Homúnculo escrita por Lunyah Meow


Capítulo 1
H




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   Ainda me lembro daquele fadigo dia que minha residência virou um palco de horrores, onde fantoches com os olhos tão brilhantes como a luz do luar penetrou em minha alma, e consequentemente em minha vida. Naquela madrugada a estrela Vênus brilhava com intensidade por causa de suas nuvens densas que refletiam a luz solar, seu brilho ofuscava a de todas as estrelas, menos da lua. Ahh! Toda vez que olho para lua aquelas cenas voltam a se suceder, e a única coisa que me salva é o brilho sutil da grande Vênus.
    Acordei assustado pelo tumulto que se instalava na casa, ouvindo a peça planejado há mesas para o fim de seus personagens. Corri para o quarto de meus pais, me deparando com horror com a cama vazia. Corri pela a casa inteira a procura deles, mas não gritei. Meu pai sempre me dizia que em situações assim eu deveria me calar para não chamar a atenção de meu inimigo, mesmo que eu tenha uma estrondosa vontade de gritar não deveria. Aquela vontade veio ao examinar  melhor o banheiro e ver minha irmã de apenas  1 ano na banheira já cheia de água, com seu rostinho pálido demonstrando dor e seu corpo boiando, suas pequeninas mãos em cima da borda, demonstrando que ela lutara até o ultimo segundo para sobreviver. Não gritei. Talvez tenha soluçado entre uma lagrima e outra mas não ousei desobedecer meu pai.
   Desci os degraus silenciosamente, tentando conter meus soluços para não despertar a atenção do que estava ali. Logo quando pisei no chão senti um liquido quente em meus pés, e em seguida ouvi sons de passos bem baixinhos, temendo serem pegos. Lembro-me de ter pensado que era sangue, sangue daqueles que um dia chamei de família. Pensei que era minha doce irmãzinha que havia saído da banheira para me saldar, e quase pude vê-la na escuridão da noite ao meu lado, estendendo suas pequeninas mãozinhas para que eu a pegasse no colo. O que veio a seguir foi uma onda de choque e alivio. Eu havia me feito em minhas próprias calças em busca de um alivio interno. Na janela eu vi dois homens encapuzados levando duas sacolas grandes e uma pequena. Uma delas caiu e pude ver que era minha mãe, com seus olhos opacos sendo refletidos pela odiosa lua. Logo deduzi que o segundo corpo era de meu pobre pai, um homem que sempre amarrava a cara para os outros, mas que esta reluzia quando olhava para sua família. Então... de quem era o terceiro saco?
   Por um ímpeto de incredibilidade e horror fui correndo ao banheiro, vendo que minha irmã havia sido retirada e a água da banheira sendo levada pelo ralo. Isso aconteceu em quantos minutos? 2? 1? Só sei que durante o tempo que fiquei paralisado pelo ímpeto e receio de ver meus pais mortos bem na minha frente um dos assassinos passara por mim. Mesmo meu inocente coração ferveu de ódio, e pude me ver descendo as escadas enquanto soltava um urro de desespero e raiva, indo em direção ao carro dos homens e lhe desferindo socos e chutes com minhas inúteis forças, mas não o fiz, apenas me imaginei fazendo isso mas a covardia não me permitiu, e a voz de meu pai que batucava em minha mente também não.
Não grite – ele dizia. Não corra – Ele suplicava. E tudo que eu pude fazer naquele momento fora imaginar como deveria ter sido a morte deles. Para uma criança de 8 anos, no auge de sua inocência, aquilo foi traumatizante. Os homens encapuzados não levaram nada naquela noite, apenas levaram os corpos de 3 dos integrantes da família e mais uma alma cheia de inocência, que não voltaria mais para seu corpo de origem.

Naquela noite, me senti um homúnculos. Apenas um clone de mim mesmo.


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