A Linhagem Sagrada escrita por elleinthesky


Capítulo 13
Capítulo 11 - A Névoa


Notas iniciais do capítulo

DESCULPEM A DEMORAAAA
Achei que tinha postado no domingo, daí nem aprontei o capítulo seguinte. Hoje fui checar e vi que não tinha colocado esse u.u
Boa leitura ♥



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           Ali, naquela mesa perto da grande parede de vidro do Lincoln Ristorante, Anthony acabara de contar uma história tão surreal quanto a vida de Amy. Ele descrevera sua infância recheada de viagens pelo Paquistão e depois, quando seus pais resolveram “relaxar” da vida de caçadores de sombras, foram morar nos vales da Sicília, onde o pai dele tinha algumas propriedades.

Tony contou sobre todo o seu treinamento intelectual para compreender a vida de uma pessoa que ela jamais conhecera ou sequer conhecera em toda sua vida, para responder perguntas que ele sequer sabia se seriam feitas.

- Eu era quase um monge. Não saía, não brincava, não tinha amigos. As únicas pessoas a quem eu conhecia eram os meus pais e três anciões que me treinaram. Depois de alguns anos eu passei a frequentar mais as cidades das redondezas pra saber como me portar, como me vestir, como falar e sobre o que falar. Eu parecia estar me divertindo, mas era tudo teórico, era como um laboratório onde experimentos são feitos.

- Nossa, isso parece solitário. Você não se sentia meio... preso?

- Não, na verdade eu me acostumei com a vida que eu levava e, depois de algum tempo, passei a me acostumar. Acontece com todo mundo.

- Não comigo, eu não me acostumei nada com os treinos do... – Amy cortou a própria fala quando se deu conta que estava prestes a falar do Acampamento Meio-Sangue para Tony.

- Do que? Do Acampamento grego de Long Island? – Tony suprimiu uma risada. – Amy, querida, eu já disse que sei de tudo. Você não precisa ter segredos comigo. – Completou ele, pegando docemente na mão que a garota descansava sobre a mesa. Ela corou e deu um sorriso fraco na direção do garoto.

- É que eu não estou acostumada a falar tão abertamente dos gregos para os nephilim e vice-versa. A única pessoa que sabe da existência dos dois mundos além de mim é o Sam, meu namorado.

- Namorado? Tá ai uma coisa que eu não sabia sobre você. Estão juntos há muito tempo? – perguntou Tony, com um sorriso fraco no rosto enquanto tentava disfarçar o descontentamento em sua voz.

- Não muito, na verdade. Estamos juntos há duas semanas.

- Isso é bom. Você está feliz.

- Você quem não parece muito feliz, o que houve?

- Nada, só estou cansado.

- Cansado de quê? Quando eu cheguei na biblioteca mais cedo, você e Emma estavam conversando tranquilamente nas poltronas. A não ser que antes dali vocês... – Amy fez uma careta maliciosa sugerindo que Emma e Tony teriam cometido atos lascivos anteriormente.

- A gente... – Anthony parecia confuso, mas logo compreendeu a malícia no olhar da garota. – Amy, por favor, é claro que não. Eu mal a conheço. Acabo de chegar de viagem e a minha protegida já suspeita que eu esteja correndo atrás de algum rabo de saia. A senhorita está me saindo um tanto “mexeriqueira”.

- Ok, eu acredito em você, só quero que me prometa que nunca mais vai falar “rabo de saia”. Eu sou uma aficionada pelos clássicos, mas nem por isso uso as expressões dos livros no dia-a-dia. Deixe “E O Vento Levou” de lado e também pare de falar “mexeriqueira”, é antiquado e chulo.

- Tudo bem, podemos falar de boas maneiras e vocabulário depois, temos assuntos mais importantes a serem resolvidos aqui. Por onde quer que eu comece?

- Do início, de preferência.

- O início é relativo, Amelie. Vamos começar pelas suas dúvidas – percebendo que os olhos de Amy fervilhavam com a possibilidade de ter todas as suas dúvidas esclarecidas ali naquela mesa de um restaurante italiano, ele completou – e, por favor, uma coisa de cada vez.

- Por que a Névoa permitiu que meus pais se conhecessem mesmo sendo de mundos completamente diferentes? – A garota foi taxativa e seu olhar era decidido.

- A Névoa foi manipulada há quase vinte anos por um homem chamado Vincent Redden, um nephilim que serve às sombras. Pra ser honesto, toda a família Redden sempre despertou suspeitas de prática feitiçaria demoníaca por parte da Clave mas ninguém nunca fez nada porque nunca puderam provar nada contra eles. Vincent era um homem muito habilidoso em tudo o que sabia, um dos melhores guerreiros que já tive notícia. Uma pena que alguém com tal talento tenha se virado contra a Clave.

- Mas um caçador de sombras tem poder para tal feito? Manipular a Névoa não me parece algo muito fácil.

- Se ele fosse um caçador de sombras comum em uma família comum, tudo bem. Os Redden sempre contaram com feiticeiros transgressores para ajudá-los nos seus intentos. Sabe como é: poções, feitiços, encantamentos.

- Encantamentos? Encantamentos do tipo... malignos?

- Esse conceito é um tanto relativo, mas se por “maligno” você quis dizer “demoníaco” então você está certa. Por vezes, Vincent libertou demônios do Inferno para que atacassem famílias nephilim; na maioria delas, o extermínio foi total. Sobrenomes importantes na Clave sumiram do mapa, todo e qualquer descendente tinha sua existência banida. Alguns lobisomens e vampiros também compartilhavam os mesmos ideais dos Redden e se juntaram a eles. Determinados membros de famílias nephilim também faziam parte desse grupo e o clã com o maior número de adeptos era um que você bem conhece: sua própria família, os Graycastle.

- Não, não é possível! A minha família não faria parte de um grupo de “adoradores” de demônios. Você está errado, eu sei. Eles não fariam isso. – Retrucou Amy, com a voz chorosa. Ela apoiou os cotovelos na mesa e cobriu o rosto com as mãos. Anthony fez menção em tocá-la mas recuou, duvidando se seria prudente fazê-lo.

- Ei, eu não estou dizendo que seus pais ou você são adoradores de demônios. Eu acredito na idoneidade de vocês e na boa índole de seu pai. Eu sei que ele é um bom homem. Quem de fato não me inspira muita confiança é sua tia-avó Grace, ela é mais que uma simples velhinha residente em Alicante.

            - Como? A Tia Grace nunca fez nada errado, ela é uma ótima pessoa. Fez questão de cuidar de mim pessoalmente quando minha mãe se acidentou na França e meu pai levou-a para o hospital. Eu era muito pequena, um ano de vida talvez, e ela a única parenta que se habilitou a me abrigar durante os três dias que minha mãe ficou hospitalizada.

            - Bem típico – suspirou Tony, suprimindo uma risada –, óbvio que ela não negaria.

            - O que você quer dizer com isso, Anthony?

            - Eu quero dizer que eu tenho provas que a tal “Tia Grace” era uma das melhores amigas da esposa de Vincent, Diana. Havia boatos que Diana era, por muitas vezes, pior que Vincent. Era ela quem fazia a ponte entre os interesses de Vincent e os atos dos feiticeiros. Ninguém tira da minha cabeça que ela era amante do tal feiticeiro da família Redden.

            - Mas esse tal Vincent ainda é vivo?

            - Não, mas o filho e as netas dele continuam o trabalho sujo que seus antepassados começaram. Ninguém tira da minha cabeça que não é de hoje que os Redden têm manipulado pessoas e acontecimentos ao redor do mundo.

            - Tony, eu acabei de lembrar de uma coisa que talvez não faça muito sentido mas preciso perguntar... Esse filho do Redden, ele conhece meu pai? De Idris talvez?

            - Sim, seu pai conhece Edgard Redden; me atreveria a dizer que conhece até demais.

            - Vo-você tem alguma foto desse tal Edgard? – perguntou Amy, com suspeita na voz. “Só pode ser ele...”

            - Talvez eu tenha aqui em algum lugar – suspirou Tony, enquanto tocava quase desesperadamente em  diversos pontos da tela de seu celular. –, quem sabe se eu... Achei! Aqui está, é o homem de terno entre a mulher loira e o baixinho de cabelos pretos.

            - Não pode ser... Anthony, o homem que atacou meu pai era ele; alguns anos mais velho, mas ainda assim era ele.

            - Amy, você tem certeza?

            - Claro que tenho, eu o vi. E também à filha dele, não me lembro o nome dela, deve ter quase a minha idade, é morena, tem olhos castanhos e cabelos pretos bem longos e ondulados.

            - Você deve estar se referindo à Amanda, a mais velha das três filhas de Edgard. A pior criatura de tive o desprazer de conhecer, ela é bem mais inteligente que o pai. Se eu fosse você, teria muito cuidado com ela.

            - Acredite, conheço bem a força dela. – disse Amy, passando as mãos pelo pescoço, lembrando do aperto da mulher, que agora sabia se chamar Amanda Redden, em seu pescoço no apartamento do The Carlyle Hotel. – Mas como exatamente a Névoa foi ou ainda é manipulada pelos Redden? E o que eles ganhariam com isso? Ainda não vi conexão entre o que eu sou, os Redden e a manipulação da Névoa.

            - Os Redden tomaram conhecimento dos semideuses de alguma forma que ainda não descobri e, com isso, planejaram que seu pai se apaixonasse por sua mãe na esperança de que você fosse uma aberração que envergonhasse os Graycastle, que sempre se orgulhou de ser uma família de sangue puro. O problema é que eles não contavam que semideuses eram pessoas comuns que tinham descendência olimpiana, uma vez que uma fonte os assegurou que semideuses eram criaturas com aparência monstruosa que poderiam se disfarçar de homens e mulheres.

            - Essa é a mentira mais deslavada que eu já ouvi em toda a minha vida, semideuses são pessoas absolutamente normais, com exceção pela agilidade em batalha e alguns poucos casos de habilidades especiais.

            - Sim, eu sei. Só que a intenção era justamente enganá-los.

            - Como assim?

            - Essa tal fonte era um dos meus anciões. Os Redden estavam procurando um modo de desgraçar os Graycastle depois que a maioria dos membros da família se recusaram a continuar ajudando-os em seus intentos. Don Genaro Manzinni, um dos meus anciões, deu essa “dica” para Vincent pois sabia que ele bem tinha condições para manipular a Névoa. Veja bem, ele sabia das pessoas com quem Redden tinha contato e o naipe de feiticeiros com quem ele contava. Fazer com que seus pais se apaixonassem era um tanto fácil para ele.

            - Então você quer dizer que o amor dos meus pais era falso? Que era tudo forjado?

            - Não era, Amy. Eles realmente se amavam, a única coisa forjada era que eles se conhecessem e tivessem você.

            - E então, eu sou uma espécie de aberração?


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Notas finais do capítulo

Já pedi desculpas pelo atraso? Já? Enfim, desculpaaaaa!
Até a próxima (:
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