Entrevista Com Um Assassino escrita por Anastácia


Capítulo 3
Tensão


Notas iniciais do capítulo

Continuação, meus caros. Espero que gostem :)



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P.O.V.

Andrew Doyle

Eu deveria estar louco. Será que eu deveria mesmo fazer isso? Mais um passo e eu pensava em parar. Imaginei os papéis invertidos e me pareceu mais correto. Da última vez que vi o rosto de Sharon, parecia que explodiria a qualquer momento devido à tamanha raiva que emanava dela, mas, de fato, quem deveria estar explodindo de raiva era eu. E pensar que uma noite antes daquele dia, tudo ia perfeito. Jantar, conversas, e claro, o sexo, tudo transmitia enorme harmonia e paixão vindo de nós. Quando nos conhecemos, nada foi diferente. Éramos dois nerds apaixonados, acorrentados ao orgulho dos pais, nos matando de estudar em uma faculdade de alto nível. Só que ela cursava direito, e eu, criminalística. Mais dois anos depois de formados e nos encontramos de novo, ambos empregados e bom, apesar de alguns cortes de cabelo, éramos, ainda, os mesmos. Me pareceu uma boa idéia voltarmos e ela compartilhava a mesma idéia. Ficamos juntos desde então. Mas naquela manhã... Ah, maldita manhã.  Era só para termos conversado sobre algo bobo e irmos, cada um para o seu compromisso. Como ela pode ter feito tanto alarde por causa de algo absurdo e idiota? Eu saí do apartamento, passos pesados e rápidos. Na primeira lata de lixo que encontrei, eu joguei o anel. Nem tinha dado tempo de fazer o pedido. E então lá estava eu, o detetive metido a trouxa, caminhando alguns quilômetros numa tentativa idiota de voltar com a minha ex, a quem eu estava prestes a pedir em casamento algumas semanas antes. Eu, que era quem deveria estar sendo desculpado. Mas, o que se pode fazer? A verdade era que eu amava demais Sharon e uma discussão boba, um erro bobo não me faria desistir. Eu a perdoaria, com certeza, afinal de contas, já ambos éramos adultos maduros o suficiente para deixar o passado de lado.

Me desfiz destes pensamentos, quando fui surpreendido pelo rosto sorridente da Sra.Mahoney, quem de longe me acenava e cumprimentava gentilmente. Para uma senhora de 78 anos, ela era bem vivida e cheia de energia. Todo o dia de manhã saía com sua velha bengala para ir ao mercado mais perto, comprar seu alimento, e cumprimentar uns amigos de longa data das velhas e atuais gerações. Depois andava ainda mais um pouco para comprar algo que com certeza entraria para sua coleção de relíquias, pago com sua merecida aposentadoria. E claro, nunca se esquecia de cumprimentar Sharon e quem quer que fosse seu amigo ou companhia. E eu, bom, já era bem mais que uma companhia ou um amigo. Até aquela manhã.

- Bom dia, Sra.Mahoney! Acordou tarde hoje, o que houve?

- Ah bom dia, querido! Acontece que hoje a velha aqui se esqueceu de acordar na hora certa. É a velhice que faz isso com a gente, sabe?

- Modéstia sua, a senhora está muito bem pro meu gosto. E como vai a vida?

- O mesmo de sempre, querido. Comprando o que preciso, visitando uns velhos amigos, incrementando minha amada coleção. Sei que um dia vou deixar meus bens materiais, mas enquanto puder tê-los e admirá-los, eu irei.

- E com certeza ainda vai poder por muito tempo. Me diga, a senhora viu Sharon hoje?

- Tenho que admitir, Andrew, já não a vejo há algum tempo. Parece que anda trabalhando a beça, sempre foi tão esforçada. Deve estar ocupada com alguma coisa. Porque, você queria falar com ela?

- Sim, eu dei uma passada para... Resolver uns assuntos com ela.

- Aconteceu alguma coisa entre vocês?

- Sabe como é Sra.Mahoney, não existe paixão sem discussão. Mas nada que não se possa resolver, não se preocupe.

- Ah querido, mesmo assim, espero que dê tudo certo entre vocês. Ela é uma moça de sorte por ter um rapaz tão bom como você na vida dela.

- É, tem mesmo. – Disse com ar engraçado e acenei – Até mais, Sra.Mahoney.

E fui embora. Alguns segundos depois, ela se virou e chamou minha atenção para algo que tinha lembrado.

- Ah! A propósito, querido poderia dar uma olhada na porta da casa dela? Parece que há uma mancha vermelha lá, talvez seja tinta, não sei bem, só vi de longe. Se deixar aquilo lá, talvez impregne na porta e não saia nunca mais, é melhor limpar logo!

Aquilo me pegou de surpresa. Mancha vermelha? Tinta não deveria ser, não havia nada coberto com tinta vermelha. Tenso, eu corri ao lado da porta com a arma preparada, esperando o pior. Dei uma olhada pela janela tentando ver algo, sem sucesso. Como eu já temia, a porta estava aberta. Esperai na contagem e abri a porta num baque. Depois disso, eu não consegui ver mais nada. 


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