Antes Que Você Vá escrita por Isabela


Capítulo 18
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulooo! Espero que gostem. Eu demorei para postar, eu sei, mas dessa vez não foi por nada a ver comigo, só achei que teria mais reviews, e não teve :( bom, esse capítulo é para todos que estão lendo e me incentivando, eu vou terminar essa história por vocês!
Muita obrigada,
e Boa leitura!



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Capítulo Dezessete

Minha mãe pareceu muito satisfeita ao me ver encostar a porta da frente de nossa casa quando cheguei. Eu podia imaginar os pensamentos dentro de sua mente, presunçosa de que tinha conseguido o que queria. Agora eu supostamente era a linda e boa filha que chegava na hora combinada e tinha finalmente se apaixonado por um cara de quem sua mãe gostaria.

Que ilusão. Bem, a não ser pela parte de se apaixonar pelo cara de quem ela gostaria.

Espere. Eu disse “apaixonar”?

A palavra me revirou por dentro. Senti como se minhas entranhas estivessem todas contraídas, carregadas de… medo?

Eu não queria me apaixonar por ninguém. E era muito errado que eu tivesse beijado Arthur e me referido a Theo como o cara por quem eu estava “apaixonada”.

Eu não podia estar apaixonada por ele, podia? Bom, tecnicamente, não há regras para se apaixonar.

E ele estava apaixonado por mim?

Tudo isso me fez sacudir a cabeça e suspirar. Minha mãe deu um passo em minha direção – ela parecia exultante de alegria com minha imagem e aparência. Coisas que eu odiava em mim agora.

E eu não podia continuar daquele jeito, esse era o primeiro item na lista de “coisas urgentes para ser mudadas”. O segundo na lista podia ser a coisa de estar apaixonada por Theo.

– Você se divertiu, querida? – perguntou minha mãe, sorridente.

– Sim – resmunguei, caminhando para as escadas.

Minha mãe soltou um suspiro paciente ao ver minha careta.

– Isso, vá se arrumar. Depois desça, você vai me ajudar a preparar o jantar. Eu já tive bastante trabalho esta tarde, para quem está de folga.

Minha mãe apontou para todas as superfícies incrivelmente limpas e brilhantes no meio da sala. Ela tinha ficado o dia todo limpando em vez de descansar e aproveitar seu dia de folga do hospital. Tudo isso só para passar uma boa impressão para os pais de Luiza. Como se alguém se importasse.

Revirei os olhos e subi as escadas correndo. Tomei um novo choque quando cheguei ao que costumava ser o meu quarto e encontrei aquele lugar horroroso no lugar dele. Eu quase tinha me esquecido de como não só a minha aparência tinha mudado.

Agora havia meu quarto, minhas antigas amigas, meus pais, minha escola… e até Arthur. O que aquele beijo tinha significado para ele? Eu não podia ficar com ele. Eu não queria ficar com ele… pelo menos, não naquele momento.

Fechei os olhos e me lembrei do gosto de Arthur, de seu cheiro, da textura de seus lábios. Depois de tê-lo beijado, tudo o que pude fazer foi me virar e ir embora. Não havia mais nada a ser dito, não havia mais nada que eu pudesse fazer. Pela primeira vez, eu não queria cometer um ato impensado.

E se fosse Theo… eu tinha certeza de que não seria nem um pouco como fora com Arthur. Mas Theo e Arthur eram pessoas diferentes, e, no entanto, eu não sabia o que diferenciava toda a situação em si. Quem disse que eu não podia estar apaixonada por Arthur? Ou simplesmente… podia me apaixonar por ele.

Afastei os pensamentos de minha cabeça e fui tomar um banho rápido. Tentei não me olhar no espelho, visando todo o tempo não me lembrar de como eu estava. Talvez eu pudesse ter um acesso de raiva e quebrar e rasgar tudo.

Mas talvez eu ainda precisasse de um pouco mais de calma. Se meus pais realmente acreditassem que eu podia ser boazinha, eles confiariam em mim e eu poderia maquinar uma possível fuga, ou simplesmente jogaria tudo para o ar depois de algum tempo.

Um plano ridículo, e, confesso, sem muita índole, porém preferia ser uma idiota sem índole a ser uma alienada controlada pelos pais e pela sociedade.

Quando abri o guarda-roupa, concluí que seria melhor que eu tivesse me afogado no chuveiro, para não ter de escolher uma peça de roupa dentre aquelas dezenas. Algumas podiam ser melhoradas, isto é, um pouco desfiadas aqui e ali, e talvez recortadas em alguns cantos, mas obviamente minha mãe pensou na hipótese e levou embora qualquer tesoura ou lâmina que pudesse ser encontrada dentro daquele quarto.

Claro que eu estava morrendo de raiva por isso, mas não havia nada que eu pudesse fazer no momento. Escolhi a roupa mais próxima de normal que encontrei – uma blusinha azul-marinho de mangas curtas e um jeans escuro. Calcei chinelos e deixei meu terrível novo cabelo solto.

Então, respirei fundo e saí do quarto eu direção ao próximo martírio.

~

Quando Luiza chegou com seus pais, tudo estava lindamente preparado para o jantar. Eu odiava o modo como meus pais faziam com que tudo parecesse perfeito, como se nós fôssemos perfeitos. Não éramos perfeitos. Aliás, estávamos bem longe disso.

Pelo menos eu não tive de ouvir qualquer discurso de minha mãe sobre minha aparência ou maneira de agir – eu tinha supostamente “passado no teste” dela. Tinha feito o que ela queria que eu fizesse, tinha obedecido suas ordens. E era ótimo saber que ela se convencera tão facilmente de que eu tinha me endireitado.

Luiza me lançou um olhar de surpresa assim que me viu. É claro que tinha a ver com minha aparência. Mas ela… bom, ela estava simplesmente lindíssima com um vestido salmão bem básico, e sua mãe tinha mais joias penduradas no pescoço do que era necessário para mostrar sua eterna alma esnobe.

Demorei um tempo para me habituar à presença dos pais de Luiza na sala. Meus pais agiam com muita cordialidade com eles, e as nossas mães logo se juntaram para conversar enquanto os homens comiam um aperitivo.

Depois de ser elogiada – falsamente, na minha opinião – pelos pais de Luiza, ela tomou a liberdade de me puxar escada acima. Levou sua bolsa junto, e percebi que ela era um pouco maior do que o necessário.

Achei ótimo que nos afastamos dos adultos, assim poderíamos conversar sinceramente, e eu poderia pedir a ajuda dela. Eu não tinha me esquecido que Theo estaria me esperando na praia no dia seguinte, e não sabia o que minha mãe poderia pedir para me deixar ir até lá. Fora isso, precisava pensar em um modo de arrumar um contato externo – qualquer celular barato que Luiza arranjasse estava bom.

– Meu Deus, como você está diferente – disse Luiza, quando entramos no meu quarto.

Suspirei e olhei ao redor com um ar de lamento.

– Não sou só eu que está diferente.

Luiza também suspirou e se sentou pesadamente na cama, tirando as sandálias de salto alto.

– O que aconteceu, exatamente?

Mexi em meus cabelos irritantemente lisos e sacudi a cabeça, mal suportando reviver o que eu já não conseguia tirar da cabeça.

– Para ver Theo minha mãe fez com que eu concordasse em ficar desse jeito… deixá-la comprar roupas e arrumar meu quarto. Estou me sentindo uma estranha a mim mesma.

– E você concordou? Só para ver o Theo?

Eu olhei para baixo. Não era só eu que estava surpresa com esse fato incrivelmente admirável e inacreditável. Pelo menos, para uma pessoa como eu.

– Pois é. Combinamos de nos encontrar novamente amanhã.

– Será que está rolando algo? – ela deu um sorrisinho malicioso.

Eu não precisava pensar na situação nem por um mero segundo para saber que estava rolando algo sim. Eu não era o tipo de garota que negava sentimentos com palavras patéticas como “ah, claro que não, o que é isso” quando, na verdade, está simplesmente e totalmente caída pelo cara.

E eu sabia que com Theo era ainda mais do que isso.

– Sim – eu respondi então.

Dei um suspiro entrecortado enquanto despejava o resto da história.

Falei sobre Arthur e sobre Lena e Victoria, expliquei como estava me sentindo e como estava na cara que Lena tinha aprontado algo e estava escondendo de mim.

– Talvez tenha sido um erro você beijar esse Arthur – opinou Luiza, jogando os cabelos sedosos para trás. – Quero dizer, ele pode se iludir.

– Eu sei que talvez ele esteja, mas não pensei direito na hora. Sou do tipo que age e depois pensa.

Luiza sorriu.

– Eu realmente lamento muito pelas partes ruins. Eu adorava o seu estilo.

– Eu não vou me render – respondi. – Não vou me entregar, nem por Theo.

Luiza pegou sua bolsa na ponta da cama e mexeu nela enquanto falava.

– Eu sei que não. E eu quero ajudar você. Sabe, eu apoio a liberdade de expressão, e não é porque você não gosta de salto alto e cabelos inteiros da mesma cor que não podemos ser amigas.

Ela sorriu e eu ri de seu comentário.

Luiza era engraçada e divertida. Percebi que o laço antes tão forçado a se formar pela parte de nossos pais, agora estava se formando sozinho, naturalmente. Era só uma questão de tempo.

E eu confiava em Luiza, o que só facilitava tudo.

– Bom, eu trouxe um iPad para te emprestar – ela me estendeu o aparelho na capa nova em folha.

– Jura? – abri um enorme sorriso satisfeito.

– Claro. Meu namorado… Mateus… ele tem três desses. Como eu não podia emprestar um dos meus, porque meus pais dariam falta, ele ofereceu um dos dele. Sei que você sabe ser sorrateira, para os seus pais não confiscarem.

– Lógico. Muito obrigada.

Luiza acenou com a cabeça e me estendeu um celular.

– Trouxe um celular também, mas o número é pré-pago. De qualquer forma, dá para aguentar por enquanto, certo?

– Claro que sim. Nossa, obrigada Luiza.

Eu sorri, profunda e genuinamente grata, e Luiza sorriu de volta.

– Acho que posso trazer o que você quiser, contanto que nossos pais não descubram, e, claro, que não seja nada mirabolante.

– Fique tranquila. Eu não uso drogas e não sou a favor do porte ilegal de armas.

Luiza riu.

– Isso me deixa aliviada. Só mais uma coisa.

– Sim?

– Eu fui contatada através do Tumblr, por uma pessoa interessada em conhecer seus trabalhos de pintura, depois de ver a foto daquela no muro lá de casa. Parece ser bem confiável, de verdade.

Eu arregalei os olhos. Aquela era, sem dúvida, a maior surpresa da noite.

– Uau!

– Acho que posso mandar o link do site da empresa para você. Você pode ganhar dinheiro… tipo… grana de verdade.

Eu estava prestes a responder quando alguém bateu na porta.

– Meninas? – minha mãe chamou.

Nós duas pulamos e eu joguei debaixo da colcha as coisas que Luiza tinha emprestado enquanto ela própria respondia.

– Sim, tia Marjorie?

Eu mal me lembrava de quando Luiza chamava minha mãe de “tia”. Fazia muito tempo. Muito mesmo.

Nós duas nos olhamos como se fôssemos crianças pegando balas escondido da mãe. Minha mãe apareceu na porta entreaberta do quarto.

– Vamos descer para jantar.

Nós nos olhamos e concordamos com a cabeça.

– Claro.

– É para já.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? No próximo capítulo tem Theo! Vai começar a parte boa... HAHAHAHAHAHA
Reviews, okay? Senão fico triste.
Até mais, muuuuito obrigada, e beijos!