– Boa tarde a todos - ele começou um tanto envergonhado e eu não pude deixar de reprimir uma risada completamente abobalhada.

Depois dessas palavras não mais o escutei, junto com a população feminina inteira. Nico era sem duvidas o cara mais lindo de todo o país e valia o titulo de príncipe, tudo bem que ele não era tão forte quanto Percy ou tinha um rosto tão bem esculpido como Will, um menino no qual eu sempre tinha um frisson toda vez que o via, mas mesmo assim ele tinha seu charme.

Ele era branco como a neve e possuía um cabelo bem preto cujo tamanho ia ate a nuca, que a julgar pelo penteado todo para trás com um gel também era liso, seus olhos de um azul bem claro que confundia com cinza, nem tão alto muito menos baixo, mas o que mais me deixava fascinada era o seu sorriso com seus dentes perfeitos e sua boca nem muito carnuda tão pouco saliente.

– Terra chamando Thalia - Percy estalou os dedos no meu ouvido me fazendo desprender-me completamente dos meus pensamentos a tempo de escutar a ultima frase do príncipe.

“-... por essas e outras que anuncio que não haverá nenhum massacre - dito isso ele saiu com os gritos e salves da população que comemorava com louvor.”

– O que aconteceu? - perguntei me reconstituindo, ainda um pouco grogue com o efeito que aquele garoto tinha feito sobre mim apenas com sua beleza e voz grossa.

– Eu não acredito que você se encantou justamente por ele - disse um pouco nervoso.

– Ele é bem bonito, tem uma voz potente... - sussurrei um pouco alto demais.

– Você sempre achou o Will bonito, mas nunca se hipnotizou ao contrario sempre fez questão de se encantar apenas com aqueles que possuíam uma inteligência tão boa quanto a sua - argumentou ainda indignado.

Ia protestar dizendo que o mesmo levava tudo muito a serio ou que estava com ciúmes, afinal de contas não fui à única que babou pelo príncipe. Só então reparei que o olhar de Percy e notei seu nervosismo.

– Aconteceu alguma coisa? - perguntei preocupada com seu semblante.

Talvez ele fosse responder, mas nesse exato momento meu pai apareceu nos chamando para ir embora, pois a cerimonia tinha acabado. O caminho inteiro foi em silencio e não ousei interferir na privacidade dele, quando este quisesse se abrir estaria ali para escutar.

– Subam! Vocês precisam se arrumar o baile vai acontecer daqui a algumas horas e todos na cidade deverão comparecer - disse meu pai, sem notar o silencio, saindo dali.

– Baile? Que baile? - perguntei.

– Se tivesse prestado atenção ao invés de ficar admirando o príncipe mariquinha saberia sobre o baile - respondeu seco saindo dali.

Subi para o meu quarto, que era ao lado do de Percy, e comecei a me arrumar. Desde que a mãe de Percy morreu meu pai assumiu toda a responsabilidade, fato que ate hoje me intriga, e eu acabei me colocando na condição de irmã mais velha. Quando terminei de me aprontar eles já me esperavam dentro do carro e no mesmo silencio que tínhamos voltado para casa, saímos.

– Fique ali com as outras meninas que eu irei conversar com alguns amigos - falou.

– Como assim? Por que pai? O que esta acontecendo? - perguntei emendando um monte de perguntas.

– Não questione Tha. Apenas faça o que seu pai pede ele se preocupa com seu futuro - disse ao pé do meu ouvido sorrindo.

– Agora você deu para concordar com o que meu pai diz? - perguntei sarcasticamente.

– Concordo com o que é certo e ele está preocupado com o seu futuro, mas agora se me der licença vou cuidar do meu - respondeu sorrindo maliciosamente para a garota loira na nossa frente.

– Não acredito que está de rolo de novo com a filha de Atena, você não tem amor pela vida não? - perguntei.

– Eu a amo e não será uma rixa que a mesma teve com o meu pai no passado que fará ficar longe dela - retrucou saindo em direção à loira enquanto eu revirava os olhos.

Annabeth Chase era o seu nome. Uma garota bem bonita e considerada por muitos garotos a mais bonita da cidade, era loira e tinha olhos grandes acinzentados com um corpo que dava inveja em qualquer garota, sem contar que a mesma ainda por cima tinha muito carisma e era muito inteligente, sim eu tinha uma pequena inveja dela, mas poxa a guria era quase perfeita. A única coisa que não a tornava perfeita era sua mãe, Atena a arquiteta do reino. Uma mulher fria que segundo boatos na sua infância era tão linda quanto à filha ate o dia que o pai do Percy a humilhou, se é verdade ou não poucos saberiam responder tudo que sabemos é que desde então ela tinha se tornado uma pessoa bem amarga.

– Esta linda, Thalia - uma pessoa chegou por trás de mim. Eu estava com um vestido longo preto e um cordão de ouro branco com um pingente de raio que era da minha mãe.

– Pensei que fosse nova demais para ser elogiada, Luke - ironizei ainda um pouco ressentida.

– Sempre com o mesmo senso de humor, pensei que já tivesse me perdoado - ele comentou com um falso sorriso triste.

– Desculpas foram aceitas, mas nunca perdoo mentiras - respondi irritada, saindo apressadamente dali.

Luke era um dos sujeitos mais bonitos da cidade, perdendo apenas para Will, e minha grande decepção. Há um ano finalmente tomara coragem para confessar meus sentimentos e com todo cuidado ele disse que não ficaria comigo por ser jovem demais e aceitei numa boa, porem só foi depois de alguns meses que descobri o motivo real para este não ter ficado: não era tão bonita nem da “turma”. Ele só ficava com garotas que os amigos aprovassem.

Depois desse incidente, andei por entre os salões, ignorando totalmente as regras e o pedido do meu pai. Estava já em um corredor escuro que dava para os aposentos do príncipe, a ala em questão estava vazia e para o meu azar fiquei completamente perdida. Virava à direita quando um tiro foi disparado assustando-me completamente e ao olhar para frente vi um vulto por entre as janelas.

Tentei correr ate o vulto que saia pela janela, mas assim que cheguei lá o vulto já tinha sumido completamente. Então corri em direção da onde tinha vindo o tiro. Surpreendi-me, porem, ao constatar que ao entrar na última porta do corredor que estava aberta era a figura do príncipe que estava caída.

– O que você está fazendo aqui? - perguntou uma voz atrás de mim, um pouco nervosa e olhando para o corpo caído.

– Eu escutei o tiro e vim ver - respondi nervosa, indo ate o corpo do príncipe.

– Não toque nele - me alertou.

– Por quê? - retruquei.

– Porque ele está morto.