Demigoddess escrita por Pacheca


Capítulo 37
Vacations Prologue - The Titan's Curse


Notas iniciais do capítulo

Gente, como presente de natal para vocês, declaro oficialmente iniciada a terceira parte da fic, que corresponde à Maldição do Titã :)
Beijo para vocês



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Achei que teria boas férias esse ano, tranquilas. Bem, férias do acampamento, claro. Eu ainda tinha as aulas comuns, mas a escola cancelou um mês todo de aulas para reformas nas salas. Mas nunca estive tão errada. Passei duas semanas completamente sozinha, e nenhuma delas foi nem um pouco boa.

Chad e Dante viajaram com a mãe, para visitar alguns parentes, de acordo Chad. Eles faziam isso quase todos os anos, mas eu nunca sentira isso tão profundamente antes. Antes eu tinha Tri para passar o tempo comigo. Agora, nem isso.

A primeira semana se arrastou. Depois de passar no apartamento de Chad e Dante para me despedir, como se eles fossem passar 2 anos longe e não duas semanas, fui pro meu emprego de garçonete.

Foi na segunda semana que as coisas passaram a ficar estranhas. Eu estava tendo pesadelos, cada vez mais frequentes, sempre com a mesma cena: eu, dependurada num penhasco, sem conseguir ver nada abaixo dos meus pés, a não ser o escuro. E eu sabia, que cada segundo que eu passava ali, alguma coisa se aproximava da borda do penhasco, para onde eu tentava me içar. Nunca consegui ver o que era, sempre acordava antes, mas ainda assim, aquilo me incomodava.

Meu anel passou a formigar com mais frequência também, mas nunca parecia indicar um monstro ou nada assim. Ou eu não os achava e estava sendo seguida por uma legião de monstros mitológicos.

Me peguei distraída várias vezes, brincando com a conta do colar do acampamento, agora o tridente de Percy e um pinheiro por Thalia, durante minha pausa para o almoço. Alguma coisa estava errada, e ainda, tudo parecia tão normal.

Passei a noite de quinta-feira acordada. Tive outro daquele pesadelo, acordando suada e ofegante. Chad e Dante estavam sem sinal e eu não tinha com quem falar. A não ser Quíron.

Foi o que fiz. Peguei um metrô para Manhattan na manhã seguinte, usando uma calça jeans surrada e uma camisa de malha azul. Eu sabia que Quíron constantemente se disfarçava de professor para vigiar meios-sangues. Só me sobrava rezar para que ele estivesse fazendo isso naquele dia.

A escola era um prédio avermelhado, que ocupava todo um quarteirão. O portão da frente era azul, com uma escada a sua frente. De cada lado da escada havia uma estátua de leão, deitado com o rabo colada às patas.

Os olhos de pedras dos leões pareciam me seguir à medida que eu subia a escada. Senti um arrepio percorrer minha espinha. O anel no meu dedo estava quieto, frio, como da primeira vez que o usei.

Empurrei a porta azul e entrei na escola, deixando os leões para trás. O corredor estava vazio. Andei devagar, evitando fazer barulho demais. Eu só queria encontrar Quíron e ir embora.

Passei por várias salas de aulas silenciosas, com professores monótonos falando de forma arrastada e com alunos sonolentos em suas carteiras. Me deu sono só de passar em frente a uma sala de geografia.

Continuei andando, segurando a alça da bolsa que eu tinha levado, com documentos, dinheiro e meu celular. Estiquei o pescoço para espiar dentro de uma sala de aula com a porta fechada.

– Está procurando alguém? – Uma voz me fez me encolher, assustada. Um garoto estava parado do outro lado do corredor, com um sorriso torto no rosto e os braços cruzados, com um pé escorado nos armários atrás de si.

– Está tentando matar alguém? – Respondi, fechando a cara para ele. Seu sorriso se alargou. O observei, me afastando da porta da sala.

Era um garoto mais ou menos da minha idade, com seus 17 ou 18 anos. Ele devia ser da altura de Dante, com um porte físico bem parecido. Eu podia ver os músculos dos braços cruzados sob a camisa preta que ele usava. Seu cabelo era tão negro quanto a camisa, preso num rabo de cavalo que acabava na sua cintura. Os olhos eram verdes como duas esmeraldas, mas denunciavam uma descendência asiática.

– Descendente de japonês? – A pergunta saiu involuntária. Ele inclinou um pouco a cabeça, me fazendo parar no meio do corredor.

– É, meu bisavô era japonês. – Ele deu de ombros, descruzando os braços e se afastando dos armários. – O que você quer, afinal?

– Simpático assim sempre? – Ele se aproximava de mim, devagar.

– Por que eu deveria ser simpático? – Ele cruzou os braços, parando na minha frente. Seus olhos pareciam ainda mais verdes daquela distância.

– Por pura educação. – Cruzei os braços, como ele. – Só preciso encontrar uma pessoa e vou sair.

– Só perguntei por curiosidade. Não tenho intenção nenhuma de te denunciar. – Ele deu aquele sorriso torto dele. – Estranhos só são aceitos com permissão.

– Tem algum professor cadeirante aqui? – Olhei para a porta da sala de aula por cima do ombro.

– Tinha um, mas ele foi demitido. Ou pediu demissão, sei lá. Era professor de história. – Ele deixou os braços penderem ao lado do corpo. Percebi uma cicatriz comprida no seu antebraço esquerdo. – O que você queria com um professor?

– É meio pessoal, sabe? Não vou te responder isso.

– Você é do tipo que dorme com professores? – Ele ergueu uma sobrancelha, cruzando os braços mais uma vez. – Com um cadeirante?

– Isso me deu nojo, muito obrigada pelo adorável começo de dia com essa frase imbecil. – Dei um sorriso torto, como quando eu retribuía os de Dante. – E já que ele não dá mais aula aqui, eu já vou embora.

Me virei, voltando pelo corredor, ainda com os olhos verdes do garoto cravados na minha mente. Uma coisa eu tinha que admitir, ele era gostoso. Muito gostoso.

– De quem você é filha? – Me virei com a pergunta repentina. – Poseidon? Você não tem o físico dos filhos de Poseidon.

– Como você... – Olhei pro meu anel de lado, por simples mania. Estava lá, frio, como de costume. Ele não era um monstro, ótimo.

– Como sei? Eu sou um. Semideus, eu quero dizer. – O olhei, com o cenho franzido. – Quer adivinhar quem é meu pai olimpiano?

– Prefiro não arriscar. – Recusei com um movimento de cabeça. – E eu não sei quem é meu pai.

– Corta essa. Sou filho de Hermes, sei quando uma pessoa mente. Sua situação, nesse instante. Não foi reclamada, mas sabe quem ele é.

– Você não se parece com os filhos de Hermes. – Assumi uma postura defensiva. Não podia simplesmente dizer para ele e pronto. – E se é semideus, por que não vive no acampamento?

– Porque não quero. – Ele olhou meu colar de contas. – Por que você tem minha idade e só tem duas contas?

– Sou atrasada. – Dei meu sorriso torto. – Agora volta pra sua aula que eu vou embora.

Me virei, sem esperar ele responder e saí do colégio, indo direto para o metrô. Entrei num dos vagões, coloquei os fones de ouvido tocando Mystery, do Beast, e fechei meus olhos.

Quase perdi a minha estação, mas o autofalante me acordou. Fui caminhando para meu apartamento, prendendo meu cabelo num rabo de cavalo alto. Não chegava nem perto do tamanho do cabelo daquele cara.

– Babaca arrogante. – Revirei os olhos, revirando minha bolsa pela chave.

– Já sentiu minha falta? – Gelei com o sussurro no meu ouvido. Como aquele garoto tinha ido parar ali?

– Você me seguiu até aqui? – Me virei, sentindo o peito dele contra o meu. Me afastei, quase trombando no portão do prédio.

– Você com essa blusinha de malha e com uma calça jeans apertada é mais interessante que uma aula de inglês. E com esse humor então, com certeza é mais atraente do que a aula. – Ele disse, colocando os polegares no cinto que usava.

– Elgin? – Olhei para o fim da rua. Dante e Chad estavam parados na esquina,hesitantes. Chad tinha uma expressão que me partiu o coração.

– Pode me deixar com meu namorado, por favor? – Me virei pro garoto da escola.

– Se você me disser que o namorado é o com cara de choro, eu vou rir na cara dele e dizer “É isso mesmo, perdeu, ela não te quer mais.” – Ele cruzou os braços atrás das costas.

– Quer dizer que o outro é bom o suficiente? – Cruzei os braços.

– Nenhum deles é melhor que eu. – Ele deu aquele sorriso idiota. – Por que não me apresenta como um amigo idiota?

– Não tenho amigos além deles. – Respondi, curta e grossa. – E porque não sei seu nome.

– Ah, sim. Era isso que eu ia te dizer, mas você saiu correndo da escola e eu tive que te seguir. – Ele estendeu a mão para mim, com um sorriso no rosto. Dessa vez um sorriso amigável. – Yamamoto.

– Acho que já percebeu que eu sou Elgin, Yamamoto. Você tem apelido? – Soltei a mão dele, começando a andar na direção de Chad e Dante.

– Japa? – Ele me olhou como se fosse bem óbvio. – Pode ser.

– Então tá. Japa.

– E a propósito, seu namorado se foi. – Levantei a cabeça assim que ele acabou a frase. Chad não estava mais lá. Dante tinha aquele sorriso torto no rosto, como se dissesse “Eu sabia, eu estava certo.”

– Então vamos voltar. Quer entrar? – Virei as costas e voltei para a entrada do prédio.

– Não diga para alguém como eu, pode ser que ele te estupre. – Ele sorria torto de novo.

– Aposto que você vai conseguir me irritar mais que Dante. E não ouse tentar nada.

Abri a porta e entrei, sem esperar por Yamamoto. Eu me sentia mal por Chad, mas pior ainda depois daquele sorriso de Dante. Fechei a porta e fui para a cozinha. Me livrar de Yamamoto antes, me acertar com Chad depois.


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam do pesadelo? E do Japa? O que acharam do visual dele?
Gente, quem já leu Cidade dos Ossos? Só o primeiro mesmo...Que lindo aquele Magnus véi *-* Xonei com ele



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