Antes Que Você Vá escrita por Isabela


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo! Estamos praticamente chegando ao "recheio" da história. Espero que estejam gostando! Eu nunca escrevi uma fic e acho que elas são um pouco mais "breves" do que livros, só que já escrevi vários e ainda não consegui mudar meu estilo, encurtar as coisas, então às vezes fico com medo de estar me prolongando muito KKKKK meio confuso isso né? hahaha

De qualquer forma, agradeço a cada um de vocês, lindos leitores, e vamos ao capítulo!

Boa leitura!



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Capítulo Dez


­­– Esse é o Arthur – disse Lena sorrindo.


Estreitei os olhos.

Estávamos na praia. O sol mal tinha nascido e já havia surfistas na água e pessoas correndo na areia. Eu não fazia ideia do que essas pessoas tinham na cabeça. Se eu não tivesse sido obrigada a levantar, ainda estaria na cama, e não naquele lugar frio e cheio de areia.

Arthur era um cara alto; sua pele morena estava molhada. Levava uma prancha de surfe debaixo do enorme braço tatuado e seu peito musculoso também estava todo marcado por tatuagens. A visão me deixou zonza, e de um jeito ruim. Eu não podia – não suportava – me imaginar abraçando um cara daquele jeito. Não que eu tivesse algo contra ele – seu sorriso bonito até era bem convidativo – mas simplesmente não parecia mais certo. E Lena tinha deixado muito claro seu objetivo ao me levar até a praia e chamar Arthur no meio do mar.

Ela queria que fôssemos amigos. Amigos. Sim. Entenda como quiser.

Eu não sabia quanto tempo tinha durado o silêncio. Eu ainda estava em pé na frente de Arthur, com os cabelos sacudindo na ventania, os tênis enganchados nos dedos, os braços cruzados.

– Art – o garoto corrigiu com uma voz grossa, olhando para Lena e revirando os olhos. – Arthur é muito… bonitinho. Nome de príncipe.

Eu comprimi os lábios. Não tão bonito como Theo, pensei.

– Prazer; sou Mianah – murmurei.

– Ela fugiu do colégio – explicou Lena, rindo. – É a resistência em forma de garota.

Havia algo ali que ela achava muito engraçado, porque não parava de dar sorrisos maliciosos. Fechei a cara e suspirei.

– Como a gente combinou… aqui está ela – disse Lena a Arthur.

Não, eu não ia chamá-lo de “Art”, era bom que isso já ficasse claro. E não, eu não tinha gostado nem um pouco do “combinado” entre Lena a Arthur.

– Vou deixar vocês agora.

Lena acenou, mexendo os dedos de forma lenta, e me lançou um olhar profundo e intrigante. Pelo menos, para Arthur parecia intrigante.

– Não, nós vamos conversar por um segundo – eu segurei o braço de Lena antes que ela se afastasse. – Com licença, Arthur.

O garoto me olhou com a clara expressão de “você só pode estar brincando”. Eu dei de ombros e puxei Lena para bem longe dele.

– Que é que você está pensando? – perguntei para ela, indignada.

– Eu que pergunto! – Lena puxou seu braço e bateu o pé na areia.

Lancei um breve olhar para Arthur. Ele continuava parado a vários metros de distância, e parecia lamentar profundamente por eu ser uma garota tão chata.

– Olha, me diga exatamente o que você está querendo – falei.

– Me diz você o que aconteceu naquele dia no Pão de Açúcar. Você voltou muito diferente.

Lena me olhou de um jeito que me fez acreditar que ela sabia cada palavra da minha história com Theo. Contando, é claro, o fato de que não havia uma história. Nem um capítulo sequer. Mas algo me dizia que podia haver… se eu conseguisse… encontrá-lo.

E minha amiga me conhecia bem demais para saber que algo estava errado. Tudo estava errado. Absolutamente tudo. A começar por Theo e a terminar em Arthur.

– Nada, Lena, não aconteceu nada! – falei alto, o vento silvava ao nosso redor, e tentei imaginar se parecia que estávamos discutindo. Provavelmente sim. Não que eu me importasse realmente.

– Aconteceu, sim senhora! Se você tem alguma espécie de trauma, de problema, não sei… por causa do seu ex, esqueça! O Arthur é quem combina com você.

– Cale a boca, Lena. Quem é você para saber o que é certo para mim? O que combina comigo? – enquanto as palavras fervilhavam em minha língua, eu não me esforçava para controlá-las, nem mesmo medi-las. – Eu não sei qual é o seu problema, mas a única pessoa que ainda se lembra daquele cara é você. Nós três sempre fizemos o que queríamos. Eu, você, a Victoria. Sempre pensamos como queríamos. E de repente você decidiu que falar por mim e fazer tudo por mim é o melhor. Você podia ficar na sua, que tal? Eu ia ficar bem satisfeita!

Virei as costas bruscamente e comecei a caminhar pela praia, em direção ao calçadão, para longe de Arthur e de Lena.

– Você foi me procurar na minha casa! Você sempre vai precisar de mim! Você é quem está estragando a nossa amizade! – Lena berrava as frases desconexas, e elas passavam por mim com o vento.

Eu estava com muita raiva de Lena. De alguma maneira, algo que me envolvia a incomodava, e eu não sabia o que. A certeza de que, na mente dela, eu era apenas uma riquinha revoltada, me dava vontade de voltar e enchê-la de socos. Se ela soubesse sobre Theo, nunca mais olharia na minha cara. E Victoria… bem, eu também não podia ter certeza de que Victoria não se afastaria.

E quem Theo era? Eu nem sequer o conhecia. Não podia deixar que ele destruísse uma amizade longa e forte. Nem mesmo agora, que estava com raiva de Lena, podia imaginar deixar que um estranho estragasse tudo!

Joguei meus tênis na areia e me sentei pesadamente. Tudo estava úmido, e o sol não estava tão pleno quanto devia estar. Pelo visto seria um dia nublado, não haveria calor. Meus pais e a escola deviam estar loucos atrás de mim, mas eu mal pensava nas consequências de minha fuga. Eu nem me importava com elas.

Mas eu me importava com as pessoas. Eu queria… eu queria ter um lugar aonde encontrar Theo antes da hora marcada. Eu queria poder saber o que ele estava fazendo enquanto eu estava naquela praia gelada. Eu queria poder voltar no tempo, no dia em que ele perguntou meu nome, e saber mais sobre ele.

Eram apenas dois olhos em um rosto. Um rosto e um nome, e nada mais. Nomes se apagam, olhos se fecham para sempre, em qualquer hora, em qualquer lugar. Assim como a pintura no muro ia se acabar, tudo se acabava. De repente eu não era forte o suficiente para alcançá-lo antes que fosse tarde, e nem corajosa o suficiente para mandar todo o resto para o inferno em nome dele.

E tudo continuaria daquele jeito. Exatamente assim.

– Oi.

Uma voz me tirou do torpor em que eu estava envolvida e me trouxe de volta à luz fraca da manhã úmida na praia.

Arthur estava diante de mim. Jogou a prancha na areia e se sentou sem ser convidado.

– Oi.

Eu não queria conversar com ele. Eu não queria ouvi-lo, nem me aproximar dele, mas também não queria me levantar e ir embora. Eu me sentia ridícula.

– Então, qual a história?

Eu não podia acreditar que Arthur pudesse estar perguntando alguma coisa para mim depois de tudo aquilo. Ele era um surfista. Um surfista tatuado. E skatista. E era… bom, olhando em seus olhos muito escuros e cabelos longos e grossos, ele era até bem bonito. Mais que bonito. E ele até podia ter mais um monte de qualidades, mas eu não queria descobri-las. Queria só ficar sozinha.

– Cara, você pode falar comigo, por favor? – Arthur instou-me a falar.

– Eu não sou um cara – falei só para irritá-lo.

– Eu só estou tentando ser bacana com você – ele murmurou.

Houve um segundo de silêncio.

– Eu simplesmente… simplesmente odeio que as pessoas tentem mandar em mim. E a Lena está querendo fazer isso. Eu não conheço você, e não gosto de ser obrigada a nada. Entende?

– Ninguém aqui está obrigando você a…

– Eu me sinto obrigada – interrompi.

Após isso, mais silêncio. Eu fitava o mar cinzento com a maior determinação que conseguia tirar de mim mesma, enquanto que sentia Arthur me observando.

– Um passeio? – murmurou ele, fazendo desenhos na areia com a mão.

Escorreguei meus olhos para os olhos escuros dele.

– Passeio? – repeti, a voz cortada pelo vento.

Eu não conseguia imaginar alguém como Arthur me oferecendo um passeio. Menos ainda, eu aceitando.

– Ok – falei enfim.

– Na pista de skate daqui a uma hora – ele disse, se levantando.

Fiz uma careta. Íamos só sair. Eu não estava fazendo o que Lena queria, eu não ia ficar com ele. E também não tinha me esquecido de Theo.

– Ok – eu repeti, me levantando também.

Sacudi a areia das roupas. Eram quase oito da manhã. Dali a uma hora seriam nove. Às três eu tinha de ir ver Theo – contando com o fato de que ele estaria no Pão de Açúcar, é claro, e de que eu não ia ser pega. De qualquer forma, seria… bem, seria legal sair com um cara do mesmo estilo que eu. Eu podia ser uma desconhecida, mas não uma estranha. Claro que isso não significava que minha opinião sobre Arthur tinha mudado – eu ainda não me sentia confortável com ele. Mas amigos a mais nunca faziam mal.

Arthur acenou e eu peguei minha mochila. Ele foi para um lado e eu fui para outro.

Olhei para o céu. O sol fraco subia um pouco mais a cada minuto.

Três da tarde, chegue logo…


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Notas finais do capítulo

E então, galera, o que acham do Arthur? Eu até gosto dele, sabe KKKKKKK fiquei tentando shippar ele e o Theo com a Mianah mas não saiu nada interessante kkkkkk acho que podemos fazer o Team Theo e Team Arthur kkkkkkkkk brincadeira. Esse capítulo ficou enorme no Word, então precisei cortá-lo mais ou menos na metade, para vocês não ficarem cansados de ler. Nossa, acho que hoje estou muito falante, hahahahahaha enfim... deixem reviews com suas opiniões sobre o Arthur, sobre a briga com a Lena, sobre o que acham que vai acontecer... O incentivo e opinião de vocês é muito importante :D posto o próximo capítulo assim que alguns de vocês já tenham lido.

Beijos, e até logo...