agora, estou à todo vapor. Se o efeito de um só comentário faz isso comigo, imagina com mais de um? Então, por favor, me mandem reviews! Preciso saber se a história está agradando e em que pontos posso melhorar.
Boa leitura!



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Era apenas seis da manhã quando Alfred foi acordado pelo barulho da porta se abrindo. Abriu os olhos preguiçosamente e olhou em direção ao barulho, só para constatar o que temia. O inglês estava tentando ir embora, sem ao menos se despedir.

– Para alguém que me agradeceu na noite passada pela estadia, me surpreendo que saia de fininho sem dizer nada.

– Ah, desculpe-me. Não era minha intenção. – Arthur adentrou no quarto novamente – Eu deixei um bilhete aqui na cômoda, não queria acordá-lo.

– Mas porque a pressa, senhor sobrancelhas? – O americano se espreguiçou, sentando-se na cama.

– Senhor o que?! – Pela primeira vez desde que se encontraram, Arthur parecia desconcentrado. Alfred riu ao descobrir uma nova fraqueza do inglês, deveria usar isso contra ele mais vezes – Não importa... Eu preciso ir para a aula. Eu tenho prova hoje, não posso me atrasar.

– Você o que?!

De repente o americano se sentia acordado. Olhou para seu mais novo conhecido, que repetiu a informação como se fosse o óbvio.

– Sim, eu estou na faculdade. Último ano de direito, na verdade.

O anfitrião parecia engasgado com a informação e levantou-se, inquieto, andando pelo quarto.

– Er, bom... E-Eu... huh. Universitário então. – Olhou para as roupas sempre limpas de Arthur e de repente tudo fez sentido. Com certeza ele deveria morar com os pais ou ao menos receber uma mesada gorda – E-Eu te acompanho até lá em baixo, então.

Não conseguiria voltar a dormir mesmo que quisesse. Aquela informação desceu como uma pedra até seu estômago, mas as coisas começavam a fazer sentido. Estava tão atordoado que sequer perguntou qual universidade ele frequentava. Apenas abriu a porta e se despediu do inglês, observando-o andar até sumir de vista. Não podia deixar de notar que ele parecia mancar entre um passo e outro.

Fechou a porta suspirando, puxando sua franja para trás. Era muita informação para se digerir de uma vez só! Virou o rosto, observando o relógio ao lado da escada. Eram sete da manhã.

Subiu as escadas, dando de cara com o chinês, murmurando um "bom dia" enquanto o outro saía apressado para trabalhar. Fechou a porta do quarto, se jogando na cama e se pondo a pensar. Arthur deveria ser de uma família bem rica, para poderem bancar um apartamento para o filho, além dos custos do dia-a-dia de um estudante. A julgar pela sua aparência, não parecia alguém que se metesse em problemas. Na verdade, parecia alguém estudioso e focado, e Alfred não pôde deixar de rir ao imaginá-lo na primeira fileira, anotando qualquer palavra que saísse da boca do professor. Ele parecia o tipo de aluno que Alfred adoraria fazer amizade em seus tempos de faculdade.

Ahh, quando Alfred era um estudante. Franziu seu cenho com as lembranças, indisposto a pensar mais no assunto. Não fazia muito tempo assim, mas não gostava de se lembrar. Em apenas dois anos, sua vida havia mudado tanto! Sequer imaginaria que um dia estaria seguindo seus sonhos.

Sorriu para o teto. É verdade, agora era independente. Não possuía uma vida luxuosa, e muito menos era o que queria. Notava algumas pessoas que frequentemente paravam para ouvir sua música, sinal de que a mesma estava finalmente sendo reconhecida.

Precisava treinar mais. Não poderia descansar enquanto finalmente não realizasse seu sonho... Precisava ir trabalhar mais tarde...

Alfred então caiu no sono.

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A melodia do piano ecoava pela sala entulhada de objetos. Era um cômodo pequeno, mas a canção que ali soava acabou por criar vida naquele lugar.

Um garotinho se aproximou da porta, observando sua mãe tocando de longe. Os dedos delicados da moça dançavam sobre o piano, enquanto um grande sorriso estava estampado em seu rosto. Seus dentes eram de um perfeito branco, e seu cabelo igualmente loiro caía com delicadeza sobre seus ombros. Eram levemente cacheados e não muito longos, e seus olhos de um azul celestial.

O menino, que possuía os mesmos olhos da mãe assim como a mesma cor de cabelo, continuava parado. Sua boca estava levemente aberta, como se a canção o tivesse hipnotizado.

De repente a música parou. O garotinho se sobressaltou ao ver que a mãe olhava em sua direção.

– Terminou a lição de casa?

O garoto engoliu em seco. Envergonhado, balançou a cabeça em sinal negativo.

A mulher não pôde deixar de sorrir. Deixou escapar um suspiro, enquanto olhava com ternura para o menino.

– Não quer tocar comigo? Podemos terminar a lição juntos depois.

O menino sorriu e correu em direção ao piano. Sentou-se no colo da mãe e olhou curioso para todas aquelas teclas brancas, mal podendo conter sua exaltação em poder finalmente descobrir o som de cada uma delas.

– Não gosto que toque o piano quando não estou aqui, ouviu bem? – A mãe disse com certa firmeza, como se soubesse de algo. O garoto abaixou a cabeça e a balançou positivamente. A mulher sorriu. – Ótimo. Mas agora eu estou aqui, então toque comigo está bem? Me mostre o que você aprendeu da última vez.

Os dedos do garoto delicadamente tocavam as teclas, sem saber direito o que fazer com elas. Ao ver a expressão encorajadora da mãe, tocou a primeira, e logo depois a segunda. E assim foi, até criar uma canção desajeitada, mas que já demonstravam algum talento para a coisa. A mãe sorria e ajudava o garoto, o encorajando sempre que o mesmo ficava envergonhado por ter errado algo. Logo a risada dos dois ecoava na pequena sala, assim como a melodia de uma mãe e seu filho.

De repente ouviu-se um barulho de chave na porta. A mãe parou repentinamente, olhando para a mesma. Logo depois depositou seu olhar no relógio de mesa que ficava acima do piano.

– Ora! Já é tão tarde assim? Deve ser seu pai, Alfred.

O menino então congelou, olhando para a mãe com um certo desespero.

– Eu não terminei o dever...

A mãe tampou a boca com a ponta dos dedos, pegando o menino pela mão e correndo com ele para o quarto, como cúmplices de um crime. Deixou o menino lá, sorrindo para ele.

– Não se preocupe, não vou contar nada para o papai. Mas termine o dever direitinho, certo?

E então fechou a porta. O garoto correu para a escrivaninha e pegou o lápis, depositando sua ponta no papel, aguçando seus ouvidos.

– Amélia, querida! – Ouviu um barulho de beijo e não pôde deixar de fazer uma careta – Onde está o Alfred?

– Está no quarto, terminando a lição. Logo logo vai se juntar a nós para o jantar. Como foi o trabalho hoje, querido?

Alfred não pôde deixar de esboçar um sorriso, enquanto voltava a resolver aquela maldita equação.

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Acordou sobressaltado. Depositou sua mão direita em sua cabeça, sentindo-a latejar. Alguns fios loiros estavam grudados em sua nuca, devido ao suor.

Acabou caindo no sono de roupa e tudo, em cima da cama. Após alguns segundos situando onde estava, pegou seu relógio velho e constatou que já estava de tarde. Soltou um suspiro aliviado e se espreguiçou.

Não sabia porque havia sonhado com aquilo. Era na verdade uma lembrança, a mais doce de sua infância. Mesmo agora, podia sentir os olhos azuis cintilantes de sua mãe sobre si enquanto tocava. Sabia que ela estaria orgulhosa.

– Certo! Hoje tenho que trabalhar duro também!

Francis frequentemente reclamava do fato de Alfred falar sozinho às vezes, e não pôde deixar de rir. Ao lembrar-se do nome do francês, a realidade caiu em cima de si como uma pedra. Já possuía o resto do dinheiro do aluguel! Depois de toda a confusão com Arthur e sua repentina aparição no meio da noite, havia se esquecido completamente. Sentia como se tivesse passado dias desde aquilo, tamanho era seu cansaço e preocupação.

Recolheu o dinheiro em sua carteira e bateu na porta do quarto do francês. Ninguém atendeu. Deixou então o dinheiro por baixo da porta, dentro de um envelope no qual Alfred havia desenhado uma caricatura sua e sorriu. Com certeza ele irá me reconhecer neste magnífico desenho e saberá que paguei a tempo! Voltou para seu quarto e pegou seu violão, descendo para a comercial. Só iria tocar mais tarde.

Francis chegou em casa uma hora depois, pisando no envelope ao abrir a porta. Viu alguns garranchos no papel e ao aproximá-lo do rosto, finalmente entendeu o que era para ser aquilo. Não pôde deixar de rir alto.

Alfred era um péssimo artista.

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Desta vez, precisava procurar Arthur. Não podia negar que estava preocupado com o inglês, e o fato dele se negar furiosamente à ir para o hospital não aliviava este sentimento em Alfred. Mas foi somente quando pisou na enorme calçada movimentada que se deu conta de que não fazia a menor idéia de onde o loiro morava. Sentou-se no banco de uma sorveteria e suspirou, onde um atendente mal-humorado gritou algo sobre Alfred se decidir se gostaria de alguma coisa ou não, caso contrário deveria se retirar. Recolheu as moedas que sobraram do aluguel recém pago e sorriu para o homem, enquanto este se retirava bufando para buscar seu sorvete.

Enquanto suas papilas gustativas se deliciavam com o maravilhoso sabor do Blue Ice, Alfred sentiu uma mão em seu ombro, logo depois reconhecendo a pele branca feito leite que já começava a se tornar familiar.

– Arthur! Não sabia que gostava de sorvete!

– Não sou muito fã. – sentou-se e pediu uma bola sabor chá verde – Mas acabei de voltar da faculdade e está um calor infernal. Não esperava lhe encontrar aqui.

Alfred já havia esquecido que Arthur era um universitário. De repente o sorvete se tornou mais difícil de engolir, enquanto os acontecimentos do dia anterior invadiam sua mente.

– A-Ah é... Cara, sempre esqueço que você ainda estuda. – Engoliu mais uma colherada, soltando um murmuro feliz ao sentir o gosto de sua comida favorita – E então... Muito trabalho duro por lá?

– Sinceramente, a faculdade é algo bem fácil. Chega a ser tediante.

Arthur se pôs a comer seu sorvete em silêncio depois do comentário, deixando o americano levemente com raiva. Como assim uma faculdade de direito em seus últimos anos poderia ser fácil? Alfred sofrera bastante em um curso muito menos exigente! Sequer havia conseguido ser aprovado no primeiro semestre.

Com um olhar emburrado, continuou a comer o resto de seu sorvete, enquanto Arthur parecia apreciar cada pedaço, demorando para terminar o seu. Se levantou então, indo para o caixa e depois se despedindo do americano.

– Ei, espere! Eu estava na verdade procurando por você. – Arthur continuou imóvel o observando – É-É que eu não sabia onde você morava, então sequer sabia por onde começar, mas...

– Você quer conhecer minha casa então? Tudo bem.

Antes que Alfred pudesse sequer pensar em responder e esclarecer seu verdadeiro motivo, Arthur já havia começado a andar, não restando-lhe escolha a não ser seguí-lo.


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Notas finais do capítulo

Gostaria de deixar os capítulos mais longos, mas acho que com este número de palavras está o bastante para ler sem se tornar cansativo. O que acham?



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