Seiya estava deitado nos braços de Saori, naquele lugar desconhecido e úmido, onde o branco parecia não ter fim. A Deusa estava chorando.

- Seiya, novamente acabei colocando você para lutar. Me perdoe. Me perdoe. – dizia ela, deixando lágrimas escaparem de seus olhos e rolarem por sua face.

- Não. Não se preocupe. – disse Seiya, se sentando. – Saori, eu não estava lutando por motivo seu. – apoiou a mão no chão e se levantou um pouquinho mais. – Foi por você... que eu sempre lutei.

Seiya se levantou e ficou em pé. Saori ainda sentada, o olhava impressionada.

- Seiya...

Saori e Seiya ficaram se olhando por algum tempo. Saori se levantou e levou a mão até a altura de seu coração.

- Quer dizer que, esse tempo todo, você lutou por mim, Seiya ? – perguntou a moça.

- Sim, Saori. Eu lutei por você. Eu preciso muito que você viva. – dizia, devagar.

- E por que, Seiya ? Por que você quer tanto que eu viva ?

Seiya e Saori se olharam por mais alguns segundos. Seiya avançou um passo e tomou as mãos de Saori nas suas.

- Eu preciso que você viva, Saori, porque... – pigarreou por um momento, e depois continuou. – Porque eu preciso da sua benção.

Saori arregalou os olhos, não conseguiu entender o porquê daquela resposta.

- Precisa da... minha benção ?!

- Sim, Saori. Eu vou explicar. – largou as mãos dela e deu um passo para trás. – Há algum tempo o Mu me contou que... um cavaleiro que queira se casar, só conseguirá ter um casamento feliz com a benção da Deusa Atena. – Seiya fechou os olhos e posicionou seu punho na altura no coração. – Eu amo muito uma moça. Por isso, eu preciso da sua benção para que o meu casamento seja feliz. – abriu os olhos.

- E, essa moça que você ama é... aquela garota do orfanato ?

- Sim. Ela mesma. Minu.

- Seiya... – ela o olhou seriamente. – Se nós conseguirmos sair daqui vivos, se nós vencermos nossa batalha contra os deuses... – agora seu olhar se tornou pacífico e ela abriu um sorriso de canto. – Vocês terão a minha benção.  

***

- Muito bem crianças, agora voltem pra dentro. – disse Minu, batendo palmas. – Vamos, o sol já está se pondo!

As crianças pararam o jogo de futebol e foram para dentro, mas Minu permaneceu por ali, olhando para o pôr do sol. Sua expressão era de preocupação.

- Seiya... onde você está ? Já faz mais de um mês desde que você foi para o santuário e até agora não voltou. Você não pode ter morrido, Seiya!

Minu chegou a ficar com os olhos um pouco úmidos, mas os arregalou e impediu a si mesma de derramar uma lágrima sequer. Seiya prometeu que ele jamais a faria chorar de tristeza, apenas de felicidade, e ela não queria que isso fosse diferente. Resolveu entrar, mas viu uma moça estranha vestida com uma capa longa se aproximar. Foi até ela.

- Posso ajudá-la ? – perguntou Minu, achando que se tratava de alguma Islamita fugindo do Talibã.

- Eu gostaria de saber se eu posso passar apenas alguns dias aqui. Não tenho pais e meu irmão está em coma, não tenho para onde ir. Fiquei durante algum tempo em um santuário, mas eu estava começando a incomodar, então tive que me mudar.

- Olha, eu adoraria poder ajudar. Mas vai ser difícil, já foi difícil deixar o padre permitir que o meu noivo ficasse aqui por alguns dias. Acho que você vai ter que trabalhar aqui para pagar sua hosp... espere um momento, você disse Santuário ?!

- Sim, eu tive permissão para ficar no santuário porque o meu irmão é um jovem cavaleiro que esteve me procurando.

- Jovem cavaleiro ? – Minu tirou o capuz da misteriosa visitante, revelando seu cabelo ruivo alaranjado.

- Você é... Seika ?! A irmã do Seiya ?!

- Como sabe quem sou eu ?! – observou bem a garota à sua frente. – Você é Minu ?!  

- Seika! É você mesma! O Seiya esteve te procurando esse tempo todo!

- Minu, eu não esperava que você estivesse por aqui. Da última vez que a vi, era apenas uma menina, agora você cresceu, se tornou uma moça.

- Seika, o Seiya não está, ele teve que resolver uns assuntos pendentes. Não sei onde ele está mas...

- Fique tranquila. Eu sei onde o Seiya está.

- Como ele está ?! Ele está bem ?!

- Ele está inconsciente, mas não corre risco de vida.

- Entre, por favor. Acho que nós temos muito o que conversar.