A Sociedade Da Investigação Dos Pinguins escrita por Ghefrentte


Capítulo 12
Capítulo 12 - O puffle dos Carvalho


Notas iniciais do capítulo

No capítulo anterior, Rodrigo tem que se adaptar ao colega de apartamento mais esquisito do universo, e acaba se envolvendo num caso que envolve gerações de uma mesma família.



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“Você sempre trabalhou sozinho?”, perguntei, enquanto descíamos as escadas.

“Não. Na verdade, eu tinha uma equipe junto comigo. Uma pequena guilda, caso prefira assim chamar.”, respondeu Ghe. Saímos e fomos andando até o tal iglu dos Carvalho. “Você era parte dela! Tinha até um nome que usávamos. ‘Sociedade de Investigação dos Pinguins’, se me lembro bem. Nos separamos após a guerra. Um de nós morreu – a caveira que tem lá no quarto – outros dois fugiram, e o resto, bem, sumiram ou pararam de falar comigo dizendo que era por causa da minha esquisitice. Hnf. Esse casal ai, os Carvalho, eles eram parte da guilda. Pelo menos ainda mantém contato comigo. Só eles e o Azul, que você conheceu. O resto sumiu, mesmo.”.

Depois de um tempo, havíamos chegado no iglu. Ele era ENORME. Parecia mais uma mansão.

Fomos atendidos pelo tal Aamelo, que logo nos recebeu dizendo:

“Olá, Ghe... AH, RODRIGO! QUANTO TEMPO!”.

“Não se anime, Aamelo, ele ficou com amnésia.”, cortou Ghe. “Estamos dividindo um apartamento e tudo o que ele sabe de você, Lila e de nossa pequena guilda foi o que lhe contei, e não foi muito.”.

“Oh... tá certo, então.”, falou Aamelo, e nos convidou para entrar.

A tal Lila também estava lá, e eles nos serviram café. Por fim, Aamelo disse.

“Tenho fotos dos meus antepassados mortos, registros, amostras de sangue, depoimento dos empregados que trabalhavam aqui na época...”

“Pode parar por aí, Aamelo.”, cortou Ghe. “Não preciso de nada disso. Só quero ver o puffle em questão.”.

Lila trouxe o tal puffle, e Aamelo começou a falar:

“Aqui está. Ele se chama Krypto, tem a vacinação em dia, pedigree, só come puffitos importados, tem veterinário premiado pela revista...”

“Caramba, Aamelo, eu já disse que não preciso de nada disso!”, cortou Ghe, mais uma vez. “Só quero um tempo vendo o puffle. 5 minutos devem ser necessários.”.

E assim, Ghe ficou 5 minutos olhando pro puffle. Tanto Aamelo e Lila quanto eu mesmo não sabíamos direito o que ele estava fazendo.

“É, não foi ele.”, disse Ghe, bebendo um pouco de café.

“Ma-ma-mas... como assim? Você não fez nada! Está dizendo qualquer coisa!”, protestou Lila.

“Lila, nunca duvide de minhas habilidades dedutivas.”, disse Ghe. “Como já vi antes, todos os antepassados de seu marido foram mortos com um grande rasgo no abdômen. Esse puffle, além de ter a mandíbula fraca, tem dentes pequenos, e ele tem duas fraturas perto do ponto de impulso que usa pra andar, que parecem estar lá há muito tempo. Isso o impediria totalmente de ter matado ou ainda poder matar qualquer ser vivo.”.

Aamelo segurou o puffle e o cutucou nos pontos de impulso que ele usava pra andar, o que fez o puffle dar pequenos gritos de dor. Então, abriu sua boca e realmente viu a mandíbula fraca e os dentes pequenos.

“Isso é incrível...”, falou Aamelo. “Como é possível? O puffle sequer abriu a boca enquanto você o via!”.

“Elementar.”, disse Ghe. “Como eu sempre digo, a EPF não consulta amadores.”.

“Então, o que matou meus antepassados?”, perguntou Aamelo.

“Tenho minhas suspeitas...”, falou Ghe. “Diga-me, Aamelo, aonde foram parar seus parentes depois dessas fotos terem sido tiradas?”.

“Estranhamente eles sumiram!”, disse Aamelo.

“Interessante... Vocês se importariam se eu dormir aqui hoje?”, perguntou Ghe.

“Oh, tudo bem.”, disse Aamelo. “Mas, o seu namorado também vai fic...”

“Eu não sou namorado dele!”, protestei. “Só dividimos um apartamento.”.

“Exato.”, disse Ghe. “E sim, ele vai. Preciso dele nas investigações.”.

Já estava quase de noite, então Aamelo e Lila já estavam indo dormir. Foi quando Ghe requesitou:

“Vou ter que pedir para que durmam aqui na sala hoje.”

“Porque?”, perguntou Lila.

“Observação.”, justificou Ghe.

Lila e Aamelo trouxeram quatro colchões. Todos já estávamos deitados, excerto Ghe.

“Não vai dormir?”, perguntei.

“Não.”, respondeu Ghe, sentando-se numa poltrona e acendendo a luz de um abajur. “Ah, Aamelo! Antes que durma, vou ter que pedir que tome esse remédio.”, disse, tirando do bolso um frasco com um líquido rosado.

“O que é isso?”, perguntou Aamelo.

“Vai deixar seu sono mais pesado. Acredite, é necessário.”, respondeu Ghe, passando o frasco para o Aamelo, que tomou o líquido e foi dormir.

Lila e Aamelo dormiram rapidinho, mas eu, curioso, fiquei acordado observando Ghe. Ele estava concentrado e mais acordado do que nunca, olhando diretamente para o puffle. E assim, permaneceu por 4 horas consecutivas. O único movimento que Ghe fez em todo esse tempo foi piscar. Quando eu já estava quase, mas quase desistindo e indo dormir, um barulho ecoou pela sala. Era como se fosse um som ampliado de uma lesma se rastejando. Nesse momento, eu e Ghe olhamos para todos os lugares, mas Lila e Aamelo continuavam dormindo. Tanto eles quanto o puffle.

O barulho ecoou de novo. Pela janela então, apareceu o que deu um repentino susto em mim e em Ghe. Era horrível. Parecia ter saído de um filme de terror.

Era um puffle sem pelos, o que o fazia parecer apenas uma bolota de frango cru. Ele só tinha um grande olho, no meio de sua testa, e uma boca grande e cheia de dentes afiados. E pra completar, estava todo envolto num tipo de gosma, que fazia barulho e deixava um rastro gosmento por onde ele passava.

“Não se mexa”, sussurrou Ghe. “E não pisque.”.

O puffle gosmento se aproximou diretamente do Aamelo sonolento, e, repentinamente, fez um rasgo em seu peito. Eu tentei pular para impedi-lo, mas Ghe me impediu, segurando-me.

Então, o puffle, com a boca, pegou Aamelo pela camisa e o arrastou para fora da janela.

Fiquei cerca de um minuto parado.

“Você viu aquilo...?”, perguntei.

“Sim, eu vi.”, respondeu Ghe.

“E não fez nada?!”, perguntei.

“Exato.”, respondeu Ghe.

“Porque?!”, perguntei. “Você deixou um inocente morrer, sem o menor remorso!”, falei.

“Não seja ridículo, Rodrigo, é óbvio que ele não morreu.”, disse Ghe.

“M-m-mas como assim? Eu acabei de ver o peito dele ser rasgado na minha frente! Com esses olhos, Ghe! COM ESSES OLHOS!”, eu gritava.

“Shhhhhhh! Não vá acordar a Lila.”, disse Ghe. “Vou lhe explicar: Assim que descobri que o puffle que aqui vive não havia matado ninguém, deduzi que havia algo maior e mais estranho por trás disso. Então decidi ficar aqui e esperar. O remédio que dei pra Aamelo faz com que ele pegue num sono muito pesado e não acorde por nada em 24 horas, e sei que ele está vivo pois o rasgo que o puffle fez em seu peito certamente é um machucado grande, mas não fatal.”.

“Como você sabia que ele viria logo hoje?”, perguntei.

“Fui na tentativa.”, respondeu Ghe.

“E, porque não fez nada pra impedir aquela... coisa... de pega-lo?!”, perguntei.

“Se nós chegássemos logo atrás dele, ele ia perceber e estragar tudo!”, explicou Ghe. “Mas nós saberemos aonde ele foi. Com esse rastro gosmento que ele deixou, é só seguir daqui a uns 10 minutos que será fácil de reencontra-lo.”.

“Certo, mas... e a Lila?”, perguntei.

“Ah, bem lembrado.”, disse Ghe, tirando do bolso um frasco semelhante ao que ele havia dado para Aamelo.

Andou até Lila e derramou um pouco na boca dela, que engoliu.

“Poof! 24 horas de sono.”, falou Ghe.

“Aonde você arranja essas coisas?”, perguntei.

“Experimentos do laboratório da EPF”, disse Ghe. “E acredite, estou fazendo melhor uso disso do que eles fariam. Agora, acho que já podemos começar a seguir o rastro!”.

Saímos, com lanternas, e seguimos o rastro. Ele era longo, e depois de um tempo íamos começando a chegar na área desabitada do Club Penguin. Foi quando chegamos numa área de obras. Um velho shopping, cuja a construção tinha parado muitos anos atrás. Estava incompleto, cheio de teias, galhos se entrelaçando e grama nascendo. Aquele foi o Shopping CP, uma tentativa falha de trazer o progresso para a área desabitada a muito tempo atrás. E era pra lá que o rastro estava nos levando.

Entramos. Percorremos um corredor longo, e subimos escadas até que chegamos num ponto aonde o rastro estava terminando.

O fim do rastro era numa loja. Paramos e olhamos, escondidos.

“Não pode ser...”, sussurrei.

“Eles sobreviveram...”, falou Ghe.

Aamelo estava deitado, numa mesa de cirurgia. O puffle gosmento estava lá perto, e a mesa de cirurgia estava cercada de... Daleks.


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Notas finais do capítulo

Referências usadas no texto:
- Tanto a ideia de ter um animal que mata várias gerações da mesma família quanto o título do capítulo são referências ao livro "O cão dos Baskervilles", livro de Sir Arthur Conan Doyle que narra um caso de Sherlock Holmes. Porém garanto, meus amigos, nem adianta procurar spoilers no livro... porque aqui o desfecho será totalmente diferente.



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