Querido Paciente escrita por Dul Mikaelson Morgan


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

ta ai gente o ultimo de hoje e eu tenho certeza que vão gostar =] então aproveitem e boa leitura



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Um dos mais decepcionantes trabalhos de Caroline foi testar os reflexos de Klaus e constatar a cada dia que não havia progresso nenhum. As. pernas dele continuavam sem vida. E ambos sabiam que, para ele voltar a andar já devia estar havendo uma resposta significativa ao tratamento que estava sendo feito.

As massagens aplicadas pelo fisioterapeuta e por Caroline, bem como os exercícios que Klaus praticava diligentemente com o auxílio dos dois profissionais, haviam fortalecido sua musculatura. Porém, os membros continuavam a não responder aos estímulos nervosos.

Quando um novo teste era feito, seguido de desapontamento, Klaus encolhia os ombros e começava a falar animadamente sobre um outro assunto. Mas Caroline não se deixava enganar. Percebia nas maneiras dele uma dor sufocada que denunciava a destruição de mais uma esperança.

Se ela desejasse vingança, estaria se alegrando com a derrota do poderoso Klaus. Mas o que sentia era uma profunda e in­tensa dor no peito e uma desesperadora sensação de incapa­cidade por não poder fazer nada por ele.

Uma vez, sem querer, ela deixara transparecer sua frustra­ção e Klaus a confortara amavelmente:

— Não fique aborrecida. Graças a você, esta situação tor­nou-se suportável. Sem a sua ajuda e o seu incentivo minha vida seria mil vezes pior.

Para levantar o moral do paciente, e também para distraí-lo, Caroline procurava no rádio programas sobre debates e peças tea­trais, que ouviam juntos todas as noites e trocavam idéias sobre os mesmos. Os debates, principalmente, despertavam grande interesse de Klaus porque Caroline se opunha à opinião dele gerando uma discussão animada que afastava o perigo da depressão.

Caroline descobriu que ele também gostava de histórias poli­ciais e de detetives. Assim, lia para ele sobre o assunto, e quando havia na televisão um bom filme do gênero, o ouviam juntos e ela ia descrevendo a ação.

Os gerentes e administradores continuavam a visitá-lo para receber instruções e colocá-lo a par dos negócios. Era uma vida com limitações, mas, para um homem cego e paralítico era até bem cheia. Entretanto, Caroline percebia, angustiada, que seu paciente estava cada vez mais próximo de um descontrole emocional.

Por força da profissão, ela acostumara-se a dormir pouco e a manter-se meio alerta durante o sono. Agora ficava acordada quase a noite toda, atenta ao menor som que indicasse que Klaus estava sofrendo. Caso percebesse qualquer inquietação da parte dele, aparecia no quarto e lhe oferecia uma xícara de leite morno ou um copo de uísque com soda e gelo, que ele tanto apreciava.

— Você é clarividente, ou coisa parecida? — Klaus indagara na noite anterior. — Não há uma mulher em mil que saiba preparar um uísque perfeito. Mas você acertou desde a primeira vez. Dois dedos exatos, um jato de soda.

Servir-lhe o uísque sem lhe perguntar como ele gostava da bebida tinha sido um deslize de Caroline. E que, seis anos atrás, ela o observara preparando seu drinque e lembrava-se muito bem do que ele tinha feito. Mas saíra-se muito bem ao responder à pergunta que lhe fora feita.

— Sou clarividente, lógico. E eu não devia estar aqui ser­vindo-lhe uísque a uma hora destas. Mas se eu não fizesse isso você gritaria comigo, me deixando assustada.

— Quem sou eu para assustar a lady dragão?

— Um minuto atrás eu era uma mulher em mil e agora sou um dragão.

— É mesmo. Também é insuportável. Ela riu.

— Está dizendo isso, sr. Mikaelson, porque sou a única enfer­meira que você não conseguiu afugentar.

— Que calúnia. Sou o homem mais dócil do mundo.

— Claro, desde que o mundo todo dance de acordo com a sua música.

— Bem — ele suspirou —, agora ninguém mais dança de acordo com a minha música, não?

— Oh, Klaus, sinto muito, Eu...

— Está tudo bem. Não é uma pequena observação que vai me derrubar. Sou forte. Sirva-me outro uísque e volte para a cama. Para suportar meus maus tratos, você deve dormir o máximo que puder.

Klaus gostava de falar sobre os problemas da fábrica e da propriedade enquanto Caroline fazia com que ele exercitasse as pernas. Ela era uma boa ouvinte.

— Eu gostaria de poder voltar para a fábrica — ele quei­xou-se certa manhã.

— Posso levá-lo de carro até lá — Caroline prontificou-se.

— Um cego, numa cadeira de rodas? Nem pensar. Quando eu voltar será com as minhas próprias pernas.

— Vamos trabalhar bastante para que chegue logo esse dia. Eles continuaram conversando. Caroline tinha passado quase a noite toda em claro e já levantara da cama cansada. Klaus percebeu isso e perguntou-lhe:

— O que há? Algum problema?

— Não há nada. Estou bem.

— Mesmo que haja algum problema esse seu profissiona­lismo não deixa você me dizer do que se trata, não é mesmo?

— Estou aqui para cuidar de você e não para preocupá-lo com meus problemas.

— Você não acha que eu já gasto muito tempo refletindo sobre os meus problemas? Pensar nos seus poderia me fazer bem.

— Mas eu não tenho problema nenhum — ela falou com firmeza.

— Está mentindo, enfermeira Forbes. Sua voz demonstra que você está cheia de problemas.

— Klaus, por favor...

— Que droga, você não pode deixar de ser enfermeira por cinco minutos? Não pode esquecer um instante que não sou um homem normal?

— Você é...

— Eu gostaria de me sentir um homem normal, pelo menos por uma noite. Queria convidá-la para jantar comigo. Passa­ríamos algumas horas agradáveis conversando durante a re­feição e tomando um bom vinho. Falaríamos sobre mim e sobre você, sobre nossos sonhos e esperanças. Mas sou cego e para­lítico. Você sabe tudo sobre mim e eu nada sei a seu respeito. Pode imaginar como isso é humilhante?

— Compreenda, Klaus, tem de ser assim entre uma enfer­meira e seu paciente...

— Não quero ser um paciente! Quero ser um homem!

— Desculpe, eu devia compreender...

— Pare de pedir desculpas! Chega de tentar me distrair. E de me proteger.

— Eu s...

— Se você vai dizer que sente muito, sou capaz de lhe atirar alguma coisa — ele ameaçou-a.

— Seu humor é mesmo atroz.

— Agora você está sendo honesta, lady dragão.

— Quer parar de me chamar de lady dragão?

— Certo. Mas voltando ao jantar... creio que você não acei­taria o meu convite. Minha sala de jantar é grande em história, as paredes estão cheias de retratos de meus antepassados, mas não tem nenhum atrativo para uma lady. Falta nela a atmosfera agradável criada por luz suave, música, comida de primeira e bom vinho.

— A meu ver não falta nada para o jantar ser agradável. A comida que Isobel prepara não perde para a de nenhum chef. E ela me disse que você tem uma adega excelente.

— Então você aceita jantar comigo, amanhã?

— Aceito. Posso falar com Isobel.

— Não. Você é minha convidada. Peça a Isobel para subir. Quero falar com ela sobre o cardápio. Prepare seu vestido mais bonito para usar.

Caroline lembrou-se de que não tinha nenhum vestido apro­priado para a noite que ele estava sugerindo.

— Eu não trouxe nenhum traje social — disse com franqueza. — Nunca recebo esse tipo de convite quando estou trabalhando.

— Então você vai comprar um vestido novo. Eu pago. Pense nisso como terapia para o seu paciente. Pode acreditar que isso representa muito para mim.

— Se é assim...

— Vestido novo, de preferência longo; sapatos, cabeleireiro. Serviço completo. Vá para a cidade agora mesmo.

Caroline saiu do quarto. Tudo aquilo parecia estranho, mas certamente ajudaria Klaus a imaginar que estava bom, pelo menos por uma noite.

Na cidade, Caroline passou por uma loja e parou, fascinada. Na vitrine estava exposto um vestido de chiffon em tons de laranja, marrom, verde e amarelo. Era como o nascer e o pôr do sol. Era vinho e riso, terra, ar e fogo; sugeria vida e tudo o que tornava a vida bela.

Sem dúvida haveria outros vestidos bonitos na loja, mas ela nem pensou em vê-los. Queria aquele da vitrine. Por sorte serviu-lhe com perfeição e ela comprou-o antes de saber quanto custava. Quando a vendedora disse o preço, ficou atônita.

Depois do vestido ela comprou um par de sandálias e roupas íntimas, de seda. Do lado da loja havia um salão de beleza e ela marcou hora para arrumar os cabelos e fazer maquiagem na tarde seguinte.

Votou para a Mansão Mikaelson com um sentimento de culpa e, ao mesmo tempo, maravilhada.

Ao receber a conta, Klaus riu e exclamou:

— Ora, esse deve ser um vestido e tanto!

— Comprei outras coisas além do vestido — ela explicou. — Um par de sandálias, meias...

— E, o que mais? — Klaus indagou ao perceber a he­sitação dela.

— Roupas íntimas. Tive de comprar — ela acrescentou de­pressa. — O vestido é decotado...

— Lady dragão, você está enrubescendo.

— Não estou. Que absurdo!

— Sua voz indica que sim — ele teimou. — E agora fale-me sobre essas peças íntimas.

— Uma combinação, o sutiã...

— E calcinhas?

— Sim.

— De que cor?

— Pêssego.

— As peças combinam?

— Combinam entre si e com o vestido.

— O dinheiro foi bem empregado.

— Na conta não está incluído o salão de beleza. Marquei hora para amanhã.

— Serviço completo, hem? Magnífico. Como eu queria.

— Pedi a Isobel para fazer o chá. Vou ver se está pronto. Essa era uma desculpa para sair do quarto. Como Klaus tinha percebido, ela estava mesmo vermelha; também sentia um calor no corpo todo, por causa daquela conversa sobre rou­pas íntimas. Klaus nunca iria ver as delicadas peças femininas, claro, nem sabia qual era a aparência dela. Entretanto, ela teve a estranha sensação de que a imagem que ele fazia dela era bem próxima da real. E mais ainda, sentia-se como se ele tivesse o poder de despi-la. Isso era, realmente, perturbador.

Na tarde seguinte, no salão, os funcionários sabiam que tinha sido ela quem comprara o vestido exposto na loja vi­zinha, e a maquiagem foi feita combinando com aqueles tons outonais.

Quanto aos cabelos, Caroline preferiu deixá-los soltos, mas bem modelados com a escova e com um brilho extraordinário.

Olhando-se no espelho parecia estar vendo uma estranha, elegante e sedutora.

— Só uma última coisa — disse a esteticista, pondo um pouco de perfume na cliente.

— Que perfume é esse? — ela perguntou. A mulher mostrou-lhe o vidro.

— Mas uma gota desse perfume custa duzentas libras! — Caroline exclamou.

— Borrifei só um pouquinho para uma noite especial. Ele não vai resistir.

De fato, era um perfume para uma mulher que desejava ficar irresistível: delicado, sutil, mas insinuante.

Mais tarde, já na mansão, Caroline vestiu-se, foi para a frente do espelho e sentiu-se a própria Cinderela antes do baile.

Isobel ficou extasiada ao entrar no quarto para avisá-la que podia descer.

— É maravilhoso o que você está fazendo pelo patrão — ela falou, comovida. — Ah, se ele pudesse vê-la! Lembro-me de quando Klaus levava uma garota para jantar, anos atrás. Só que a garota raramente era a mesma. Mas isso foi antes de lady Bonnie, naturalmente.

— Antes do noivado ele era um pequeno demônio, hem?

— Mais do que isso. Quando era rapaz parecia um sultão cercado de mulheres. Cada dia escolhia uma do seu harém. Nunca se importou com o que as pessoas pensavam ou sentiam. Mas depois ele mudou...

— Mudou, como? E por quê?

— Não sei ao certo. Mas algo aconteceu há alguns anos que o fez mudar muito. Ele tornou-se mais compreensivo, passou a se preocupar com o sentimento das pessoas. Antes ele era um tanto ríspido. Mas sempre foi generoso e teve bom coração.

— Você não sabe o que o fez mudar?

— Não, querida. Na ocasião eu estava no hospital. Quando recebi alta, Klaus pagou para eu convalescer numa clínica, onde fiquei durante alguns meses. Mas agora desça, Klaus está à sua espera.

Quando chegou à porta da sala de jantar Caroline inspirou fundo e deu uma leve batida.

— Entre — disse Klaus.



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Notas finais do capítulo

Claro que amanhã vai ficar bom =] então comentem xD bjs