A Roda Da Fortuna escrita por Kaoru Urameshi


Capítulo 4
Reportagem




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Capítulo 4 – Reportagem.

Rin sentou-se na primeira poltrona que encontrou dentro do escritório. Sentou sem pedir permissão. Ela estava mais preocupada no que fazer do que naqueles seres que dividia o mesmo ambiente.

Sesshoumaru estava incrédulo e furioso. Não admitia aquela falta de privacidade. Já havia processado vários jornalistas por se meterem tanto na sua vida pessoal. O senhor Taishou raramente era visto em jornais ou revistas, preservava muito a sua imagem. O seu nome. Mas sempre havia alguém para prejudicá-lo. E hora ou outra dava as caras em algum noticiário.

Inuyasha entrou no escritório correndo com os olhos arregalados, parecia completamente surpreso com o evento. Mas ainda assim não parecia abalado, estava adorando tudo aquilo. A coisa que mais gostava era de ver seu meio-irmão irritado. Seu sorriso enorme e provocativo irritou o empresário.

-Sesshoumaru, você não tem ideia de quantos jornalistas estão ali fora! –ele riu. –Você nem precisou ir até eles no final das contas.

-Quero que vão para o inferno! –ele rosnou irritado. –Quero todos fora daqui imediatamente. Isso é invasão!

-Não quando estão na calçada... –Inuyasha rebateu irônico.

-Inuyasha, eu já não o mandei embora?

-Desde quando eu nasci.

-Então por que não some daqui?

-Tem mesmo certeza de que quer que eu vá embora agora? –Inuyasha arqueou uma sobrancelha. –Se eu sair, eles vão vir em cima de mim, vão me encher de perguntas, e, bem, como eu não sou um homem mal educado, vou ter que responder.

-Você não serve mesmo pra nada, não é? –esbravejou irritado. –Não passa de um idiota, imprestável!

-Desculpe, Sesshoumaru por não ser o grande empresário bem sucedido, o empresário do ano, não é assim que o chamam? –ele rebateu irritado. –Não importa o que os outros ou o que você me diz, no final Sesshoumaru, você é quem não tem nada!

Rin fitou o empresário que ficou calado após ouvir aquelas palavras. Por um minuto pensou que ele não tinha se importado, mas em seguida notou o quanto àquelas palavras lhes eram atordoantes. Talvez tivesse sido a única ali que percebera.

O silêncio que permaneceu a sufocou. Jaken não se atreveria a cortar o clima, se fizesse isso certamente levaria uma bronca de seu chefe. Inuyasha e Sesshoumaru estavam emburrados demais para começarem um assunto. Ela então se sentiu na obrigação de fazer alguma coisa.

-Com licença, mas eu realmente preciso ir embora. –ela começou.

-Não pode ir! –Jaken a interceptou. –Acho que você ainda não entendeu. O portão está cercado. Ninguém vai conseguir sair daqui sem passar pela imprensa.

-Mas eu... –ela murchou de vez.

-Rin, se sair eles vão atrás de você, isso é um fato. Você está na foto, vão te reconhecer facilmente. –Inuyasha a fitou.

-Eu tenho coisas a fazer, não posso ficar aqui. –rebateu impaciente. –Talvez aja uma maneira...

-Há uma maneira. É só Sesshoumaru ir lá fora.

-Eu já falei que não vou, Inuyasha! –ele o fitou nervoso. –Eles não vão ficar ai pra sempre, uma hora vão ter que ir embora.

-Você é quem sabe, Sesshoumaru. Eu não ligo de ficar aqui o tempo que for preciso. –ele riu dando de ombros.

-Mas eu sim!

Rin levantou-se da poltrona, ainda tinha o cheque em mãos que a essa altura já estava todo amassado. Quando se deu conta de que ainda tinha em mãos aquele valor exacerbado lembrou-se da conversa anterior como num estalo. Ainda havia aquilo para resolver. Definitivamente não queria aquele dinheiro.

-Senhor Sesshoumaru, por favor, não quero esse cheque.

-Achei que esse assunto estava encerrado! –ele falou incrédulo. –Você também vai querer me aborrecer com bobagens?

-Desculpe, mas eu não quero. Não quero mesmo. –ela chegou perto dele com os olhos atordoados e esticou o pedaço de papel em sua direção.

-Eu nunca vi ninguém negar dinheiro desse jeito, eu hein. –Inuyasha balançou a cabeça negativamente.

Sesshoumaru respirou fundo antes de pegar o cheque das mãos da menina e colocar no bolso da calça social. Sentiu-se confuso por ela desprezar tanto o seu dinheiro, ficou até um pouco ofendido. Não era dinheiro roubado, era dinheiro limpo, muito do seu sono, cansaço e dos seus aborrecimentos corriqueiros estavam entre aqueles zeros presentes no cheque. Havia muito trabalho e dedicação que ela simplesmente ignorou lhe dando de volta como se tivesse negando uma bala.

-Não consigo acreditar nisso. O que tem de tão errado com esse dinheiro? –ele indagou a fitando seriamente.

-Não há nada de errado... –ela deu de ombros. –Eu só acho que não fiz nada de tão glorioso. Eu fiz o que meu coração mandou, bondade não se paga, não pedi nenhuma bonificação por agir, por ser quem sou. Me desculpe, senhor Sesshoumaru, mas eu realmente não me sentiria bem se ficasse com algo que não me pertence.

-Você é mesmo inacreditável. –ele suspirou cansado e cerrou os olhos.

-Rin, já que não quer dinheiro nenhum e não tem como sair agora podia ficar para almoçar conosco. É claro que o Sesshoumaru não vai se incomodar, não é mesmo? –Inuyasha sorriu tirando a atenção do empresário.

-É claro não. Finalmente uma boa ideia vindo de você, Inuyasha. Estou realmente surpreso. Seu cérebro resolveu trabalhar depois de tantos anos.

-Ora, seu... –ele rosnou irritado com a provocação do irmão enquanto Rin soltou um riso baixo.

-O senhor Sesshoumaru fala de mim, mas Inuyasha é quem não para de falar um minuto sequer. –Jaken girou os olhos.

-O que você tá falando aí seu careca? –Inuyasha o fitou irônico. –Se ficar falando muito vai acabar tendo que engraxar com a língua todos os sapatos de Sesshoumaru. Se é que você já não faz isso, não é mesmo?

-O quê? –Jaken se irritou.

-Nossa como vocês brigam. –Rin se retesou e acabou corando por deixar aquela frase escapar.

-É o instinto. –Sesshoumaru acabou sorrindo discretamente.

-É o sangue do pai. –Inuyasha riu dando de ombros.

-Jaken, peça pra Izumi colocar mais um prato na mesa para Rin. –Sesshoumaru fitou o secretário.

-Agora mesmo, senhor Sesshoumaru.

...

Kohaku estava em seu quarto. Não havia ninguém em casa.

Ele fitava uma foto sua e de Rin ao seu lado num parque de diversões. Rin estava com um sorriso enorme enquanto segurava um urso de pelúcia que ele lhe dera.

Kohaku passou a mão pela foto sentindo uma nostalgia enorme que o arranhava por dentro. 

-Você estava tão feliz, Rin... O que aconteceu com você?

Ele colocou a foto encima da cama virada para baixo com uma expressão de dor que parecia que iria chorar a qualquer minuto. Cerrou os olhos o mais forte que pode. Estava cansado de chorar e de se sentir o pior homem do mundo.

Kohaku se jogou na cama e ficou a fitar o teto verde de seu quarto. Não sabia mais o que fazer para convencer Rin a voltar. Não tinha mais argumentos para lhe oferecer. E saber daquilo era como receber um soco no estômago e não ter como reagir. Não tinha as armas para combater aquela situação. Não sabia nem por onde começar, se é que deveria.

Acabou dando-se por vencido. Pegou o controle remoto da televisão e a ligou com esperança de ver alguma coisa interessante que o fizesse esquecer de tudo aquilo. Foi passando os canais um por um. Não havia nada de tão bom, afinal.

Assim que suspirou e estava preste a desligar ouviu no noticiário uma reportagem que lhe chamou a atenção sem um motivo aparente.

Uma jovem repórter apareceu na tela segurando um microfone como se tivesse medo que ele fosse arrancado de suas mãos. Atrás dela uma enorme mansão tentava passar despercebida pelas lentes da câmera aguçada. 

-Faz pouco tempo que chegamos na mansão Taishou. Estamos ao vivo esperando um pronunciamento do empresário Taishou Sesshoumaru sobre o evento dessa madrugada. Segundo relatos, o empresário teria se envolvido numa grande confusão e teria retornado para a mansão com ferimentos por todo o corpo com a ajuda de uma jovem, que testemunhas afirmam não conhecer.

De repente surgiu na tela a foto de Sesshoumaru sendo carregado por seus seguranças. Evidentemente Kohaku não se importou com aquele homem até ver, bem no canto da foto, uma pessoa inconfundível para seus olhos clínicos. Ele tinha certeza de que era ela.

Arregalou os olhos e deu um salto da cama. Rin estava ali naquela foto, disso não tinha dúvidas. O que o transtornou foi o fato da presença dela. O que ela faria ali? 

-Não sabemos ainda o que realmente aconteceu, mas o que não faltam são especulações. Voltamos a qualquer minuto com mais informações.

...

Rin sentou-se na enorme mesa de jantar da mansão Taishou. Mais uma vez sentiu-se diminuta demais naquela casa.

Sesshoumaru estava sentado no centro como de costume. Ao lado direito do empresário estava Jaken enquanto Rin se encontrava do lado esquerdo.

Inuyasha chegou em passos rápidos na sala de jantar, analisou os lugares restantes e resolveu puxar a cadeira ao lado de Rin para sentar-se ao lado da mais nova convidada.

-Posso me sentar aqui? –ele sorriu para ela.

-Claro. –ela retribuiu o sorriso e falou como se fosse óbvio.

-Obrigado. –ele assentiu e sentou-se.

-É impressionante como seu atrevimento aumenta ao longo dos anos. –Sesshoumaru o alfinetou. –Inuyasha, você é um caso perdido.

-Um caso perdido? –ele riu. –Essa frase já está meio clichê, Sesshoumaru. Você é melhor que isso na arte de me ofender.

-Inuyasha, você faz o que? –Rin interferiu aquela conversa antes que se transformasse numa outra briga.

-Ah, essa é uma ótima pergunta! –Sesshoumaru riu e se inclinou um pouco para frente de forma irônica. –Quero ver o que você vai responder agora.

-Bem, eu... Eu sou músico. –ele falou um pouco sem graça. –Eu tenho uma banda.

-Que ótimo! –ela sorriu. –Onde vocês tocam?

-Ah! –Jaken riu. –Senhor Sesshoumaru, essa sim é a melhor pergunta.

-Concordo plenamente. –Sesshoumaru assentiu.

-Olha vocês querem parar com isso? –Inuyasha os fitou nervoso e logo voltou-se para Rin. –Estamos só começando... Tocamos em bares, restaurantes, mas agora estamos com um endereço fixo. E essa semana conseguimos um apoio de um homem muito influente, acho que vamos conseguir patrocínio.

-Você vem falando isso nos últimos três anos. –Jaken retrucou.

-É, mas agora é diferente! –ele o fitou enfurecido.

-Você faz o que na banda? –Rin indagou curiosa.

-Eu sou o vocalista e guitarrista. Quer dizer, sou só a guitarra de apoio. Também não mereço todos os créditos! –ele riu. –Akito é bem melhor com a guitarra do que eu. Os solos que ele faz são ótimos. Por que não vai nos ver tocar algum dia, acho que você vai gostar.

-Claro, por que não?

-Por essa você não esperava, não é Sesshoumaru! Toma na cara! –ele riu deixando o meio-irmão irritado.

-E o que você faz, Rin? –Jaken indagou curioso

-Eu faço faculdade de Cenografia. Quero fazer teatro, filmes.

-Quer dizer como atriz?

-Não, não! –ela riu. –Nos bastidores eu fico melhor. Quero montar os cenários, roteiros, ser diretora, essas coisas.

-Ah, parece interessante. –Inuyasha a fitou.

-É sim. –assentiu animada. –Tem muitas coisas boas...

Izumi apareceu com os outros empregados carregando diversas bandejas. Eles rechearam a mesa com várias comidas cheirosas e saborosas. Serviram a todos com agilidade e logo se retiraram para deixar com que estes apreciassem a comida em paz.

...

Por trás da cortina da enorme porta de vidro do escritório dava para se ver a fila de jornalistas insistentes. Alguns tinham ido embora, mas outros ainda permaneciam convictos de que o empresário daria seu braço a torcer.

Sesshoumaru suspirou cansado ao vê-los. Tinha certeza de que eles não iriam o deixar em paz tão cedo, e caso o deixassem continuariam a espalhar boatos falsos sobre o acontecido. Ficou irritado ao perceber que não tinha muita saída... Talvez Inuyasha tivesse razão, afinal. E admitir isso era sem dúvida a pior coisa da vida.

-Senhor Sesshoumaru.

Uma voz feminina soou tirando a atenção de Sesshoumaru. Ele voltou-se para trás, saindo definitivamente de trás da porta de vidro.

-O que foi? –ele indagou.

-Obrigado pelo almoço. –ela sorriu. –Estava ótimo.

-Os empregados daqui são bons cozinheiros. –assentiu. –Que bom que pelo menos o almoço você aceitou.

-O senhor ainda está chateado por eu não ter aceitado o dinheiro? –ela se retesou.

-Claro que sim! –respondeu como se fosse óbvio. –Mas eu não quero mais falar sobre esse assunto. Eu já fiz de tudo para que aceitasse.

Ela sorriu sem jeito. Não queria tê-lo aborrecido com aquela história, mas definitivamente não iria se sentir bem em aceitar aquela quantia.

Rin olhou para a poltrona e sentou-se de pernas cruzadas. Ficou fitando o ambiente com olhos deslumbrados e logo voltou-se para ele.

-A sua casa é realmente muito bonita.

-Meu pai sempre teve bom gosto.

-Foi seu pai que decorou essa casa? –indagou surpresa.

-Foi sim. –assentiu. –Ele gostava de fazer essas coisas, era só mais um hobby entre tantos outros que possuía.

-O senhor e o Inuyasha são filhos do mesmo pai, não é?

-É, infelizmente sim. –ele suspirou e sentou-se na cadeira acolchoada devagar para evitar alguma fisgada. –Minha mãe morreu quando eu era adolescente e meu pai não conseguiu ficar sozinho. Acabou arranjando outra mulher muito mais jovem que ele, e com ela teve outro filho. Faz um tempo que eles morreram, acho que uns nove anos.

-Eu sinto muito.

-Não sinta. Já faz tempo que isso aconteceu.

-Inuyasha não mora aqui com o senhor?

-Não. Ele saiu daqui assim que meu pai morreu. A convivência seria insuportável para ambos os lados.

-Entendo o que quer dizer. –ela sorriu ao lembrar-se de todas as brigas.

-E quanto a você? Jaken me disse que morava num apartamento. Mora com sua família?

-Não, –corrigiu-se rapidamente. –quer dizer, moro com uma parte. Moro com a minha prima Kagome. Meus pais morreram quando eu era criança.

-Compartilhamos da mesma dor então.

-É. –assentiu. –Mas eu me dou muito bem com Kagome, ela é uma ótima amiga. Ela é uma jornalista muito boa.

-Hum, que ótimo! –falou irônico.

-Ah! Eu esqueci do seu problema com jornalistas por um minuto!

-Só falta você me dizer que ela está ali fora.

-Não, não! –ela riu. –Ela está no jornal. Ela tentou me avisar o que aconteceria, mas já era tarde demais.

-Eu sinceramente não sei o que fazer pra tirar essa gente de perto de mim. Parece que estão sempre esperando o primeiro erro, o melhor momento para atacar. São um bando de sanguessugas.

-Desculpe, senhor Sesshoumaru, mas o senhor não acha que seria mais fácil falar logo com eles? Eu não quero bancar a intrometida, mas eu acho que seria melhor pra todo mundo se o senhor se justificasse com a imprensa. No final das contas o que eles querem são algumas fotos e algo interessante para publicarem.

-Você tem razão. –ele assentiu decepcionado.

-Fale com eles e pronto. Vai estar acabado depois de alguns minutos.

-Tudo bem, você me convenceu. Mas terá de ir também.

-O que? –ela deu um salto da poltrona. –Por que?

-Como por que? Você também apareceu na foto. Com certeza querem saber quem é você.

-Mas eu...

-Ah, você vai! –ele sorriu irônico. –Como você mesmo disse, no final das contas são só algumas fotos e alguns minutos.

-Estou reconsiderando então. Acho melhor o senhor resistir bravamente e não se render a esses sanguessugas! –ela riu balançando a cabeça negativamente. –Sem chances, eu não vou até lá.

-Rin, você vai.

-Não mesmo!

...

Um jornalista estava encostado na van da emissora que trabalhava. Já estava cansado de ficar ali esperando alguma coisa acontecer. Mas ele sabia muito bem que não poderia ir embora até conseguir qualquer coisa, mesmo que ele próprio tivesse de inventar algum evento.

O sol estava queimando, já era de tarde e tinha acabado de devorar um sanduíche com o seu cameraman que também estava de saco cheio de segurar a câmera pesada nos ombros. Por fim, ele descansou a câmera dentro da van e fitou o seu companheiro de trabalho.

-Hei, Akio esse cara não vai sair daí de dentro nunca! Não aguento mais isso. –falou o cameraman cansado.

-E o que você sugere, Hajime? Temos que ter paciência.

-Você fala isso porque não é você que tem que segurar essa porcaria dessa câmera. Enquanto a sua cara aparece na TV eu é que fico com escoliose.

-Ninguém mandou você ser feio, Akio. Por isso que você é o cameraman. –ele riu irônico.

-Muito engraçado! –esbravejou.

Akio olhou para o lado por um minuto e quando notou que algo se mexia pelo jardim fixou seus olhos com urgência. De repente duas figuras surgiram.

Um homem de duro semblante que parecia ter um pouco de dificuldade para se locomover e uma mocinha que estava completamente atônita, vinham andando calmamente em direção aos grandes portões da mansão Taishou.

Akio deu um salto e sacudiu Hajime com violência.

-Seu gordo, pega logo essa maldita câmera! Eles estão ali! ALI!

...

Rin tentou manter a calma, mas quando viu aquela floresta de microfone vindo em sua direção e na de Sesshoumaru quase teve um colapso nervoso. Ela não fazia ideia de como era assustador estar envolta daquele monte de gente berrando ao mesmo tempo e quase a fazendo engolir o microfone. 

Ficou pensando que merecia aquilo, ela tinha encorajado Sesshoumaru a enfrentar aquele monte de gente. Nada mais justo do que ir com ele, afinal teria de fazer isso uma hora ou outra, sabia bem que os jornalistas iriam a procurar depois falarem com ele. Precisariam de uma comprovação. Jornalistas sempre precisam de comprovação no final das contas.

O empresário estava com a mesma expressão de sempre, completamente apático, frio. E Rin não poderia estar se sentindo mais deslocada como naquele momento. Os jornalistas foram para cima com voracidade, não perdoaram.

-O senhor confirma o que a revista publicou?

-O senhor afirma estar sendo vítima de uma cilada?

-Há um caso amoroso entre vocês dois?

-Há chances de algum relacionamento?

-O que a levou ajuda-lo? Já sabia quem ele era?

Eram tantas perguntas como essas. Tantos flashes de câmeras, tantas luzes. Rin sentiu-se nauseada tanto pelas perguntas maldosas como pela confusão que aqueles jornalistas causaram. Não sabia nem mesmo como responder. Sesshoumaru acabou falando mais do que pretendia e Rin acabou sendo guiada pelo empresário que já estava acostumado a esses eventos.

...

Kagome estava tomando um café com três amigos. Estavam numa das salas do jornal conversando e aproveitando o curto intervalo. A TV estava ligada berrando alguma coisa sem importância que eles não davam atenção.

Quando foi anunciada a segunda reportagem, Kagome virou-se imediatamente para a televisão. E foi só a imagem surgir na tela para a menina engasgar com o café quente.

-Rin!

-Quem? –o rapaz ao seu lado indagou.

-Minha prima! Ela está na TV!

-Ela? Ela é a sua prima? –indagou o outro que estava ao seu lado.

-Ai meu Deus... Ela deve estar desesperada... –disse preocupada. –Como consegue se meter em tanta confusão?

...

Assim que todos aqueles abutres deixaram a mansão Taishou, Rin e Sesshoumaru suspiraram aliviados. Não tinha sido tão rápido como ela falara que seria.

Sesshoumaru foi se encaminhando para dentro da mansão. Seu corpo estava dolorido, não sabia como tinha aguentado tanto tempo em pé. Ficou pensando no que seus investidores e as pessoas da empresa iriam achar daquilo tudo. Mas no final acabou dando de ombros.

-Senhor Sesshoumaru. –Rin o chamou.

-Sim? –ele voltou-se para ela um pouco cansado.

-Eu já vou embora. –ela sorriu também cansada. –Ainda tenho que ir pra faculdade hoje.

-Claro. –assentiu. –Vou pedir para Toshio a levar.

-Não precisa. Eu vou ficar bem.

Uma harley davidson preta cruzou pelo caminho aberto no enorme jardim da mansão. Inuyasha estava sentado nela com um capacete preto e uma jaqueta de couro também da mesma cor.

Inuyasha parou ao lado dos dois seres, colocou o descanso da moto ainda montado nela, tirou o capacete e fitou Rin com um largo sorriso.

-Hei, você já vai?

-Vou sim. –assentiu.

-Quer uma carona?

-Ah, não, com certeza não! –ela riu.

-Tem medo?

-É... Digamos que moto e vestido não são uma combinação muito boa.

-Ah, sim! –ele riu junto. –Tudo bem então. Foi um prazer conhecê-la. A primeira mulher que Sesshoumaru trás que vale a pena falar.

-Inuyasha, vai! –Sesshoumaru o fulminou.

-Eu já vou! –ele riu antes de colocar o capacete e tirar o descanso da moto. –Tchau!

Inuyasha acelerou e foi embora. Não demorou muito para sumir da vista dos dois seres. Sesshoumaru balançou a cabeça negativamente e cruzou os braços desaprovando as aventuras do meio-irmão.

-Esse idiota corre feito um louco com essa porcaria e nunca ficou como eu estou agora! A vida é mesmo injusta.

-O senhor é mesmo muito diferente do seu irmão.

-Meio-irmão. –Sesshoumaru a corrigiu rapidamente.

-Que seja! –ela riu. –Mas agora eu vou.

-Tem mesmo certeza de que não quer que Toshio a leve?

-Tenho. –ela assentiu. –Eu chego rápido.

-Tudo bem, não vou insistir...

-Até qualquer dia. –ela sorriu e virou-se pronta para ir embora.

-Rin. –ele a interceptou a fazendo olhá-lo. –Obrigado por tudo.

-De nada!

E calmamente ela virou-se e se encaminhou para o seu destino morrendo de vontade de olhar para trás.

...

Sesshoumaru voltou para o escritório. Estava exausto.

Assim que encaminhou-se para sua mesa ouviu um aparelho celular tocar insistentemente. Não reconheceu aquele toque. Procurou o objeto por todo o canto, até que por fim viu um celular jogado numa poltrona.

Sesshoumaru franziu o cenho e pegou o aparelho. O visor denunciava a pessoa que ligava.

-Kohaku? –ele falou sem entender, mas logo teve um estalo que o fez sorrir. –Ela esqueceu aqui...

CONTINUA...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado desse capítulo, porque eu simplesmente adorei!
Grande beijo!