– Eu tenho mesmo que ir nessa festa John? – Jesse se olhava no espelho pela milésima vez.

– Sim você tem que ir. Vai todo mundo da sala. E vai o delicioso do Derek.

– Eu já disse que não me interesso por ele John, se for por causa dele, eu nem vou. Nada de você ficar me empurrando pra ele, ouviu bem? – Terminava de arrumar a maquiagem nos olhos.

– Tudo bem, você quem sabe. Eu soube que ele está louquinho pra ficar com você.

– Esquece disso tá, hoje eu só quero me divertir um pouco. Agora vamos logo.

Jesse estava com uma fantasia até que normal. Tinha colocado um short preto bem curto marcando sua bunda e uma camisa branca apertada também. Sua fantasia era de zebra. Ele tinha colocado no pulso algo como pulseiras de pelúcia com estampa de zebra, meias pretas até metade da coxa, com pelúcia no final, all star preto, orelhas, coleira e um lindo rabo. Sem esquecer da máscara preta. Realmente estava lindo. Passou uma maquiagem preta bem forte nos olhos e deixou seus cabelos um pouco compridos soltos, jogados em seu rosto.

Caminharam um pouco pelas ruas e logo chegaram na casa que seria a festa. Os pais de Miles tinham ido viajar e ela decidiu dar uma festa a fantasia. A bebida era liberada, desde que você pagasse o convite. Todos do ano que estava Jesse foram pra festa, e alguns mais velhos também. Derek era um garoto do ano a sua frente, lindo e popular demais. John tinha ouvido por ai que ele pediria pra ficar com Jesse na festa.

Mas quer saber a verdade? Jesse não estava nem um pouco interessado nele. Ele era apenas mais um garoto popular que só queria levar a pessoa pra cama e depois nunca mais conversar com a pessoa. E Jesse não queria isso. Ele já tinha beijado alguns garotos, mas nunca nenhum deles o fez se sentir diferente, como John falou que se sentia sempre que beijava o namorado. Era isso que Jesse queria, um namorado que o amasse tanto quanto ele iria amá-lo.

Mas estava difícil de achar esse garoto. Porem Jesse estava esperançoso de que hoje ele acharia o seu futuro namorado. Sentira algo quando acordou essa manhã, e só por isso aceitou ir na festa. Jesse não era popular, só soube da festa por causa do namorado de John, que é amigo de Miles. A festa era para poucos, os escolhidos.

Chegaram na festa e da rua ouviam o barulho alto da música. Entregaram os convites para um garoto que estava na porta e entraram. Muitos garotos e garotas dançando espalhados por ai, bebendo e alguns casais se beijando. Jesse olhou rapidamente pela sala, vendo se achava algum amigo.

– Vem Jesse, o Lucas está lá perto da porta da cozinha. – Disse John arrastando o amigo em direção ao seu namorado.

– Oi amor.

– Oi meu lindo, chegou tarde hein. – Puxou John para um beijo que demorou tempo demais para Jesse. Ele realmente sentia ciúmes do amigo ter achado um amor.

– Jesse demorou como sempre. Ele estava pensando em não vir acredita?

– Ainda bem que você veio Jesse, a festa está muito louca. E tem vários garotos da hora do terceiro ano.

Os três riram e logo já estavam com um copo de bebida conversando alegremente. Jesse decidiu não beber demais, então ficou enrolando com seu copo. Alguns amigos de Lucas chegaram e fizeram um grupo animado. A festa realmente estava boa. Músicas legais, ótimas bebidas e pessoas lindas e populares. Do outro lado da sala Casey virava mais um copo.

– Tem tantas garotas gatas aqui, nem sei qual eu pego primeiro. – Casey vestia uma fantasia bem simples. Estava vestido com uma roupa de vampiro, aquelas roupas clássicas e tinha até mesmo uma capa e a sua máscara.

– Acho que aquela loirinha de enfermeira está bem gostosa. – Tom, um de seus melhores amigos falou.

– Hum, você tem razão, mas sabe, eu prefiro morenas. – Casey olhou em volta da sala e parou de falar, ficando com o olhar fixo.

– Hey, o que você está vendo? É alguma gostosa tirando a roupa?

– Não. Estou olhando pra bunda mais gostosa que já vi. Que deliciosa. – Casey apontou para Jesse.

– Uau, realmente, deve ser uma das bundas mais gostosas que eu já vi.

– Estou indo lá agora.

– Boa sorte!

Casey largou o copo em cima de uma mesinha e foi andando devagar na direção de Jesse. Todos estavam fantasiados, não saberia reconhecer ninguém ali, além do colega de futebol Lucas. Mas ele não importava. A única coisa que importava era a garota da bunda gostosa. Não perdeu tempo e a empurrou na parede, se afastando um pouco dos outros, na direção do corredor.

– Hey, o que você pensa que está fazendo? – Jesse reclamou, tentando se soltar.

– Eu quero beijar essa sua boca...

– O que...?

Mas não deu tempo de Jesse terminar de falar, porque Casey já o beijava. E nessa hora Jesse percebeu que realmente acertara de vir na festa. Aquele estava sendo o melhor beijo que já teve. Sentiu todos os pelos de seu corpo se arrepiando. Sentiu-se quente. Nem se importou de que nem ao menos sabia que era aquele garoto o beijando.

Para Casey também estava sendo diferente esse beijo. Beijara muitas garotas já, mas nunca sentira algo a mais como estava sentindo nesse beijo. No começo apenas ele beijava, mas agora o outro, que ele pensara ser uma garota, retribuía perfeitamente o beijo. Rapidamente passou as mãos pelas suas costas até chegar na bunda e deu uma apertada forte. Se excitou apenas em ouvir o outro gemendo.

Se separaram pra respirar e já estavam voltando a se beijar quando Casey falou.

– Garota, você é deliciosa demais hein.

– Garota? – Jesse se afastou um pouco. – Acho que você me confundiu com alguém. Eu sou um garoto.

– Garoto? Você está brincando né? – Agora foi a vez de Casey se afastar.

Com a música alta ninguém ouvia a pequena discussão que acontecia entre os dois.

– Pois é, não estou.

– Mentira, não acredito. Sua bunda é de garota, e você é tão sensível quanto uma.

– Desculpe te decepcionar, mas meu nome é Jesse e estou no 2ª. – Jesse retirou sua máscara.

– Eu não acredito que eu beijei um garoto!! Isso é totalmente nojento. – Casey se afastou mais ainda.

– Olha aqui, eu não tenho que ficar falando que sou garoto para todos que chegarem me agarrando. Se você é um homofóbico ridículo, apenas de afaste de mim okay.

– Você eu é um gay ridículo. Me arrependo de ter vindo nessa festa e principalmente de ter te beijado.

Os dois começaram a gritar, mas logo que perceberam estar chamando a atenção dos outros abaixaram as vozes.

– Eu sempre te odiei Jesse, você é um ridículo. Eu sinto vontade de te bater!!

– Peraí, eu sabia que reconhecia essa voz. Casey. Não pense que é o único que pensa assim. Eu também te odeio.

Os dois se prepararam pra começar a briga quando seus amigos apareceram e os separaram. Cada um foi pra um canto da casa, ambos muito nervosos.

– O que houve Jesse? Numa hora um cara estava te arrastando pra um canto e no outro você estava quase se pegando com o Casey mais uma vez.

– Você não vai acreditar John. Casey pensou que eu era uma garota por causa de, segundo ele, minha bunda deliciosa de garota e me beijou. – Jesse tomava um copo de água que lhe deram. – E então quando descobriu que era eu quem ele beijava, ficou todo nervoso e brigamos.

– Eu não acredito mesmo!! Você e Casey se beijando? Minha nossa vocês se odeiam desde sempre, vocês são vizinhos!

– Eu sei John, e eu o odeio mais ainda agora.

– Tudo bem, esquece disso Jesse, vamos aproveitar o resto da noite.

– Não estou afim John. Obrigado mas eu vou voltar pra casa. – Jesse se levantou e guardou a máscara no bolso.

– Quer que eu vá junto?

– Não precisa. Aproveite a festa com o delicioso do seu namorado.

– Tudo bem. Qualquer coisa me liga tá?

– Claro.

Ao mesmo tempo em que essa conversa ocorria, outra parecida aconteceu.

– Casey mano, o que houve lá? Você saiu pra pegar uma gostosa e do nada te vi brigando com o Jesse. – Lhe deu um copo de refrigerante.

– Tom, sabe essa gostosa? Então, acontece que ela, era ele, o Jesse.

– Eu não acredito que você, o maior hétero do colégio beijou um garoto!

– Para de brincadeira, foi horrível tá. Ele é um imbecil.

– Tudo bem, mas agora vamos beber mais e pegar umas garotas bem gostosas.

– Esquece Tom, perdi a vontade de ficar aqui. Estou indo pra casa.

– Okay, até amanhã então.

– Até.

Casey tacou sua máscara no chão e saiu pisando forte. Saiu um pouco depois de Jesse, então não se encontraram mais. Porém eles eram vizinhos. E Jesse parou na calçada em frente sua casa um pouco pra pensar. Estava um silêncio a rua, apenas as luzes dela acesas. Todas as casas com as pessoas dormindo felizes. Jesse estava muito nervoso. Não acreditava que o melhor beijo de sua vida tinha sido justo com a pessoa que ele mais odeia.

Mas se ele odeia tanto Casey, então por que sentiu coisas tão boas quando se beijaram? Por que sentiu que tinha encontrado sua alma gêmea? Por que sentiu... amor? Droga, Jesse estava ficando com dor de cabeça. Olhou pro céu. A lua minguante brilhava junto de outras milhares de estrelas. Estava uma noite linda pra beijar o amor de sua vida.

Seria mesmo ódio o que sentia por ele? Lembrou-se que desde que se conhece por gente, os dois brigam. No começo era briga de crianças, mas depois foi ficando mais sérias. Começaram com os palavrões e há uns anos atrás com a agressão física. Por serem vizinhos, e seus pais serem amigos, vivam perto um do outro, mesmo odiando isso.

Uma cabeça um pouco longe pensava o mesmo. Como conseguira gostar tanto de um beijo de outro garoto? Droga, ele adorou o beijo. E aquela bunda, com certeza a mais gostosa que já viu. E o gemido então? Até agora ficava excitado só de lembrar, e lembrava perfeitamente. Mas que merda!! Não, ele não tinha gostado do beijo, não mesmo.

É só que a bunda dele era perfeita, seu gemido era perfeito, sua boca era perfeita, seu beijo era perfeito, ele era perfeito...

– Não!! Droga, ele é um perfeito idiota isso sim!!

Casey deu um tapa na cara pra ver se acordava desses pensamentos que nunca deveriam existir. Tentou não pensar no garoto, mas quando chegou na porta de casa, viu o outro parado na calçada.

– Mas que merda você está fazendo aqui? – Nem se preocupou em falar baixo.

– Seu idiota, eu moro aqui.

– Por que não ficou na festa enganando mais garotos pra te beijar?

– Por que você não ficou na festa beijando mais garotas que você acha a bunda gostosa?

Eles ficaram calados se olhando, perto demais. Ambos começaram s se lembrar do beijo e sem perceber, foram chegando mais perto. Jesse queria sentir de novo o beijo que pensou ser do amor de sua vida. E Casey queria sentir de novo o melhor beijo que já deu. E então se beijaram. Jesse abraçou a nuca dele, puxando seus cabelos enquanto Casey apertava sua cintura, descendo pra bunda e voltando.

Gemidos dos dois eram ouvidos. O beijo terminou e outro começou. E outro. E mais outro. Perderam a conta de quantos beijos foram trocados entre eles. Quando se separaram, os olhos se encontraram. E ficaram perdidos nos olhos um do outro por um tempo que não saberiam dizer quanto durou. Durou o momento perfeito para eles. Se deram as mãos, trocando carícias. Suspiros saiam baixos de seus lábios.

– Por que eu gostei tanto do seu beijo? – Casey foi o primeiro a quebrar o silêncio entre eles.

– Eu não sei. Eu também queria saber por que senti coisas que as garotas sentem nos livros quando beijam o amor de sua vida.

– Eu me pergunto se a gente realmente se odeia.

– Se fosse ódio mesmo, não sentiríamos isso que sentimos com o beijo. – Ainda se encaravam.

Jesse olhava naqueles olhos castanhos e não consegui ver ódio, raiva, ou qualquer sentimento ruim. Via apenas m sentimento novo, o mesmo que aparecia em seus olhos e Casey podia ver. Iniciaram um beijo diferente agora. Porque ambos sabiam que algo mudou. Que aquele ódio que estavam sentindo, não era realmente ódio. Era apenas algo que precisaram sentir para descobrir o que na verdade sempre sentira: amor.

Sim, porque eles se amavam. Se amavam desde que entenderam o significado desse sentimento. Não, bem antes. Desde que se conheceram. Demoraram um pouco pra perceber, mas agora que perceberam não queria mais perder tempo.

– Meus pais não estão, quer ir lá em casa? – Casey falou no ouvido de Jesse, fazendo-o se arrepiar inteiro mais uma vez.

– Adoraria... seu quarto parece lindo da minha janela.

– Você fica me espiando pela janela?

– De vez em quando eu olhava, mas era pra poder te xingar mais um pouco.

– Tenho que falar, eu também olhava pra sua. Mas era pra ver se tinha algo que eu pudesse usar pra te zoar mais ainda.

Soltaram uma risada baixa. Deram um selinho e Casey o puxou para sua casa. Entraram em silêncio. Mas ele durou apenas o tempo de fecharem a porta do quarto e os gemidos começarem. Passaram o resto da noite apenas namorando e se conhecendo melhor. Não que já não soubessem tudo sobre o outro. Mas poderiam descobrir juntos esse sentimento novo.