Existia em nós uma necessidade não de sexo, mas de ficar junto. Aproveitar o calor de nossos corpos, acariciar e beijar sem malícia. Eu estava tão feliz e completa como nunca estive antes. Eu não queria pensar em Mike ou meu pai porque sabia que de uma forma ou de outra Edward daria um jeito nisso. Ele sempre deu. Dormi e acordei com as mãos dele em minha barriga. Ele dava pequenos beijos que me faziam sentir cócegas e sorri para ele abrindo os olhos.

- Venha tomar café. Meu pai já ligou, ele estará aqui em poucos minutos.

Levantei um pouco sonolenta, não dormia bem a dias ou a meses... ou nunca dormi bem. Edward abriu uma gaveta e olhou travesso para mim.

- Comprei algumas roupas.

Sorri com aquele pequeno gesto dele.

- Não sei se são do seu agrado... não sei seus gostos... Alice me ajudou....

Ele queria que me agradar. Meu gosto. Quase ri daquilo. Eu não tinha gosto. Minha mãe compravaminhas roupas, meu pai ditava os eventos e tudo que envolvia minha vida. Respirei fundo olhando a gaveta. Roupas simples, vestidos e shorts. Era por causa do clima.7

- Edward está ótimo. Vou tomar um banho.

- Está sentindo alguma coisa? Quer comer primeiro?

- Não eu estou bem.

Era algo que já estava me acostumando. Edward preocupado e carinho. E depois que conhecemos esse caminho fica difícil imaginar como vivíamos sem isso anteriormente. Tomei um banho rápido colocando um vestido e um chinelo. Eu gostava de roupas simples. Não ser obrigada a usar saltos era uma maravilha, olhei minhas unhas, não estavam feitas. Eu nem sabia o que era não tê-las pintadas e bem feitas. Passei a mão em meus cabelos soltos e me olhei no espelho. Era tudo tão novo para mim. A vida sem regras e roteiros para seguir. Sorri ao lembrar de Edward me tocando e me beijando, uma noite para se guardar na memória. Não houve sexo, mas foi inesquecível.

Desci as escadas sentindo o cheiro de ovos e bacon. Edward estava na cozinha fazendo mais alguma coisa que cheirava bem também e colocou num prato. Panquecas. Há muitos anos eu não comia. Sentei na mesa posta e esperei ele me ver, ele parecia indeciso. Se virou para colocar mais alguma coisa no prato e me viu.

- Bom dia meu amor. – disse sorrindo.

- Não sei o que gosta... fiz de tudo um pouco... está enjoada com alguma coisa?

- Não. Na verdade estou com fome.

- Coma o que quiser! – ele disse rindo.

- Edward é o nosso primeiro café juntos, senta e come comigo por favor.

E nessa hora ele desligou tudo deixando as coisas pela metade e sentou comigo. Peguei as panquecas e coloquei uma calda de cerejas e comecei a apreciar os talentos culinários de meu homem.

- Está bom. – disse de boca cheia.

- Que bom que gostou. Eu não gosto de panquecas.

- Não?

- Prefiro ovos e bacon. Acho mais apetitoso.

- Eu não como isso há anos. Então vou me fartar hoje.

- Beba algum suco Bella. Precisa se hidratar.

- Hum...- eu era alérgica a laranja. – Edward sou alérgica a laranja.

Ele se levantou e pegou uma outra caixa dentro da geladeira.

- Gosta de uva? Esse é feito com frutas orgânicas.

- Sim.

E começamos a nos conhecer. Edward comia olhando meio bobo para mim e eu comia sorridente falando de meus gostos.

- Prato favorito. Quero fazer algo para nosso almoço bem legal.

- Hum...eu gosto de salada. Mas aquelas bem feitas e temperadas, com carne de algum tipo. Exóticas.

- Posso fazer uma com alguns ingredientes. Mas não gosta de macarrão?

- Engorda.

Ele cerrou o cenho.

- Bella não pode ficar sem comer certas coisas porque engorda. Nosso filho precisa de tudo um pouco. Se está preocupada com o peso podemos ver um a quantidade mais adequada, mas já digo que vai comer de tudo.

Eu abaixei a cabeça um pouco triste com as lembranças que vinham em minha mente.

- Minha mãe... ela sempre controlava...

- Isso é passado amor, preciso comer o que quiser.

Nessa hora pegou na minha mão e acariciou e terminamos de comer em paz. Ouvi um barulho enquanto ajudava Edward a lavar a louça. Ele sorriu e fiquei apreensiva.

- Edward! – uma voz muito bonita ressoava na parte de trás.

- Estou aqui mãe.

Edward enxugava as mãos enquanto a senhora Cullen entrava com seu marido. Não posso negar que estava um pouco nervosa. O que eles estavam achando dessa loucura? Ela veio e me abraçou. O pai dele apareceu por trás cumprimentando ele com o mesmo sorriso.

- Como está se sentindo Bella?

- Bem...

- Enjoos? Tonteira?

- Acho que não senhora Cullen.

- Esme querida.

- Filho venha me ajudar enquanto elas conversam, sua mãe insistiu em vir, não controlo essa mulher.

E precisei rir com isso. Esme e eu fomos para o grande sofá que tinha na sala.

- Estou feliz que Edward finalmente tenha conseguido te livrar de Newton.

- Oh...

- Nós sabemos de tudo querida. É preciso entende?

- Eu não entendo para ser sincera. – disse numa voz baixa. Tinha muitas coisas que eu não entendia.

- Bom, eu vou falar porque tenho certeza que meu filho não vai. Ele não quer te preocupar com isso sabe.

Esse era Edward.

- Acho que a primeira vez que ouvi falar no seu nome foi depois de uma festa. Edward te viu de longe e perguntou para alguém quem você era. Logo em seguida ele ouviu falar no acordo. – ela fez um cara de nojo ao falar disso – Não foi difícil descobrir o que seu pai queria com esse casamento Bella. Os Newton não tem ou tinham muita coisa.

- Não... eles eram...

- Nunca foram querida, tinham mais nome que outra coisa. Mas existia uma coisa que eles tinham que seu pai queria muito. O peso do sobrenome deles. Entenda que os Swam nunca tiveram esse peso, nunca entraram em certos círculos sociais fechados. Ele queria te casar com ele para isso, o que seria lucrativo já que abriria novas portas para ele. O acordo beneficiava também os Newton que por anos viveram de aparência. E nós sabemos disso porque meu marido Bella é um dos sócios do banco em que eles confiam seus empréstimos.

Isso explicava muita coisa.

- Bom, Edward sabia que ele conhecia Jasper e Alice. Alice se aproximou com a intenção de que Edward pudesse ter um contato maior. Ele queria que você o conhecesse e talvez pudesse se livrar. Só que as coisas não ocorreram como ele esperava, seu pai é uma cobra ardilosa e descobriu sobre vocês. Não me pergunte como Bella, mas ele descobriu e aí ele começou a nos ameaçar Bella, Alice chegou a ser quase esfaqueada por algum estranho. Se Emmett não estivesse por perto não sei o que aconteceria. Edward recuou a pedido de Jasper.

Eu estava horrorizada meu pai tinha feito coisas macabras para me ver casada com Mike. Eu tinha lágrimas nos olhos. Alice... ela...

- Bella se acalme ou não te conto. Edward nos proibiu de contar isso, mas acho que você tem o direito de saber. Faz parte da história de vocês.

- O que mudou? Ele pode continuar ameaçando...

- Não, Jasper e ele tem esse tempo todo neutralizado seu pai. Ele já está sendo acusado de muitas coisas e por isso Edward não te salvou antes Bella. Mas ele sofreu muito. Não como você que ficou casada com aquele idiota manipulável, mas sofreu. Quando ele e Carlisle viram que estava grávida ele teve certeza que precisava agir.

- Como ele sabia que era dele? Eu era casada...

- Edward contratou uma prostituta. E quero deixar bem claro que não fui a favor disso.

- Prostituta?

- Jéssica era amante de Newton, ela o fez se apaixonar por ele e prometer fidelidade... essas coisas.... o idiota acredita que ela é menina rica e perdida... Mike nunca te tocou porque ela sabia muito bem cansar ele o suficiente. E tinham as viagens que ela inventava e tudo mais... um absurdo completo inventado por ele e seus irmãos.

Ela falava de um jeito aborrecido como se eles fossem crianças que tinham roubado doce do vizinho.Ela deveria ser uma mãe muito carinhosa e protetora. Talvez um dia eu pudesse ser assim.

- Obrigada por me contar Esme.

Ela me abraçou.

- Querida agora não há mais perigo entenda. Você é um Cullen.

         Eu queria aceitar isso. Mas eu sabia eu não tinha acabado.