Capítulo 19.

Edward chegara à casa dos Swan’s poucos minutos após a ligação que recebera da namorada. Ou ex namorada, como ele desesperadamente pensava, entretanto, não aceitava.

Era isso. Ele não aceitava perdê-la de forma alguma. Ainda mais a filha que eles logo teriam. Sobretudo, Edward já sabia que conseqüências pesadas viriam desde aquele fatídico jantar em família.

Céus. Ele jamais se perdoaria se algo tivesse acontecido à Bella e à bebê. Ambas já haviam se tornado a vida dele, e perdê-las significaria seu fim também.

Ele passou pela sala de estar e subiu as escadas que davam ao enorme corredor. Andou e adentrou no quarto de portas imensas brancas de madeira maciça.

Bella estava como um anjo, em uma camisola de seda estampada com flores, delineando completamente suas curvas sinuosas e sua barriga. Os cabelos louros sedosos e brilhantes estavam soltos, sua pele impecável, seus lábios cheios e avermelhados. Mas seus lindos olhos verdes estavam opacos, quase que sem vida.

Mais uma boa dose de arrependimento e culpa lhe ardeu o peito.

— Oi. — ela disse baixo.

Ele caminhou em passos longos até ela. Sentando-se ao seu lado, um tanto quanto sem jeito, ele disse e logo perguntou:

— Oi. — quase que gemeu. — Como vocês estão?

— Neste exato momento, bem. Mas não sabemos até quando.

Olhando-a com um misto de confusão e preocupação. Edward segurou a mão da namorada.

— O que houve?

Bella passou a língua pelos lábios. Os olhos já ardiam, dando indício de que lágrimas estavam por vir.

— Eu tenho pré-eclampsia, Edward. Nossa filha e eu corremos risco de vida por conta disso. — disse. — E eu acabei de descobrir isso. E estou com o coração na mão, porque se minha filha morrer, eu morro junto, literalmente.

A voz embargou e três lágrimas caíram por sua face.

Edward a encarava com uma expressão quase que lúgubre. Um frio havia lhe percorrido a espinha, seu coração havia disparado e sua boca secado.

Apenas a hipótese de perder para sempre sua filha ou Bella o fazia sem chão. Sim, sem chão. Não havia dúvidas para si de que estava perdidamente apaixonado e louco de amor por Isabella Marie Swan, e tão encantado e desesperado por saber que em alguns meses teriam uma filha, o fruto de algo que ocorreu sem planejamento, mas que era tão maravilhoso.

— Mas... Estava tudo tão bem desde a ultima vez em que esteve na obstetra. — balbuciou, desconcertado, incrédulo, assustado. — Vocês estavam em perfeito estado. Não havia nada de errado. E agora vocês podem... morrer? — tremeu.

— Sim. — ela respondeu, chorosa. — Sim, podemos morrer, Edward. Mas se quer saber, uma parte de mim morre dia após dia ao ver você se destruir com drogas. — cuspiu as palavras com raiva e tristeza. — Você está se matando, e acabando comigo por saber que faz isso. Você praticamente deixou-me de lado há semanas, e até mesmo a sua própria filha você deixou de apoiar, entupindo-se com essa merda toda. Não vai bem nas matérias, não vai as consultas da nossa filha, não respeita mais seus pais e ainda por cima sai na porrada com o seu irmão babaca. — vociferou.

Edward ouvia-a aturdido. Porém, cada palavra o esmagava e afundava em plena culpa e arrependimento.

— Você acabou com o nosso relacionamento. Magoou-me de uma tremenda forma, e o pior de tudo é que você deu mais moral aos insultos ridículos do seu irmão, e quase matou a mim e a sua própria filha! — seus olhos flamejavam de ira, ressentimento e tristeza. — Isso não posso perdoar. — limpou o nariz, que escorrera ao fato de ela já estar praticamente chorando. — Cooperar para que sua própria filha corra risco de vida é imperdoável. E por isso que tomei uma decisão. Vou embora de Forks! — disse, olhando-o.

Bella pôde ver as íris do namorado tornarem-se maiores. A cor de seu rosto parecia ter sido drenada, e suas mãos estavam geladas.

Ele riu, duas, até três vezes. Para então encará-la, tão impressionantemente surpreendido.

— Isso é alguma brincadeira de mal gosto? — questionou em voz alta. — Emmett faz parte disso? Ele pediu que me dissesse isso?

Ela negou.

— De forma alguma. Isso é real, e uma decisão tomada por mim mesma.

— Não. Não pode ser...! — exclamou, desesperado.

Já em pé, Edward andava de um lado ao outro.

— Para onde você vai? Porque vai se afastar de mim? Porque vai afastar minha própria filha de mim? Como pode fazer algo assim? — perguntava.

Bella suspirou.

— Vou para a Califórnia, morar com a minha mãe. E Edward, pare. Você não se importou conosco antes, se afundou em drogas, brigas e nos afastou de você. — disse. — Estou fazendo isso pelo bem da nossa filha, e pelo meu bem também. É nossas vidas que estão em jogo, e eu simplesmente não posso viver da forma que estou. Preciso mudar, preciso melhorar. E neste momento, ao seu lado, não conseguiria isso. — limpou as lágrimas. — Este é o nosso fim, Edward. Não há mais relacionamento, não há mais brigas, nada. Deixe-me viver minha vida com minha filha longe de você e de todas as crises que envolva você, Jasper, Alice... — suspirou com pesar. — Já não suporto mais isso.

Edward sentia-se vulnerável. Seu peito parecia esmagado.

Entendia todos os motivos que Bella estava dando, mas não admitia que ela se fosse.

— Você não pode me abandonar! E sua família? Minha família? — questionou, melancólico. — Como vou ver minha filha? Como vou acompanhar o restante de sua gravidez?

— Vou manter todos informados da melhor forma possível. Não se preocupe. — o respondeu.

— E quando ela nascer?

— Não se preocupe, Edward. — repetiu, calmamente. — Se foque de agora em diante em apenas duas coisas: sua recuperação das drogas e em obter boas notas no colégio.

Edward assentiu imediatamente. Suspirando em seguida.

— Poderei ir visitá-las?

— Não. A menos que eu mesma o peça. — disse. — Caso contrário, mantenha-se em Washington.

Dura como pedra. Ele pensou. Sua garota, tão frágil, sabia ser tão dura e implacável quando queria.

Deus. Ele a amava! E como amava. Jamais sentira nada parecido por nenhuma outra antes.

Ela e sua filha eram seu maior ápice. E por elas ele faria qualquer coisa. Por mais difícil que fosse.

— Farei por merecer, baby. Vou recuperá-las. Vou provar que posso ser o melhor Edward para vocês, e para mim mesmo. — disse-lhe com esperança e confiança. — Não vou entregar o jogo, vou lutar por nossa felicidade, por você e por nossa filha. Entendido?!

Bella assentiu, suas mão estava entrelaçada com as dele.

— Claro! Faça sim por merecer, e nos terá de volta antes que possa imaginar. — fungou, e então chocou-se com o peitoral largo e bem definido de Edward.

Abraçaram por minutos, bons minutos. Como se fosse o último.

— Eu a amo! — ele sussurrou ao pé do ouvido dela.

Com um leve arrepiou na nuca, Bella continuou a abraçá-lo, seus olhos fechados e uma expressão serena, porém chorosa.

— É ótimo saber disso. — respondeu baixo. — Não desista jamais!

Sem mais uma palavra, eles se mantiveram unidos.

Naquele único momento não existia nada que não fosse: Edward, Bella e Hope.