Complicado escrita por Noise Kyouko


Capítulo 1
Cápitulo Único.


Notas iniciais do capítulo

Fic yuri. Não preciso dizer que se não gosta é melhor não ler...



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Para muitos, o colégio é um saco. A maioria das pessoas passa cada ano desejando se formar logo e nunca mais ouvir falar de escola.

Mas se você for como Stella Hayer, então a fase escolar é a melhor de sua vida. O colégio Saint Patrick não era diferente de muitos outros, era uma sociedade medieval: bom para a nobreza e ruim para a plebe.

E Stella, como uma típica rainha colegial tinha por tarefa diária tornar a vida dos plebeus um inferno, desde os nerds tetudos ou raquíticos, passando pelos góticos e afins esquisitos e parando nela, Chloe Ewan.

Uma anormal. Aberração.

Lésbica para resumir.

Porque na visão (hipócrita) da sociedade, o simples fato de você gostar de pessoas do mesmo sexo te faz diferente, inferior.

Chloe tinha se assumido na 8° serie, quando Steve Davidson, curioso com o fato de uma garota tão linda nunca ter namorado recebeu uma resposta chocante:

''Eu já namorei sim. Foi com uma garota na 7° serie. Durou pouco tempo.''

É claro que se ela não tivesse dito isso, talvez ninguém iria ficar sabendo de sua opção sexual. Chloe era feminina, muito. Praticamente uma Barbie, só que ruiva. As pessoas tendem a achar que garotas como ela são sempre héteros.

Ledo engano.

E desde aquele dia, a escola inteira ficou sabendo que Chloe, a linda ruivinha, jogava no outro time. E como era de se esperar, muitas pessoas começaram a tratar Chloe de uma forma diferente a partir daquele dia. A garota perdeu todas as amigas, salvo Melinda Singh, sua fiel melhor amiga e uma das únicas pessoas na escola a apoiá-la. Haviam cochichos, piadinhas e tratamentos preconceituosos, mas nada se comparava ao que Stella fazia. A loira era implacável e pegava pesado no pé da ruiva. Não perdia uma oportunidade. Chloe aguentava bem os comentários dos outros alunos, mas por algum motivo desconhecido se magoava com os de Stella. A garota tinha uns insultos muito ácidos, sem mencionar as ''brincadeirinhas'' maldosas, como quando ela pintou o uniforme de educação física da ruiva com as cores do arco-íris, em referencia a bandeira do orgulho gay.

Corredores da escola.

Para mim não há opção. É Harvard, Harvard ou Harvard. A última pessoa que não foi aceita lá é até hoje a vergonha da família. Eu não quero sofrer o mesmo que meu tio Edgard!

Lin, relaxa. Você está obcecada com isso. Você é a pessoa mais inteligente daqui. Eu aposto que entra em qualquer universidade que quiser.

Essa é a questão. Eu não posso entrar em qualquer uma. Tem que ser Harvard. E há muitos outros alunos em outras escolas, tão ou mais inteligentes que eu. Não estamos falando de oponentes em escala de Saint Patrick, é em escala global.

Mas você não é menos que eles. Fala sério, alguém que acerta 97% no simulado do vestibular não é de se desprezar...

Não é tão fácil quanto parece, só pra ter uma ideia...

Ora, ora...vejam quem eu encontro aqui: a sapatão e sua amiguinha nerd...

Nem precisaram se virar para saber a quem pertencia a voz. Stella parecia ter um radar para localizar Chloe.

Se bem que fico pensando: quem garante que vocês são mesmo só amigas? – continuou, com um sorrisinho cínico de canto – Quem sabe não se comem por ai direto...

As amigas dela começaram a rir.

Se eu e Chloe fossemos mesmo namoradas, você não teria nada a ver com isso. Porque não cuida do que é do seu interesse?

Fica corajosa quando se trata da amiguinha não? – A loira estreitou os olhos, enquanto se aproximava de Melinda. Chloe jurava ter visto por um segundo ódio no olhar dela – Por que não admite logo que as duas se pegam?

Por que você liga tanto pra isso? Esta com ciúmes? – provocou a morena

A expressão de Stella vacilou por um tempo, indo raiva para surpresa e de surpresa para raiva novamente.

Não diga bobagens! Eu não sou como vocês! Sou normal!

Sera mesmo? Eu não teria tanta certeza...

Antes que a situação piorasse, Chloe interviu:

Já chega Lin, vamos embora – puxou o braço da miga.

Não posso deixar isso barato! Essa homofóbica oca não pode ficar dizendo esse tipo de coisa pras pessoas e...

Por favor – A ruiva disse com olhar de suplica – Vamos.

Melinda suspirou e deu as costas a Stella e suas amigas. Chloe olhou para trás uma ultima vez e viu no olhar de Stella algo que não soube identificar. Quando elas já estavam em uma boa distancia, Melinda começou:

Você não deve aceitar isso. Tem que reagir...

Eu sei, Lin, mas não consigo. Eu sou uma covarde idiota...me desculpe, por minha causa as pessoas falam coisas ruins de você e...

Ei, ei – Melinda pôs as mãos nos ombros da ruiva – Eu sempre estarei aqui para te defender, te apoiar. Sou sua melhor amiga e sempre, sempre estarei ao seu lado. Aconteça o que acontecer. Eu não ligo para o que babacas falam de mim.

Chloe sentiu uma vontade imensa de chorar depois de ouvir aquilo, e ela abraçou a amiga.

De longe, Stella observava as duas abraçadas. A sensação de ver aquilo era ruim. Talvez estivesse na hora de parar de fingir.

Sala de detenção.

Stella olhava para Chloe pelo canto dos olhos. A ruiva não dissera uma palavra desde que as duas estavam ali. Simplesmente colocou os fones de ouvido e começou a copiar o que estava na lousa. Nem sequer um olhar tinha dado a garota ao lado. Estavam só as duas de detenção. Stella porque atendera o celular no meio da aula e a outra por ter dormido no meio dela.

A loira tinha parado de disfarçar e agora secava Chloe descaradamente, seu olhar preso na pequena e delicada mão dela, com as unhas pintadas de um rosa bebê lindo. Mudou atenção para o cabelo, um ruivo quase vermelho fantástico. Desceu o olhar para a boca, pequena com lábios rosados e cheios. Olhando o rosto como um todo, sem nenhuma acne ou qualquer ciosa teve vontade de suspirar. Era muito difícil pessoas ruivas naturais não terem sardas. Ela era mesmo indiscutivelmente linda.

Saindo dos devaneios que começara a ter, ela puxou um dos fones da orelha da outra:

Então Ewan...já que estamos só nós aqui mesmo que tal conversarmos?

Você não fala comigo. A não ser pra me chamar de sapatão.

Ora vamos, eu não gosto de silencio. Aposto que se começarmos a falar sobre alguma coisa o tempo vai passar rápido.

Desde a 8° serie tudo o que você fez foi me humilhar. Foram anos e anos de provocações. Aquilo me magoo sabia? Você não pode agora querer conversar como se nada tivesse acontecido. Isso não se deixa de lado simples assim...

Eu...

É melhor você copiar, Stella – ouvir seu nome sendo pronunciado com tanta magoa fez o peito da loira apertar .

E então ela teve certeza. Não podia perder mais tempo. Ficar fugindo disso só ia piorar as coisa. Tinha que contar a Chloe. Dane-se a sociedade preconceituosa, dane-se tudo. Ela simplesmente só não podia aguentar mais. Ajoelhando-se ao lado da carteira da outra disse:

Escuta, eu nunca fui sincera, nem com você, nem com as pessoas e principalmente comigo. Todo esse tempo. Eu...não te odeio. Totalmente o contrário. O fato é que...eu sou covarde, extremamente covarde. Por medo da reação das pessoas, por vergonha do que sentia por você agi como uma idiota por todo esse tempo...

A ruiva estava perplexa com tudo que ouvia. Não podia ser verdade, podia?

– …Quando me dei conta que eu te...amava fiquei desesperada. Eu não queria ser assim, achava que era errado. Culpei você por me todo esse sentimento que para mim era incorreto. Te ofender era uma das maneiras de negar tudo, como se para provar que eu não sentia nada. Foi um erro terrível. Não sabe o quanto me dói saber que te machucou tanto. Você é forte, sempre foi...não achei que minhas atitudes te atingissem tanto...

A garota suspirou antes de prosseguir:

Me perdoa?

Chloe, por sua vez não sabia nem ao certo o que pensar direito. Até minutos atrás tinha certeza que Stella a odiava mais que tudo. Aquilo era a última coisa que esperava ouvir dela. Tinha certeza que não a odiava também, mas tinha certo ressentimento pelos insultos do passado, mas com o pedido de perdão ele diminuía. Sera que também gostava de Stella? A achava bonita,sem dúvida, mas gostar?

E então percebeu. As ofensas dela não a machucavam mais por que eram piores, mas sim por que Chloe gostava dela. Descobrir-se homossexual não era fácil pra ninguém. A rejeição e a discriminação eram dolorosas. Se colocando no lugar de Stella, viu que as atitudes, embora não fossem legais podiam ser perdoadas, afinal elas foram feitas por uma garota que tinha dificuldade de aceitar a sim mesma.

Chloe, não vai dizer nada? – A loira a fitava com olhos aflitos.

Eu sei que não é fácil, Stella, eu passei por isso também. Tive medo, vergonha e dúvida, mas chegou uma hora em que resolvi enfrentar tudo de uma vez. Vamos esquecer tudo isso e recomeçar de novo. Que tal?

A loira abriu um lindo sorriso, se levantando. Chloe fez o mesmo.

Nesse exato momento a porta foi aberta. Era Melinda que ficou pasma com o que viu :

O que está acontecendo aqui? Que abraço é esse? Essa patricinha não tinha nojo de você momentos atrás e agora isso?

É meio difícil de explicar Lin – Chloe sorriu – Só posso dizer que decidimos esquecer o passado...

Exato – Stella completou – E a propósito...queria te pedir desculpas Melinda.

ÊH?

Por tudo que te disse, eu sei que fui uma babaca. Sinto muito...

Tá legal olhou para a ruiva que ainda tinha um sorriso nos lábios – agora querem me contar o que aconteceu aqui?

Stella e Chloe trocaram um olhar. A loira fez que sim com a cabeça.

Um mês se passou desde o ocorrido na sala de detenção e agora todos na escola estavam sabendo da mais nova fofoca: Stella Hayer, a rainha do colégio e completa intolerante era lésbica. Para quase todos aquilo era uma enorme surpresa, mas alguns afirmavam já desconfiar, pois por trás de todo homofóbico existe um homossexual querendo sair do armário. A loira perdeu todas as ''amigas'', é claro, mas como disse Melinda ''Quem precisa de putas preconceituosas como amigas?'' Stella e Chloe começaram a namorar e estavam juntas há três semanas, isso tudo depois, é claro, de Melinda ter repetido varias vezes que ela nunca teve nada coma amiga. A loira acreditou, mas ainda sim não podia deixar de sentir ciumes todas as vezes que as via juntas.

Caminhando pela praia, de mãos dadas, as duas pararam num ponto. O sol se punha no horizonte, proporcionando uma vista incrível. Dando um abraço na namorada, a ruiva posicionou a câmera e bateu a foto. Ficara linda. As duas sorriram e prosseguiram o passeio, agora com mais uma foto que demostrava que as vezes, só precisava de sinceridade para a vida ser menos complicada.


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Notas finais do capítulo

Primeira fanfic postada no Nyah. Uau, é pra se comemorar não?