Vago pelas ruas sem rumo. Devem ser umas duas horas da manhã, mas não me importo. Nada mais importava agora. Nada.

A garota que eu realmente amei, foi morta. Malditos bandidos na hora errada. Eu estava para pedi-la em casamento e eles apareceram. Houve um tiroteio. Policiais chegaram correndo. Minutos depois a ambulância apareceu. Já era tarde.

Olho para minhas mãos que estão sujas de sangue. Sangue de (seu nome). Não me importo quando suas últimas palavras invadem minha mente.

-Eu te amo Jake. Lembre-se disso.

E no segundo seguinte, já não havia mais nada em seus olhos.

Chuta uma pedra bem longe. Raiva. Ódio. Rancor. Era isso que eu estava sentindo sobre os bandidos. Por que levaram logo (seu nome)? Poderiam ter me matado, mas não ela!

Sinto que estou ficando irritado e já sinto minha pele intensificando a temperatura. Era isso o que eu precisava. Transformar-me. Avisar os outros sobre o ocorrido e talvez fuir. Pra bem longe de todas as lembranças que tenho de (seu nome).

Ouço alguém me chamando. Pode ser Sam. Ou Seth. Mas a voz é feminina. Leah? Sinto meu corpo cada vez mais quente e sei que estou pronto para a transformação. Fecho os olhos, esperando para sentir os pelos em minha volta.

Mas não é isso que acontece. A voz aumenta a cada vez que fala.

-Jake, Jake, Jacob!

Abro meus olhos. Não estou na rua. Estou em um quarto branco. Ao meu lado estava (seu nome). Pensei que estivesse louco. (seu nome) não estava morta?

-Jake, você acordou! -ela me abraçou forte. Apertei seu corpo contra o meu tentando entender o que aconteceu. -Você está bem?

Afastei-me e olhei dentro de seus olhos.

-Você está viva (seu nome)?

Ela me olhou um pouco confusa e depois riu. Esperei que a crise de riso acabasse para entender.

-Outro pesadelo? -ela deitou a cabeça em meu peito e imediatamente peguei sua mão. Com a outra, fiz carinho em seus cabelos. -O que foi dessa vez?

-Sonhei que havia perdido você. -suspirei. Era difícil dizer isso, principalmente pelo fato de que sou uma ameaça para ela. -Você corre risco, sabia?

-Jacob... -ela apertou minha mão com força. -Não corro risco nenhum.

-Corre sim. -respondi furioso. -Eu estava quase me transformando, não estava?

-Estava. -ela fez carinho em meu peito e levantou a cabeça para me olhar. -Mas não é a primeira vez que vejo isso, Jake. Já vi você se transformando de verdade. E não estamos fazendo nada que possa me levar a morte. Foi só um pesadelo. -ela me deu um selinho delicado. -Por que não tenta dormir agora?

-Não dá (seu apelido). -puxo o corpo dela mais pra perto de mim e ela entende que estou assustado.

Não posso mais ter pesadelos. Imagina se me transformo enquanto estou dormindo? Seria isso possível? Mesmo assim, (seu nome) provavelmente morreria sem poder fazer nada.

-Você teve um imprinting comigo. -ela se separa um pouco de mim e olha nos meus olhos. Puxa minha mão e coloca sobre sua barriga um pouco maior já. -Você não pode deixar a gente. -percebo que ela está a ponto de chorar e abraço-a forte. Não posso deixar ela, não posso deixar nosso filho. Meu filho. Eles são minha família agora. -Eu te amo Jake. Não se esqueça.

Lembro-me do meu sonho. Foi exatamente isso que ela disse.

-Eu te amo mais que tudo (seu nome).

E no segundo seguinte, eu fiz o que era certo. Beijei-a.

Alguns anos depois.

-Jacob! –ouço-a me chamando. Estava com Sam e Paul na floresta. Sabe como é, só correndo por aí sem compromisso.

-(seu nome)! –grito em direção a ela e abraço-a tirando (seu nome) do chão.

-Jake! –percebo que seu tom está diferente. –Você precisa ajuda-lo.

-Ajudar quem? –me afasto olhando seu rosto cheio de preocupações.

-Ele... Está começando a ficar quente.

Sei de quem ela está falando. Nosso filho. Já está na hora dele se transformar?

-Fica calma. Vou ver o que está acontecendo. Onde ele está?

-No quarto. Billy está lá. –ela puxa minha mão, enlaçando nossos dedos e andamos até o quarto de nosso pequeno.

“Pequeno” era o que ele costumava ser. Agora já está grande, musculoso, eu diria “atraente” se não fosse pai dele. Olho para o mesmo que está ardendo em febre. Billy está ao seu lado, quase cochilando.

-Leve meu pai lá pra fora. Quero conversar com ele. –digo e (seu nome) faz o que pedi. Pego uma cadeira e sento ao lado de meu filho, que outro dia mesmo estava brincando de carrinho. –É garotão, chegou a sua vez. 

F I M